Eu estive na palestra do renomado
historiador Roberto de Mattei autor de uma célebre obra sobre o Concílio
Vaticano II, obra que abre perspectivas importantes pra o entendimento do mesmo
e da crise da Igreja da qual tanto se fala e pouco se entende.
Durante a mesma fiz diversas
anotações que quero compartilhar com os leitores do blog. Algumas são palavras
de De Mattei, outras são leituras minhas do que ele disse. Em parênteses destacarei
as palavras dele e fora deles as minhas observações.
1 1- No
CV II o “pastoral” se torna princípio anterior ao dogma. Nos outros concílios a
pastoralidade não precisava ser afirmada pois estava lá espontaneamente. No CV
II a pastoralidade toma forma no estilo narrativo que não impõe sentenças
obrigatórias. O estilo novo de linguagem implica num novo conteúdo.
2- As
omissões do CV II são graves : do que não se fala dá a impressão de que não
existe : não falar do inferno não é heresia mas leva a perda da noção de
perdição eterna em razão da ausência de seu ensino.Isso levará nos anos
seguintes ao CV II a uma ênfase excessiva na “misericórdia” e a perda da idéia de
responsabilidade e pecado.
3 3- O
CV II ignorou o horror comunista , mas por quê? Até o CV II a Igreja tinha se
manifestado contra o comunismo. Em 62 a crise em Cuba tinha confirmado o perigo
comunista. O CV II era o lugar de abrir um processo cultural contra o comunismo
expondo sua barbárie ao mundo. Mas no início da década de 60 pairava um clima
de otimismo graças a recuperação econômica e demográfica da Europa e a
distensão nas relações EUA-URSS. Muitos acreditavam ( inclusive no interior do
clero) que o comunismo era a ponta de lança da modernidade – logo criam que
tanto a Igreja, quanto o comunismo poderiam se tornar melhores se houvesse uma
aproximação entre ambos. Imagina-se que o comunismo iria durar séculos e que o
melhor que a Igreja tinha a fazer era tentar humanizá-lo.
4 4- Segundo
De Mattei nesse contexto “encontraram-se documentos pessoais de Paulo VI ( na
época ainda cardeal) confirmando o Pacto de Metz”. O Cardeal Montini foi o principal
articulador dessa estratégia de aproximação catolicismo-comunismo.
5 5- O
CV II pode ser entendido então como arena de uma conspiração comunista na
Igreja.
6 6- A
Gaudium et Spes foi uma revolução nas relações igreja-mundo: A GS calou-se
sobre o comunismo instaurando um sentimento de simpatia da Igreja pelo mundo.
7 7- A
Ostpolitik Vaticana acreditava que o comunismo era a expressão do anseio de
justiça da humanidade.
8 8- “O
que eu faço neste livro é ser a voz dos vencidos, a voz da tradição, que é uma
voz profética”.
9 9- “O
CV II são os estados gerais dentro da Igreja o princípio da revolução na Igreja”,
diria Plínio Côrrea de Oliveira.
1 10- “No
plano histórico os documentos não são tudo – quase ninguém sabe os textos da
revolução francesa mas conhecem a guilhotina e conhecendo-a entendem o caráter
histórico da revolução”.
1 11- “O
CV II foi o fim do espírito militante na Igreja”.
1 12- “Na
época ariana os fiéis leigos testemunharam mais a fé que os Bispos”.
1 13- “Ninguém
pode nos tirar a palavra quando está em jogo o bem da Igreja”.
1 14- “Para
nós o modelo é a virgem que guardou sozinha a fé naquele sábado depois da paixão”.
1 15- “A
Tradição é a regula fidei da Igreja...a Tradição é a norma divina na História”.
1 16- “Não
existe hermenêutica da continuidade em Bento XVI ( no tocante a liturgia) pois
a missa nova é uma descontinuidade em face da liturgia tradicional da Igreja.”
1 17- “Em
relação a renúncia de Bento XVI chamo a atenção ao último discurso dele que é
uma referência total ao CV II é uma confissão do fracasso de sua tentativa de
levar a cabo a hermenêutica da continuidade”.
1 18- “O
CV II não é o texto apenas mas a realidade fática ( incluído aí o dito “concílio
virutal” referido por Bento XVI mas que nada mais é que a expressão das forças
progressistas que operaram dentro dele e que foram amplificadas pelo mass media)
...Bento XVI abdicou por conta do fracasso de sua hermenêutica da continuidade”.
1 19- “Papa
Francisco vai além da hermenêutica- para ele é importante realizar o CV II”.
2 20- “Papa
Francisco é envolto em mistério...o que houve no conclave? Tem –se a impressão de algo estranho dentro
do Conclave...Francisco é um prático- para entender isso é preciso ler o que Plínio
C. de Oliveira escreveu sobre a 4 revolução na Igreja”.
2 21- “O
que mais me chamou a atenção na exortação última do Papa foi a repetição da
frase de João XXIII na abertura do CV II sobre os profetas da desgraça ...na
época se entendia isso pois havia um clima de otimismo decorrente da
recuperação econômica do pós segunda guerra, mas hoje num tempo de ruína e caos
essa repetição parece uma provocação...Francisco encarna a filosofia da práxis:
ele não parecer ser um homem de princípios , é verdade que não tem um programa
ideológico...mas nós devemos ser homens de princípios pois deles derivam as
condutas...porém é necessário dizer que se as idéias tem conseqüências, os
fatos podem também produzir idéias...assumir a práxis é já assumir uma idéia
pois ela tem impactos e pode mudar a visão das coisas”
2 22- “São
três os inimigos da Igreja: O islã na Europa, o relativismo cultural pois
destrói a defesa do ocidente e abre caminho para o Islã e o modernismo do clero
– isso quebra a força doutrinária da Igreja”.
2 23- “As
idéias tem um lógica férrea...e as idéias expressas na Sacrosanctum Concilium(
como por exemplo o direito das conferências episcopais modificarem a liturgia )
vão acabar tendo efeitos desastrosos”.
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