segunda-feira, 20 de abril de 2020

Pio 12 e sua relação com a Ustasi




BOG I HRVATI POSUDI PA NE VRATI Papa: Hrvatski oprost je uzor za ...


Bog i hrvatski”: Deus e o croata. Ditado antigo recuperado pela Ustasi





É verdade que no contexto racionalista do século XX, o Papa Pio 12, na época, se opôs veementemente a idéias racistas de fundo biologicista como o nazismo. Mas muito errada é a visão de católicos que veem nas encíclicas papais uma condenação a todas as linhas de terceira posição nacional. Não há outra fonte que postule isso senão a liberal. Nada como o próprio proceder da Santa Sé e do Sumo Pontífice frente a movimentos de terceira posição nacional de caráter próprio e específico (colocar todos os nacionalismos no mesmo saco é um erro!). Vejamos o exemplo croata:



A Croácia, país eslavo, que foi cristianizado na idade média e sempre apresentou uma devoção católica muito acentuada, desenvolveu-se dentro do rito oriental; porém os croatas absorveram muitos elementos da devoção ocidental, principalmente a Sua Devoção Mariana (A Croácia teve, no século 18, uma aparição da Virgem), O Rosário e a devoção a São Bento.



Entre 1929 e 1945, o Estado Independente da Croácia formalizou a Ustasi, uma organização multifuncional. Uma autoridade que tinha o cariz de ser Estado-Partido-Exército- Escola Catequizadora. Partido porque havia somente este, de modo que o regime pode ser de terceira posição nacional. Exército-Catequizador pois os generais dos Esquadrões de combate Ustasi tinham nas palavras de Ante Pavelic,como fim primário: “a conversão dos ortodoxos ao catolicismo romano”. Isso se deve à direção espiritual absoluta do movimento que estava debaixo da autoridade espiritual do arcebispo cardeal Stepinac.


O arcebispo croata Stepinac fora nomeado como cardeal por Sua Santidade Pio 12. Mas antes disso ele já era amigo pessoal do Papa, de modo que na vigência da Ustasi, trocavam cartas todo mês (e mais, particularmente sobre a Ustasi). Em 1929 Stepinac imediatamente lançou uma bênção pública em escrito à Ustasi e aos seus diretores leigos, pedindo orações do povo pela prosperidade do regime e sucesso dos governantes.

Do mesmo modo, respondeu favoravelmente o gladio temporal, O Estado, que se pôs a serviço do interesse do Vaticano. Há tempos ambos notaram as dificuldades políticas que os ortodoxos, principalmente, junto de judeus secularistas, faziam aos croatas (1) Pio 12 expressava intensa preocupação com a conversão não só dos muitos croatas que historicamente foram forçados a se tornarem ortodoxos, bem como dos próprios sérvios. Foi fixado que a política da Ustasi seria o proselitismo romano, o que no falso-dogma moderno é considerado “violência”. O nacionalismo croata nada mais era que o braço armado do catolicismo romano em terras eslavas. A Ustasi era equivalente ao que o rei Clóvis foi para a França e o Papa: o braço armado de Deus na terra, a espada a serviço da Igreja de Cristo (2). 




Cabe recordar que Stepinac foi participante direto na criação do Estado Independente da Croácia (NDH). Por várias vezes ele apareceu em público com o Poglavnik (o líder Ustaše Ante Pavelić) e cantou o Te Deum no aniversário da criação do NDH.

Considerando o papel marginal da Igreja na arena política durante o período entreguerras, a criação do NDH ( Nezavisna Država Hrvatska - Estado Independente Croata) ofereceu a Igreja e o movimento católico croata uma oportunidade. Os líderes do novo estado estavam dispostos a trabalhar com os líderes da Igreja e, assim, reduzirem a marginalização que a Igreja foi sujeita dentro do estado iugoslavo

Ainda é preciso dizer que o Papa Pio 12, em 1941, enviou Abbott Marcone como seu visitante apostólico, que atuou como núncio papal, o que satisfez Stepinac, já que isso significava que "o Vaticano reconhecia de fato o novo estado”.


Por exemplo: Stepinac parabenizou o excelente governo pela: "Proibição estrita de todas as publicações pornográficas, que foram primeiramente e muito mais publicadas por ortodoxos!" Curiosamente os Ortodoxos escancaradamente acusam (e precipitadamente) a “liga Vaticano-Ustase” de genocídio de 1 milhão de sérvios, todos tidos por mártires. Veja você mesmo: https://www.youtube.com/watch?v=s03Tv6cWFuc



Por João Pedro F. Cardnes

quinta-feira, 16 de abril de 2020

UM EGÓLATRA NO PODER: por Gabriel Larré!

Bolsonaro e as eleições de 2018: o inferno somos nós - Rede Brasil ...

Demitir Mandetta - gostem dele ou não - é burrice até do ponto de vista bolsonarista. Até o novo ministro tomar as rédeas da estrutura do MS -fui funcionário concursado do MS e a máquina é super complexa - vai uma semana ou dez dias perdidos. Quando os governadores decretarem mais quarentena pelo atraso dos hospitais de campanha não chorem. 
Do ponto de vista argumentativo e fático o Bolsonarismo foi, definitivamente, "para o saco". Só permanece de pé em cima de contrafactualismo e de fé cega. 

Abaixo reproduzo uma pertinente observação de Gabriel Larré

"UM EGÓLATRA NO PODER

Mandetta foi um herói em tempos de obscurantismo: ousou tratar esta crise da maneira que ela merece ser tratada - com seriedade, sobriedade e capacidade técnica. Foi massacrado pela seita que hoje defende os delírios bolsonaristas a qualquer custo, mas nos legou uma postura que agora – mais do que nunca – merece ser cultivada, divulgada e defendida: a da sobriedade, da honestidade intelectual, da hombridade e da inteligência.

Sua demissão representa um erro em todos os aspectos. Vejamos:

1- ELEITORAL: Mandetta é o ministro mais bem avaliado do Governo; a maioria da população era contra sua demissão.

2- POLÍTICO: Mandetta contava com o respaldo do Congresso, do Presidente da Câmara e do Senado, dos Governadores, do STF. Além disso, o Ex-Ministro conseguiu domar um dos entes mais complexos do Poder Público.

3- SANITÁRIO: as Políticas Públicas de combate ao Coronavírus serão prejudicadas com esta demissão, ainda mais se o novo ministro for adepto do obscurantismo.

4- MORAL: A demissão de um Ministro da Saúde que implementava – e defendia – políticas públicas testadas mundialmente, isso em plena pandemia, é um ato de covardia e extrema imoralidade.

5- IDEOLÓGICO: Bolsonaro prometeu nomear e respeitar seus Ministros Técnicos. Tratava-se, como podemos constatar, de um estelionato eleitoral.

P. S.: A boa notícia é que o Novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, parece tecnicamente capaz e é um defensor do Isolamento Horizontal. Ou seja: Bolsonaro engana apenas sua seita e coloca no lugar do “Ministro do Centrão” um técnico que tem a mesmíssima postura.