A conexão Olavo - Guenón - Schuon |
Tornou-se
comum dizer que Olavo de Carvalho se converteu efetivamente ao
catolicismo, coisa que aqui já demonstramos ser falso por uma série
de razões. Como muitos continuam a acreditar nessa mentira bem
urdida é mister que, mais uma vez, voltemos ao tema.
É
sabido que na sua obra chamada “Jardim das aflições”, Olavo de
Carvalho faz menção aos “Pequenos mistérios” e aos “Grandes
mistérios”. Pequenos mistérios: relativos aos conhecimentos
pertinentes a ordem do cosmos. Segundo Olavo a maçonaria nos dá
acesso a este plano de conhecimento. Grandes mistérios: relativos à
vida além túmulo. Segundo Olavo cabe a Igreja nos conferir este
conhecimento (daí a idéia de unir maçonaria e Igreja para
restaurar a unidade perdida do conhecimento e da civilização
ocidental). Uma das alegações mais comuns tidas como prova de que
Olavo tornou-se católico é que ele costuma afirmar que “nada é
comparado aos sacramentos”. Porém tal assertiva remete a Schuon
que considerava o cristianismo mais dotado de elementos esotéricos
que o Islam como passou a entender Guenón depois de desesperar da
capacidade do catolicismo manter vivo elementos da tradição perene
em razão da crise iniciada pelo Vaticano II.
Para
iluminar essa noção da importância inigualável dos sacramento,
desde um ponto de vista perenialista e que vai nos ajudar a
compreender a atual devoção exterior católica do sr. Carvalho,
fiquemos com as palavras do conhecido perenialista Mateus Soares de
Azevedo, num dos seus artigos sobre o cunho esotérico dos
sacramentos católicos:
“A
participação nos Sacramentos, como sabemos implica a recepção de
certas graças. Graças “iniciáticas” para os perenialistas, no
caso do batismo e do crisma; graças “de estado”, no caso do
matrimônio e da ordenação sacerdotal; e graças ’”santificantes”
no caso da eucaristia, da confissão e da extrema-unção. Schuon
falava de graças santificantes envolvidas na invocação do Nome de
Deus no Cristianismo. Em “Comunion et Invocation”, Frithjof
Schuon trata da invocação ritual e metódica do Nome Divino como um
“sacramento” eficaz espiritualmente, a par com a própria
Comunhão. Na verdade, ele sugere que a eucaristia e a invocação
constituem um só e mesmo sacramento; a primeira em seu aspecto
“passivo” e a segunda, “ativo” (isto porque, na comunhão, o
fiel recebe “passivamente”, por assim dizer, o Corpo e o Sangue
do Cristo, ao passo que, na invocação, o fiel recorda “ativamente”
o Seu Nome). Simbolicamente, ambas estas ações sagradas têm como
órgão de realização a boca, que recebe o alimento do Céu, de uma
parte, e pronuncia o Nome Celeste, de outra. Como diz a liturgia
tradicional: “Panem caelestem accipiam et Nomen Domini invocabo…”,
isto é, “Recebe o Pão Celeste e invoca o Nome do
Senhor…”
Desnecessário enfatizar que, tanto para comungar como para invocar, são necessárias a graça “iniciática” do Batismo; uma graça de “estado” para o invocador; e uma graça “atual” . A invocação requer a graça divina para ser realizada e, simultaneamente, confere divinas graças ao invocador. Em outros termos, a invocação é em si mesma uma graça e confere infinitas graças, Deo gratias.
Poder-se-ia dizer que as graças santificantes mediadas pela invocação do Nome podem ser classificadas em três tipos principais para Schuon. Estes estão relacionados aos três grandes planos de toda espiritualidade segundo os perenialistas:
Desnecessário enfatizar que, tanto para comungar como para invocar, são necessárias a graça “iniciática” do Batismo; uma graça de “estado” para o invocador; e uma graça “atual” . A invocação requer a graça divina para ser realizada e, simultaneamente, confere divinas graças ao invocador. Em outros termos, a invocação é em si mesma uma graça e confere infinitas graças, Deo gratias.
Poder-se-ia dizer que as graças santificantes mediadas pela invocação do Nome podem ser classificadas em três tipos principais para Schuon. Estes estão relacionados aos três grandes planos de toda espiritualidade segundo os perenialistas:
plano
da ação;
plano
da devoção;
planosapiencial;
1.
Karma,
2.
Bhakti e
3.Jnâna,
Para
falar nos termos hindus usados por Schuon.
Cada um destes três planos abrange um modo passivo e outro ativo, perfazendo assim seis “tipos” de graças santificantes perenialistas, que podem ser classificadas da seguinte maneira:
I – Plano da Ação: 1. “interiorização purificadora”; 2. “perseverança espiritual”.
II – Devoção: 3. “paz santificante”; 4. “misericórdia salvadora”.
III – Conhecimento: 5. “extinção metafísica”; 6. “união divinizante”.”
O
perenialismo contém uma “metafísica” dos sacramentos. Daí
Olavo dizer o que diz. Para Schuon que é quem Olavo tem como farol
hoje em dia, tendo deixado a via de Guenón depois que saiu do Islam
e da Tariqa - o catolicismo tem mais elementos de esoterismo que
qualquer outra religião.
É a
partir daqui que poderemos entender a razão de Olavo ter verdadeira
fixação pela figura de padre Pio de Pietrelcina como manifestado
desde os anos que desenvolveu o True Outspeake – em que sempre
invocava o padre no começo do programa para que não se cometesse
nenhuma injustiça. Outro elemento muitas vezes invocado por quem
alega uma suposta conversão de carvalho.
Porém,
novamente devemos recorrer aos esclarecimentos dados pelo insigne
perenialista Mateus Soares que indica a razão da forte devoção dos
adeptos de Schuon ao Padre Pio. Com a palavra o sr. Azevedo:
“Schuon
e as grandes figuras espirituais do séc. XX
Mateus
Soares de Azevedo
Aqui,
vamos apresentar e debater o legado dos mais importantes e influentes
guias espirituais de nossa época, à luz dos ensinamentos da
Filosofia Perene.
Entre
os mestres que melhor expuseram e viveram esse conhecimento inspirado
estão Frithjof Schuon (1907—1998) e Sri Ramana Mahârshi
(1879—1950). O primeiro tendo seu raio de ação privilegiado, mas
não exclusivo, no Ocidente e o segundo em parte relevante do
Oriente, isto é, a Índia…Ao escolher o “filósofo” (no
sentido original de “amigo da sabedoria”) suíço e o místico
hindu como principais objetos de nosso estudo, não esquecemos a
imensa importância (especialmente nos domínios da metafísica
tradicional, do simbolismo religioso e da crítica da mentalidade
moderna) do esoterista francês René Guénon (1886-1951)...Guénon
foi o precursor da escola perenialista ou tradicionalista, da qual
Schuon constitui o ápice…Dando início, então, a esta expedição
em busca das luzes espirituais de nosso tempo, focamos, no que diz
respeito ao Cristianismo ocidental, dois descendentes espirituais do
grande Francisco de Assis, ambos capuchinhos italianos: a irmã
Consolata Betrone (1903—1946) e o Padre Pio de Pietrelcina
(1887—1968)…Soror Consolata Betrone pode ser considerada, num
certo sentido, uma sucessora de Santa Teresa de Lisieux; (3) ela foi
uma alma piedosa e devota diretamente ensinada pelo Cristo sobre a
via da oração jaculatória e da invocação perpétua do Nome
Santo. Caminho visto pela Filosofia Perene como a quintessência
mesma de toda espiritualidade...Padre Pio, o estigmatista, (4)
ensinou e praticou a invocação do Nome Santo e foi o diretor
espiritual de milhares de almas; foi neste sentido que Schuon
escreveu, em carta a um correspondente italiano dos anos 1950, Guido
di Giorgio, que Padre Pio era “une protection, sinon bien plus”
(5) para o mundo cristão.” in:
http://sabedoriaperene.blogspot.com/2008/06/schuon-e-as-grandes-figuras-espirituais.html
Vejam
como as referências à “ invocação do Nome Santo” - base da
metafísica perenialista dos sacramentos – é o fundo da devoção
ao Padre Pio e a razão fulcral da adoção da piedade exterior
católica por schuonianos como Olavo. É bom lembrar que todo
perenialista está obrigado a observar uma religião exotérica como
“gatilho” de acesso ao plano esotérico em face ao fato de que,
no dizer perenialista, todas as grandes religiões tem elementos da
tradição primeva iniciática. É o caso do sr. Carvalho.
Fonte:
http://sabedoriaperene.blogspot.com/2008/06/schuon-e-as-grandes-figuras-espirituais.html
Resumidamente: Olavo de Carvalho adota a tática do malandro.
ResponderExcluirComo o Brasil é de maioria católica, ele (Olavo) diz ser católico;
Se o Brasil fosse de maioria protestantes, ele (Olavo) diria que é protestante de alguma seita;
Se o Brasil fosse de maioria budista, ele (Olavo) diria que é budista;
Se o Brasil fosse de maioria ateia, ele (Olavo) diria que é ateu;...
Muito esclarecedor! Mais uma confirmação, dentre várias.
ResponderExcluirPadre Pio não é venerado apenas por católicos. A exemplo de Sao Francisco de Assis, Padre Pio é venerado por espritas, umbandistas e membros de outras religiões espiritualistas
ResponderExcluir
ResponderExcluir"Religiões passaram a ser uma forma de moralidade publica, não tem alcance espiritual nenhum mas as pessoas tem que obedecer porque é decente"
"Negar a verdade por ir contra aquilo que você entende pela sua religião, não tem sentido. Você é obrigado a aceitar a verdade venha de onde vier."
Catolicismo esconde tudo, está na hora de buscar outras fontes para entender onde estamos e porque estamos.