sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Eleições 2018: o Brasil entre o americanismo e o utopismo igualizante pós moderno


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Caros leitores, as eleições 2018 em nosso país demonstram o cenário de completa degradação do debate público no Brasil em razão de pautas completamente estranhas ao caráter de nossa nação, tendo em vista sua formação católica, cordial, solidarista e integral. Os candidatos a presidência da república - em sua maioria - postulam posições estranhas ao nosso legado como civilização mostrando, com isso, o atrelamento da nossa opinião pública a idéias estrangeiras cuja relação com nossa realidade é nenhuma ou quase nenhuma. 

Tanto à esquerda quanto à direita vemos isso; de um lado pautas pós modernas e desconstrucionistas como direitos LGBT, anti-racismo, etc, pululam como se o Brasil fosse os EUA onde houve um processo de violento apartheid racial e onde a mestiçagem é quase nula; do outro questões como "menos estado" são ressaltadas sem levar em conta a falta de Estado no saneamento básico, na saúde, na segurança, numa aposta total na iniciativa privada como panacéia para todos os nosso problemas. No meio desse tiroteio entre esquerdas x direitas (ou o que se convencionou chamar de direita e esquerda no Brasil)  temos alguns candidatos alternativos que defendem a Doutrina Social da Igreja - como é o caso de Eymael - outros que postulam um plano nacional de desenvolvimento misturado a religiosidade cristã e solidariedade  como base para o refazimento da malha social do país - Cabo Daciolo - entre outros. Nos extremos Amoedo, um anarco-liberal que fez fortuna através de conluios com figurões do alto escalão de governos passados, Vera Lúcia do PSTU que postula uma rebelião socialista e o fim do modelo político atual ao mesmo tempo que disputa uma eleição dentro das regras do sistema que rechaça, e Boulos do PSOL que dirige uma versão urbana do MST, o MTST, candidato que promove invasões criminosas pelo país ao mesmo tempo que oprime os ocupantes dos imóveis invadidos com "aluguéis"; todo este quadro, digno do apocalipse, revela o total descalabro deste pleito, quiçá aquele que, historicamente, traz os piores candidatos já vistos no Brasil. 

Infelizmente as candidaturas alternativas - nas quais incluo também a de João Goulart Filho, de tom mais trabalhista e que lembra o velho getulismo  - não tiveram vez e voz nesta eleição por razões óbvias: são as únicas que realmente ameaçam o atual sistema e a polarização americanizante que vem sendo imposta ao país por esquerdas e direitas apátridas. E é aí, no terreno de direitas e esquerdas anti-nacionais que o pleito será, muito provavelmente, decidido. 

Neste sentido é preciso considerar que há dois projetos de país aí: um que vê na iniciativa pública, no estado, um papel preponderante na condução da questão social e econômica, e outro que aposta na iniciativa privada e no desmonte do estado. Do lado esquerdo, articulado em torno de um discurso próEstado temos Haddad e Ciro e, em certa medida, Marina. O projeto de Haddad é francamente Lulista: nada de novo sob o sol! O plano é o velho neoliberalismo no campo financeiro e uma política de bolsas no campo social, sem investir pesado num plano de desenvolvimento industrial do país, única via para nos tornar menos dependentes dos poderes globais. Junte a isso a insistência em pautas imorais como LGBT, liberação sexual feminista, aborto, etc. O PT com Haddad fala de retomar investimentos mas não explica como recuperar a confiança dado que, com um novo governo PT, a máfia partidária que saqueou o Estado, voltaria o que faria do Brasil um terreno adverso a qualquer aventura. Fora que um governo Haddad seria marcado por extrema instabilidade pois estaria a sombra de Lula e sempre sob o risco de um indulto que poderia colocá-lo de volta no poder como um superministro, acirrando ainda mais os ânimos no país. Já Ciro, que fez parte do governo PT, tenta se desvencilhar do passado de aliado do petismo, apresentando laivos de um plano nacional de desenvolvimento e de uma proposta geopolítica menos ideológica que a do PT,  mas a pergunta que cabe é se ele não vai governar com o partido dos trabalhadores caso vença o pleito, dado que terá enorme dificuldade de angariar maioria num congresso dominado pelo PMDB com o qual não pretende governar. Ciro não defendeu, nesta eleição, efusivamente pautas LGBT, aborto, etc,  mas sabemos que ele, pessoalmente, se posiciona a favor delas. Diz que não quer ser guru de costumes e que não pretende intervir nestes temas mas forçou a barra, durante as eleições, em acusações de nazismo (o que é uma inverdade dado que Jair é um americanista e um próJudeu convicto o que repudiaria a um nazista) contra o candidato Bolsonaro e encampou algumas propostas de empoderamento feminino: Ciro quer se valer da educação para reforçar a tese de que não haveria uma diferença essencial entre mulher e homem no que tange a papéis profissionais e familiares, endossando um igualitarismo perigoso pois sabemos que, segundo a tradição católica, Deus reservou ao homem o papel de chefe da família e, a mulher, o lugar de sua auxiliar, cabendo ao marido maiores responsabilidades no que tange ao sustento material da família e a mulher o dever primário do cuidado da vida doméstica. Ciro, porém, tem algumas propostas econômicas que o colocam, de certo modo, ao lado da doutrina social da Igreja: defendeu harmonia capital-trabalho postulando políticas para atender o bem estar de produtores e empregados, ofereceu um plano para facilitar o pagamento de dívidas dos cidadãos com os bancos o que é importante para recuperar a vida financeira familiar, isso a juros mais baixos, etc. Marina flerta com ambientalismo o que poria em xeque qualquer alternativa de crescimento industrial para o país, reduzindo, inclusive, nosso potencial agrário. A esquerda Marina é a pior opção. 

Do lado direito, pela demolição ou redução do estado temos Amoedo, Dias, Meirelles, Alckmin (apesar de ser um centrista ele encampa pautas da direita liberal) e Bolsonaro. As propostas de Meirelles, Alckmin e Bolsonaro giram em torno do mesmo eixo: privatizações, abertura indiscriminada ao capital estrangeiro, menos direitos trabalhistas, etc. Dias mistura medidas de redução do estado com posições de centro. Há algumas diferenças: Alckmin e Meirelles defendem efusivamente a reforma da previdência coisa que não acontece com Bolsonaro; Alckmin se opôs ao imposto igual de 20 por cento para todos, proposto por Guedes, o futuro ministro da economia num governo Bolsonaro; Mourão vice de Bolsonaro acenou com fim do décimo terceiro salário. A candidatura de Jair ainda tem outras facetas: a ausência de proposta claras para áreas como saúde, educação, transporte e segurança. Isso o distingue de Alckmin que tem propostas mais concretas. O fato de a candidatura Bolsonaro não apresentar projetos  claros e definidos para o país precisa ser bem entendida. Não é uma ocasionalidade tal fato nem fruto da "burrice" de Jair: ela é fruto de um projeto. O discurso implícito a candidatura de Bolsonaro é que o governo não deve apresentar soluções mas sim diminuir o Estado, inclusive reduzindo a arrecadação, deixando as pessoas livres para que se virem. E suma: a filosofia por trás de tal candidatura é o velho modelo de sociedade americana/estadunidense, o calvinismo politico puro e simples; o estado não fará nada por vocês, não contem com ele, contem somente consigo mesmos. Aqui é que se explica a idéia de armar o cidadão ( algo até justo pois temos o direito de nos defender mas que não é a solução para o combate ao crime organizado nem um enfrentamento efetivo das causas da criminalidade e sim uma medida tópica para combater efeitos ), deixando de lado propostas mais específicas de segurança pública ( Seria possível enfrentar o crime organizado apenas dando armas a particulares? É possível enfrentar a violência coletiva com ações individuais?). Junte a isto a expectativa de uma baixa burguesia de ascender socialmente com menos impostos, o que não passa de ilusão num país descapitalizado e onde o acesso ao dinheiro para financiar a produção é sempre caro; ademais sem mão de obra especializada fica deveras complicado imaginar um salto econômico, coisa que só poderia acontecer com a atuação forte do estado no campo da educação formando quadros mais qualificados a fim de fomentar a iniciativa produtiva do setor privado. Ao que parece a candidatura de Jair não pretende enfrentar a máfia bancária que impõe pesados juros ao país, reduzindo sua atuação a reduzir impostos o que, num quadro de dívida pública monstruosa, pode levar o país a um quadro semelhante ao da Argentina, onde Macri desonerou setores exportadores perdendo receita e acabando na mão do FMI. Outrossim as candidaturas Bolsonaro, Alckmin e Meirelles caso viessem a ganhar o pleito poderiam desencadear, em razão das medidas antipopulares no campo do trabalho, pois prenunciam um arrocho severo sobre os trabalhadores ( "ou tem emprego ou tem direitos", "reforma da previdência", "ajuste fiscal", são os slogans das três candidaturas, respectivamente), uma luta de classes aberta no país, liderada por setores do PT, MST, sindicatos, o que ganharia força pois a classe trabalhadora seria - em razão de tais medidas - jogada no colo dos setores mais radicais da esquerda. O fato é que, muitos, teleguiados pura e simplesmente por uma aversão ao PT apostaram em Bolsonaro como uma alternativa mas ela vem se mostrando falha e incapaz de unir o país. Isso não se deve, como alguns pensam, a sua verve autoritária. Houve líderes autoritários até mais enfáticos que Jair que conseguiram unir nações em torno de um projeto pois souberam conciliar setores, coisa que Bolsonaro e sua campanha não conseguem. A direita liberal/conservadora apostou numa candidatura mambembe, inimiga dos pobres. A recente fala de Mourão, vice de Jair, sobre acabar com o décimo terceiro é mais uma revelação do que nos espera caso o 17 vença. Bolsonaro nunca ofereceu uma proposta para a classe trabalhadora a fim de que pudesse trazê-la para seu lado anulando o perigo do PT, que digamos, nunca esteve de fato compromissado com os mais pobres, se valendo de seu desespero para ofertar bolsas fajutas comprando as eleições com migalhas para depois leiloar o Brasil a poderes financeiros estrangeiros. E nunca ofereceu por que o núcleo da campanha Bolsonaro é composto por olavistas imbecilizados que enxergam comunismo em qualquer ação ou medida do Estado para assegurar o bem estar social, não compreendendo que foi exatamente o Welfare State que impediu que o ocidente caísse nas mãos do comunismo no pós crise de 29 e que o socialismo avançasse sobre a Europa Ocidental no pós Segunda Guerra. Seu discurso se limita a proposta de reduzir impostos para atender a classe produtiva, não mostrando nenhuma disposição em unir capital-trabalho. A candidatura Bolsonaro não se compromete com medidas trabalhistas - aliás exigidas pela doutrina social da Igreja - para o incremento do mercado de consumo e de nossa economia nacional. O script de uma derrota num hipotético segundo turno com Haddad está pronto. E a culpa será da própria direita que não soube dialogar com setores populares deixando-o livre para a ação de utopistas aproveitadores. 

Ainda é preciso que se diga que não há um voto católico óbvio nestas eleições. Se há pautas positivas em Bolsonaro - como rechaço a kit gay e a aborto, fim das demarcações de reservas indígenas que comprometem a exploração das riquezas minerais da Amazônia, etc - mesmo elas ficam severamente combalidas se levarmos em consideração a Geopolítica que o referido candidato pretende realizar, dando primazia a EUA - cujo ordenamento jurídico já permite a união gay em todos os estados do país - Israel - único país do Oriente Médio a ter paradas gays e cujo Estado financia o movimento gay- Europa - onde pulula a degeneração moral, o ateísmo, etc. A idéia de um candidato conservador capaz de enfrentar o lobby mundial em torno de pautas feministas, gays, anti-família só funciona de modo muito precário: sua geopolítica e seu projeto econômico impedem ao Brasil independência financeira para poder fazer frente a esta escalada do mal. Cabe lembrar o exemplo do Zimbabué e Uganda que tiveram severos problemas com perda de investimentos europeus e americanos, quando anunciaram leis anti-LGBT no país, tendo que se voltar para outros blocos de poder geopolítico a fim de compensar as perdas financeiras. Outrossim a política anti-trabalhista de Jair, na medida em que  pode precarizar a vida familiar dos mais pobres, acaba podendo ter como efeito, um aumento das taxas de abortos por conta do empobrecimento; quadros de violência também podem piorar já que um a miserabilização pode forçar os pais de família a buscarem "bicos" ficando mais tempo fora de casa deixando os filhos sob os cuidados da rua e da tv ou do tráfico de drogas (sabemos que um dos motivos mais decisivos para a violência é a falta de estrutura familiar). Logo, não há certezas de que seu governo vá ser mesmo uma barreira conservadora a degeneração dos costumes, podendo, até, alimentar o processo por vias indiretas. 

Em suma, o Brasil está numa encruzilhada da qual será bastante difícil escapar. Peçamos a Deus que ajude nossa pátria a se reerguer o que passa por recuperamos nossa identidade como nação a fim de fazermos frente ao colosso do internacionalismo inimigo de Deus que se veste de esquerda ou de direita para levar os povos a ruína. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

7 DE SETEMBRO: INDEPENDÊNCIA OU SECESSÃO?




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Afinal, ficamos independentes em 7 de setembro? A versão oficial dos fatos diz que sim. Porém a questão é mais complexa. Antes de respondermos isso precisamos entender o que se passou no Brasil entre 1790 e 1822.

Em primeiro plano precisamos entender que a separação do Brasil de Portugal se dá através de um processo, em etapas. A primeira etapa envolveu a conjuração baiana e a inconfidência mineira que jogaram colonos contra a coroa. A segunda envolve a chegada da família real ao Brasil. Com a abertura dos portos em 1808, Dom João VI, príncipe regente, assegurou nossa liberdade econômica pondo fim ao exclusivo metropolitano, garantindo que os produtores do Brasil pudessem vender e comprar para quem considerassem mais conveniente. A vinda da corte régia para o Brasil atendia ao fim de proteger a coroa de um ataque napoleônico em face do não cumprimento do bloqueio continental decretado por Bonaparte. Fato é que em 1815 as guerras napoleônicas acabam com a derrota de Bonaparte. Mesmo assim Dom João VI decide permanecer no Brasil e elevar-nos a condição de reino unido a Portugal e Algarves. Ao que tudo indica havia um projeto de mudar a sede do Império Marítimo Português para o RJ, fortalecendo a posição de Portugal no Atlântico Sul e impedindo um processo de ruptura que já começava a se desenvolver nas colônias espanholas sob o influxo do interesse inglês.

A Inglaterra nesta época era a maior potência industrial e naval do mundo e a ela interessava abrir portos e mares para a livre circulação de suas mercadorias e ampliação de seus lucros. Ao mesmo tempo o congresso de Viena se realizava sob os auspícios da contra-revolução. Neste sentido é que nasce a Santa Aliança, acordo que envolvia a luta de países como Portugal, Espanha, Rússia, Áustria, contra a expansão dos ideais da revolução francesa e contra a independência da América. Foi a França via Talleyrand que estimulou Dom João VI a ficar no Brasil. O acordo foi feito no tratado de Viena e envolveu uma troca. A França apoiava a empresa de Dom João VI em manter sua corte no RJ e, em troca, recebia de volta a Guiana Francesa, conquistada pelo Brasil em 1809. Evidentemente isto não interessava aos ingleses. Daí que desde 1816/1817 as Lojas Maçônicas, no geral a soldo inglês, resolveram criar um clima para fazer voltar Dom João a Portugal e estimular a secessão do território brasileiro.

Tudo começou com o Areópago do Itambé, primeira organização maçônica do Brasil a se instalar em Pernambuco na área de Itambé em 1796. Como suspeitava da atividade maçônica em Itambé denúncias levaram maçons a fugir dali para o Recife. Em 1816 foi criada uma Loja no RJ: a Beneficência liderada pelo Conde de Paraty. Dom João VI tendo descoberto as atividades desta Loja em semear postulados iluministas que envolviam a idéia de uma contestação ao absolutismo, mandou fechá-la. No Alvará de 1818, Dom João VI, manda fechar todas as Lojas do Brasil e Portugal. Elementos maçons da Beneficência, Loja do RJ, junto com os remanescentes do Itambé, ajudaram a fundar a Grande Loja Provincial que já em 1816 começou a reunir clérigos, juízes, fazendeiros, comerciantes, para uma revolução que explodiria em 1817 e tentaria a separação de Pernambuco com a consequente criação de uma república maçônica no nordeste. No mesmo ano o maçom Domingos José Martins, comerciante que tinha negócios em Londres, voltou da Inglaterra pra liderar a revolução pernambucana. Ele havia jurado a Francisco Miranda, mestre maçom venezuelano que havia fundado a Loja Grande Reunião Americana em Londres, que lideraria a independência de Pernambuco. O movimento falhou e Dom João VI conseguiu manter o controle do Brasil mas em 1820 uma nova investida maçônica viria através da revolução do Porto.

A revolução do Porto queria recolonizar o Brasil e reduzir o poder de Dom João VI criando uma monarquia parlamentar, aos moldes liberais e maçônicos. Antes dela o general Gomes Freire, em 1817, já havia conspirado contra Dom João VI. Gomes era grão mestre maçom. Gomes Freire e outros conjurados maçons foram executados sob ordem do Rei. Mas isso não desanimou a maçonaria em Portugal, pois se reorganizou. Foi então que no Porto, o desembargador da Relação, Manuel Fernandes Tomás, fundou o chamado “Sinédrio”. Integrado por maçons, visava “afirmar” o Exército Português no país. Aproveitando a ausência de Beresford no Brasil, o Sinédrio cooptou militares que pudessem materializar o seu projeto revolucionário. O Sinédrio foi uma associação secreta para-maçônica, fundada no Porto em Janeiro de 1818, que interveio na organização da revolução liberal de 24 de Agosto de 1820. Os fundadores (todos maçons) foram, além de Fernandes Thomaz (pertenceu á Loja Fortaleza, à Loja Patriotismo), José Ferreira Borges (advogado, pertenceu à Loja 24 de Agosto), José da Silva Carvalho (advogado, juiz, Ministro da Justiça, da Fazenda e da Marinha, pertenceu à Loja 1º Outubro, Loja 15 de Outubro, foi Grão-Mestre do GOL, fundador do primeiro Supremo Conselho do Grau 33), assim como outros líderes maçônicos.

Ao mesmo tempo que isso acontecia no Porto e forçava a volta de Dom João VI a Portugal, aqui no Brasil, José Moncorvo organizava a Loja Comércio e Artes para preparar a “independência do Brasil”. Uma divisão na Loja Comércio e Artes se deu no que tange a forma de estado que o Brasil deveria assumir depois de independente, se seria republicana – linha defendida por Gonçalves Ledo – ou monárquica – linha de José Bonifácio. A posição de Ledo na maçonaria era mais forte pois Bonifácio só havia sido eleito Grão Mestre por uma necessidade política – organizar a separação do Brasil. A literatura maçônica é unânime em apontá-lo como “profano”, alguém sem iniciação mas que foi aceito na maçonaria por seu papel chave junto a Dom Pedro I, que havia ficado como príncipe do Brasil depois que o pai teve de voltar a Portugal para conter os revolucionários. A ascensão de Bonifácio era uma manobra de Ledo para atrair Dom Pedro I para a causa maçônica. Percebendo que a separação seria proclamada pela maçonaria de qualquer forma, o príncipe para poder fazer parte do movimento se iniciou na Loja Comércio e Artes em 2 de agosto de 1822. Ledo foi entendendo que a melhor forma de conduzir a separação era mantendo a monarquia dado que isso facilitaria a aceitação da mesma pelas casas dinásticas européias. Ademais fazer a independência com república seria não contar com Dom Pedro I como rei, porém ele tinha o apoio da Província do RJ e de SP e sem o apoio destas duas províncias dificilmente se faria a separação. Em 9 de setembro Ledo, na sessão do Grande Oriente Maçônico declarou Dom Pedro I como rei e defensor constitucional do Brasil no que foi seguido pelas demais lideranças maçônicas.

Em razão de todos estes fatos podemos inferir que o processo de nossa separação de Portugal não se tratou de uma independência legítima, dado que ela já havia acontecido em 1815 quando recebemos nossa liberdade política das maos de Dom João Vi pela elevação do Brasil a reino unido a Portugal. Antes sofremos uma secessão, fruto de uma conjura espúria para destruir o belo ideal de Dom João VI de uma união definitiva entre Portugal e Brasil e facilitar o crescente poder da Inglaterra sobre a América assim como da maçonaria. A maçonaria tencionava criar novos países títeres de seu poder e do poder de Londres. O que podemos fazer hoje, passados quase dois séculos? Reconstruir os laços é ideal quase irrealizável mas lutar contra a opressão maçônica sobre o Brasil é algo possível e necessário. Lutemos contra o Grande Oriente e veremos uma autêntica liberdade reinar sobre o Brasil, não a liberdade licenciosa da maçonaria mas a liberdade cristã.



Professor Rafael G. Queiroz. 


Bibliografia


ANDRADE, João. “A Revolução de 1820: a conspiração“. Porto Editora, 1983 

DURÃO, João Ferreira. Pequena história da maçonaria no Brasil. Madras, 2008.