terça-feira, 15 de setembro de 2020

Prazer "divino": a heresia sexual de Bergoglio




Não foi com surpresa que fomos pegos perante a notícia de que Francisco teria afirmado ser o prazer sexual algo "divino", sobretudo em face de seu histórico de declarações bizarras e que não se coadunam com a tradição da fé. A maioria dos órgãos de mídia deram destaque a essa fala de Bergoglio como a dizer que a Igreja estaria entrando no contexto da revolução sexual que consistiu, justamente, na legitimação do prazer: que foi o anticoncepcional e mesmo o amor livre dos anos 60/70, como também a camisinha e demais métodos contraceptivos, senão a liberação do ato sexual do fórceps da procriação, permitindo que as pessoas buscassem o orgasmo como um fim em si e desconexo do matrimônio?

Há quem gostaria de acreditar que se trata de mais uma manipulação feita pela mídia para extrair das falas de Francisco a interpretação mais progressista possível a fim de legitimar a mudança radical de costumes seja na sociedade seja no interior da Igreja. Para alguns neoconservadores estaríamos perante uma "conjura" midiática. Na falta de provas consistentes desta conspiração o que resta como fato no meio de tanta narrativa é que a única conjura real é a dos neoconservadores sempre prontos para blindar as falas de Bergoglio de possíveis interpretações aviltantes a fé dando a impressão que tudo segue como "dantes no quartel de Abrantes". Porém os fatos avultam.

O primeiro deles é que, de fato, Francisco afirmou que o prazer é "divino". Para provar isso trazemos a fonte originária da afirmação: uma conversa entre Bergoglio e Petrini, um gastrônomo e escritor, sobre "ecologia integral" - a velha heresia da mater natura como fonte originária de todo o ser – que foi reproduzida pelo site de notícias do Vaticano - o Vatican News. Será que, desta vez, os católicos sempre a postos para blindar Bergoglio poderão acusar o site em tela de partícipe da conjura contra Francisco? Improvável a na ser que renunciem a realidade e enveredem, de vez, pelo mundo da fantasia e do subjetivismo. 


Reproduzimos aqui o trecho referido e o link da entrevista:



Igreja e prazer: um bem que vem de Deus


Em favor do prazer da comida que "não é abundância, mas sobriedade", o convidado agnóstico provoca o Pontífice, afirmando que "a Igreja Católica sempre mortificou um pouco o prazer, como se fosse algo a ser evitado". O Papa Francisco não concorda e lembra que a Igreja condenou o "prazer desumano, vulgar", mas aceitou o prazer "humano, sóbrio".


O prazer vem diretamente de Deus, não é católico ou cristão ou qualquer outra coisa, é simplesmente divino. O prazer de comer serve para nos manter saudáveis através da alimentação, assim como o prazer sexual é feito para tornar o amor mais belo e garantir a continuidade da espécie” - https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-09/laudato-si-terra-futura-papa-francisco-carlo-petrini.html


Percebam que Petrini entende mais de catolicismo do que Bergoglio: o ateu reconhece que, na história, a Igreja sempre manifestou desconfiança ante o prazer levando os fiéis ao caminho da mortificação, que quer dizer, da morte dos sentidos para obterem a vida em Deus, a via crucis do sacrifício.


Francisco, contudo, prepara um veneno em meio a um banquete, enganando, de forma sorrateira, os simples fiéis ao ensinar uma verdade misturada com uma falsidade: o prazer vem de Deus, sim pois é obra dele, mas disso ele conclui que é “divino”, ou seja, da mesma natureza do sobrenatural. O prazer sexual e gastronômico é meramente natural e atende a fins naturais: a procriação e a saúde. É um estímulo colocado na natureza para garantir a perpetuação da vida biológica. Em segundo lugar, é preciso recordar que o impulso para o prazer, no homem decaído, está em profunda desordem. No paraíso a concupiscência – ou seja, este ímpeto para comer e reproduzir – estava plenamente sob o controle da razão e do espírito humano. O corpo não estava num estado de rebeldia como sói ocorrer agora, no estado de queda em que nos achamos. Agora nosso corpo já não atende mais ao comando do espírito, assim como o espírito, frequentes vezes, se dobra ao impulso do corpo, numa clara inversão da ordem e hierarquia que deveria reinar no interior do homem. Tomemos a libido como exemplo: Santo Agostinho na Cidade de Deus, volume 2, Livro 14, Capítulo 23, assegura que, no Éden, os órgãos sexuais obedeciam a razão sem o recurso da libido, o que significa que, para a consecução do ato sexual não concorria o impulso carnal do prazer mas antes a ativação da mente, o que não significa que não houvesse prazer na conjunção carnal mas que não era a “fome” instintiva de satisfação a causa eficiente dela.


Claro está que após a queda os órgãos venéreos se rebelaram o que significa que passaram a estar sob domínio do instinto – ao que Santo Agostinho atribui a razão de usarmos vestimentas pois, já não estando isentos da “libido vergonhosa”, para usar sua expressão, responsável por ereções e furores involuntários, a falta duma roupagem tornaria inviável a vida social que exige o controle do ímpeto libidinoso.

Na religião católica, portanto, o homem deve manter uma guarda interior no tocante aos prazeres praticando a mortificação para viver a vida da graça; isto não quer dizer, porém, que a mortificação deva destruir a natureza, mas domá-la, subjugá-la e submetê-la em tudo. Não julgamos que cada um dos movimentos da natureza seja mau ou culpado em si mesmo. Ela, porém, tende para o mal; deixando-a livre e dando livre curso a busca do prazer, sem a vigilância interior, é sempre de se temer que ela abuse de sua liberdade para seguir seus maus instintos. De modo que Francisco ao dizer que a Igreja apenas rechaçou “o prazer desumano, vulgar” falsifica a realidade: se a Igreja apenas rechaça a falta de sobriedade e autoriza todo prazer legítimo ela acaba no naturalismo filosófico dos gregos que apenas preconizavam a moderação nos prazeres da vida, a frugalidade e simplicidade dos prazeres e nunca a mortificação. A Igreja vai além: ela incentiva não apenas a virtude mas a mortificação dos sentidos, ou seja, a crucificação da nossa carne, da nossa natureza em prol da graça. Francisco ignora essa dimensão e faz o catolicismo coincidir com o naturalismo grego.


A mortificação prossegue um fim diferente da mera moderação dos apetites. E precisamente por causa do seu fim específico que é submeter em tudo a natureza à graça; a mortificação vai mais longe do que elas pois impõe aos sentidos, às paixões, a todas as nossas faculdades, enfim, privações, sacrifícios que as outras virtudes cardeais não exigiriam ao menos diretamente. Assim a modéstia e a castidade interditam aos olhos todo olhar imodesto; a mortificação abster-se-á às vezes de contemplar os mais inocentes espetáculos. A temperança e a sobriedade impõem a moderação no beber e no comer e proscrevem todo ato de gulodice e outros atos semelhantes; não contente de guardar as leis da moderação, a mortificação se nutrirá de privações e amarguras, se alegrando na cruz.


Citemos exemplos admiráveis de mortificação: São Luiz de Gonzaga, que evitava até olhar para sua mãe; São Bernardo, que, após um ano de noviciado, não sabia se sua cela era de estuque ou de abóbada; o Santo Cura d’Ars, que se impunha não cheirar uma flor, não beber quando sentia sede, não enxotar uma mosca, não dar aparência de sentir algum mau cheiro, não manifestar jamais desgosto de objeto repugnante, não se queixar de coisa alguma que se referisse a ele, nunca se assustar, não se encostar quando de joelhos. E as austeridades de Santo Afonso, dum São Pedro de Alcântara, dum São João da Cruz, que, para reduzirem seu corpo à servidão, o submetiam a um verdadeiro e contínuo martírio, e que em nada seguiam os seus gostos naturais? Será que eles apenas rechaçam o prazer vulgar? Não, mas até mesmo prazeres legítimos.


A religião católica não é uma religião natural mas sobrenatural. Bergoglio passa por cima disso e a trata como se sempre tivesse sido um mero filosofismo a advertir os homens de seus excessos e não a religião do calvário.


Por outro lado a divinização do prazer é uma heresia típica da cosmovisão esotérica que vê o sexo enquanto meio de transcendência, de união com o absoluto, onde a mulher representaria a sophia, a parte feminina de Deus, enquanto o homem a parte masculina, resultando da conjunção carnal e do orgasmo uma experiência de unidade transcendental – mística. Estar unido a Deus neste caso seria como estar unido como homem e mulher. A vida eterna da alma e o paraíso neste mundo consistiriam na transubstanciação da união do homem com a mulher. Houve, por exemplo, os ritos coletivos dos Khlystis eslavos que incluíam a união sexual de homens e mulheres considerados uns como encarnações do Cristo, outras como encarnações da Virgem, um heresia sexual que via a união carnal como “divina”. Isto tudo remonta ao paganismo cujo caso mais típico é o dos Mistérios da Grande Deusa, onde se utilizavam práticas eróticas tendendo, precisamente, a atingir a transcendência. Há, também, uma tradição cabalista recolhida por Jacó Boehme que parte da idéia de que na origem, o ser humano devia ter sido criado andrógino, reunindo em si os princípios masculino e feminino. Para ele o sono de Adão não foi o estado em que foi mergulhado quando Deus quis tirar a Eva do seu corpo, esse sono é apresentado como o símbolo duma primeira queda; para Boehme isso faz alusão ao estado em que se encontrava Adão quando, abusando da sua liberdade, se separou do mundo divino e se imaginou no da natureza, tornando-se terrestre e degradando-se. Certos continuadores de Boehme associaram este sono quer à vertigem de que Adão se sente possuído ao ver o acasalamento dos animais, quer ao seu desejo de os imitar. A aparição dos sexos teria sido uma conseqüência desta queda original. Teria sido, contudo, também um remédio divino, como se Deus, ao ver o estado de privação e de desejo em que, a partir desse momento, se encontrou o ser decaído, lhe tivesse dado Eva por mulher para evitar conseqüências piores e lhe facultar uma retorno a ele através da experiência transcendente da união sexual com a fêmea, numa clave mística.


Bergoglio ao considerar o sexo 'divino', entra no terreno movediço do esoterismo e do misticismo, no plano da mais atroz heresia que retoma tradições pagãs. Na tradição católica em razão do pecado o sexo deve estar sob o regime do matrimônio – remédio para a desordem da concupiscência – que tem como fim primacial a reprodução e não o prazer, um mero meio para o fim sumo do mesmo qual seja gerar novos corpos para serem animados por almas imortais criadas por Deus, permitindo ao homem participar da obra criadora do Pai. Considerar o prazer “divino” é torná-lo um fim em si e, ao mesmo tempo, advogar o misticismo esotérico além de legitimar a revolução sexual que, aliás, se alimentou em doses generosas dum misticismo hindu, caso do movimento hippie dos anos 60/70 e seu contínuo recurso a cultos orientais de cariz pagão/tântrico além de sua filosofia do “amor livre” que fizeram a sociedade avançar na direção da quebra dos antigos tabus católicos sobre o sexo.


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

7 de setembro de 2020: não há nada a comemorar mas muito a pensar!

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas em pé




Já mostramos aqui que o processo de separação de Brasil - Portugal em 1822 se tratou dum estratagema anglo-maçônico pois o projeto originário de Dom João VI - o verdadeiro libertador do Brasil - era integrar o nosso país ao Império Português, como Reino Unido dentro dum quadro que nos garantiria uma grandeza que a dita independência nos retirou em razão do fato de, desde o começo do Império, termos ficado a mercê do poder financeiro anglófilo, sob os auspícios dos Rothschild ( o caso do Barão de Mauá é bem emblemático no tocante a isto ).

Claro que depois de 198 anos não há muito mais o que fazer quanto a rutura entre Brasil e Portugal, restando apenas aceitarmos uma realidade de fato que se impôs historicamente, sem cairmos em saudosismos irrealistas o que, no entanto, não nos desobriga a pensar a possibilidade de grandeza para o Brasil dentro duma síntese que conserve o legado que Portugal nos deixou, ao mesmo tempo que integra as novas potencialidades de progresso que nossa terra, povo e história nos abrem. Neste sentido é preciso entender em que lugar estamos e o que, hoje, ameaça nossa soberania e nossa capacidade de realizar nossa vocação, quem são os inimigos a nos ameaçar e como devemos lutar contra estes poderes malignos. Entre estes inimigos se destacam, agora, o presidente Bolsonaro e setores da esquerda e direita política, nossa elite do atraso de mentalidade colonialista, o império estadunidense, Pequim e certos patriotas iludidos com soluções que não trarão solução. 

O primeiro ponto a destacar é que não temos nada a comemorar em 2020. Vivemos uma crise sanitária que poderia ter sido facilmente resolvida em Março se houvesse unidade nacional, um plano conjunto que integrasse ações gerais e locais, num momento em que o número de casos de Covid-19 eram muito baixos, o que revela a inépcia e o descompromisso de boa parte de nossa classe política com o interesse nacional, classe está que deve ser denunciada diuturnamente pelo estado deplorável ao qual chegamos. 

O segundo ponto é que temos o presidente mais descomprometido com o bem estar nacional da História pátria, o mais entreguista, o mais francamente adepto duma ingerência estrangeira em nossas plagas, o mais dedicado a destruir o aparato de Estado deixando-nos a mercê do poder estadunidense, do poder chinês e do poder do mercado financeiro, um verdadeiro calhorda que não mede esforços para manter Paulo Guedes no governo a fim de que viremos uma nação reduzida a fornecer matéria prima e mão de obra barata aos senhores do mundo . 

O terceiro ponto é que nos dias últimos vimos a elevação vertiginosa do custo de vida com aumentos dos gêneros alimentícios, capitaneados por uma compra recorde feita pela China o que está a nos levar a um estado de extrema insegurança alimentar, dado que Pequim, ano passado, como revelamos aqui, comprou nosso banco genético, ganhando o poder de decidir a qualidade e quantidade de nossa alimentação no futuro. Sobre este cenário terrificante, reproduzo cá um comentário mui pertinente dum amigo: 

"A relação de Pindorama com o Dragão asiático nos levará de vez para o buraco, o que ocorre entre ambos os países hoje, não difere em nada das relações comerciais das antigas colônias com as potências europeias, o famoso comércio triangular. Pindorama hoje é mero fornecedor de alimentos e minério in natura ao homem asiático em troca dos manufaturados lá produzidos, retroalimentando uma relação cada vez mais exploratória e vantajosa aos sínicos, que utilizam de seus lucros para assumir o controle das terras brasilienses e até de seu banco genético, na prática, os sínicos já tem o controle das sementes e de seus alimentos e, se assim desejarem, poderão ditar até o que vocês consumirão no futuro. A tendência é que tal relação seja ainda mais aprofundada conforme a renda per capita e a população sínica aumentam e os brasilienses conformam-se com o destino que a elite daquele país vos escolheu. Eis o futuro de vossos filhos: realizarem o trabalho braçal dos descendentes do Dragão para comprar suas quinquilharias eletrônicas superfaturadas, exportarem toda a comida cá produzida, enquanto pagarão mais caro pelas sobras, as piores carnes, os piores grãos etc."

O quarto ponto é que urge uma ação nacional arrojada e antenada com a realidade de hoje o que exige o abandono de anacronismos ( como o monarquismo liberal que se fia nos traidores Orleans e Bragança, os federalismos que só despedaçam o país, o minarquismo que tira do Brasil seus mecanismos de defesa ante o dinheirismo global, etc ) e dos projetos fajutos que nada tem que ver com nosso ethos ( eurasianismo, sulismo de cariz neo nazistas, paulistismos, direitismo patriótico neoliberal, olavismo, etc) sem o qual não seremos o país que podemos ser. 

Urge, portanto, deixar as ilusões de lado: nosso desenvolvimento perpassa pelo reforço do ethos solidarista católico, pela fé no poder organizador e civilizador do estado e pelo esforço em implementar uma economia humana e cristã que se oponha ao materialismo capitalista e marxista, uma pátria firmada em três vetores quais sejam:


- Um estado enquanto espada de Deus e da Nação tendo no seu chefe um mediador capaz de conciliar as classes, 


- Um espírito de desbravamento por parte das classes produtivas inspiradas na idéia de grandeza nacional


-Um povo pluri-racial a significar a união em torno do Brasil como civilização do terceiro milênio, a pátria do espírito em oposição ao vazio pós moderno com seu individualismo radical e sua aposta na fragmentação das identidades.


 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Resposta ao Sr. André Luiz sobre a QTP

2016 novembre - EreticaMente






Existe uma tática retórica que consiste em tentar dissuadir o interlocutor do debate dando-lhe uma resposta extensa e complicada, quase impossível de destrinchar seja pelo tamanho ou por uma aparência de elevação e profundidade que, muitas vezes, não passa de “embromação”, para usarmos um termo popular. Este é o caso da recente resposta do sr. André Luiz da NR a uma série de contestações que fizemos num recente podcast.

Por isso seremos bem objetivos na nossa réplica.

Primeiro iremos resumir a contestação de André Luiz a alguns pontos basais:

Segundo o mesmo:

1- Dugin não identificaria, exclusivamente o Katechon com o Czar Russo mas usaria duma simbologia metafísica que se referiria a um pólo positivo existente em toda religião, pólo este responsável por segurar o desencadeamento do mal.

2- A concepção católica de tempo não é linear mas espiralada. A linearidade seria própria do iluminismo.

3- Não podemos falar de fatalismo em Evola/ Dugin pois Juízo Final, em termos de teologia católica, poderia ser interpretado, sob certa perspectiva, como fatalismo também.

4- Serafim de Sarov teria deixado claro que o “éden ainda está entre nós e que nós que não temos olhos para vê-lo” e que isto seria o fundamento do conceito de temporalidade católica romana em vez daquele que vê a história como processo unidirecional-linear.

Quanto ao ponto 1:

- Dugin diz que:

“a estrutura da compreensão cristã do tempo é simples: Cristo vem, vive 33 anos entre as gentes, funda a Igreja. Em seguida, o mundo cristão começa a ser construído, culminando no processo de cristianização do Império, isto é, na proclamação do imperador romano – o Katechon. E então, o Anticristo vem...Na Segunda Epístola aos Tessalonicenses, o Apóstolo Paulo descreve a vinda do Anticristo: “Porque o mistério da iniqüidade já está em ação, apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém”. Ou seja, Katechon. Ele também é responsável por guardar o limiar da história. O Tsar Ortodoxo é aquele que se situa na última linha antes do Anticristo. E quando ele cai, e a lacuna no Ser é perfurada, o Anticristo vem...O Anticristo vem depois que o Cristianismo deixa de ser dominante – quando deixa de ser imperial”

Ele deixa explícito que, na sua compreensão do que seja a temporalidade cristã, a proclamação do imperador romano é o que segura a manifestação do mal visceral. O anticristo virá quando o Cristianismo não tiver mais um imperador romano e isto se dá quando o Czar desaparece. A posição de Dugin é um reflexo de sua cultura: como russo que é adere ao cesaropapismo, doutrina segundo a qual o Czar tem supremacia sobre a cristandade, unificando em si, o poder religioso e político. E é, também, reflexo de seu perenialismo: o Czar simboliza o “Rei do mundo”, uma figura presente na filosofia de René Guénon; para o mesmo a Tradição do Rei do Mundo (ou Tradição Primordial), seria conhecida sob a designação bíblica do rei Melquisedeque e análoga à Agharta oriental, nas suas funções de Autoridade Espiritual e Poder Temporal, expressas na Terra como manifestação real de Deus; segundo René os vários centros espirituais existentes ao longo da história – incluído aí o papado romano - foram sempre expressões secundárias de um Centro Espiritual Maior ou Omphalos do Mundo como meio subsistente e de resguardo da luz divina no atual período de obscurecimento espiritual da Humanidade, a Kali-Yuga.

Ou seja, não existe saída para Dugin: sua concepção de Katechon se funda em duas heresias:

- A primeira, ou cesaropapismo, que consiste em dar primazia ao poder político ( rei ) sobre o poder espiritual ( Igreja Católica ) no governo da cristandade, enquanto representação máxima da ordem cristã ante o mal e o caos.

- A segunda, ou perenialismo, que vê os tais pólos de ordem refletidos nas várias tradições, incluída aí a Igreja e o Papado, como meras expressões segundas dum Centro Espiritual Maior, identificado com o Rei do Mundo, figura que salvaguarda a luz divina em última instância.

Neste sentido a Igreja Católica e o Papado passam a coadjuvantes enquanto muralha que evita a manifestação do Anticristo e o Rei do Mundo ou figuras que o simbolizam ao de protagonista.

Quanto ao ponto 2:

- O sr. Luiz confunde deliberadamente os leitores fazendo uma miscelânea entre concepção temporal católica e a teologia sacramental da missa enquanto atualização do sacrifício de Cristo no altar a fim de atraí-los para dentro duma concepção heretizante.

Sobre a relação da missa com o sacrifício de Cristo o que temos aí é uma relação entre tempo e eternidade e não um “plano temporal superior” ao qual o homem poderia se vincular de modo vertical. Na verdade é Deus quem vincula o homem, dalgum modo, a vida eterna desde esta vida, onde vislumbramos a esperança da glória. Não há dois planos temporais superpostos mas uma inter-relação entre Deus e o mundo, entre o Eterno e o homem. Essa relação se chama história sagrada que é, nada mais, que a era da graça onde a Igreja cresce no mundo sob influxo do Espírito Santo até que chegue o Juízo Final. Essa história não é uma espiral mas uma linha. Espiral é uma curva plana que gira, mais ou menos próxima, em torno dum centro. Mas ela sempre gira. No caso da História Sagrada ela não é uma curva que vai e volta, num movimento cíclico: ela é uma linha que se aproxima do Juízo Final. Um dia ela chegará ao fim. Espirais, ao contrário, não cessam pois é da natureza dum círculo não ter começo nem término. O senhor Luiz usa espiral para evitar o termo ciclo, evitando ser acusado de aderir a um conceito hindu de história; isso pode funcionar com inexpertos mas não conosco.

E aqui é preciso fazer algumas distinções: foi Santo Agostinho quem melhor explicou a natureza da cosmovisão católica sobre o tempo. Embora o platonismo tenha deixado marcas no pensamento do santo, ele não foi tão longe nele quanto foi Orígenes. O contraste entre ambos é fundamental pois marca a estruturação da ortodoxia católica romana ante as tendências platonizantes exageradas de Orígenes e dalguns padres do oriente, tendência esta que marca os cismáticos como o sr. André.

Para Orígenes o processo temporal não tinha um “fim” - uma meta definitiva a atingir. Haveria, para ele, uma sucessão de mundos infindos através dos quais a alma imortal perseguia seu curso. Já que a alma é imortal ela pode cair do mais alto bem para o mais baixo mal ou ser resgatada do mais baixo mal para o mais alto bem. Embora Orígenes rejeite a doutrina helênica clássica do “Retorno de Todas as Coisas” ( A mesma que Evola aceita ) pois ela destruiria o livre arbítrio humano, aderindo a algo mitigado próximo da doutrina hindu do samsara, santo Agostinho a rechaça com a mesma força que usou para rejeitar a das recorrências cíclicas. A teoria do retorno, para Agostinho, é o efeito natural da crença da eternidade do mundo. Uma vez que aceitemos a doutrina da criação não podemos aceitar nem a tese da rotação circular das almas de Orígenes ou a de que nada novo ou final poderá acontecer no tempo que não é uma imagem rotativa da eternidade ( como quer fazer parecer o sr. Luiz ao usar o conceito de espiral ) mas um processo irreversível. Santo Agostinho explodiu os ciclos perpétuos; essa mudança de atitude já estava implícita pois toda a revelação cristã se funda em eventos temporais que possuem significado absoluto, único e irrepetível.


Quanto ao ponto 3:

- Sobre o fatalismo de Evola ele admitia, apenas, a possibilidade de reverter a decadência antes do ocaso do Kali Yuga o que significa se ela não tiver chegado a sua curva descendente final. Caso já estejamos nesta curva só nos restaria acelerar o desencadear do mal entregando-nos a ele: Evola acreditava que para a hora do crepúsculo seria condizente acelerar o fim da Kali-yuga “cavalgando o tigre”, acelerando os processos de dissolução que ocorrem nesses tempos deletérios.

Evola deixa clara essa posição em seu “Revolta Contra o Mundo Moderno”:

“Para alguns, o caminho da aceleração pode ser a abordagem mais adequada para uma solução, considerando que, dadas certas condições, muitas reações são o equivalente daquelas cãibras que apenas prolongam a agonia e, ao retardar o final, também atrasam o advento do novo princípio. Assim, seria conveniente assumir, juntamente com uma atitude interior especial, os processos mais destrutivos da era moderna, a fim de usá-los para a liberação; isso seria como virar um veneno contra si mesmo ou como "cavalgar o tigre".

- Sobre o Juízo Final poder ser entendido como “fatalismo” sob certa perspectiva, isto não o torna “fatal” como é o caso do fatalismo cíclico evoliano que, em certa fase da curva de descenso simplesmente admite a suspensão da responsabilidade e capacidade moral do homem em sua luta contra o desencadear final do mal, revertendo um processo. A cosmovisão católica não suspende, em momento algum do processo histórico, a responsabilidade ou capacidade de nos opormos ao mal; logo classificar a teologia da história católica como “fatalismo”, seja em que sentido for, é uma imprecisão: seria mais adequado falar de finalismo. O resultado do Juízo Final é incerto quanto a quem será julgado digno ou não. Mas é para esse fim que nos dirigimos mantendo, em todos os instantes da história universal, os acontecimentos em aberto inclusive o resultado deste fato derradeiro que é o Juízo Universal.

Quanto ao ponto 4:

- Serafim de Sarov se afasta completamente da fé católica romana na medida em que renega os efeitos do pecado original no homem e no mundo e que são irreversíveis historicamente no estado de queda em que nos encontramos: mesmos aqueles que estão em estado de graça e amizade com Deus vivenciam o poder da concupiscência que faz o homem tender ao pecado; poder este que permanece ativo, por desígnio de Deus, mesmo depois do batismo como um fator que estimula o homem na luta espiritual. Logo aduzir que “o éden está entre nós” é uma falsidade herética dado que nele o homem possuía dons preternaturais (imortalidade, integridade, impassividade) os quais, mesmo em estado de santidade, ninguém pode recuperar. Isto prova, decisivamente, que a teologia da história católica que vê o tempo como linearidade é o modo escorreito de ver as coisas. A não ser que o sr. André Luiz ache algum homem vivendo, agora, em algum lugar da terra, em estado adâmico, não restam mais recursos para o mesmo: esta sua concepção de tempo é anticatólica e heretizante.

Assim os católicos não estão autorizados a se filiar a uma organização – qual seja a NR - que postula uma filosofia da história calcada nos preceitos esotéricos de Evola e Dugin.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

A conexão Roger Stones - Governo Bolsonaro: a invasão do Brasil está provada.

Roger Stone denies being a 'murderous mafioso' in latest court ...
Roger Stones, o lobista que elegeu Trump. 


Os últimos fatos provaram, de vez, que o DEA/USA foi o responsável pela vitória do capitão em 2018.

O primeiro fato a demonstrá-lo é a recente divulgação de dados sobre colaboração entre FBI e Lava Jato que foi a responsável por criar um clima de moralismo anti-corrupção que alavancou a candidatura do “mito” além de assegurar a prisão de Lula, seu principal concorrente para o pleito de 2018, como mostrou, recentemente, a plataforma UOL aqui: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-publica/2020/07/01/o-fbi-e-a-lava-jato.htm

O segundo fato é a derrubada, pelo Facebook, de dezenas de contas, perfis e páginas bolsonaristas administradas desde fora do país – destaque para várias delas estarem sendo operadas desde a Ucrânia, país que, anos atrás foi objeto duma revolução colorida que trouxe a derrubada dum governo pró-Russia e a consequente subida do ex-palhaço Zelenski, ligado aos oligarca judeu pró-OTAN, Igor Kolomoiski, à presidência.

Este segundo fato nos leva, diretamente para Roger Stones, UMA NOVA PEÇA DO QUEBRA CABEÇA DA INVASÃO SILENCIOSA do Brasil por forças norte-americanas. Roger é um lobbista conservador – libertário estadunidense que foi um dos mais importantes operadores da campanha de Trump. Stones é dono da BMSK, empresa de consultoria política que ajudou a eleger senadores que representavam a indústria de tabaco, trabalhando no sentido de orientar a opinião pública no sentido de positivar o fumo ( Não é coincidência que Olavo de Carvalho tenha trazido esse lobby pró-fumo para o Brasil dadas as íntimas conexões entre ele e ao setor da direita republicana a qual Stones se conecta), a garantir que ditaduras pró-USA, instaladas em países de terceiro mundo, obtivessem apoio no congresso americano, etc.

Apesar de se intitular conservador e de “família católica”, Stones atuou como lobista dos cassinos de Trump em Washington, nos anos 90, apesar da Igreja proibir a jogatina, o que nos mostra como o uso do “discurso conservador” pela direita americana sempre foi uma cortina de fumaça a esconder conexões escusas e assegurar o voto dum eleitorado religioso alienado que não consegue diferenciar retórica de compromissos reais. Ele foi o pioneiro na campanha de propaganda negativa, onde a regra é o vale tudo numa eleição. Roger está associado a Alex Jones do canal InfoWar, canal que disseminou a teoria conspiratória de que o Novordismo Mundial é uma realidade alheia aos “EUA profundo” a quem tal esquema desejaria destruir, a mesma narrativa encampada por Olavo de Carvalho que absolve os USA de toda e qualquer responsabilidade pelo Globalismo, jogando a responsabilidade duma possível trama por um governo mundial nas costas duma “elite globalista” jamais associada às instituições formadoras dos USA e ao seu capitalismo imperialista, mas classificada como algo relacionado a um “meta-capitalismo” que seria uma espécie de “socialismo”, pasmem! Jones, por sinal, sempre negou a realidade dos tiroteios em massa como o que ocorreu na Escola Primária de Sandy Hook, classificando o fato como “falsa bandeira”, recurso retórico comum no discurso, mais uma vez, de Olavo de Carvalho que acostumou o público, nos idos dos anos 2000, via True Outspeak, a “beber” das narrativas ao estilo InfoWar o que jogou boa parte da audiência anti-petista do sr. Carvalho num contexto mental propício a aceitar todo tipo de conspirologia fantasiosa, sem o qual Bolsonaro não teria vencido em 2018.

Roger Stone appears on Capitol Hill with Alex Jones Video - ABC News
Alex Jones e Stones



Stones não está vincado apenas a táticas lobistas ou a conexões com o atual governo Trump mas também com roubo de dados e espionagem ilegal. Durante as eleições americanas, quando Trump denunciava algo numa semana, na outra e-mails eram revelados pelo Wikileaks que confirmavam as denúncias que giravam, geralmente, em torno de nomes do Partido Democrata como foi o caso de Nancy Pelosi. Não é o caso aqui de tomar partido de Pelosi contra Trump, que o leitor entenda onde queremos chegar: aqui se trata de mostrar como todo o aparato de propaganda e ofensiva do círculo que criou o bolsonarismo se embasa no mesmo método de Stones e como isto reforça a tese de que a eleição de 2018 foi ganha com dinheiro e logística estrangeira.

Há que lembrar que a aproximação entre Olavo e a família Bolsonaro se deu em 2014, evidenciada através dum hangout realizado pela RádioVox. Neste Hangout, Olavo faz uma alegação sobre o PT ter iniciado sua estrutura de poder, calcada na mentira, a partir de 1993 com a suposta criação dum “SNI” da esquerda para levar a cabo, quando chegassem ao poder, o roubo generalizado do erário e uso de informações para derrubar seus adversários. Segundo Olavo a mentira e a verdade seriam coisas relativas para a esquerda socialista, importante é o que favorece a revolução. E aqui chegamos a um fato desconhecido do grande público: em 2012, durante um “Congresso de Mídia Católica Conservadora”, que aconteceu no Hotel Glória no Rio de Janeiro, no qual nós tomamos parte como convidados do sr. Allan dos Santos, realizador do evento e hoje blogueiro do regime bolsonarista, e que desejava criar uma ação cultural conjunta conservadora, houve uma vídeo conferência de Olavo onde o mesmo determinava que criássemos o “SNI” da direita conservadora a fim de difamar os adversários, roubar dados, espionar, etc. Naquela época estávamos incônscios da natureza profunda do que significava a figura canhestra de Olavo e de sua trupe. Mas em 2013 quando entendemos que esse círculo estava a serviço do poder estadunidense, além de servir a outros esquemas malignos, decidimos nos afastar o que não se deu com alguns que fizeram parte daquele encontro. Entendemos que ali tivemos a pré-história do tal “gabinete do ódio” que hoje opera a propaganda pró-governo nas redes sociais entre injúrias, falsificações da realidade, etc. É claro que o tal gabinete foi tomando corpo com o tempo e com a aproximação cada vez maior entre o nicho de Allan dos Santos - família Bolsonaro - Olavo mas parece-nos claro que houve uma operação montada desde os anos 2000 onde o velho astrólogo copiou o modelo de propaganda negativa de Stones para nossa realidade. Estaria Olavo vinculado a Stones desde os idos dos anos 2000? Não é improvável. Cabe recordar que, na época de Orkut, circulava uma foto na comunidade “Olavo de Carvalho”, apresentando o mesmo recebendo seu “cartão verde” para permanecer nos EUA das mãos dum oficial militar, algo inusual já que esse tipo de documento é entregue por burocratas civis; isto aponta para o provável fato de que as conexões de Olavo com gente do Partido Republicano ligada ao DEA ou a CIA tenha lhe garantido tal benesse. Certamente Stones pode ter sido um dos agentes que mediaram essa concessão. No mundo da política é muito difícil falar de coincidência e é claro que a existência dum modus operandi que liga Alex Jones – Olavo – Stones com a militância bolsonarista, além da recém descoberta de perfis pagos por Stones, desde a Ucrânia, para fazer propaganda do governo Jair de forma massiva nas redes sociais, mostram que estamos perante a maior operação de invasionismo dum poder estatal estrangeiro sobre o Brasil o que nos coloca em severíssimo risco de um desmonte de nossa parca soberania como já vinhamos avisando faz anos, nós e tantos outros como o sr Carlos Velasco em seu site Prometheo Libertho.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Nacionalismo verdadeiro x direita populista pseudo nacional: por Marcio S. Forti



O controverso plano de Steve Bannon para "unificar a direita" na ...
Bannon, ideologo da direita que se jacta de nacional mas não é


A chamada direita populista ou extrema direita atual é neoliberal, sionista, sendo também antinacionalista e anti -identitária, além de ser anti-histórica nada tendo a ver com as terceiras posições nacionais. Como pode alguém ser nacionalista identitarista se os financiadores de VOX, Jair Bolsonaro, Maurício Macri e Emannuel Macron, por exemplo, promovem padrões degenerados, como desfiles do movimento lgbt, promoção do minarquismo, despenalização de narcóticos, libertação do uso recreativo da maconha, não tendo nenhuma preocupação com o identitarismo nacional?

O nacionalismo real sabe conciliar valores culturais e geopolítica soberanista, algo chave. Ou seja, o verdadeiro nacionalismo é de corte protecionista além de tradicionalista, identitário, algo que só é possível através da égide duma autoridade forte e dotada de respeitabilidade moral. Ou seja, um regime que rejeita, os dois espectros clássicos da política, como marxismo e neoliberalismo, sendo ambas as faces da mesma moeda, tendo por trás os mesmos atores.


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Manifestação da Casa Pound, legítima herdeira da terceira posição nacional. 


Desse jeito, a extrema direita ou direita populista é totalmente funesta. A gente típica que apoia o VOX, malta de corte sionista e anti-espanhola, nada a ver com verdadeiras forças nacionalistas europeias que defendem um mundo multipolar, como o Attaka búlgaro de Viorel Siderov ou o Partidul Romania Mare de Corneliu Vadim Tudor, simplesmente para mencionar dois exemplos. Os grupos que a mídia toma como “nacionalistas” são frutos da pós-modernidade, grupos de pessoas funestas, sem consciência geopolítica que só denigrem e difamam o nome do nacionalismo. Então eles não nos representam, nunca o fizeram e nunca o farão. Eles são fruto da mesma modernidade que marxistas, neoliberais, anarquistas, maçônicos, são todos filhos da mesma degeneração, herdeira de padrões materialistas, de corte globalista.

O nacionalismo sempre existiu na história. Ao longo de milênios, temos vários exemplos de levantamentos nacionalistas. O terceiro Reich, por exemplo, é legado de 1000 anos de história, sendo enraizado no panteão nacional germânico e isso é muito bem documentado e provado, sendo evidenciando através de vários eventos históricos.

A ′′noção′′ de que o nacionalismo seja uma invenção da burguesia, do capital e do liberalismo simplesmente é um mito ultrapassado da historiografia marxista catastrófica. O nacionalismo é legado de milênios de história, de valores identitários, culturais, religiosos, étnicos, linguísticos, civilizatórios, geográficos, etc que sustentam e consolidam esse forte fervor patriótico que consiste na base fundamental para a existência das nações, ou seja, países consagrados e apoiados pela história, sendo regidos por aspectos orgânicos como os mencionados.

Ou seja, rejeitamos o neoliberalismo, bem como o comunismo, pois por mais dicotômico, que pareça ser, estas duas posições ideológicas são semelhantes devido à sua unidade de raízes teóricas, unidades de valores e unidade dos propósitos, apresentando em duas doutrinas igualmente materialistas. As duas almejam um mundo globalista, uma delas regida pela ditadura do proletariado e a outra pela do capital. Para nós, nacionalistas de terceira posição, materialismo histórico, ou seja, considerar o ser humano apenas sob os seus aspectos econômicos e materiais, é a base do que é chamado de ′′civilização burguesa", e é a grande influência na formação do neoliberalismo, como do comunismo.

A imagem pode conter: Márcio S. Forti
Por Marcio S. Forti, analista de relações internacionais pela UDEM/ Centrul de Studii Europene - Universitatea "Alexandru Ioan Cuza"/ Iranian Studies em University of Teheran


sábado, 6 de junho de 2020

O imbecil coletivo "conservador" perante a OMS: a burrice bolso-olavete exposta.


Coronavírus: OMS registra 427.630 mortes e 7.690.708 casos no mundo


A doutrina social da Igreja pontua que a saúde é um bem comum, o que significa que o acesso à mesma deve ser universal. Partindo deste pressuposto iniciativas seja do Estado, seja de órgãos internacionais que subsidiam os Estados em ações de saúde, estão perfeitamente em consonância com o ensino social católico na medida em que apoiam iniciativas locais e nacionais de combate a moléstias que transcendem as fronteiras pátrias. No caso do combate a uma epidemia mundial que exige ações em comum a fim de que a vida dos povos seja garantida é perfeitamente aceitável e razoável que haja uma coordenação. É importante frisar isso pois há, neste momento, alguns católicos reverberando uma crítica da direita política bolso-olavista à OMS, ao mesmo tempo que rechaçam seu papel em qualquer caso. Essa crítica acaba, muitas vezes, indo na direção de uma visão ingênua de que qualquer coordenação em termos de política sanitária entre estados-nações via um órgão internacional são um exemplo de “globalismo”.

Primeiro é preciso dizer que é inegável que a OMS nasce dum ideário globalizante enquanto órgão que preconiza medidas padronizadas de saúde pública que muitas vezes não levam em conta a cultura dos povos. Exemplo disso é a campanha da OMS contra a mutilação do clítoris em tribos africanas sob a justificativa de que isto constitui opressão patriarcal ao sexo feminino, desigualdade de gênero e violência. Todavia é sabido que nestas populações a retirada do clítoris se reveste de caráter religioso e cultural, é um rito de passagem e até mesmo as mulheres destas tribos costumeiramente aceitam tal práxis dado que ela é ista como a remoção duma parte “masculina” da genitália, uma limpeza que contribuiria, segundo a maneira de pensar destas populações, para a maior beleza da mulher e maior adequação da mesma ao papel de esposa. Não queremos aqui entrar no mérito da discussão sobre se tal prática é justificável mas é óbvio que este tipo de intervenção da OMS é uma tentativa de invasão na identidade cultural de diversas nações africanas, sob auspício duma visão ocidentalizante do como deve ser tratada a mulher. E aqui temos algo muito interessante: o ideário da OMS não é exatamente “comunista” como querem os idiotas conservadores ao estilo olavista que pululam no Brasil, mas sim ocidentalista. Por outro lado apesar das iniciativas da OMS neste sentido ela não tem poder coercitivo para obrigar países a proibir as práticas de mutilação, agindo mais como fórum de pressão sobre os países ocidentais que financiam a África de modo a submeter ajuda financeira ao cumprimento dos “direitos das mulheres”, fazendo campanhas de conscientização através dos médicos sem fronteiras, etc. Prova disso é que, apesar das suas recomendações no tocante ao trato da Covid-19 houve muitos países que não seguiram os protocolos da mesma, sem sofrerem sanção alguma por conta disso ( Aliás é bom destacar que a maioria dos países que ignoraram a OMS neste caso foram Belarus, Turquestão, Vietnã, Nicarágua, Venezuela, México, todos países que tem governos socialistas ou de esquerda, o que desmonta a tese do bolso-olavismo político de que medidas de locaute ou isolamento seriam de cunho “comunista”).

Por outro lado há iniciativas da OMS muito positivas como os esforços para controlar doenças tropicais negligenciadas – tais como dracunculíase (infecção pelo verme da Guiné), lepra, esquistossomose, filariose linfática e bouba – que resultaram em ganhos progressivos na área da saúde, incluindo a erradicação da dracunculíase. Desde 1989 – quando a maioria dos países endêmicos passou a relatar mensalmente a situação de cada localidade infectada a OMS– o número de novos casos de dracunculíase caiu de 892.055, em 12 países endêmicos, para 3.190, em quatro países, em 2009: uma redução de mais de 99%. Isto foi resultado de ações conjuntas da OMS junto aos estados africanos, numa abordagem plenamente condizente com o princípio da subsidiariedade da Doutrina Social da Igreja, que preconiza que entes superiores deem suporte a entes inferiores a fim de que os segundos consigam dar conta de suas demandas sociais, econômicas, sanitárias, culturais, etc.

Dito isto precisamos contextualizar a recente alegação do governo Bolsonaro de que irá retirar o Brasil da OMS. Os “conservadores” de plantão ( “conservadores” que nada conservam na medida que postulam o liberalismo econômico e a consequente destruição dos instrumentos de defesa e ação do Estado Brasileiro via privatizações do nosso patrimônio ) imaginam que isto será melhor dada a recente atuação falha da OMS no que tange ao Covid-19. Sabe-se que a OMS atrasou o alerta de emergência sanitária por pressão da China como podemos ver aqui:

Depois de sete horas de reuniões entre especialistas na Organização Mundial da Saúde, adiamentos de anúncios e pressões nos bastidores, a entidade com sede em Genebra anunciou na noite de quinta-feira que seria "cedo demais" para declarar uma emergência sanitária global por conta do coronavírus. A decisão, porém, rachou os especialistas convocados de forma extraordinária e demonstrou a dificuldade e pressões sobre um anúncio que poderia ter amplo impacto comercial e político. "Houve uma divisão dos membros", reconheceu Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS....Mas a conclusão da OMS também foi resultado de uma ampla manobra do governo da China para evitar um constrangimento internacional. Politicamente, a declaração de emergência significaria um duro golpe contra a economia local e, em especial, contra o presidente Xi Jinping. Fontes em Genebra acreditam que, se a opção fosse por tal medida, o sinal que se mandaria ao mundo era de que Pequim não estaria sendo capaz de conter um surto, um certificado de uma falha no seu sistema de saúde....” - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/01/24/sob-pressao-china-manobra-para-abafar-emergencia-sanitaria-global.htm?cmpid=copiaecola

Para bem colocarmos a questão é preciso que entendamos como a OMS funciona. Da OMS fazem parte os 194 países membros da ONU, incluso o Brasil. Os Estados- membros nomeiam delegações para a Assembleia Geral da Saúde Mundial que se reúne em Genebra. A saída do Brasil e o corte de recursos advindos dos EUA a OMS – tal como anunciado por Trump – é algo que favorecerá ainda mais a China pois, numa próxima epidemia, ela poderá, mais uma vez, atrasar o aviso de emergência mundial como se deu agora, coisa que não aconteceu no quadro da H1N1 por que os EUA atuavam mais diretamente na OMS. Na época o surto de H1N1 teve início em meados de março de 2009 no México. A OMS, já no começo de Abril, quando o número de infectados era bastante baixo, lançou o alerta mundial de epidemia, permitindo aos países que se preparassem melhor para combater a moléstia. Comparem o trato que a OMS deu ao H1N1 com o que deu ao Covid-19, que é dez vezes mais letal que o H1N1: NO CASO DO COVID-19, CUJOS PRIMEIROS CASOS FORAM REGISTRADOS NO FIM DE DEZEMBRO DE 2019 ATÉ O ALERTA DE EMERGÊNCIA, PASSOU-SE UM MÊS! Nesta altura já havia mortos pelo COVID-19 na China!

Mesmo em fevereiro a OMS, ainda sobre pressão da China, recursou a considerar a coisa como pandemia mesmo o Covid-19 já tendo registros em 37 países como vemos aqui: https://news.un.org/pt/story/2020/02/1705381 ).

Como bem observou Tatiana Prazeres, especialista em relações internacionais:

os Estados Unidos estão mais autocentrados e menos dispostos a liderar uma resposta internacional para a pandemia, o que abre espaço para o avanço dos chineses. A China está ocupando um espaço gerado pela retração dos americanos", aponta ela, que é professora na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim. "Há realmente o risco de que a mudança geopolítica se dê nessa direção, e é um resultado que depende mais do que os americanos estão deixando de fazer do que o que a China está fazendo." - https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52410557


Desta forma tudo isto expõe a absoluta incapacidade intelectual dos conservadores brasileiros de lerem o contexto político internacional. Se a China pode ser culpada pela pressão feita sobre a OMS, Trump e os EUA também devem ser responsabilizados em razão de seu desinteresse nas questões sanitárias mundiais.

Outro ponto em que precisamos insistir é no do financiamento da OMS. A retração do financiamento dos USA à organização vai aumentar a influência de fundações globalistas como a de Bill e Melinda Gates e a da Fundação Rockefeller além dos mega-oligopólios farmacêuticos. Não era a hora de Trump aumentar os recursos para a OMS e fazê-la servir aos países em vez de ser pautada por ONGs e Fundações vincadas ao poder financeiro internacional ( Hoje a OMS recebe recursos de 80 ONGs que não tem compromissos com os estados-nações mas que atuam como Lobbys de causas como a do feminismo, a mesma que embasa a campanha de invasionismo cultural da OMS em tribos da ÁFRICA que extraem o clítoris das meninas ) ? Não é a hora da direita que se diz anti-Globalista tomar a peito a missão de rediscutir o papel da OMS e ONU em vez de simplesmente recusá-las? Não é a hora de fazer essas organizações servirem de entes que subsidiam ações positivas em prol do bem estar geral e dos estados-membros em vez de levar a cabo uma crítica imbecil e desconexa do mundo real que hoje exige ações conjuntas para vencer problemas que acabam transbordando fronteiras? O fato é que a OMS não vai desaparecer quando Brasil e EUA saírem dela. Isto tudo expõe o caráter psicótico do fenômeno bolsonarista; o apoiador médio do presidente hoje encampa o “estado mínimo” legitimando sua opinião na base do combate a corrupção, na base do “já que usaram o estado para roubar, diminuamos o estado!” - isto equivaleria a dizer que devemos ter menos carros circulando porque há quem os utilize para cometer assaltos! Da mesma maneira fazem com a OMS: já que ela foi usada pela China vamos abandoná-la.

Lembramos que Tedros Adhanom, chefe da OMS desde 2017, só pode virar o diretor geral dela por conta do Lobby da China sobre a instituição, ampliado justamente no ano em que Trump subiu ao poder nos USA com a retórica de deixar de lado a atuação dos EUA nos órgãos internacionais. Se um país se faz presente na OMS ele evita que China paute quase exclusivamente a OMS e pode se fazer ouvir. Saindo não há esta chance.

Já passa da hora do imbecil coletivo bolsonarista que repete clichês automaticamente, começar a refletir, se é que isso ainda é possível.