sexta-feira, 10 de julho de 2020

A conexão Roger Stones - Governo Bolsonaro: a invasão do Brasil está provada.

Roger Stone denies being a 'murderous mafioso' in latest court ...
Roger Stones, o lobista que elegeu Trump. 


Os últimos fatos provaram, de vez, que o DEA/USA foi o responsável pela vitória do capitão em 2018.

O primeiro fato a demonstrá-lo é a recente divulgação de dados sobre colaboração entre FBI e Lava Jato que foi a responsável por criar um clima de moralismo anti-corrupção que alavancou a candidatura do “mito” além de assegurar a prisão de Lula, seu principal concorrente para o pleito de 2018, como mostrou, recentemente, a plataforma UOL aqui: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-publica/2020/07/01/o-fbi-e-a-lava-jato.htm

O segundo fato é a derrubada, pelo Facebook, de dezenas de contas, perfis e páginas bolsonaristas administradas desde fora do país – destaque para várias delas estarem sendo operadas desde a Ucrânia, país que, anos atrás foi objeto duma revolução colorida que trouxe a derrubada dum governo pró-Russia e a consequente subida do ex-palhaço Zelenski, ligado aos oligarca judeu pró-OTAN, Igor Kolomoiski, à presidência.

Este segundo fato nos leva, diretamente para Roger Stones, UMA NOVA PEÇA DO QUEBRA CABEÇA DA INVASÃO SILENCIOSA do Brasil por forças norte-americanas. Roger é um lobbista conservador – libertário estadunidense que foi um dos mais importantes operadores da campanha de Trump. Stones é dono da BMSK, empresa de consultoria política que ajudou a eleger senadores que representavam a indústria de tabaco, trabalhando no sentido de orientar a opinião pública no sentido de positivar o fumo ( Não é coincidência que Olavo de Carvalho tenha trazido esse lobby pró-fumo para o Brasil dadas as íntimas conexões entre ele e ao setor da direita republicana a qual Stones se conecta), a garantir que ditaduras pró-USA, instaladas em países de terceiro mundo, obtivessem apoio no congresso americano, etc.

Apesar de se intitular conservador e de “família católica”, Stones atuou como lobista dos cassinos de Trump em Washington, nos anos 90, apesar da Igreja proibir a jogatina, o que nos mostra como o uso do “discurso conservador” pela direita americana sempre foi uma cortina de fumaça a esconder conexões escusas e assegurar o voto dum eleitorado religioso alienado que não consegue diferenciar retórica de compromissos reais. Ele foi o pioneiro na campanha de propaganda negativa, onde a regra é o vale tudo numa eleição. Roger está associado a Alex Jones do canal InfoWar, canal que disseminou a teoria conspiratória de que o Novordismo Mundial é uma realidade alheia aos “EUA profundo” a quem tal esquema desejaria destruir, a mesma narrativa encampada por Olavo de Carvalho que absolve os USA de toda e qualquer responsabilidade pelo Globalismo, jogando a responsabilidade duma possível trama por um governo mundial nas costas duma “elite globalista” jamais associada às instituições formadoras dos USA e ao seu capitalismo imperialista, mas classificada como algo relacionado a um “meta-capitalismo” que seria uma espécie de “socialismo”, pasmem! Jones, por sinal, sempre negou a realidade dos tiroteios em massa como o que ocorreu na Escola Primária de Sandy Hook, classificando o fato como “falsa bandeira”, recurso retórico comum no discurso, mais uma vez, de Olavo de Carvalho que acostumou o público, nos idos dos anos 2000, via True Outspeak, a “beber” das narrativas ao estilo InfoWar o que jogou boa parte da audiência anti-petista do sr. Carvalho num contexto mental propício a aceitar todo tipo de conspirologia fantasiosa, sem o qual Bolsonaro não teria vencido em 2018.

Roger Stone appears on Capitol Hill with Alex Jones Video - ABC News
Alex Jones e Stones



Stones não está vincado apenas a táticas lobistas ou a conexões com o atual governo Trump mas também com roubo de dados e espionagem ilegal. Durante as eleições americanas, quando Trump denunciava algo numa semana, na outra e-mails eram revelados pelo Wikileaks que confirmavam as denúncias que giravam, geralmente, em torno de nomes do Partido Democrata como foi o caso de Nancy Pelosi. Não é o caso aqui de tomar partido de Pelosi contra Trump, que o leitor entenda onde queremos chegar: aqui se trata de mostrar como todo o aparato de propaganda e ofensiva do círculo que criou o bolsonarismo se embasa no mesmo método de Stones e como isto reforça a tese de que a eleição de 2018 foi ganha com dinheiro e logística estrangeira.

Há que lembrar que a aproximação entre Olavo e a família Bolsonaro se deu em 2014, evidenciada através dum hangout realizado pela RádioVox. Neste Hangout, Olavo faz uma alegação sobre o PT ter iniciado sua estrutura de poder, calcada na mentira, a partir de 1993 com a suposta criação dum “SNI” da esquerda para levar a cabo, quando chegassem ao poder, o roubo generalizado do erário e uso de informações para derrubar seus adversários. Segundo Olavo a mentira e a verdade seriam coisas relativas para a esquerda socialista, importante é o que favorece a revolução. E aqui chegamos a um fato desconhecido do grande público: em 2012, durante um “Congresso de Mídia Católica Conservadora”, que aconteceu no Hotel Glória no Rio de Janeiro, no qual nós tomamos parte como convidados do sr. Allan dos Santos, realizador do evento e hoje blogueiro do regime bolsonarista, e que desejava criar uma ação cultural conjunta conservadora, houve uma vídeo conferência de Olavo onde o mesmo determinava que criássemos o “SNI” da direita conservadora a fim de difamar os adversários, roubar dados, espionar, etc. Naquela época estávamos incônscios da natureza profunda do que significava a figura canhestra de Olavo e de sua trupe. Mas em 2013 quando entendemos que esse círculo estava a serviço do poder estadunidense, além de servir a outros esquemas malignos, decidimos nos afastar o que não se deu com alguns que fizeram parte daquele encontro. Entendemos que ali tivemos a pré-história do tal “gabinete do ódio” que hoje opera a propaganda pró-governo nas redes sociais entre injúrias, falsificações da realidade, etc. É claro que o tal gabinete foi tomando corpo com o tempo e com a aproximação cada vez maior entre o nicho de Allan dos Santos - família Bolsonaro - Olavo mas parece-nos claro que houve uma operação montada desde os anos 2000 onde o velho astrólogo copiou o modelo de propaganda negativa de Stones para nossa realidade. Estaria Olavo vinculado a Stones desde os idos dos anos 2000? Não é improvável. Cabe recordar que, na época de Orkut, circulava uma foto na comunidade “Olavo de Carvalho”, apresentando o mesmo recebendo seu “cartão verde” para permanecer nos EUA das mãos dum oficial militar, algo inusual já que esse tipo de documento é entregue por burocratas civis; isto aponta para o provável fato de que as conexões de Olavo com gente do Partido Republicano ligada ao DEA ou a CIA tenha lhe garantido tal benesse. Certamente Stones pode ter sido um dos agentes que mediaram essa concessão. No mundo da política é muito difícil falar de coincidência e é claro que a existência dum modus operandi que liga Alex Jones – Olavo – Stones com a militância bolsonarista, além da recém descoberta de perfis pagos por Stones, desde a Ucrânia, para fazer propaganda do governo Jair de forma massiva nas redes sociais, mostram que estamos perante a maior operação de invasionismo dum poder estatal estrangeiro sobre o Brasil o que nos coloca em severíssimo risco de um desmonte de nossa parca soberania como já vinhamos avisando faz anos, nós e tantos outros como o sr Carlos Velasco em seu site Prometheo Libertho.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Nacionalismo verdadeiro x direita populista pseudo nacional: por Marcio S. Forti



O controverso plano de Steve Bannon para "unificar a direita" na ...
Bannon, ideologo da direita que se jacta de nacional mas não é


A chamada direita populista ou extrema direita atual é neoliberal, sionista, sendo também antinacionalista e anti -identitária, além de ser anti-histórica nada tendo a ver com as terceiras posições nacionais. Como pode alguém ser nacionalista identitarista se os financiadores de VOX, Jair Bolsonaro, Maurício Macri e Emannuel Macron, por exemplo, promovem padrões degenerados, como desfiles do movimento lgbt, promoção do minarquismo, despenalização de narcóticos, libertação do uso recreativo da maconha, não tendo nenhuma preocupação com o identitarismo nacional?

O nacionalismo real sabe conciliar valores culturais e geopolítica soberanista, algo chave. Ou seja, o verdadeiro nacionalismo é de corte protecionista além de tradicionalista, identitário, algo que só é possível através da égide duma autoridade forte e dotada de respeitabilidade moral. Ou seja, um regime que rejeita, os dois espectros clássicos da política, como marxismo e neoliberalismo, sendo ambas as faces da mesma moeda, tendo por trás os mesmos atores.


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Manifestação da Casa Pound, legítima herdeira da terceira posição nacional. 


Desse jeito, a extrema direita ou direita populista é totalmente funesta. A gente típica que apoia o VOX, malta de corte sionista e anti-espanhola, nada a ver com verdadeiras forças nacionalistas europeias que defendem um mundo multipolar, como o Attaka búlgaro de Viorel Siderov ou o Partidul Romania Mare de Corneliu Vadim Tudor, simplesmente para mencionar dois exemplos. Os grupos que a mídia toma como “nacionalistas” são frutos da pós-modernidade, grupos de pessoas funestas, sem consciência geopolítica que só denigrem e difamam o nome do nacionalismo. Então eles não nos representam, nunca o fizeram e nunca o farão. Eles são fruto da mesma modernidade que marxistas, neoliberais, anarquistas, maçônicos, são todos filhos da mesma degeneração, herdeira de padrões materialistas, de corte globalista.

O nacionalismo sempre existiu na história. Ao longo de milênios, temos vários exemplos de levantamentos nacionalistas. O terceiro Reich, por exemplo, é legado de 1000 anos de história, sendo enraizado no panteão nacional germânico e isso é muito bem documentado e provado, sendo evidenciando através de vários eventos históricos.

A ′′noção′′ de que o nacionalismo seja uma invenção da burguesia, do capital e do liberalismo simplesmente é um mito ultrapassado da historiografia marxista catastrófica. O nacionalismo é legado de milênios de história, de valores identitários, culturais, religiosos, étnicos, linguísticos, civilizatórios, geográficos, etc que sustentam e consolidam esse forte fervor patriótico que consiste na base fundamental para a existência das nações, ou seja, países consagrados e apoiados pela história, sendo regidos por aspectos orgânicos como os mencionados.

Ou seja, rejeitamos o neoliberalismo, bem como o comunismo, pois por mais dicotômico, que pareça ser, estas duas posições ideológicas são semelhantes devido à sua unidade de raízes teóricas, unidades de valores e unidade dos propósitos, apresentando em duas doutrinas igualmente materialistas. As duas almejam um mundo globalista, uma delas regida pela ditadura do proletariado e a outra pela do capital. Para nós, nacionalistas de terceira posição, materialismo histórico, ou seja, considerar o ser humano apenas sob os seus aspectos econômicos e materiais, é a base do que é chamado de ′′civilização burguesa", e é a grande influência na formação do neoliberalismo, como do comunismo.

A imagem pode conter: Márcio S. Forti
Por Marcio S. Forti, analista de relações internacionais pela UDEM/ Centrul de Studii Europene - Universitatea "Alexandru Ioan Cuza"/ Iranian Studies em University of Teheran


sábado, 6 de junho de 2020

O imbecil coletivo "conservador" perante a OMS: a burrice bolso-olavete exposta.


Coronavírus: OMS registra 427.630 mortes e 7.690.708 casos no mundo


A doutrina social da Igreja pontua que a saúde é um bem comum, o que significa que o acesso à mesma deve ser universal. Partindo deste pressuposto iniciativas seja do Estado, seja de órgãos internacionais que subsidiam os Estados em ações de saúde, estão perfeitamente em consonância com o ensino social católico na medida em que apoiam iniciativas locais e nacionais de combate a moléstias que transcendem as fronteiras pátrias. No caso do combate a uma epidemia mundial que exige ações em comum a fim de que a vida dos povos seja garantida é perfeitamente aceitável e razoável que haja uma coordenação. É importante frisar isso pois há, neste momento, alguns católicos reverberando uma crítica da direita política bolso-olavista à OMS, ao mesmo tempo que rechaçam seu papel em qualquer caso. Essa crítica acaba, muitas vezes, indo na direção de uma visão ingênua de que qualquer coordenação em termos de política sanitária entre estados-nações via um órgão internacional são um exemplo de “globalismo”.

Primeiro é preciso dizer que é inegável que a OMS nasce dum ideário globalizante enquanto órgão que preconiza medidas padronizadas de saúde pública que muitas vezes não levam em conta a cultura dos povos. Exemplo disso é a campanha da OMS contra a mutilação do clítoris em tribos africanas sob a justificativa de que isto constitui opressão patriarcal ao sexo feminino, desigualdade de gênero e violência. Todavia é sabido que nestas populações a retirada do clítoris se reveste de caráter religioso e cultural, é um rito de passagem e até mesmo as mulheres destas tribos costumeiramente aceitam tal práxis dado que ela é ista como a remoção duma parte “masculina” da genitália, uma limpeza que contribuiria, segundo a maneira de pensar destas populações, para a maior beleza da mulher e maior adequação da mesma ao papel de esposa. Não queremos aqui entrar no mérito da discussão sobre se tal prática é justificável mas é óbvio que este tipo de intervenção da OMS é uma tentativa de invasão na identidade cultural de diversas nações africanas, sob auspício duma visão ocidentalizante do como deve ser tratada a mulher. E aqui temos algo muito interessante: o ideário da OMS não é exatamente “comunista” como querem os idiotas conservadores ao estilo olavista que pululam no Brasil, mas sim ocidentalista. Por outro lado apesar das iniciativas da OMS neste sentido ela não tem poder coercitivo para obrigar países a proibir as práticas de mutilação, agindo mais como fórum de pressão sobre os países ocidentais que financiam a África de modo a submeter ajuda financeira ao cumprimento dos “direitos das mulheres”, fazendo campanhas de conscientização através dos médicos sem fronteiras, etc. Prova disso é que, apesar das suas recomendações no tocante ao trato da Covid-19 houve muitos países que não seguiram os protocolos da mesma, sem sofrerem sanção alguma por conta disso ( Aliás é bom destacar que a maioria dos países que ignoraram a OMS neste caso foram Belarus, Turquestão, Vietnã, Nicarágua, Venezuela, México, todos países que tem governos socialistas ou de esquerda, o que desmonta a tese do bolso-olavismo político de que medidas de locaute ou isolamento seriam de cunho “comunista”).

Por outro lado há iniciativas da OMS muito positivas como os esforços para controlar doenças tropicais negligenciadas – tais como dracunculíase (infecção pelo verme da Guiné), lepra, esquistossomose, filariose linfática e bouba – que resultaram em ganhos progressivos na área da saúde, incluindo a erradicação da dracunculíase. Desde 1989 – quando a maioria dos países endêmicos passou a relatar mensalmente a situação de cada localidade infectada a OMS– o número de novos casos de dracunculíase caiu de 892.055, em 12 países endêmicos, para 3.190, em quatro países, em 2009: uma redução de mais de 99%. Isto foi resultado de ações conjuntas da OMS junto aos estados africanos, numa abordagem plenamente condizente com o princípio da subsidiariedade da Doutrina Social da Igreja, que preconiza que entes superiores deem suporte a entes inferiores a fim de que os segundos consigam dar conta de suas demandas sociais, econômicas, sanitárias, culturais, etc.

Dito isto precisamos contextualizar a recente alegação do governo Bolsonaro de que irá retirar o Brasil da OMS. Os “conservadores” de plantão ( “conservadores” que nada conservam na medida que postulam o liberalismo econômico e a consequente destruição dos instrumentos de defesa e ação do Estado Brasileiro via privatizações do nosso patrimônio ) imaginam que isto será melhor dada a recente atuação falha da OMS no que tange ao Covid-19. Sabe-se que a OMS atrasou o alerta de emergência sanitária por pressão da China como podemos ver aqui:

Depois de sete horas de reuniões entre especialistas na Organização Mundial da Saúde, adiamentos de anúncios e pressões nos bastidores, a entidade com sede em Genebra anunciou na noite de quinta-feira que seria "cedo demais" para declarar uma emergência sanitária global por conta do coronavírus. A decisão, porém, rachou os especialistas convocados de forma extraordinária e demonstrou a dificuldade e pressões sobre um anúncio que poderia ter amplo impacto comercial e político. "Houve uma divisão dos membros", reconheceu Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS....Mas a conclusão da OMS também foi resultado de uma ampla manobra do governo da China para evitar um constrangimento internacional. Politicamente, a declaração de emergência significaria um duro golpe contra a economia local e, em especial, contra o presidente Xi Jinping. Fontes em Genebra acreditam que, se a opção fosse por tal medida, o sinal que se mandaria ao mundo era de que Pequim não estaria sendo capaz de conter um surto, um certificado de uma falha no seu sistema de saúde....” - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/01/24/sob-pressao-china-manobra-para-abafar-emergencia-sanitaria-global.htm?cmpid=copiaecola

Para bem colocarmos a questão é preciso que entendamos como a OMS funciona. Da OMS fazem parte os 194 países membros da ONU, incluso o Brasil. Os Estados- membros nomeiam delegações para a Assembleia Geral da Saúde Mundial que se reúne em Genebra. A saída do Brasil e o corte de recursos advindos dos EUA a OMS – tal como anunciado por Trump – é algo que favorecerá ainda mais a China pois, numa próxima epidemia, ela poderá, mais uma vez, atrasar o aviso de emergência mundial como se deu agora, coisa que não aconteceu no quadro da H1N1 por que os EUA atuavam mais diretamente na OMS. Na época o surto de H1N1 teve início em meados de março de 2009 no México. A OMS, já no começo de Abril, quando o número de infectados era bastante baixo, lançou o alerta mundial de epidemia, permitindo aos países que se preparassem melhor para combater a moléstia. Comparem o trato que a OMS deu ao H1N1 com o que deu ao Covid-19, que é dez vezes mais letal que o H1N1: NO CASO DO COVID-19, CUJOS PRIMEIROS CASOS FORAM REGISTRADOS NO FIM DE DEZEMBRO DE 2019 ATÉ O ALERTA DE EMERGÊNCIA, PASSOU-SE UM MÊS! Nesta altura já havia mortos pelo COVID-19 na China!

Mesmo em fevereiro a OMS, ainda sobre pressão da China, recursou a considerar a coisa como pandemia mesmo o Covid-19 já tendo registros em 37 países como vemos aqui: https://news.un.org/pt/story/2020/02/1705381 ).

Como bem observou Tatiana Prazeres, especialista em relações internacionais:

os Estados Unidos estão mais autocentrados e menos dispostos a liderar uma resposta internacional para a pandemia, o que abre espaço para o avanço dos chineses. A China está ocupando um espaço gerado pela retração dos americanos", aponta ela, que é professora na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim. "Há realmente o risco de que a mudança geopolítica se dê nessa direção, e é um resultado que depende mais do que os americanos estão deixando de fazer do que o que a China está fazendo." - https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52410557


Desta forma tudo isto expõe a absoluta incapacidade intelectual dos conservadores brasileiros de lerem o contexto político internacional. Se a China pode ser culpada pela pressão feita sobre a OMS, Trump e os EUA também devem ser responsabilizados em razão de seu desinteresse nas questões sanitárias mundiais.

Outro ponto em que precisamos insistir é no do financiamento da OMS. A retração do financiamento dos USA à organização vai aumentar a influência de fundações globalistas como a de Bill e Melinda Gates e a da Fundação Rockefeller além dos mega-oligopólios farmacêuticos. Não era a hora de Trump aumentar os recursos para a OMS e fazê-la servir aos países em vez de ser pautada por ONGs e Fundações vincadas ao poder financeiro internacional ( Hoje a OMS recebe recursos de 80 ONGs que não tem compromissos com os estados-nações mas que atuam como Lobbys de causas como a do feminismo, a mesma que embasa a campanha de invasionismo cultural da OMS em tribos da ÁFRICA que extraem o clítoris das meninas ) ? Não é a hora da direita que se diz anti-Globalista tomar a peito a missão de rediscutir o papel da OMS e ONU em vez de simplesmente recusá-las? Não é a hora de fazer essas organizações servirem de entes que subsidiam ações positivas em prol do bem estar geral e dos estados-membros em vez de levar a cabo uma crítica imbecil e desconexa do mundo real que hoje exige ações conjuntas para vencer problemas que acabam transbordando fronteiras? O fato é que a OMS não vai desaparecer quando Brasil e EUA saírem dela. Isto tudo expõe o caráter psicótico do fenômeno bolsonarista; o apoiador médio do presidente hoje encampa o “estado mínimo” legitimando sua opinião na base do combate a corrupção, na base do “já que usaram o estado para roubar, diminuamos o estado!” - isto equivaleria a dizer que devemos ter menos carros circulando porque há quem os utilize para cometer assaltos! Da mesma maneira fazem com a OMS: já que ela foi usada pela China vamos abandoná-la.

Lembramos que Tedros Adhanom, chefe da OMS desde 2017, só pode virar o diretor geral dela por conta do Lobby da China sobre a instituição, ampliado justamente no ano em que Trump subiu ao poder nos USA com a retórica de deixar de lado a atuação dos EUA nos órgãos internacionais. Se um país se faz presente na OMS ele evita que China paute quase exclusivamente a OMS e pode se fazer ouvir. Saindo não há esta chance.

Já passa da hora do imbecil coletivo bolsonarista que repete clichês automaticamente, começar a refletir, se é que isso ainda é possível.


quinta-feira, 21 de maio de 2020

O Nacionalismo, a Religião e o Catolicismo: esclarecendo um mal entendido.

Roman Dmowski | Na historycznej wokandzie - NINATEKA
Roman Dmowisk, líder do nacional-catolicismo polonês


Faz-se mister esclarecer um velho mal entendido, em boa parte fruto dalguns polemistas católicos que acostumaram o público a considerar a “onda nacional” como uma heresia política e a admitir, no máximo, na seara católica, o patriotismo ( uma versão amena do nacionalismo como se esta fosse, sempre, uma absolutização da nação colocada no lugar de Deus ). A confusão foi criada, em certo aspecto, pela ignorância dos tais polemistas em relação a história e, em outro, pela tentativa deliberada de impor conceitos doutrinais a todo e qualquer regime que exibisse o nome de “nacional”, sem pesar fatos e fazer distinções no seio dos amplos espectros deste fenômeno, esquecidos da definição que Rene Remond dá ao mesmo enquanto realidade aberta a uma gama de conteúdos na medida em que este oscilava, durante o século 19 entre aspirações liberais e, logo, revolucionárias, e aspirações tradicionais, portanto reacionárias, a depender do terreno em que se manifestassem.

A primeira onda nacional surge do apelo jacobino à nação francesa contra o poder régio e contra o “complô dos aristocratas”: é o soberanismo popular. A convenção nacional de Robespierre exalta o povo em armas em prol da República. Nação, neste caso, é um conceito meramente útil: é “o coletivo do terceiro estado” contra os aristocratas não só franceses mas do mundo inteiro. A França, pátria da liberdade, não tem por fito estender suas fronteiras mas a da liberdade tomada como um absoluto; o princípio primeiro do Jacobinismo não é a Pátria nas suas tradições mas a liberdade do povo, símbolo da liberdade da humanidade. O horizonte jacobino é, sumamente, humanitarista. Prova de que a nação não tem nenhum conteúdo fixo de tradições na mente dos revolucionários franceses e que ela é tão só uma abstração, é que o mesmo conceito pode ser usado para justificar a subida dos jacobinos em nome da nação soberana como para legitimar sua derrubada.

As guerras de Napoleão (1805-1815) marcaram a luta da França por expandir essa “liberação da humanidade”. Contudo a reação ao invasor francês gerou duas atitudes políticas: uma restauracionista, monárquica e absolutista e outra reacionária-nacionalista. Em alguns casos, como no da Prússia houve uma síntese do sentimento monárquico ao nacional sob a chefia de Frederico Guilherme III que liderou a luta restauracionista prussiana a partir da derrota sofrida em 1807, quando se refugia em Kaliningrado para, junto de alguns militares reformistas como Blucher e Von Stein, empreender uma reforma modernizadora do Estado ( uma modernização conservadora ) a fim de ter meios para enfrentar o poderio napoleônico; isto garantiu a vitória alemã contra a França em 1813 na batalha das nações em Leipzig. É importante destacar isso pois há quem tente vincular, exclusivamente, o pensamento de Rosseau – a filosofia base da revolução francesa – com o ideário nacional. Rosseau era um igualitarista republicano como vemos em sua obra basal, “O Contrato Social”; todavia o mesmo Rosseau escreveu uma proposta de reforma da constituição polonesa onde, chamado a orientar a nobreza polaca às voltas com o problema da nação, em face às ameaças do exterior, Rousseau patrocina a causa de um conservadorismo aristocrático pouco compatível com o igualitarismo republicano que advogava no plano da teoria. Essa questão indica uma contradição absoluta que acompanha as relações entre democracia liberal e nacionalismos, que é o sistemático apequenamento da democracia em nome dos interesses nacionais. Onde um cresce o outro decresce.

Logo há uma idéia nacional que emerge da reação ao “afrancesamento” - identificado com o estado laico e as liberdades -que encontrará uma alta expressão em Herder cuja fama é devida ao fato dele ser o pai das noções de historicismo e de volksgeist, bem como o líder da revolta contra o classicismo, o racionalismo e a fé na onipotência do método científico. Eis o que chamamos de nacional-reacionarismo.

Na França uma reação a revolução também se organizou em torno de idéias nacionais: é no âmbito do conservadorismo e do tradicionalismo que as idéias de nação e o nacionalismo francês vão se desenvolver, seja no contexto da Revolução de 1848 seja como reação à derrota na guerra com a Prússia em 1870, seja como reação à Comuna de Paris, em 1871, seja como reação à crise da Terceira República, no final do século XIX, de que é emblemático o caso Dreyfus. Aqui se trata da reiteração de uma tradição conservadora que tem início com François-René Chateaubriand (1768-1848) e Felicité Robert de Lamennais (1782-1854), e que tem seu trecho intermediário com François P. G. Guizot (1787-1874), Pierre G. F. Le Play (1806-1882), Ernest Renan (1823-1892) e Hippolyte Taine (1828-1893), encerrando-se com os autores nascidos na segunda metade do século XIX: Maurice Barrès (1862-1923) e Charles Maurras (1868-1952). Do tradicionalismo católico e aristocratizante de Chateaubriand e Lamennais ao conservadorismo cientificista e patriótico de Renan-Taine-Le Play, ao nacionalismo monarquista, militarista e anti-judeu de Barrès-Maurras-Péguy. Em todas essas versões, a unidade básica de pensamento é a utilização da idéia de nação como instrumento de luta contra a democracia, contra o movimento popular, contra o socialismo e em prol do catolicismo ( no caso de Lamenais-Barrés-Maurras ) .

A Polônia em seu surto nacionalista também foi marcada pelo reacionarismo além do catolicismo; ele atingirá sua máxima importância na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX. Suas ondas cruciais seguiram a derrota polonesa na revolta de janeiro de 1864. O levante de janeiro foi uma revolta na antiga República das Duas Nações (atual Polônia , Lituânia , Bielorrússia , Letônia , partes da Ucrânia e da Rússia Ocidental ) contra o império russo. Um elemento importante do nacionalismo polonês foi sua identificação com a religião católica, com base na narrativa do “Cristo das Nações” e sua forte conotação espiritual que acabou se tornando uma das características definidoras da identidade polonesa moderna. Roman Dmowski, um político polonês da época, foi vital na definição desse conceito e foi chamado de "pai do nacionalismo polonês". Dentro da visão do “Cristo das Nações”, a nação polonesa, que seria originária do antigo povo dos sármatas, teria a cumprir um papel especial na história do mundo. A República das Duas Nações devia ser o baluarte da cristandade, o asilo da liberdade e o celeiro da Europa. Esses ideais já tinham sido expressos por Wespazjan Kochowski (1633-1700), poeta e historiador da corte do rei João III Sobieski, representante do chamado barroco sármata.

O nacional catolicismo polaco reportava-se à visão do martirizado Jesus-Messias (identificado com os eslavos, a Polônia), que devia salvar e unir os pecadores (as outras nações da Europa). As principais características da filosofia do Cristo das Nações, comuns à maioria dos seus representantes conhecidos, são: a convicção a respeito da existência de um Deus pessoal; - a fé na existência da alma; a ênfase ao predomínio das forças espirituais sobre as físicas; a visão da filosofia e/ou da nação como o instrumento para a reforma de vida e a salvação da humanidade; a ênfase ao significado eminentemente metafísico da categoria de nação; a afirmação de que o homem pode realizar-se plenamente apenas no âmbito da nação, numa comunhão de espíritos; o historicismo manifestado na afirmação de que são as nações que determinam o desenvolvimento da humanidade. Dentro deste espírito os nacionalistas polacos imaginavam que a Polônia era quem estava mais qualificada para representar o ideal da nacionalidade, porque, pelo próprio fato da sua existência, era uma testemunha de quão falso e artificial é identificar a nação unicamente com estado, já que a nação podia sobreviver à destruição do estado e recusar-se a ser amalgamada com as potências vitoriosas que a dominavam politicamente. A Polônia estaria, aí, também qualificada para representar o ideal de uma nova ordem internacional baseada em princípios morais e teocêntricos. Importante notar a diferença entre esse nacionalismo polaco – onde a nação é algo anterior ao Estado cujo papel é tão só o de instrumento da nação que é, por tabela, instrumento de Deus – e o alemão-protestante de Fichte que tratará o Estado como síntese final da nação alemã – igualmente tomada como ponto terminal da evolução da humanidade, como o Absoluto.

Durante o século 19/20 religião e nacionalismo vão compartilhar alguns traços e funções comuns: fornecerão mitos de origem, santos e mártires, objetos, lugares e cerimônias santas, um sentido do sacrifício e das funções de legitimação e mobilização. O avanço nos estudos sobre o nacionalismo durante os anos 80 levaria, diferente dum enfoque dado aos estudos sobre o nacionalismo enquanto fenômeno secular, a refletir sobre o lugar do religioso diante de outras referências culturais na ideologia nacionalista. Assim os estudos historiográficos sobre a história das religiões durante as duas últimas décadas deram uma imagem mais atenuada de suas evoluções. No lugar de acentuar a crítica da religião como se manifesta durante o século das Luzes e no século XIX, os estudos insistem sobre as formas diferentes de subsistência, ou seja, de renascimento do "religioso" nas sociedades européias. Georg Mosse destacou o fato, em seu livro sobre a nacionalização das massas, de que o nacionalismo não é somente um movimento político e social, mas utiliza também uma linguagem e símbolos religiosos. Em sua ótica, o nacional-socialismo é a realização dessa osmose entre a nação e a religião no interior da cultura política alemã. O'’Brien explica como a nação é considerada, em seus posicionamentos, enquanto eleita, sagrada ou divina. É também importante observar como a nação é associada à idéia de sacrifício e como esse sacrifício é legitimado. É óbvio que o catolicismo se põe em guarda contra a divinização da nação mas não é exatamente disso que se trata; em uma perspectiva comparada, é surpreendente ver como as políticas da memória e simbólicas se assemelharam nas sociedades européias do século 19 no tocante a construção da identidade. Elas se apoiavam em figuras religiosas do passado, tanto para celebrar a longevidade da unidade nacional criada pela cristianização católica do país – como São Venceslau, na Thecoslováquia; Bonifácio, na Alemanha; Joana d’Arc ou São Luís, na França – quanto para comemorar uma ruptura da unidade católica no passado como o início de uma evolução que conduziria a um estado nacional laico (na linha dum nacionalismo revolucionário) do presente: Jan Hus, Martinho Lutero, Giordano Bruno, uma Joana d’Arc republicana podiam servir de exemplo a isso. A nação e o Estado-nação que a essas tradições se referia deviam ganhar legitimidade histórica e ser colocadas, para além das ações quotidianas, em uma esfera religiosa. Isto significava a elevação da nação ao caráter de uma construção não contingente, como uma entidade fechada, única e holística.

Uma abordagem interessante no que tange ao baixo impacto do secularismo nas ondas nacionais do fim do 19 e começo do 20, é aquela feita por Oliver Janz que estudou as referências religiosas utilizadas, durante a Primeira Guerra, pelos autores de publicações freqüentemente públicas, ou semi-públicas, para se lembrar dos oficiais e soldados italianos mortos nos campos de batalha. Ele avaliou um grupo de 2.300 escritos, dos quais 95% se referiam à nação, sem, no entanto, exprimir sentimentos anticlericais. Em sua análise, esses escritos não mostram o sucesso de uma campanha anticlerical, mas a simbiose entre uma interpretação nacional da guerra e da morte descrita em uma linguagem religiosa. Os mortos são vistos como mártires de uma guerra chamada "santa" e os textos exprimem um culto do sacrifício patriótico que permitiria – com uma clara referência religiosa – o reviver da Itália. A semântica nacional e religiosa é estreitamente relacionada nesses textos ( Não é sem razão que, no decurso do pós primeira guerra se fará a síntese entre o ideal fascista do Facho – que nasce do campo de batalha - e o Catolicismo, reintegrando a Igreja plenamente à vida nacional). Esses estudos apontam que uma versão anticlerical da nação parece ter tido poucos efeitos.

Com a encíclica Rerum Novarum, o papa Leão 13 indicava certa abertura para o mundo moderno e permitia às Igrejas nacionais que se dirigissem a uma política de compromisso com os estados nacionais como explica Burleigh, aplainando o caminho para um Barré e um Maurras na França. Barré que começou liberal terminou na Ligue des Patriotes de Paul Déroulède e depois na Union Sacrée onde chegou a liderar uma campanha pelo reerguimento de Igrejas como pela data nacional do 24 de Junho dedicado a Santa Joana D'Arc como heroína pátria - Cabe dizer que Joana levou a França a uma vitória na Guerra dos Cem Anos contra os Ingleses, depois que as forças militares de Carlos VII Valois foram destroçadas por Henrique V da Inglaterra na Batalha de Azincourt, graças ao fato de ter alcançado superar as divisões e desânimos das tropas dos senhores feudais ( lembrar que o Delfim da França não tinha a disposição um exército regular na época, mas dependia do fornecimento de cavaleiros por parte dos nobres ) com o apelo ao sentimento nacional francês fundado em bases místicas: a França como primigênia da Igreja, nação eleita, braço armado da cristandade à qual Deus enviou uma visionária para salvá-la. A Ligue des Patriotes de Barré, deu origem à Federação Católica Nacional – FNC - que foi criada em 1924 pelo General Édouard de Castelnau, em resposta ao Cartel da Esquerda, que queria relançar a política anticlerical e anticatólica pré-guerra. Grupo de pressão de massa, era constituída pela malha de dioceses e paróquias; Louis Marie Gaston d'Armau de Pouydraguin, que foi diretor geral da Ligue des Patriotes, teve papel decisivo no soerguimento da FNC.

Tudo isto aponta para uma criativa e profícua síntese entre o ideário nacional e o catolicismo entre o fim do século 19 e início dos anos 20, mostrando que o fenômeno nacional em sua linha reacionária não é incompatível com o catolicismo. Voltaremos ao assunto.

Bibliografia

BURLEIGH, M. Earthly Powers. The Clash of Religion and Politics in Europe from the French revolution to the Great War. New York: Cambridge University Press, 2005.

JANZ, O. Konflikt, Koexistenz und Symbiose. Nationale und religiöse Symbolik in Italien vom Risorgimento bis zum Faschismus. In: HAUPT, H.-G.;

LANGEWIESCHE, D. Nation und Religion in Europa. Mehrkonfessionelle Gesellschaften im 19. und 20 Jahrhundert. Campus Frankfurt; New York, 2004.

MICKIEWICZ, Adam. Księgi narodu i pielgrzymstwa polskiego. In: Pisma prozą, część II. Kraków: Czytelnik, 1952.

REMOND, R. Religion et société en Europe. Essai sur la sécularisation des sociétés européennes aux XIXe et XXe siècles (1789-1998). Paris: Seuil, 1998.

O’BRIEN, C. C. God Land. Reflections on Religion and Nationality. Cambridge Mass.:Harvard University Press, 1988

terça-feira, 5 de maio de 2020

A Revolução Brasileira: do PT a Olavo e Moro, a dialética da destruição do país.


Olavo, Moro e Bolsonaro | Missão Política
Olavo-Rosseau, Bolsonaro-Robespierre e Moro-Napoleão: a trinca revolucionária que vai matar o Brasil


O episódio Moro x Bolsonaro nos lançou, de vez, numa nova etapa da dialética que vem sendo aplicada no país faz tempo. Os dois fenômenos se imbricam num primeiro momento ( tese ) porém agora se distinguiram defnitivamente ( antítese ): Morismo e Bolsonarismo não são a mesma coisa mas fazem parte do mesmo processo. (Ver quadro no fim do artigo!)

Para entender este processo é preciso remontar à campanha dos anos 90 – então encabeçada pelo Petismo contra Collor – de “Ética na Política” um marco no “combate a corrupção” e a primeira etapa de embate contra as velhas elites políticas fisiológicas e oligárquicas, vistas como um resquício da “ditadura militar”, um elemento estranho à nova ordem surgida com a Constituição Federal de 1988 que encarnava o sentido duma “revolução francesa” para o Brasil onde se daria a emergência duma nova era de direitos em oposição ao autoritarismo. A ideologia da nova república nascida em 1988 é caracterizada pela velha idéia revolucionária, jacobina e americanista de império da lei, da virtude republicana, do interesse público, etc.

É justamente neste enquadramento que devemos avaliar os últimos fatos da nossa vida política. A ascensão do petismo, do Bolso-Olavismo e do Morismo são, nada mais que faces duma mesma realidade essencial, momentos dialéticos do mesmo “processo revolucionário”. Alguns poderão dizer que não faria sentido encaixar o Bolso-Olavismo como momentos dum processo de revolução dado seu rechaço ao “comunismo” o que não quer dizer absolutamente nada: revolução não significa apenas socialismo mas quebra e ruptura dum velha ordem em prol da criação dum nova ordem política e social seja ela qual for.

Olavo de Carvalho vem tratando, ultimamente, do tema “revolução brasileira”, diferenciando-a do que ele chama de revolução no sentido de “concentração de poder na mão duma elite revolucionária”. Segundo Carvalho a tal “revolução brasileira” se daria quando o povo, passando por cima das elites políticas, tomasse as rédeas do poder e do destino nacional. Para Olavo de Carvalho esta noção está calcada em vários autores nacionais. Um deles – pasmem – é Sérgio Buarque de Holanda – um dos fundadores do PT. No seu livro “Raízes do Brasil” ele fala do descompasso entre “sociedade e política” no Brasil: dum lado teríamos uma sociedade oligárquica/coronelista ao mesmo tempo que uma política fundada em elementos da revolução francesa e americana como um mero aparato jurídico incapaz de, sozinho, mudar a substância do Brasil no caminho duma democracia efetiva. A solução para tal descompasso, segundo Buarque é, exatamente a tal “revolução brasileira” que consistiria em fazer uma mudança vertical e mudar a substância da política tradicional brasileira trazendo à tona atores novos que substituíssem de vez a velha elite com seu estilo de mando oligárquico: nesta revolução vertical o mote seria a despersonalização democrática, o povo como agente político mor, o povo como hipóstase ( como uma idéia, substância, realidade suma, algo que remete à vontade popular/geral de Rosseau). É exatamente este o cariz das falas recentes do sr. Carvalho: revolução do povo, o povo nas ruas, o povo no poder, democracia direta e quebra das velhas elites. Isto integra o Bolso-Olavismo e ao Morismo ao mesmo processo no qual está o PT: se Lula/Dilma foram responsáveis pela integração do povo ao reino do consumo ( até então reservado às classes altas ), se criaram uma classe média do terciário, do setor de serviços, agora é a hora de superar esta fase e seguir para a próxima, que é a da luta extremada contra a “corrupção” ( símbolo da luta contra a oligarquia patrimonialista ), afinal o PT fez tudo isso se alinhando à velha elite fisiológica pmdebista, aos estamentos e ao “deep state” ainda contaminado pelo coronelismo. Neste ponto o Bolso-Olavismo e o Morismo são consequências lógicas do luta petista por “ética na política” contra a velha política.

A distinção entre Morismo e Bolso-Olavismo começou, justamente, quando o papel de Olavo como ideólogo mor do governo ficou delineado – em meados de 2019. Como dissemos no ano passado, Olavo pretende dirigir o processo de revolução brasileira desde que encabeçado por Jair Bolsonaro pois assim, ele teria o controle das etapas revolucionárias seguintes, onde a sua nova elite – seus alunos e seu círculo de adeptos – surgiriam como a mais tenra liderança de Estado depois dele ser varrido dos atuais congressistas, do STF, da ala militar nomeada por Lula/ Dilma, etc:

“Nos seus últimos vídeos, já prevendo a crise iminente entre setores pró-LavaJato, que defendem o combate a corrupção em geral, e as necessidades de sobrevivência do governo Bolsonaro – que envolvem o arquivamento das investigações sobre o Senador Flávio Bolsonaro, que poderiam resvalar no presidente, abrindo brechas para a queda do governo – o velho abriu fogo e lançou críticas ao lavajatismo acusando-o de descolar o combate à corrupção do combate ideológico ao PT. Para Carvalho o fato da LavaJato realizar-se sob os auspícios da neutralidade da lei impossibilita um combate eficaz ao petismo – razão de ser máxima do governo Bolsonaro, para o astrólogo – que, no fim das contas, seria a única coisa que de fato interessaria. Isto tudo permite dizer que, pouco a pouco, Olavo vai atingindo seus fins, quais sejam o de alcançar a hegemonia ideológica sobre a direita bolsonarista reaglutinando-a em torno do combate ao “fantasma petista” - a tal palavra talismã – apresentado-se como o único que tem o conhecimento efetivo para dar cabo de tal ameaça.” - In: https://catolicidadetradit.blogspot.com/2019/09/a-estrategia-criminal-de-olavo-de.html

E onde o Morismo entra nesta dialética? É bem simples: Moro é um produto da luta anti-Corrupção e da luta anti-Petista iniciada desde a emergência da crítica ao mensalão ( em 2006 ); o Morismo é a mais avançada etapa de modernização do Estado e da sociedade brasileira: pois é isto que está em jogo. O Petismo, o Bolso-Olavismo e o Morismo são recusas do “Brasil Real”, a vontade política revolucionária de levar até ao fim o ideal democrático da CF88 substituindo o brasileiro cordial por um novo brasileiro de cariz liberal-igualitário, um brasileiro moderno, ocidentalizado.

Onde o PT falhou em levar adiante a tal “revolução brasileira” o Bolso-Olavismo e o Morismo se colocam na vanguarda. Sobre o Bolso-Olavismo que ninguém se iluda com os ares autoritários de Bolsonaro: todas as vezes que o presidente invoca ações da FA em prol de, nas entrelinhas, “fechar o regime” são no quadro de defesa da “democracia e liberdade” como disse o presidente nas manifestações do dia 03/05/2020, na capital federal:

“Chegamos ao limite...temos as FAs ao nosso lado para defender a democracia e a liberdade”

Quem definiria o significado de “democracia” num regime autoritário de clave bolsonarista seria, evidentemente, Olavo de Carvalho que chamará o pretenso regime de força, de democrático pelo fato de ser a expressão da “vontade direta do povo”, da relação direta “povo – presidente” sem a mediação das elites políticas, aquelas que precisam desaparecer para dar lugar à “revolução brasileira”.

Desde então o Morismo passa a ser a oposição a esta captura jacobina à direita do Estado se tornando o Partido da Lei contra o “Robespierre Bolsonaro”: se a direita jacobina bonorista incorpora a idéia do presidente como “chefe que vai conduzir o povo na revolução brasileira contra as elites”, o Morismo subentende o Judiciário como o mediador dessa revolução, como o lídimo representante da revolução brasileira que teria que se dar sob o Império da Constituição e não do Presidente como Encarnação dela ( Lembram de Bolsonaro falando “Eu sou a Constituição”?). É comum, nas revoluções históricas, surgirem diferentes partidos mais ou menos radicais na implantação dos princípios que elas carregam. E nós estamos num franco processo revolucionário. Prova disto é que a Lava Jato desencadeou a formação de uma gama de novos partidos que se fizeram fortemente presentes na eleição de 2018, reduzindo o papel da velha elite fisiológica. O Morismo aí é a fase mais avançada desta revolução pois a que melhor encarna a tal “despersonalização democrática” da qual fala Sérgio Buarque pois descolada do culto à personalidade como expressou Moro quando falou que “Há lealdades maiores que as pessoais” ( A lealdade de Moro é, sobremaneira, à CF88 como uma “bíblia”, como encarnação do Rule Of Law num sentido americanista: algo que está sob o controle do juiz como intérprete final do sentido dela). Ambos os partidos em luta agora são, nada mais que aquilo que já viemos revelando aqui faz tempo: facetas do americanismo, ódio ao Brasil profundo, dialética que continua, do lado direito, o processo de destruição de nossa identidade iniciada pela esquerda. Se o Bolsonarismo é diabólico, o Morismo é satânico ao cubo pois o primeiro ainda consegue fazer acertos com a velha política – via Centrão – já o Morismo encarna o purismo revolucionário . Neste sentido a fase Morista da revolução brasileira poderá nos lançar num quadro ainda pior que aquele no qual o Bolsonarismo nos colocou.




Esquema de sucessão lógica da “revolução brasileira”:


Momento 1 ( Tese/ Petismo ) → O PT eleva as massas à condição de consumidoras/ O PT cria uma nova classe média do terciário via ações do Estado

Momento 2 ( Antítese A/ Antipetismo ) → Esta nova condição cria uma nova mentalidade de classe social vincada ao modelo de “American Way of Life” ( o modo estadunidense de vida ) e uma nova forma de ver a política → ( “Mais Brasil, Menos Brasília” = Federalismo a lá USA/ A burguesia se sentindo confiante para seguir sem o Estado, passa a exigir liberalismo econômico para promover um novo salto de prosperidade) + caldo de formação da nova direita

Momento 3 ( Antítese B/ Antipetismo ) → Judiciário como reserva moral da nação = modelo americano de justiça onde o Poder Judiciário passa a ter Poder Legislativo para compor as lacunas da Constituição a fim de assegurar os direitos da sociedade civil na sua luta contra os abusos do Estado + ideologia do Estado Mínimo + Moro = herói na luta para suprir, com seu ativismo judicial, as lacunas da CF88 ( Interferência judicial no MP para assegurar a condenação da corrupção petista que emperra a “revolução brasileira”).

Momento 4 ( Síntese das antíteses antipetistas – Nova Tese: Bolsonarismo ) Bolsonarismo incorpora o American Way Of Life, o federalismo, o liberalismo e o judicialismo.

Momento 5 ( Antíteses dentro da Nova Tese Bolsonarista)

Olavismo breca o judicialismo ( Nada de Lava Jato eterna/ Combate a corrupção? Só a do PT – o combate tem de ser ao socialismo/ A revolução brasileira é contra o socialismo e não a luta pelo Império Abstrato da Lei representado pelo LavaToguismo do PSL e agora pelo Morismo) = Ruptura entre Bolso-Olavismo e Morismo:

Momento 5 ( Nova Tese: Bolso-Olavismo ) → Revolução Brasileira sob auspício do Chefe ( Presidente) / O Chefe é o Povo/ Nova Elite; círculo de alunos do COF

Momento 6 ( Nova Tese: Morismo ) → Revolução Brasileira sob auspício da Idéia Abstrata de Lei/ O Judiciário é quem guia o processo/ Nova Elite: Togados Esclarecidos.



segunda-feira, 20 de abril de 2020

Pio 12 e sua relação com a Ustasi




BOG I HRVATI POSUDI PA NE VRATI Papa: Hrvatski oprost je uzor za ...


Bog i hrvatski”: Deus e o croata. Ditado antigo recuperado pela Ustasi





É verdade que no contexto racionalista do século XX, o Papa Pio 12, na época, se opôs veementemente a idéias racistas de fundo biologicista como o nazismo. Mas muito errada é a visão de católicos que veem nas encíclicas papais uma condenação a todas as linhas de terceira posição nacional. Não há outra fonte que postule isso senão a liberal. Nada como o próprio proceder da Santa Sé e do Sumo Pontífice frente a movimentos de terceira posição nacional de caráter próprio e específico (colocar todos os nacionalismos no mesmo saco é um erro!). Vejamos o exemplo croata:



A Croácia, país eslavo, que foi cristianizado na idade média e sempre apresentou uma devoção católica muito acentuada, desenvolveu-se dentro do rito oriental; porém os croatas absorveram muitos elementos da devoção ocidental, principalmente a Sua Devoção Mariana (A Croácia teve, no século 18, uma aparição da Virgem), O Rosário e a devoção a São Bento.



Entre 1929 e 1945, o Estado Independente da Croácia formalizou a Ustasi, uma organização multifuncional. Uma autoridade que tinha o cariz de ser Estado-Partido-Exército- Escola Catequizadora. Partido porque havia somente este, de modo que o regime pode ser de terceira posição nacional. Exército-Catequizador pois os generais dos Esquadrões de combate Ustasi tinham nas palavras de Ante Pavelic,como fim primário: “a conversão dos ortodoxos ao catolicismo romano”. Isso se deve à direção espiritual absoluta do movimento que estava debaixo da autoridade espiritual do arcebispo cardeal Stepinac.


O arcebispo croata Stepinac fora nomeado como cardeal por Sua Santidade Pio 12. Mas antes disso ele já era amigo pessoal do Papa, de modo que na vigência da Ustasi, trocavam cartas todo mês (e mais, particularmente sobre a Ustasi). Em 1929 Stepinac imediatamente lançou uma bênção pública em escrito à Ustasi e aos seus diretores leigos, pedindo orações do povo pela prosperidade do regime e sucesso dos governantes.

Do mesmo modo, respondeu favoravelmente o gladio temporal, O Estado, que se pôs a serviço do interesse do Vaticano. Há tempos ambos notaram as dificuldades políticas que os ortodoxos, principalmente, junto de judeus secularistas, faziam aos croatas (1) Pio 12 expressava intensa preocupação com a conversão não só dos muitos croatas que historicamente foram forçados a se tornarem ortodoxos, bem como dos próprios sérvios. Foi fixado que a política da Ustasi seria o proselitismo romano, o que no falso-dogma moderno é considerado “violência”. O nacionalismo croata nada mais era que o braço armado do catolicismo romano em terras eslavas. A Ustasi era equivalente ao que o rei Clóvis foi para a França e o Papa: o braço armado de Deus na terra, a espada a serviço da Igreja de Cristo (2). 




Cabe recordar que Stepinac foi participante direto na criação do Estado Independente da Croácia (NDH). Por várias vezes ele apareceu em público com o Poglavnik (o líder Ustaše Ante Pavelić) e cantou o Te Deum no aniversário da criação do NDH.

Considerando o papel marginal da Igreja na arena política durante o período entreguerras, a criação do NDH ( Nezavisna Država Hrvatska - Estado Independente Croata) ofereceu a Igreja e o movimento católico croata uma oportunidade. Os líderes do novo estado estavam dispostos a trabalhar com os líderes da Igreja e, assim, reduzirem a marginalização que a Igreja foi sujeita dentro do estado iugoslavo

Ainda é preciso dizer que o Papa Pio 12, em 1941, enviou Abbott Marcone como seu visitante apostólico, que atuou como núncio papal, o que satisfez Stepinac, já que isso significava que "o Vaticano reconhecia de fato o novo estado”.


Por exemplo: Stepinac parabenizou o excelente governo pela: "Proibição estrita de todas as publicações pornográficas, que foram primeiramente e muito mais publicadas por ortodoxos!" Curiosamente os Ortodoxos escancaradamente acusam (e precipitadamente) a “liga Vaticano-Ustase” de genocídio de 1 milhão de sérvios, todos tidos por mártires. Veja você mesmo: https://www.youtube.com/watch?v=s03Tv6cWFuc



Por João Pedro F. Cardnes

quinta-feira, 16 de abril de 2020

UM EGÓLATRA NO PODER: por Gabriel Larré!

Bolsonaro e as eleições de 2018: o inferno somos nós - Rede Brasil ...

Demitir Mandetta - gostem dele ou não - é burrice até do ponto de vista bolsonarista. Até o novo ministro tomar as rédeas da estrutura do MS -fui funcionário concursado do MS e a máquina é super complexa - vai uma semana ou dez dias perdidos. Quando os governadores decretarem mais quarentena pelo atraso dos hospitais de campanha não chorem. 
Do ponto de vista argumentativo e fático o Bolsonarismo foi, definitivamente, "para o saco". Só permanece de pé em cima de contrafactualismo e de fé cega. 

Abaixo reproduzo uma pertinente observação de Gabriel Larré

"UM EGÓLATRA NO PODER

Mandetta foi um herói em tempos de obscurantismo: ousou tratar esta crise da maneira que ela merece ser tratada - com seriedade, sobriedade e capacidade técnica. Foi massacrado pela seita que hoje defende os delírios bolsonaristas a qualquer custo, mas nos legou uma postura que agora – mais do que nunca – merece ser cultivada, divulgada e defendida: a da sobriedade, da honestidade intelectual, da hombridade e da inteligência.

Sua demissão representa um erro em todos os aspectos. Vejamos:

1- ELEITORAL: Mandetta é o ministro mais bem avaliado do Governo; a maioria da população era contra sua demissão.

2- POLÍTICO: Mandetta contava com o respaldo do Congresso, do Presidente da Câmara e do Senado, dos Governadores, do STF. Além disso, o Ex-Ministro conseguiu domar um dos entes mais complexos do Poder Público.

3- SANITÁRIO: as Políticas Públicas de combate ao Coronavírus serão prejudicadas com esta demissão, ainda mais se o novo ministro for adepto do obscurantismo.

4- MORAL: A demissão de um Ministro da Saúde que implementava – e defendia – políticas públicas testadas mundialmente, isso em plena pandemia, é um ato de covardia e extrema imoralidade.

5- IDEOLÓGICO: Bolsonaro prometeu nomear e respeitar seus Ministros Técnicos. Tratava-se, como podemos constatar, de um estelionato eleitoral.

P. S.: A boa notícia é que o Novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, parece tecnicamente capaz e é um defensor do Isolamento Horizontal. Ou seja: Bolsonaro engana apenas sua seita e coloca no lugar do “Ministro do Centrão” um técnico que tem a mesmíssima postura.