sábado, 9 de fevereiro de 2019

Como a direita dos EUA conjurou contra o dogma da moral sexual católica na década de 60: ou o perigo da aliança cega direita-catolicismo!



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Padre Hesburgh ao lado de Condoleezza Rice, secretária do estado do governo George W. Bush, aliado de Rockefeller e agente da direita americanista dentro da Igreja Católica. 





No verão de 1965 o padre Theodor Hesburgh, que então era presidente da universidade de Notre Dame em Indiana, EUA, organizou um encontro entre Jhon Rockefeller III e Paulo VI. Rockefeller se propôs ajudar Paulo VI a escrever uma encíclica sobre controle de natalidade. O que estava acontecendo na época? A tentativa de perversão pela direita americana – os chamados WASPs ( Brancos, anglo-saxões e protestantes) – contra a mentalidade anti-contraceptiva da Igreja Católica, pois o resultado do “Baby Boom” pós segunda guerra nos EUA foi o crescimento alarmante da população católica já que os protestantes passaram a praticar, maciçamente, a contracepção. O resultado é que os protestantes temiam ser superados numericamente pelos católicos. Como a civilização estadunidense e suas instituições liberais estão radicalmente na dependência de uma mentalidade protestante, os mesmos iniciaram um projeto de corroer o ensino da Igreja Católica sobre natalidade, compreendendo que demografia é poder político.

Rockefeller não conseguiu convencer Paulo VI. Mas, todavia, depois do Vaticano II, a campanha da direita americana obteve sucesso em convencer padres e bispos a apoiar medidas de contracepção e a deixarem de condenar, desde o alto dos púlpitos, as práticas anti-natalidade.


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John Rockefeller III

A propósito segue um excerto do historiador Donald Critchlow sobre o tema:

"Foi o Rev. Hesburgh quem, a pedido do próprio Rockefeller que desejava discutir com o Papa longa e seriamente a questão populacional, obteve para Rockefeller, através do Monsenhor Paul Marcinkus, uma audiência com Paulo VI ocorrida no Vaticano em julho de 1965. Já antes disso Rockefeller havia criado uma comissão especial em Roma para estudar a posição da Igreja em questões populacionais, pois à época parecia-lhe que Paulo VI poderia aprofundar as tendências liberais de João XXIII. No encontro, do qual Rockefeller afirmou que Paulo VI havia sido "caloroso e cordial, ouvindo-o com muita atenção e intercalando seus próprios comentários", ele expôs ao Papa a sua posição moral sobre a questão populacional, a urgência do problema, a possibilidade da Igreja aceitar novos métodos de controle de nascimentos e a preocupação dos líderes mundiais sobre o problema. Nos três anos seguintes houve cinco trocas de longas correspondências entre Rockefeller e o Papa sobre a questão populacional, a qual foi definitivamente encerrada por iniciativa de Rockefeller quando da publicação de Paulo VI de sua encíclica Humanae Vitae em 1967"

Pouco depois disso houve a liberação do aborto nos EUA em 1973, quando a Suprema Corte resolveu o caso conhecido como Roe versus Wade. A decisão da Suprema Corte foi de que a mulher tem o direito constitucional de praticar aborto. A maioria da população norte-americana, segundo frequentes pesquisas de opinião pública, apóia o direito ao aborto. Apenas cerca de 15% defendem a tese de que todo aborto deve ser posto fora da lei. Em torno de 33% acham que todo aborto deve ser legal e 50% acreditam que apenas em certas circunstâncias.

Na década de 80 João Paulo II se aliou a direita americana através de Reagan, para combater o aborto. Foi com base na proposta de combate ao aborto que a Igreja apoiou a candidatura de Reagan. Como sabemos Reagan não proibiu o aborto e usou o apoio da Igreja apenas para derrubar o Muro de Berlim. A Igreja foi passada para trás pela direita americana.

A onda conservadora de Reagan só trouxe, efetivamente, espaço para políticas neoliberais na área econômica. As políticas conservadoras – combate a pornografia, ao aborto e a liberação sexual – não foram adiante. Ficaram só na promessa. Um exemplo disso é que esta direita se valeu da ajuda de João Paulo II para a queda do comunismo no Leste Europeu. Na Polônia, após o fim do comunismo o que se estabeleceu foi o liberalismo ocidental estadunidense e não a doutrina social da Igreja – o que seria o mais coerente dado que o Movimento Solidariedade, de Lech Walesa era de fundo católico - o que provocou a liberação da pornografia e de todo o lixo comportamental da revolução sexual norte americana. Os católicos vem sendo usados pela direita, faz tempo, para implementar liberalismo em nome de uma defesa do conservadorismo moral – que aliás nunca acontece. Estaremos vivendo o mesmo no Brasil de agora? O tempo dirá.


Créditos ao Carlos Felipe Lombizani pelas informações.

Bibliografia

Michael Jones, E. “John Cardinal Krol and the cultural revolution”. Fidelity Press; 1st edition (April 1, 1995).

Um comentário:

  1. Caro Rafael , realmente é apenas uma questão de tempo. Ser liberal é comer da árvore da ciência do bem e do mal; quando lhes for conveniente(e para eles sempre o é), medidas moralmente anticatólicas serão propostas...para estupefação de católicos ingênuos. O demônio veste vermelho, com certeza, mas da ¨caixa de pandora liberal¨ pode sair qualquer coisa.Parabéns por seus artigos e seus vídeos em defesa da nossa fé católica.

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