segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Cuidado com os amigos da China: Gala, Pepe Escobar e Dissidência na cama com Xi Jinping

Pepe Escobar, agente chinês. 


Nós, ano passado, mostramos como o governo Bolsonaro havia feito acordos favoráveis jamais vistos com o fito de que a China tivesse controle de nossas terras e nosso futuro alimentar apontando o entreguismo do atual governo como uma divisão de espólios entre China e EUA pelos nossos recursos naturais, divisão esta perfeitamente compreensível desde o ponto de vista da realidade da “Chimérica” que tomou forma nos anos 2000. Passado um ano a coisa toda evoluiu muito negativamente por várias razões: primeiro por que o eleitorado de base do presidente, apesar de se apresentar como patriota, anda pouco ou nada preocupado com a entrega de nosso patrimônio; segundo por que o quadro da Covid-19 debelou uma propaganda favorável ao regime chinês em nossas terras, apresentando a política sínica como eficaz no combate ao vírus, propaganda levada a cabo pela cena "dissidente" sobretudo calcada em nos fazer acreditar que a China foi exemplo de combate a uma peste que ela jamais foi capaz de prevenir se valendo de política sanitária em seus mercados de carne exótica, vírus do qual já se alertava faz anos; essa mesma “dissidência” que diz não trabalhar pela invasão do Brasil pela China vai implementando o soft power chinês cá dentro asseverando que o governo de Xi Jinping, em vez de encarnar o materialismo marxista representa uma síntese entre tradição espiritual taoísta e maoísmo que significariam uma continuidade histórica com o passado chinês ( desinformando sobre a natureza destrutiva da revolução cultural maoísta que proibiu e queimou obras taoístas apontadas como superstições abomináveis pelo Partido Comunista Chinês ) - http://novaresistencia.org/2020/03/22/a-dialetica-chinesa/. 

O que a “dissidência” não fala é que quando abriu a economia chinesa, por volta de 1988, o reformista Deng Xiaoping justificou sua “traição” ao maoísmo com a frase: não importa se o gato é preto ou branco mas se caça ratos. A filosofia por trás das ações tomadas nas últimas décadas pelo governo comunista de Pequim consiste no uso prático da máxima de Confúcio de que devemos copiar o que admiramos para depois superá-lo, dentro do quadro da dialética marxista. Nisto que consiste o “taoísmo” ou o “confucionismo” do partido: não se trata duma abertura metafísica ou espiritual da elite materialista do PC sínico mas sim duma instrumentalização de tradições que ainda tem lugar ante as massas chinesas para um fim estranho às mesmas. Seu “taoísmo” atende a tornar o ditador ateu Mao Tsé Tung num espírito do panteão taoísta, mascarando o culto politico aos líderes comunistas com uma casca mística que atinge o povo simples e assegura sua veneração; quanto a seu “confucionismo” visa apenas fornecer um cabedal de virtudes disciplinares para educar o povo na obediência a um Estado Totalitário. Somente um idiota completo que desconheça a dinâmica interna do governo de Pequim e da nova orientação dada por Hu Jintao ao PC chinês ( Jintao como secretário do partido em Ghizou, criou um clima de diversidade intelectual e ideais reformistas que visava lançá-lo como liderança comprometida com o passado maoísta e o futuro, angariando apoio da velha guarda do partido como dos mais progressistas o que fazia dele uma pessoa vista como coisas diversas por pessoas diferentes ) ou quiçá alguém dotado de má-fé poderia apresentar a “grande síntese” como uma reviravolta espiritual do comunismo sínico em vez dalgo meramente metodológico. 

A coisa se torna ainda mais tragicômica quando a mesma “dissidência” aponta a China como “civilização da fé/espírito” em contraponto ao Ocidente que, teria se tornado a civilização do lucro/ dinheiro ( como vemos aqui: http://novaresistencia.org/2020/03/24/a-resposta-chinesa-ao-covid-19-esta-essencialmente-ligada-a-doutrina-confucionista/). A China, aí, é apresentada como tendo instituições embasadas na tradição espiritual de Confúcio e como um poder benfazejo que se levantaria ante o materialismo ocidental como se o país não tivesse mergulhado de cabeça na onda consumista materialista a lá ocidente: https://www.vix.com/pt/bbr/2423/comunismo-6-provas-de-que-a-china-e-mais-consumista-do-que-voce-pensa. Quanto a China ter “vencido” o surto do Covid-19 nada é mais falso: novas ondas do vírus se manifestaram por lá em Junho, espalhando-se de Pequim para Liaoning. Aliás a China foir marcada, durante todo este ano, por novos surtos que vão desde a gripe aviária ( https://www.sbmt.org.br/portal/in-the-shadow-of-the-coronavirus-china-records-bird-flu-outbreak/) passando por nova onda de hantavírus ( https://www.lasexta.com/tecnologia-tecnoxplora/ciencia/divulgacion/hantavirus-infeccion-china-epidemia-covid19-coronavirus_202003265e7cad73d41df90001c201ae.html) quanto de Hepatite E inédita ( https://atanews.com.br/noticia/29619/china-relata-transmissoes-ineditas-de—hepatite-e--de-ratos-para-humanos) o que prova a incapacidade do governo em termos de controle sanitário. 

Ainda sobre a propaganda sínica em nossas terras cabe recordar e refutar três narrativas farsescas a respeito de Pequim. Uma alega que o inimigo a ser combatido é apenas a hegemonia liberal, a outra é que a China seria um contraponto a mesma e que mereceria apoio por parte de todo adversário do ocidente liberal e por fim a última alega que o “comunismo” do PC sínico seria “meramente estético” o que tornaria possível, a quem professa a fé no Deus cristão ou em alguma outra religião, um endosso ao papel chinês apesar de seu “comunismo” que, no fim das contas, não representaria risco algum as tradições religiosas. Primeiro é preciso dizer que o mundo não é tão simples como pensa a “dissidência”. A política ocidental atual está dividida entre partidos mais liberais e facções social democratas que tomam a globalização como fato consumado, é verdade, mas possuindo visões diferentes sobre a inserção de seus países no sistema novordista pós 1991. O sistema financeiro e seus agentes, via de regra, não tem partido, oscilando entre políticas de estado mínimo e políticas sociais a depender do momento; a política sistêmica é dividida entre neoliberais descarados, social democratas que aceitam algum nível de neoliberalismo, perpassando até partidos claramente eurocéticos e globocéticos de modo que a análise “dissidente” é risível pois não leva em conta as fraturas do sistema nem que mesmo os partidos de esquerda que são apontados como “liberais” por tomarem a peito politicas identitárias, não aderem a um neoliberalismo teórico duro, fechando com o mercado apenas em certa medida, porém defendendo mais estado do que neoliberais gostariam; portanto o mundo não funciona como um esquema fechado e simplista onde todo mundo é liberal no mesmo modo, grau e sentido ou mesmo liberal de verdade; que duguinistas queiram reunir tudo que há no ocidente sob o epíteto de “liberalismo” enquanto a China é, simplesmente posta fora deste quadro, que o façam já que seu compromisso é ideológico; o que a realidade nos aponta é que a hegemonia que há é dum progressismo liberal-social-laico, e não dum liberalismo em estado puro como se muito do igualitarismo de esquerda – que provém, queiram ou não, do espírito bolchevique, ao qual a “dissidência” adora acenar - já foi absorvido pelo sistema econômico e político ocidental - é preciso ser demasiado idiota para pensar a pauta LGBT, por exemplo, como fundada apenas na liberdade individual sem recordar que o discurso ocidental também engloba a noção de igualização do tratamento dado a casais héteros e duplas lgbts! 

Segundo é necessário expor as evidências de que a China continua sendo um estado calcado no marxismo. Na China só vota quem é do partido comunista, na China existe planificação econômica feita pela burocracia do partido, na China há coletivização das terras e das indústrias de base e do sistema bancário, a China implantou nas suas ZEEs uma espécie de NEP amplificada, na China o ateísmo é a linha mestra do partido, etc. O próprio líder da “dissidência” afirma que Xi Jijping estaria a fazer uma mistura de Maoísmo com Confucionismo. E Maoísmo seria o quê? Capitalismo liberal? ÓBVIO QUE NÃO. 

Ainda sobre isto é importante é trazer à baila a fala de Kelsey Broderick, analista especializada em China da consultoria Eurasia Group: “A "mão invisível" do Partido Comunista da China está em todos os aspectos da economia. As camadas inferiores trabalham de forma mais próxima ao capitalismo, mas o controle é definitivamente mais visível no topo da pirâmide econômica: o Estado determina, por exemplo, o preço do yuan e quem pode comprar a moeda chinesa. É o Estado que controla quase todas as maiores empresas do país, que administram os recursos naturais. Ele também é oficialmente o proprietário de toda a terra, embora, na prática, as pessoas possam ter propriedades privadas... Estado também controla o sistema bancário, decidindo quem pode tomar empréstimos... empresas privadas chinesas devem passar por inspeções estatais e ter "comitês partidários que possam influenciar a tomada de decisões", diz Broderick. também ocorre com algumas empresas estrangeiras, no caso de terem entre seus empregados três ou mais funcionários do Partido (situação comum, considerando que o grupo tem quase 90 milhões de membros).” - https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49877815 

Quanto a China ser “contraponto” ao ocidente liberal e a hegemonia liberal é preciso lembrar que ela faz parte da OMC, instrumento fulcral para a tal hegemonia liberal da qual falam os “dissidentes” – lembremos que Clinton endossou a entrada da China na OMC com expectativas de que o capitalismo liberal gerasse mudanças na política interna sínica, e que foi Nixon quem inseriu a mesma na economia global via recepção de capitais americanos excedentes. Inclusive é necessário lembrar que G. W. Bush impediu sanções do FMI/ OMC a China por dumping na década dos anos 2000, dada a interface do poder chinês com a globalização ocidental. A China durante o governo de Hu Jintao passou a fazer parte do Fórum BOAO para a Ásia, um encontro que reúne a superclasse capitalista ocidental no oriente com o fito de manter a economia da China pujante e sob controle do dólar, o que levou o governo de Pequim a se valer, cada vez mais, do capitalismo liberal para salvar o que resta do socialismo maoísta/marxista apontando para uma síntese perigosa do que há de pior já produzido na história, não a síntese que a “dissidência” quer nos fazer acreditar mas aquela que envolve os piores aspectos dos dois materialismo brutais que escravizam a humanidade desde o começo do século 20. 

Aliás na crise de 2008 foram as rodadas de negociação entre Jintao e Obama que salvaram a hegemonia do liberalismo econômico ocidental através da consolidação da confiança de Pequim nos títulos públicos americanos fruto da aproximação prévia que já havia sido feita graças a várias organizações chinesas que trabalharam para apoiar a eleição de Obama em razão de seu compromisso em revisar protocolos ambientais que prejudicavam a China, o que levou o CFR ( um órgão que dirige o globalismo ocidental, uma cabeça de ponte da hegemonia liberal ) a dar início a um fórum de diálogo estratégico China-USA como se pode verificar aqui: https://china.usc.edu/making-american-policy-toward-china-scholars-and-policy-makers-economics-security-and-climate-change. 

É dessa “dissidência” e de atores como Paulo Gala e Pepe Escobar que vem o perigo quando se trata do soft power da China pois a medida que romantizam seu papel se valendo dum anti-americanismo que não é aquele que nos interessa – pois eivado de pró-sinismo – criam uma verdadeira militância de simpatizantes prontos a votar em futuros candidatos que acenem com uma política externa ideológica face a Pequim, em vez duma meramente pragmática voltada, no máximo, as relações comerciais que nos favoreçam num quadro de progressiva redução da dependência dos industrializados sínicos. Quanto a Escobar já se sabe que não passa dum agente que se vale de armadilhas mentais para criar a impressão de que a China estaria prestes a se tornar hegemônica em face duma suposta queda iminente dos USA, seja por que o capitalismo americano estaria a entrar em colapso ou por que uma guerra racial vai explodir a qualquer hora dividindo o Tio Sam, não restando outra opção razoável à política externa brasileira e ao brasileiro médio a não ser render-se ao poder chinês em ascensão, poder este incensado como sendo dotado dum poder moralizante ante a faceta materialista e brutal do poder estadunidense. 

É costume, também, nesses meios pró-China apresentar uma série de desculpas econômicas elegantes para o fato de sofrermos uma desindustrialização em face a ascensão chinesa, como se a culpa fosse tão só dos últimos governos. Apesar do comércio bilateral Brasil – China ter aumentado substancialmente nas últimas décadas, as importações brasileiras da China estão crescendo rapidamente, e a balança comercial, que até 2003 apresentava um resultado positivo para Brasil, está sendo invertida. A exportação brasileira de produtos manufaturados e semi faturados para a China representa apenas 5.5% do total das exportações para esse país; se o aumento das exportações de commodities, por um lado gera apreciação da moeda local, por outro traz obstáculos para o crescimento simultâneo dos produtos manufaturados. E isto é fruto duma política deliberada de Pequim em fazer de nós meros fornecedores de matéria-prima. Claramente, as trajetórias não são independentes: a ascensão da China já está influenciando a trajetória da economia brasileira em termos da participação no mercado mundial. A relocação da produção é a característica mais visível da entrada da China no mercado global fazendo dumping devido a uma adoção generalizada da estratégia offshoring. O México foi um dos países mais profundamente afetados, com aproximadamente 600 mil postos de empregos sendo perdidos pelas maquiladoras mexicanas para os fornecedores chineses que praticam dumping sem serem punidas pela OMC. Como podemos competir com a produção chinesa, mesmo que tivéssemos uma política industrial, num quadro de triplo dumping ( social, econômico e ambiental)? Por mais que tenhamos um governo nacionalista isto seria bastante dificultoso, mas os propagandistas da China aqui dentro jamais dizem isso, claro, afinal eles estão empenhados apenas em rebater a “desinformação atlantista” dando a entender que nacionalismo e só isso. Em estudo recente sobre as cadeias de produção têxtil baseadas em fibras químicas, observamos que, no início dos anos 1990, os novos produtores integrados chineses de commodities levaram empresas como BASF, Dow e Rhone Poulenc a mudarem seu portfólio de produtos, tornando obsoletas plantas aqui instaladas. As fábricas foram vendidas a grupos brasileiros, mas, apesar disso, a quantidade e a variedade de fibras produzidas localmente foram reduzidas e as importações aumentaram significativamente. O dumping chinês é deliberado: existe para quebrar nosso capital produtivo. 

Apesar de o dumping chinês ser conhecido, sujeitos como Paulo Gala fazem questão de desconsiderar os fatos para fazer um discurso ideológico e romântico sobre Pequim, dando a entender que a China, apesar de ser uma economia em desenvolvimento, considerando-se “menos obrigada” a reduzir as emissões de GEE, vai mesmo se comprometer com controle de emissão de poluentes, desinformando o público brasileiro sobre o fato do país ainda estar num processo de urbanização e industrialização, onde se torna impossível que tais emissões não continuem aumentando, como podemos ver aqui:
Paulo Gala, que chamou o Tik Tok chinês de tecnologia que colocaria os sínicos na frente dos USA! 
"Do ponto de vista da sustentabilidade, com sua ambição persistente de longo prazo de desenvolver a economia verde, a China deve estabelecer um padrão mais alto de proteção ambiental e emissão de poluição no novo plano de cinco anos. Isso inclui 18% para a participação de energia não fóssil no consumo total de energia (versus 15,3% em 2019 e meta de 15% definida para 2020), maior redução do uso de energia por unidade do PIB e das emissões de dióxido de carbono e dióxido de enxofre. Essa lógica entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico, como elemento estratégico, ficou claro no Discurso de Xi Jinping na Assembléia Geral da ONU, sobre as medidas vigorosas para controlar a emissão de poluentes e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060."- https://www.paulogala.com.br/o-grande-salto-tecnologico-da-china/ 

Apostar que a China, que sequer se dá ao trabalho de impor uma vigilância sanitária sobre seus mercados de carne, origem da Covid-19, vai se esforçar por atingir essa meta irrealista e puramente propagandística prometida por Xi Jinping é desrespeito à inteligência alheia. Isto impede que o público tme consciência de que somos vítimas do dumping de Pequim. Ainda destacamos abaixo esse link que mostra como o soft power chinês está a ser desenhado para atuar na América Latina: fazendo exatamente o mesmo que os atores denunciados acima estão a realizar cá dentro. 

Quem tiver olhos que veja: → https://dialogochino.net/pt-br/comercio-e-investimento-pt-br/35646-chinese-ambassadors-in-latin-america-take-to-twitter/.

3 comentários:

  1. Felipe Quintas e Carlos Velasco já avisaram sobre essa questão da China, inclusive Velasco disse na live que fez junto ao Rubem que eles estão criando centros culturais "confucionistas" em Portugal e em seu facebook tem vários comentários falando sobre Pepe Escobar

    Não passam de outra cria do povo eleito

    https://www.wsj.com/articles/a-jewish-dynasty-in-a-changing-china-11590688537

    https://signal.supchina.com/why-does-china-admire-the-jews/

    Documentário produzido pela CCTV " Israel the land of milk and honey"
    https://www.youtube.com/playlist?list=PL1CAFD764029B2259

    https://mfa.gov.il/MFA/AboutTheMinistry/Events/Pages/Documentary-Road_Jewish_Civilization.aspx

    Vale lembrar o transito do povo eleito na revolução chinesa

    Israel Epstein
    Sidney Shapiro

    http://chinawatchcanada.blogspot.com/2016/02/jesuitjews-created-communist-china.html

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  2. "E isto é fruto duma política deliberada de Pequim em fazer de nós meros fornecedores de matéria-prima."
    Tem um outro economista, Elias jabbour, ligado a Paulo gala que é ainda mais entendido da China. E ele falou que a China, ao contrário dos EUA, não quer que o Brasil tenha essa relação de mero fornecedor de matéria prima , mas que o próprio Brasil se põe nessa posição subserviente.

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    1. Falei do Gala no artigo, é outro palhaço pago certamente por Pequim.

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