Caros leitores, as eleições 2018 em nosso país demonstram o cenário de completa degradação do debate público no Brasil em razão de pautas completamente estranhas ao caráter de nossa nação, tendo em vista sua formação católica, cordial, solidarista e integral. Os candidatos a presidência da república - em sua maioria - postulam posições estranhas ao nosso legado como civilização mostrando, com isso, o atrelamento da nossa opinião pública a idéias estrangeiras cuja relação com nossa realidade é nenhuma ou quase nenhuma.
Tanto à esquerda quanto à direita vemos isso; de um lado pautas pós modernas e desconstrucionistas como direitos LGBT, anti-racismo, etc, pululam como se o Brasil fosse os EUA onde houve um processo de violento apartheid racial e onde a mestiçagem é quase nula; do outro questões como "menos estado" são ressaltadas sem levar em conta a falta de Estado no saneamento básico, na saúde, na segurança, numa aposta total na iniciativa privada como panacéia para todos os nosso problemas. No meio desse tiroteio entre esquerdas x direitas (ou o que se convencionou chamar de direita e esquerda no Brasil) temos alguns candidatos alternativos que defendem a Doutrina Social da Igreja - como é o caso de Eymael - outros que postulam um plano nacional de desenvolvimento misturado a religiosidade cristã e solidariedade como base para o refazimento da malha social do país - Cabo Daciolo - entre outros. Nos extremos Amoedo, um anarco-liberal que fez fortuna através de conluios com figurões do alto escalão de governos passados, Vera Lúcia do PSTU que postula uma rebelião socialista e o fim do modelo político atual ao mesmo tempo que disputa uma eleição dentro das regras do sistema que rechaça, e Boulos do PSOL que dirige uma versão urbana do MST, o MTST, candidato que promove invasões criminosas pelo país ao mesmo tempo que oprime os ocupantes dos imóveis invadidos com "aluguéis"; todo este quadro, digno do apocalipse, revela o total descalabro deste pleito, quiçá aquele que, historicamente, traz os piores candidatos já vistos no Brasil.
Infelizmente as candidaturas alternativas - nas quais incluo também a de João Goulart Filho, de tom mais trabalhista e que lembra o velho getulismo - não tiveram vez e voz nesta eleição por razões óbvias: são as únicas que realmente ameaçam o atual sistema e a polarização americanizante que vem sendo imposta ao país por esquerdas e direitas apátridas. E é aí, no terreno de direitas e esquerdas anti-nacionais que o pleito será, muito provavelmente, decidido.
Neste sentido é preciso considerar que há dois projetos de país aí: um que vê na iniciativa pública, no estado, um papel preponderante na condução da questão social e econômica, e outro que aposta na iniciativa privada e no desmonte do estado. Do lado esquerdo, articulado em torno de um discurso próEstado temos Haddad e Ciro e, em certa medida, Marina. O projeto de Haddad é francamente Lulista: nada de novo sob o sol! O plano é o velho neoliberalismo no campo financeiro e uma política de bolsas no campo social, sem investir pesado num plano de desenvolvimento industrial do país, única via para nos tornar menos dependentes dos poderes globais. Junte a isso a insistência em pautas imorais como LGBT, liberação sexual feminista, aborto, etc. O PT com Haddad fala de retomar investimentos mas não explica como recuperar a confiança dado que, com um novo governo PT, a máfia partidária que saqueou o Estado, voltaria o que faria do Brasil um terreno adverso a qualquer aventura. Fora que um governo Haddad seria marcado por extrema instabilidade pois estaria a sombra de Lula e sempre sob o risco de um indulto que poderia colocá-lo de volta no poder como um superministro, acirrando ainda mais os ânimos no país. Já Ciro, que fez parte do governo PT, tenta se desvencilhar do passado de aliado do petismo, apresentando laivos de um plano nacional de desenvolvimento e de uma proposta geopolítica menos ideológica que a do PT, mas a pergunta que cabe é se ele não vai governar com o partido dos trabalhadores caso vença o pleito, dado que terá enorme dificuldade de angariar maioria num congresso dominado pelo PMDB com o qual não pretende governar. Ciro não defendeu, nesta eleição, efusivamente pautas LGBT, aborto, etc, mas sabemos que ele, pessoalmente, se posiciona a favor delas. Diz que não quer ser guru de costumes e que não pretende intervir nestes temas mas forçou a barra, durante as eleições, em acusações de nazismo (o que é uma inverdade dado que Jair é um americanista e um próJudeu convicto o que repudiaria a um nazista) contra o candidato Bolsonaro e encampou algumas propostas de empoderamento feminino: Ciro quer se valer da educação para reforçar a tese de que não haveria uma diferença essencial entre mulher e homem no que tange a papéis profissionais e familiares, endossando um igualitarismo perigoso pois sabemos que, segundo a tradição católica, Deus reservou ao homem o papel de chefe da família e, a mulher, o lugar de sua auxiliar, cabendo ao marido maiores responsabilidades no que tange ao sustento material da família e a mulher o dever primário do cuidado da vida doméstica. Ciro, porém, tem algumas propostas econômicas que o colocam, de certo modo, ao lado da doutrina social da Igreja: defendeu harmonia capital-trabalho postulando políticas para atender o bem estar de produtores e empregados, ofereceu um plano para facilitar o pagamento de dívidas dos cidadãos com os bancos o que é importante para recuperar a vida financeira familiar, isso a juros mais baixos, etc. Marina flerta com ambientalismo o que poria em xeque qualquer alternativa de crescimento industrial para o país, reduzindo, inclusive, nosso potencial agrário. A esquerda Marina é a pior opção.
Do lado direito, pela demolição ou redução do estado temos Amoedo, Dias, Meirelles, Alckmin (apesar de ser um centrista ele encampa pautas da direita liberal) e Bolsonaro. As propostas de Meirelles, Alckmin e Bolsonaro giram em torno do mesmo eixo: privatizações, abertura indiscriminada ao capital estrangeiro, menos direitos trabalhistas, etc. Dias mistura medidas de redução do estado com posições de centro. Há algumas diferenças: Alckmin e Meirelles defendem efusivamente a reforma da previdência coisa que não acontece com Bolsonaro; Alckmin se opôs ao imposto igual de 20 por cento para todos, proposto por Guedes, o futuro ministro da economia num governo Bolsonaro; Mourão vice de Bolsonaro acenou com fim do décimo terceiro salário. A candidatura de Jair ainda tem outras facetas: a ausência de proposta claras para áreas como saúde, educação, transporte e segurança. Isso o distingue de Alckmin que tem propostas mais concretas. O fato de a candidatura Bolsonaro não apresentar projetos claros e definidos para o país precisa ser bem entendida. Não é uma ocasionalidade tal fato nem fruto da "burrice" de Jair: ela é fruto de um projeto. O discurso implícito a candidatura de Bolsonaro é que o governo não deve apresentar soluções mas sim diminuir o Estado, inclusive reduzindo a arrecadação, deixando as pessoas livres para que se virem. E suma: a filosofia por trás de tal candidatura é o velho modelo de sociedade americana/estadunidense, o calvinismo politico puro e simples; o estado não fará nada por vocês, não contem com ele, contem somente consigo mesmos. Aqui é que se explica a idéia de armar o cidadão ( algo até justo pois temos o direito de nos defender mas que não é a solução para o combate ao crime organizado nem um enfrentamento efetivo das causas da criminalidade e sim uma medida tópica para combater efeitos ), deixando de lado propostas mais específicas de segurança pública ( Seria possível enfrentar o crime organizado apenas dando armas a particulares? É possível enfrentar a violência coletiva com ações individuais?). Junte a isto a expectativa de uma baixa burguesia de ascender socialmente com menos impostos, o que não passa de ilusão num país descapitalizado e onde o acesso ao dinheiro para financiar a produção é sempre caro; ademais sem mão de obra especializada fica deveras complicado imaginar um salto econômico, coisa que só poderia acontecer com a atuação forte do estado no campo da educação formando quadros mais qualificados a fim de fomentar a iniciativa produtiva do setor privado. Ao que parece a candidatura de Jair não pretende enfrentar a máfia bancária que impõe pesados juros ao país, reduzindo sua atuação a reduzir impostos o que, num quadro de dívida pública monstruosa, pode levar o país a um quadro semelhante ao da Argentina, onde Macri desonerou setores exportadores perdendo receita e acabando na mão do FMI. Outrossim as candidaturas Bolsonaro, Alckmin e Meirelles caso viessem a ganhar o pleito poderiam desencadear, em razão das medidas antipopulares no campo do trabalho, pois prenunciam um arrocho severo sobre os trabalhadores ( "ou tem emprego ou tem direitos", "reforma da previdência", "ajuste fiscal", são os slogans das três candidaturas, respectivamente), uma luta de classes aberta no país, liderada por setores do PT, MST, sindicatos, o que ganharia força pois a classe trabalhadora seria - em razão de tais medidas - jogada no colo dos setores mais radicais da esquerda. O fato é que, muitos, teleguiados pura e simplesmente por uma aversão ao PT apostaram em Bolsonaro como uma alternativa mas ela vem se mostrando falha e incapaz de unir o país. Isso não se deve, como alguns pensam, a sua verve autoritária. Houve líderes autoritários até mais enfáticos que Jair que conseguiram unir nações em torno de um projeto pois souberam conciliar setores, coisa que Bolsonaro e sua campanha não conseguem. A direita liberal/conservadora apostou numa candidatura mambembe, inimiga dos pobres. A recente fala de Mourão, vice de Jair, sobre acabar com o décimo terceiro é mais uma revelação do que nos espera caso o 17 vença. Bolsonaro nunca ofereceu uma proposta para a classe trabalhadora a fim de que pudesse trazê-la para seu lado anulando o perigo do PT, que digamos, nunca esteve de fato compromissado com os mais pobres, se valendo de seu desespero para ofertar bolsas fajutas comprando as eleições com migalhas para depois leiloar o Brasil a poderes financeiros estrangeiros. E nunca ofereceu por que o núcleo da campanha Bolsonaro é composto por olavistas imbecilizados que enxergam comunismo em qualquer ação ou medida do Estado para assegurar o bem estar social, não compreendendo que foi exatamente o Welfare State que impediu que o ocidente caísse nas mãos do comunismo no pós crise de 29 e que o socialismo avançasse sobre a Europa Ocidental no pós Segunda Guerra. Seu discurso se limita a proposta de reduzir impostos para atender a classe produtiva, não mostrando nenhuma disposição em unir capital-trabalho. A candidatura Bolsonaro não se compromete com medidas trabalhistas - aliás exigidas pela doutrina social da Igreja - para o incremento do mercado de consumo e de nossa economia nacional. O script de uma derrota num hipotético segundo turno com Haddad está pronto. E a culpa será da própria direita que não soube dialogar com setores populares deixando-o livre para a ação de utopistas aproveitadores.
Ainda é preciso que se diga que não há um voto católico óbvio nestas eleições. Se há pautas positivas em Bolsonaro - como rechaço a kit gay e a aborto, fim das demarcações de reservas indígenas que comprometem a exploração das riquezas minerais da Amazônia, etc - mesmo elas ficam severamente combalidas se levarmos em consideração a Geopolítica que o referido candidato pretende realizar, dando primazia a EUA - cujo ordenamento jurídico já permite a união gay em todos os estados do país - Israel - único país do Oriente Médio a ter paradas gays e cujo Estado financia o movimento gay- Europa - onde pulula a degeneração moral, o ateísmo, etc. A idéia de um candidato conservador capaz de enfrentar o lobby mundial em torno de pautas feministas, gays, anti-família só funciona de modo muito precário: sua geopolítica e seu projeto econômico impedem ao Brasil independência financeira para poder fazer frente a esta escalada do mal. Cabe lembrar o exemplo do Zimbabué e Uganda que tiveram severos problemas com perda de investimentos europeus e americanos, quando anunciaram leis anti-LGBT no país, tendo que se voltar para outros blocos de poder geopolítico a fim de compensar as perdas financeiras. Outrossim a política anti-trabalhista de Jair, na medida em que pode precarizar a vida familiar dos mais pobres, acaba podendo ter como efeito, um aumento das taxas de abortos por conta do empobrecimento; quadros de violência também podem piorar já que um a miserabilização pode forçar os pais de família a buscarem "bicos" ficando mais tempo fora de casa deixando os filhos sob os cuidados da rua e da tv ou do tráfico de drogas (sabemos que um dos motivos mais decisivos para a violência é a falta de estrutura familiar). Logo, não há certezas de que seu governo vá ser mesmo uma barreira conservadora a degeneração dos costumes, podendo, até, alimentar o processo por vias indiretas.
Em suma, o Brasil está numa encruzilhada da qual será bastante difícil escapar. Peçamos a Deus que ajude nossa pátria a se reerguer o que passa por recuperamos nossa identidade como nação a fim de fazermos frente ao colosso do internacionalismo inimigo de Deus que se veste de esquerda ou de direita para levar os povos a ruína.
Blz você é está equivocado e necessita voltar urgentemente aos estudos ou então é um mentiroso.
ResponderExcluirO que o texto teve de genial e diretamente proporcional à sua extensão, o seu comentário teve de absoluta ignorância diretamente proporcional à sua brevidade.
ExcluirEste é, definitivamente, o texto mais lúcido sobre as eleições brasileiras que já li, e sou devoradores assíduo de textos. Afora uma formatação sofrível com poucos parágrafos, só posso parabenizar o autor pela excelente análise que praticamente esgotou todos os temas relevantes sobre os principais candidatos.
ResponderExcluirE nenhuma linha sobre o atentado esquerdume contra o único candidato que é ponto fora da curva no Brasil. Misturar Jair Bolsonaro, candidato sem nenhuma mancha em sua vida pública há 27 anos, com os demais bandidos disfarçados de candidatos à presidência. O único que não está usando dinheiro público de campanha (dinheiro do povo que deveria ser investido em educação, saúde e segurança pública). Muito estranho!
ResponderExcluirPrefere o articulista 'deixar para ver como vai ficar', eis que aqueles que seriam os melhores candidatos a que se referiu, não são candidatos à nada.
Porém, preferiu o povo tomar as rédeas de seus destino e marchar pelas ruas, para transformar o Brasil num país que faça coro com o tamanho de sua grandeza e riqueza.
"Brasil acima de tudo, Deus acima de todos"
Eduardo
O atentanto contra Bolsonaro, ainda que trágico e condenável, é ASBOLUTAMENTE IRRELEVANTE para uma análise séria de questão. Fato é que o texto faz uma crítica perfeita, sob o ponto de vista Católico e tradicionalista, dos candidatos em questão, e lê-lo com os olhos eleitoreiros de quem defende a campanha de um em especial impossibilita apreender sua profundidade.
ExcluirAté porque esse viés eleitoral cega para a percepção de fatos óbvios que a fidelidade acrítica a um candidato não consegue perceber nem mesmo quando são escancaradas à sua frente, como o texto faz com perfeição.
O meu candidato, no caso, é Ciro Gomes, e até acho que há coisas que foram pouco consideradas que me levam ao impulso de defendê-lo. Mas em nome de um posicionamento sério e imparcial, me abstenho, pois a verdade, os interesses do povo, e o pensamento crítico sobre as questões mais importantes mais me valem que a defesa apaixonada de um político.
E olhe que nem católico eu sou!
Ciro? Aquele que disse se eleito, vai acabar com a autoridade da ICAR no Brasil!
ExcluirA verdade é que todos que militam contra Bolsonaro, preferem jogar o país no lamaçal socialista para pagarem de engajados em vez de tentar salvar o que resta de descência no país.
“Bolsonaro se apresenta como aquele que, sem descuidar da parte econômica, reúne propostas importantes do ponto de vista moral e da segurança pública.
Cumpre citar as exortações feitas pelo filósofo tomista brasileiro Carlos Nougué a respeito das eleições, em citação ao Padre Villada sobre as eleições espanholas, e com referência ao papa São Pio X:
“Os indivíduos particulares, diz – dos partidos políticos poderão ser piores uns que outros, e às vezes talvez alguém pertencente a um partido mais avançado poderá ser menos mau que outro pertencente a um partido mais conservador; mas sempre será de si menos mau ou mais tolerável o que em seu programa de governo se mostre menos perseguidor da Igreja" [25].
Assim sendo, Bolsonaro, ao defender diversas pautas urgentes para a tutela do bem comum, mostra-se não só viável aos católicos, mas necessário na atual conjuntura – ainda que não se possa ignorar seus graves defeitos e, também, os seus maus exemplos e rudezas, os quais nem caberia citar aqui, pois são de conhecimento público.”
Confira na íntegra a análise sobre Jair Messias Bolsonaro Á LUZ DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA no Link da descrição:
http://www.ispabrasil.com/blog/bolsonaro-um-mal-menor-mas-necessario-na-atual-conjuntura?categoryId=24795
De onde você tirou que o Eymael defende a DSI?
ResponderExcluirO Eymael defende o liberalismo econômico que é condenado pela doutrina social da Santa Igreja Católica.