segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Diferenças entre a proposta da Legião da Santa Cruz ante a Ação Orleanista e os Cristeros.








Tempos atrás o pessoal do canal TradTalk propôs um debate entre representantes da LSC x Cristeros e Orleanistas que tinha por fito apresentar ao público a idéia duma ação católica concernente a cada iniciativa. Infelizmente o debate não aconteceu mas ele continua pertinente e seria importante que, quem sabe um dia, venha a se dar. Na falta dele é mister que esclareçamos algumas diferenças entre a proposta da LSC perante estes duas iniciativas. 

A Legião da Santa Cruz se embasa num mínimo denominador comum para levar a frente uma ação católica efetiva. No que consiste esse denominador? Essencialmente na defesa dum Estado Católico. Isto impõe, obviamente, uma reformulação completa do nosso tecido político que hoje se estrutura como Estado Laico na Base da CF88. Partindo dos pressupostos elencados por Leão 13, em sua encíclica Libertas, entendemos que as leis civis devem favorecer a salvação eterna de modo que só um Estado Católico pode proporcionar uma boa ordem social capaz não só de instaurar a fraternidade social e justiça temporal como os meios necessários para o bem sobrenatural das almas humanas. A LSC, portanto, vai ao cerne do problema, qual seja na raiz da crise moderna que consiste na separação entre o poder civil e o poder espiritual, ou seja, num humanismo de onde Deus é exilado e no qual os direitos humanos são absolutizados. 

 Diversamente da LSC os Orleanistas focalizam seus esforços na restauração do Trono e da Monarquia no Brasil. Nós da LSC não temos nada a opor à Monarquia mas vemos que a restauração do Trono, por si mesmo, não garante uma solução efetiva para os problemas que acometem o país sobretudo porque boa parte dos monarquistas, hoje em dia, endossa a forma laica de Estado. Ademais tratar de Monarquia x República contribuiu para dividir os católicos em torno da forma de Estado, uma discussão que é secundária ante o conteúdo do mesmo. Deste modo a LSC, indo além destas questiúnculas sobre a forma que o Estado deve ter, prefere, como ensinou Platão em seu diálogo “As Leis”, enfatizar o conteúdo deste Estado que deve ser teocêntrico. Assim consideramos que é mais factível unir os católicos em torno do Estado Católico que importuná-los com uma discussão que, embora pertinente e válida, no momento não nos ajuda mas só nos divide em facções sobretudo quando temos uma família real que desperta tantas dúvidas e apreensões. 

Quanto aos Cristeros resta claro que o objetivo deles envolve a fundação dum partido. O problema central aí é que eles pretendem se apresentar como um partido que defende o Estado Confessional – e neste ponto eles se conectam com o que a LSC postula – mas num enquadramento eleitoral laico o que é um contrassenso. A idéia dum partido católico até faria sentido e teria chances de vingar no tocante a seu registro mesmo num quadro de laicidade, caso se limitasse a defender alguns postulados de moral natural e não a confessionalidade. 

Não sendo este o caso dos Cristeros nos parece destinada ao fracasso sua iniciativa entendendo que os esforços em torno da fundação dum partido – que ademais exige dinheiro e uma forte estrutura de militância, coisa que os Cristeros estão longe de possuir no momento - deveriam ser realocados na formação duma iniciativa ou movimento como é o caso da LSC, meio, ao nosso ver, mais adequado ao fim proposto, qual seja, o de restaurar o Estado Católico que exige um rutura com a atual estrutura política a partir da formação duma iniciativa sólida que transcenda partidos ou os atuais organismos políticos a fim de ter a necessária liberdade de ação.

 Ademais o termo “Cristeros” não tem apelo nacional dado o fato que a Guerra Cristera se passou no México e que o movimento em tela não objetivava a formação dum Partido e sim a construção duma resistência à política anticatólica de Plutarco Calles. O evento que, em nossa história, mais se aproxima dos Cristeros do México é Canudos, mas Conselheiro era um monarquista pró Dom Pedro II, personagem que é demonizado pelos Cristeros que, infelizmente, perdem energia e tempo com questões menores que mais dividem que unem como propostas de mudança do nome do país e dos símbolos nacionais; isso se dá inclusive com uma leitura demasiada negativa da nossa história – como sói ocorrer com os posicionamentos das lideranças dos Cristeros sobre o legado da fase imperial da nossa história – que mais ressalta e exagera os erros cometidos no nosso trajeto histórico do que aquilo que deu certo. Esse tipo de atitude crítica mais serve para demolir que para construir, juntar, criar. 

O problema do partido dos Cristeros é que eles querem impor à história do Brasil um modelo interpretativo baseado no que aconteceu no México. Neste sentido tomam a Monarquia e a República e transformam ambas no "Plutarco Elias" do Brasil como se aqui tivéssemos tido uma perseguição a Igreja como aquela havida no México. 

Em suma os Cristeros repetem os mesmos erros de liberais e marxistas dos mais variados matizes acostumados a ler o país a partir de categorias estrangeiras que não nos ajudam a construir o Brasil mas sim a demoli-lo.

 Por tudo isto que expusemos consideramos a proposta da LSC para uma ação católica mais consistente e razoável para o momento. Venham conosco!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Pauta LGBT está virando Política de Estado nos USA


Trump e sua filha Ivanka são fãs da causa LGBT

 




Durante a campanha Biden se comprometeu com a defesa das pautas de minorias caso vencesse para presidente dos USA o que inclui a causa LGBTQI como política de governo, o que se confirmou logo após sua posse quando ele suspendeu a proibição de que travestis ocupassem cargos nas Forças Armadas Estadunidenses. Apesar de haver diferenças significativas entre a política de governo Trump e a de Biden, neste aspecto é preciso lembrar que a Administração Trump vinha se orientando no sentido de se valer da pauta da defesa dos direitos humanos dos LGBT para impor sanções sobre países rivais dos EUA. Isto aponta ao fato de que progressivamente a pauta LGBT+QI está virando Política do Estado Americano e deixando de ser apenas política dos governos democratas.


Prova disso é que o governo Donald Trump esteve em vias de lançar uma campanha global pela descriminalização da homossexualidade em 2019 em dezenas de países onde ainda é considerado ilegal ter relações consensuais com pessoas do mesmo sexo. A informação, na época, foi noticiada pelo site da NBC.


Atualmente, mais de 70 países consideram a homossexualidade um crime e punem pessoas notadamente gays. De acordo com o site, o embaixador dos Estados Unidos na Alemanha, Richard Grenell, foi o responsável por esse esforço e teve como principais alvos o Oriente Médio, África e Caribe. Grenell foi membro do governo Trump, de mais alto cargo e era abertamente gay. Uma das motivações possíveis apontadas para esse esforço inesperado foi o caso, então, do enforcamento de um jovem gay no Irã – país desafeto de Trump. Em seu artigo no site Bild, o embaixador escreveu:


"Não é a primeira vez que o regime iraniano condenou um homem gay à morte com as acusações ultrajantes de sempre, e não será a última", e continua: "As pessoas podem discordar filosoficamente sobre homossexualidade, mas ninguém deve estar sujeito a penalizações criminais por ser gay".


Neste sentido o governo Trump usou a diplomacia da coerção buscando levar a cabo agressivas sanções econômicas como principal ferramenta de política externa em uma extensão nunca vista em décadas, ou talvez nunca. Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2017, o presidente Donald Trump usou uma série de sanções novas e existentes contra o Irã, a Coreia do Norte e outros países por vários motivos e, entre eles, temos a defesa dos direitos humanos – o que incluiu o combate a leis antiLGBT. Seu Departamento do Tesouro, que supervisionava sanções econômicas, teve como alvo milhares de entidades com congelamento de ativos e proibição de negócios sobretudo em países do Oriente Médio e África, onde essas leis vigoram mais fortemente.


Cabe lembrar que em 2014 os USA- sob governo de Obama – pressionaram Uganda em razão de suas leis antiLGBT como noticiamos aqui https://catolicidadetradit.blogspot.com/2014/04/eua-patrocinam-leis-pro-lgbt-no-mundo-o.html.


Portanto parece bastante sensato falar que a pauta LGBTQI já virou política do estado americano dado o fato de já perpassar três governos diferentes (dois democratas e um republicano), confirmando o fato de que os EUA estão a promover a derrubada de valores cristãos. 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Francisco barra a canonização do Cardeal Stepinac para agradar sérvios e socialistas

Para agradar socialistas e ortodoxos Bergoglio brecou a canonização de Stepinac

 

Em 3 de outubro de 1998, o papa João Paulo II beatificou o cardeal Alojzije Stepinac no santuário nacional de Marija Bistrica diante de 500.000 croatas. O próximo passo seria a canonização. No dia 10 de fevereiro de 2014, na memória do Beato Stepinac, o Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, anunciou que a canonização seria possível no ano de 2015 durante a celebração eucarística que presidiu na igreja de São Jerônimo em Roma.

Mas o que parecia uma coisa certa em 1998, entretanto, nunca aconteceu, e por que isso nunca aconteceu tornou-se um objeto de intensa especulação e discussão desde então.

Os croatas, como é de se esperar, culparam os sérvios, em grande parte porque o Papa Francisco convocou “uma comissão de líderes católicos e ortodoxos”, sob a presidência de um representante da Santa Sé, para examinar o registro do tempo de guerra do beato Aloysius.

O Papa Francisco estabeleceu a comissão em “maio de 2016 depois de receber uma carta do Patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia Irinej, que declarou sua oposição à canonização do cardeal.”

Em vez de chegar a um acordo sobre a vida de uma das figuras mais heróicas na Igreja pós-Segunda Guerra Mundial na Europa oriental, a comissão concluiu seu trabalho no prazo previsto de um ano, encerrou sua investigação no verão de 2017 sem alcançar nenhum resultado “concordando em discordar” sobre a causa de canonização do cardeal croata em vez de chegar a um acordo sobre a vida de uma das figuras mais heróicas da Igreja pós-Segunda Guerra Mundial na Europa oriental.

Quando o Papa Francisco foi questionado sobre Stepinac em seu retorno da Bulgária em 17 de março de 2019, ele respondeu:


A canonização de Stepinac é um caso histórico. Ele é um homem virtuoso para esta Igreja, que o proclamou bem-aventurado, você pode rezar [por sua intercessão]. Mas em um determinado momento do processo de canonização há pontos obscuros, pontos históricos, e devo assinar a canonização, é minha responsabilidade, rezei, refleti, pedi conselhos, e vi que deveria pedir a Irinej, um grande patriarca, por ajuda. Fizemos uma comissão histórica juntos e trabalhamos juntos, e tanto Irinej quanto eu estamos interessados ​​verdade. Quem é ajudado por uma declaração de santidade se a verdade não é clara? Sabemos que [Stepinac] era um bom homem, mas para dar esse passo procurei a ajuda do Irinej e eles estão estudando. Em primeiro lugar, a comissão foi constituída e deu o seu parecer. Estão estudando outras fontes, aprofundando alguns pontos para que a verdade fique clara. Não tenho medo da verdade, não tenho medo. Tenho medo do julgamento de Deus”.

Como em tantos casos ultimamente, o Papa Francisco mais uma vez espalhou confusão no próprio ato de fazer um esclarecimento. Se a vida de Stepinac é um exemplo de virtude heróica, como afirmou o Papa João Paulo II, o que está impedindo a canonização? Ou ele é, como diz o papa, “um homem virtuoso somente para esta igreja”? E se sim, o que isso significa? Em que ponto seu status se tornou obscuro após sua beatificação? A comissão que aprovou sua beatificação não deveria ter examinado os pontos históricos pouco claros antes de beatificá-lo? Ou estamos falando sobre a diferença entre João Paulo II, que, como Stepinac, viveu sob o domínio nazista e comunista, e Francisco, que não experimentou nenhum dos dois? Por que tamanho rigor na canonização de Stepinac e quase nenhum na de outros candidatos? Obviamente fica claro que as atuais canonizações acabam mais atendendo a intentos políticos que a Glória de Deus. 

Ainda de acordo com Matija Stahan, os sérvios não apresentaram novas evidências e Irinej fez uso de fontes que “perpetuaram alegações fabricadas pelo governo iugoslavo após a Segunda Guerra Mundial para remover Stepinac do público como um símbolo do cristianismo e do patriotismo croata”. Que Stepinac não era culpado dos crimes que o Patriarca Irinej impôs a seus pés, Stahan cita evidências de Stepinac: 

“Esse projeto - como o próprio Stepinac bem entendeu - significava que, na prática, o Partido Comunista Iugoslavo e elementos dentro da Igreja Ortodoxa Sérvia, que de outra forma nada tinham em comum, compartilhavam um objetivo comum. Isso consistia em demonizar a Igreja Católica (à qual pertenciam quase todos os croatas) e a nação croata (que numericamente, culturalmente e economicamente estava, sozinha, em posição de desafiar a supremacia sérvia). A existência desta combinação profana e silenciosa ajuda a explicar por que a lenda negra contra Stepinac foi tão persistente e sua promoção tão eficaz.”


O tom brando que esperamos dos comunicados à imprensa emitidos pelas comissões oficiais do Vaticano não conseguiu acalmar a indignação e a traição que os croatas católicos sentiram nas mãos do Vaticano. Os católicos suspeitavam da comissão desde o seu início. Em 2016, o professor Ronald J. Rychlak, que escreveu sobre o Papa Pio XII, cuja canonização foi paralisada pelo Vaticano por falta de um milagre - embora ele tenha sido proclamado “venerabilis” em 2009 - anunciou que o caso sérvio contra Stepinac foi “uma falsa narrativa criada por agentes soviéticos”.


Traduzido do Culture Wars de E. Michael Jones. 



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Francisco muda o sentido de magistério para legitimar o caótico Vaticano II

No neo magistério de Francisco há lugar até para o Budismo. 

 


Francisco, numa audiência ao Departamento Nacional de Catequese da Itália em 30/01/2021, sublinhou que o Concílio Vaticano II faz parte do “Magistério da Igreja”.


A fala provocou reações seja na cena sedevacantista, seja na cena neoconservadora quanto na progressista.


Os primeiros a usaram para provar que a Sé esta vacante, pois, argumentam, Francisco ao tentar impor um conciliábulo como magistério não pode mesmo ser Papa, não restando outra norma de conduta senão a de proclamar a vacância do trono petrino.


Os segundos a usaram para provar que o único caminho é o da hermenêutica da continuidade, numa síntese entre tradição e CVII; enquanto que os progressistas se valeram da fala para sublinhar que as mudanças na Igreja são fatais e que já não é possível voltar atrás na virada modernizante operada em 1962.


Em ambos os casos a metralhadora se volta contra os católicos de posição lefebvrista cuja posição é a da mediania e prudência que nos assegura que nem podemos dizer, peremptoriamente, que a sé esteja vacante, nem que o Vaticano II faça parte da Tradição da Igreja.


Deste modo é preciso pesar a fala de Francisco sem cair em leituras enviesadas com base em viés de confirmação.


Em primeiro lugar importa destacar o que significa “magistério” para os papas conciliares. O Vaticano II inverteu a ordem de causa e efeito entre Magistério – o ensino ordinário e extraordinário dos papas, sínodos, concílios e bispos – e sensus fidei, o senso comum da fé dos simples fiéis. No passado concebia-se que o Magistério é causa do sensus fidei. Desde o Vaticano II passou-se a considerar que o sensus fidei é a causa do Magistério – ou melhor do neo “magistério”. Para o CVII o magistério tem a função de unificar a pluralidade dos sentires do povo fiel. Justamente neste esquema que os sínodos vem sendo realizados desde que as reformas do Vaticano II passaram a vigorar: a cada 5 anos os bispos recolhem as tendências eclesiais dominantes em cada região, discutem uma questão sob perspectivas opostas e terminam os debates propondo textos de compromisso entre posições doutrinais contrastantes, processo que lembra o de um parlamento democrático moderno onde vige o consenso e não a verdade.


Outrossim a noção de Igreja que subjaz ao Vaticano II é de Povo. A Igreja seria, neste esquema, primacialmente, um Povo. A Lumen Gentium, documento do Vaticano II sobre a natureza da Igreja, entende o sacerdócio como pertencente a todo Povo de Deus. O sacerdócio ministerial dos padres e bispos seria apenas uma função que emana do sacerdócio geral do Povo, algo que ecoa a noção de sacerdócio universal em Lutero. Por dois milênios os católicos acreditaram que a função de Cristo como rei, sacerdote e profeta era participada, integralmente, apenas pelo papa e bispos em razão de seu poder de ensinar, reger, santificar. A LG, todavia, mudou isto: no número 11/12 diz que todos participam igualmente do ofício de santificar, profetizar, etc.


Onde queremos chegar? É simples: a chave de leitura da recente preleção de Bergoglio sobre Magistério e Igreja é que o significado destes dois termos no discurso dele tem, respectivamente, base na noção de sensus fidei e povo de Deus é não no que o Magistério perene definiu como sendo Magistério – causa e não efeito do sensus fidei – e Igreja – Corpo de Cristo antes de Povo de Deus.


Vamos examinar a fala inteiriça de Francisco para situarmos a questão, partindo do seguinte link (https://domtotal.com/noticia/1497033/2021/02/vaticano-ii-faz-parte-do-magisterio-quem-nao-o-segue-nao-esta-com-a-igreja-diz-o-papa/):


No seu discurso, o papa sublinhou a importância da catequese e recordou palavras do papa Paulo VI no primeiro encontro com a CEI depois do concílio, em que considerou este acontecimento magno da Igreja Católica como "o grande catecismo dos novos tempos". "Por isso, observou Francisco, a catequese inspirada pelo Concílio é uma escuta contínua do coração do homem, sempre com o ouvido alerta, sempre atento a renovar-se". E foi justamente neste seguimento que o papa deixou de lado o texto que tinha preparado e disse, em jeito de reflexão: "O concílio é Magistério da Igreja. Ou nós estamos com a Igreja e, portanto, seguimos o concílio, ou se não seguimos o concílio ou o interpretamos à nossa maneira, à nossa própria vontade, não estamos com a Igreja””



Notem a ênfase dada ao CVII como “catecismo dos novos tempos” e como “escuta do homem”, ou seja, o Vaticano II seria expressão do sentir humano, do sentir moderno, do sentir dos fiéis afinado com os novos tempos. Obviamente essa noção nada tem que ver com a noção tradicional de Magistério que julga o espírito do tempo com base no depósito da revelação e não a revelação a partir do sentir de cada época.



Neste caso estar com a Igreja, dentro da lógica bergogliana, é estar com o Povo de Deus – a Igreja de Bergoglio é, antes de mais nada, povo sacerdotal que Corpo Hierárquico - em seu sentir afinado com os tempos modernos, em que a escuta do homem tem primazia sobre a revelação. A seguinte expressão confirma nossa tese:



Retomando a leitura do discurso, o papa incentivou os responsáveis pela catequese a "não ter medo de falar a linguagem das mulheres e dos homens de hoje", de "falar a linguagem do povo".



Ou seja: em vez de falar a linguagem da revelação, falar a linguagem do “povo”. O que isso tem a ver com a fé tradicional da Igreja? Nada!



Que fique claro: um católico que recuse a noção de Magistério e de Igreja tal como a entende o Vaticano II e Francisco não está fora da Igreja tampouco estaria praticando desobediência ao Papa. É Bergoglio quem desobedece o parecer perene da Igreja sobre o que é Magistério ao alegar que o CVII constitui Magistério. A acusação de desobediência deve pesar sobre ele e não sobre nós que recusamos tais novidades.



Por outro lado, faltando uma vontade objetiva de impor uma doutrina em razão de Bergoglio escorar-se no sensus fidei como causa do magistério, não é possível tratar essa preleção como magistério ordinário, que exigiria uma concepção hierárquica que é faltante em Francisco. Logo tampouco tem razão sejam os sede vacantistas, quanto neo conservadores e progressistas: a fala não obriga de maneira nenhuma a consciência católica.



No mais os possíveis delitos contra a fé perpetrados por Bergoglio não atentam em nada contra a Sede Apostólica pois são delitos da pessoa privada do pontífice e não da fides apostolica sedis, não do cargo papal. O romano pontífice não perde o livre arbítrio ao ser eleito e nem o fato dele poder ser seduzido pelo Diabo põe em xeque a promessa de Cristo que é a de estar todos os dias com a Igreja e a feita em favor da fé de Pedro enquanto pessoa pública e restrita a ensinamentos dados pelo Magistério supremo. Preleções em encontros de catequese tem a mesma autoridade que a duma homilia e não podem ser elevados ao status de ato de magistério ainda que Bergoglio tivesse noções ortodoxas de Magistério e Igreja.



Santo Tomás expõe que é a heresia, e não a verdade, que causa escândalo. Resistir na fé de sempre não é escandaloso; incensar o neo magistério conciliar é que constituiu escândalo para ouvidos pios.



Há que haver escândalos, diz Nosso Senhor, mas ai dos homens por quem o escândalo vem, melhor seria não terem nascido.