domingo, 1 de março de 2020

Explicando a devoção de Olavo a Padre Pio: mais uma farsa perenialista

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A conexão Olavo - Guenón - Schuon 

Tornou-se comum dizer que Olavo de Carvalho se converteu efetivamente ao catolicismo, coisa que aqui já demonstramos ser falso por uma série de razões. Como muitos continuam a acreditar nessa mentira bem urdida é mister que, mais uma vez, voltemos ao tema.

É sabido que na sua obra chamada “Jardim das aflições”, Olavo de Carvalho faz menção aos “Pequenos mistérios” e aos “Grandes mistérios”. Pequenos mistérios: relativos aos conhecimentos pertinentes a ordem do cosmos. Segundo Olavo a maçonaria nos dá acesso a este plano de conhecimento. Grandes mistérios: relativos à vida além túmulo. Segundo Olavo cabe a Igreja nos conferir este conhecimento (daí a idéia de unir maçonaria e Igreja para restaurar a unidade perdida do conhecimento e da civilização ocidental). Uma das alegações mais comuns tidas como prova de que Olavo tornou-se católico é que ele costuma afirmar que “nada é comparado aos sacramentos”. Porém tal assertiva remete a Schuon que considerava o cristianismo mais dotado de elementos esotéricos que o Islam como passou a entender Guenón depois de desesperar da capacidade do catolicismo manter vivo elementos da tradição perene em razão da crise iniciada pelo Vaticano II.

Para iluminar essa noção da importância inigualável dos sacramento, desde um ponto de vista perenialista e que vai nos ajudar a compreender a atual devoção exterior católica do sr. Carvalho, fiquemos com as palavras do conhecido perenialista Mateus Soares de Azevedo, num dos seus artigos sobre o cunho esotérico dos sacramentos católicos:



“A participação nos Sacramentos, como sabemos implica a recepção de certas graças. Graças “iniciáticas” para os perenialistas, no caso do batismo e do crisma; graças “de estado”, no caso do matrimônio e da ordenação sacerdotal; e graças ’”santificantes” no caso da eucaristia, da confissão e da extrema-unção. Schuon falava de graças santificantes envolvidas na invocação do Nome de Deus no Cristianismo. Em “Comunion et Invocation”, Frithjof Schuon trata da invocação ritual e metódica do Nome Divino como um “sacramento” eficaz espiritualmente, a par com a própria Comunhão. Na verdade, ele sugere que a eucaristia e a invocação constituem um só e mesmo sacramento; a primeira em seu aspecto “passivo” e a segunda, “ativo” (isto porque, na comunhão, o fiel recebe “passivamente”, por assim dizer, o Corpo e o Sangue do Cristo, ao passo que, na invocação, o fiel recorda “ativamente” o Seu Nome). Simbolicamente, ambas estas ações sagradas têm como órgão de realização a boca, que recebe o alimento do Céu, de uma parte, e pronuncia o Nome Celeste, de outra. Como diz a liturgia tradicional: “Panem caelestem accipiam et Nomen Domini invocabo…”, isto é, “Recebe o Pão Celeste e invoca o Nome do Senhor…”
Desnecessário enfatizar que, tanto para comungar como para invocar, são necessárias a graça “iniciática” do Batismo; uma graça de “estado” para o invocador; e uma graça “atual” . A invocação requer a graça divina para ser realizada e, simultaneamente, confere divinas graças ao invocador. Em outros termos, a invocação é em si mesma uma graça e confere infinitas graças, Deo gratias.

Poder-se-ia dizer que as graças santificantes mediadas pela invocação do Nome podem ser classificadas em três tipos principais para Schuon. Estes estão relacionados aos três grandes planos de toda espiritualidade segundo os perenialistas:

plano da ação;
plano da devoção;
planosapiencial;

1. Karma,
2. Bhakti e
3.Jnâna,

Para falar nos termos hindus usados por Schuon.

Cada um destes três planos abrange um modo passivo e outro ativo, perfazendo assim seis “tipos” de graças santificantes perenialistas, que podem ser classificadas da seguinte maneira:

I – Plano da Ação: 1. “interiorização purificadora”; 2. “perseverança espiritual”.

II – Devoção: 3. “paz santificante”; 4. “misericórdia salvadora”.

III – Conhecimento: 5. “extinção metafísica”; 6. “união divinizante”.”


O perenialismo contém uma “metafísica” dos sacramentos. Daí Olavo dizer o que diz. Para Schuon que é quem Olavo tem como farol hoje em dia, tendo deixado a via de Guenón depois que saiu do Islam e da Tariqa - o catolicismo tem mais elementos de esoterismo que qualquer outra religião.

É a partir daqui que poderemos entender a razão de Olavo ter verdadeira fixação pela figura de padre Pio de Pietrelcina como manifestado desde os anos que desenvolveu o True Outspeake – em que sempre invocava o padre no começo do programa para que não se cometesse nenhuma injustiça. Outro elemento muitas vezes invocado por quem alega uma suposta conversão de carvalho.

Porém, novamente devemos recorrer aos esclarecimentos dados pelo insigne perenialista Mateus Soares que indica a razão da forte devoção dos adeptos de Schuon ao Padre Pio. Com a palavra o sr. Azevedo:

“Schuon e as grandes figuras espirituais do séc. XX

Mateus Soares de Azevedo


Aqui, vamos apresentar e debater o legado dos mais importantes e influentes guias espirituais de nossa época, à luz dos ensinamentos da Filosofia Perene.

Entre os mestres que melhor expuseram e viveram esse conhecimento inspirado estão Frithjof Schuon (1907—1998) e Sri Ramana Mahârshi (1879—1950). O primeiro tendo seu raio de ação privilegiado, mas não exclusivo, no Ocidente e o segundo em parte relevante do Oriente, isto é, a Índia…Ao escolher o “filósofo” (no sentido original de “amigo da sabedoria”) suíço e o místico hindu como principais objetos de nosso estudo, não esquecemos a imensa importância (especialmente nos domínios da metafísica tradicional, do simbolismo religioso e da crítica da mentalidade moderna) do esoterista francês René Guénon (1886-1951)...Guénon foi o precursor da escola perenialista ou tradicionalista, da qual Schuon constitui o ápice…Dando início, então, a esta expedição em busca das luzes espirituais de nosso tempo, focamos, no que diz respeito ao Cristianismo ocidental, dois descendentes espirituais do grande Francisco de Assis, ambos capuchinhos italianos: a irmã Consolata Betrone (1903—1946) e o Padre Pio de Pietrelcina (1887—1968)…Soror Consolata Betrone pode ser considerada, num certo sentido, uma sucessora de Santa Teresa de Lisieux; (3) ela foi uma alma piedosa e devota diretamente ensinada pelo Cristo sobre a via da oração jaculatória e da invocação perpétua do Nome Santo. Caminho visto pela Filosofia Perene como a quintessência mesma de toda espiritualidade...Padre Pio, o estigmatista, (4) ensinou e praticou a invocação do Nome Santo e foi o diretor espiritual de milhares de almas; foi neste sentido que Schuon escreveu, em carta a um correspondente italiano dos anos 1950, Guido di Giorgio, que Padre Pio era “une protection, sinon bien plus” (5) para o mundo cristão.” in: http://sabedoriaperene.blogspot.com/2008/06/schuon-e-as-grandes-figuras-espirituais.html

Vejam como as referências à “ invocação do Nome Santo” - base da metafísica perenialista dos sacramentos – é o fundo da devoção ao Padre Pio e a razão fulcral da adoção da piedade exterior católica por schuonianos como Olavo. É bom lembrar que todo perenialista está obrigado a observar uma religião exotérica como “gatilho” de acesso ao plano esotérico em face ao fato de que, no dizer perenialista, todas as grandes religiões tem elementos da tradição primeva iniciática. É o caso do sr. Carvalho.

Fonte: http://sabedoriaperene.blogspot.com/2008/06/schuon-e-as-grandes-figuras-espirituais.html



Para que não reste dúvida, Olavo deixa claro que fó só com Schuon que entendeu o sentido do cristianismo, afirmação estranha para um pretenso converso ao catolicismo que deveria referir-se aos catecismos e aos santos como fontes de compreensão do que seja a fé cristã. 


4 comentários:

  1. Resumidamente: Olavo de Carvalho adota a tática do malandro.
    Como o Brasil é de maioria católica, ele (Olavo) diz ser católico;
    Se o Brasil fosse de maioria protestantes, ele (Olavo) diria que é protestante de alguma seita;
    Se o Brasil fosse de maioria budista, ele (Olavo) diria que é budista;
    Se o Brasil fosse de maioria ateia, ele (Olavo) diria que é ateu;...

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  2. Muito esclarecedor! Mais uma confirmação, dentre várias.

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  3. Padre Pio não é venerado apenas por católicos. A exemplo de Sao Francisco de Assis, Padre Pio é venerado por espritas, umbandistas e membros de outras religiões espiritualistas

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  4. "Religiões passaram a ser uma forma de moralidade publica, não tem alcance espiritual nenhum mas as pessoas tem que obedecer porque é decente"
    "Negar a verdade por ir contra aquilo que você entende pela sua religião, não tem sentido. Você é obrigado a aceitar a verdade venha de onde vier."
    Catolicismo esconde tudo, está na hora de buscar outras fontes para entender onde estamos e porque estamos.

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