segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Resenha de "Libido Dominandi" de E. Michael Jones por Breno Baral




No livro de E. Michael Jones, Libido Dominandi - Libertação Sexual e Controle Político, o autor mostra a contragosto dos liberais brasileiros puxa-sacos dos EUA - como a turminha das relações exteriores do atual governo - que a partir dos anos 50 e 60 o século XX os maiores inimigos da Igreja estavam no Ocidente e não em Moscou.


A chamada revolução sexual foi obra sobretudo dos grandes capitalistas do ocidente de linha malthusiana, como John D. Rockefeller III, Fundação Ford, etc. A esquerda ocidental, que por volta dos anos 60 já estava praticamente independente intelectualmente da URSS, desejava mais a revolução sexual do que o socialismo propriamente dito. Muitos se desiludiram com o comunismo porque nos anos 20 fora tentada uma revolução sexual na Rússia por influência de Alexandra Kollontai e que resultou em péssimas consequências sociais, desordens de todo tipo e surtos de sífilis, etc. Assim, a URSS acabou com a rápida revolução sexual para a tristeza dos esquerdistas ocidentais.


Por isso, depois da segunda guerra mundial muitos da esquerda ocidental abandonaram o discurso socialista de revolução proletária e foram cada vez mais adotando um discurso identitário, sendo o negro americano o objeto mais utilizado pela a esquerda como símbolo de liberdade sexual, pois este vivia de modo "primitivo" e passional, às margens da sociedade branca puritana.

Todavia, um intelectual e sociólogo negro chamado E. Franklin Frazier mostrou em seu livro The Negro Family in United States que este estado anárquico que o negro se encontrava era mais uma consequência de um desenraizamento de suas tradições, ausência de propriedades e relações orgânicas e de sua nova vida enxertado de modo atomizado em grandes cidades como Nova York.

O argumento de Frazier era de que a solução para a prosperidade do negro era a aquisição de propriedades e restrições morais que estas demandavam. Mas a proposta de Frazier era algo que não agradava a esquerda branca, pois esta precisava da imagem estereotipada do negro como um ser livre sexualmente a fim de lutar contra a moral convencional. Ou seja, a esquerda não estava preocupada com o bem-estar do negro, apenas queria usá-lo para validar suas ideias políticas.


Os capitalistas ocidentais, ao contrário, desejavam o controle populacional e para isso era necessário a reforma legislativa para crimes sexuais e a adoção de métodos contraceptivos. Os capitalistas acreditavam que as classes baixas, como os negros do gueto e as pessoas dos países subdesenvolvidos se reproduziam mais e que no futuro iriam gerar uma superpopulação na terra que iria diminuir o bem-estar material de todos, jogar os preços da matéria-prima para o alto por conta da alta demanda, gerando fome, escassez, crises econômicas e, consequentemente, gerar revoltas contra o sistema mundial. A solução era diminuir as taxas de natalidade do globo.


O que então chamamos de revolução sexual nada mais foi do que a união de interesses desses capitalistas com a esquerda cosmopolita ocidental: os capitalistas desejavam o controle de natalidade e a esquerda a liberdade sexual. O inimigo comum destes dois grupos era obviamente o cristianismo e sobretudo a Igreja Católica, já que muitos setores protestantes apoiavam as mudanças propostas pelos revolucionários.


Primeiro J. D. Rockefeller III financiou pesquisas como as de Alfred Kinsey a fim de mudar a legislação sobre crimes sexuais, pois a adoção de métodos contraceptivos só poderia se dar em uma sociedade com mais liberdade sexual. Kinsey falsificou vários relatos que resultaram no famoso "Relatório Kinsey" que mostrava que a vida sexual da maioria das pessoas era completamente diferente do que a legislação previa e que portanto esta precisava ser alterada. Kinsey coletou relatos em presídios e até de pedófilos.


Depois J.D. Rockefeller tentou intervir no Concílio Vaticano II a fim de que a Igreja aceitasse os métodos contraceptivos. Ele chegou a financiar uma conferência na Universidade de Notre-Dame, Indiana, em 1962, a fim de debater a questão e só chamou católicos liberais que concordavam com suas propostas. A conferência resultou em um documento que por fim não foi aprovado pelo então Papa Paulo VI. Para a Igreja estava então evidente que seus principais inimigos agora estavam nos EUA e não no bloco Comunista. Isso não significa claro que a Igreja tenha absolvido o comunismo. A adoção da OSTPOLITIK, um maior alinhamento com os países do leste do que com o bloco liberal ocidental, foi mais uma postura pragmática que resultou até na melhora das condições de vida dos católicos sob a cortina de ferro que antes eram ferozmente perseguidos.


A prova que temos destes planos e objetivos da elite liberal ocidental nesta trama toda que narramos é o famoso "Relatório Kissinger" de 1974 - NSSM - 200 - oculto da opinião pública até o começo dos anos 90, que traçou a política oficial dos EUA nas relações exteriores com os países subdesenvolvidos, entre eles o Brasil. O objetivo era aquilo que os Rockefellers os Ford sempre almejaram: o controle populacional nos países de terceiro mundo, impondo a estes uma agenda que previa os métodos contraceptivos, aborto, etc.


A esquerda ocidental com suas ongs, partidos, congressistas, pesquisas acadêmicas, recebem dinheiro e servem esta agenda, servem aos interesses do liberalismo ocidental. Eu acho que isso já é tão evidente que não é preciso dar mais explicações. Só não vê quem não quer. É por isso que é uma imbecilidade conservadores brasileiros almejarem alinhamento com os EUA e seu bloco, pois a agenda que este tem para países como nós, o Brasil, é a própria agenda da esquerda cosmopolita.


Breno Baral é formado em história e estudioso da filosofia


Um comentário:

  1. Aquele que vive na cidade dos homens de Santo Agostinho, deseja dominar o mundo, mas ao mesmo tempo é dominado por sua paixão pelo dominio, ou seja, escravo de si mesmo, o desejo de dominar vem da paixão pela liberdade, que o homem exerga como a capacidade irrestrita de realizar seus desejos. Aquele que vive na cidade dos homens e não na de deus e detém essa iluminação, tende a usá-la distorcendo a realidade para criar um paraíso na terra, induzido o homem comum desconhedor da realidade a uma vida material em busca de suprir seus desejos primitivos que nunca serão alcançados, o objetivo nunca foi levar almas para o céu e sim criar um paraíso para uma elite cultural dominante.

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