Padre Hesburgh ao lado de Condoleezza Rice, secretária do estado do governo George W. Bush, aliado de Rockefeller e agente da direita americanista dentro da Igreja Católica. |
No
verão de 1965 o padre Theodor Hesburgh, que então era presidente da
universidade de Notre Dame em Indiana, EUA, organizou um encontro
entre Jhon Rockefeller III e Paulo VI. Rockefeller se propôs ajudar
Paulo VI a escrever uma encíclica sobre controle de natalidade. O
que estava acontecendo na época? A tentativa de perversão pela
direita americana – os chamados WASPs ( Brancos, anglo-saxões e
protestantes) – contra a mentalidade anti-contraceptiva da Igreja
Católica, pois o resultado do “Baby Boom” pós segunda guerra
nos EUA foi o crescimento alarmante da população católica já que
os protestantes passaram a praticar, maciçamente, a contracepção.
O resultado é que os protestantes temiam ser superados numericamente
pelos católicos. Como a civilização estadunidense e suas
instituições liberais estão radicalmente na dependência de uma
mentalidade protestante, os mesmos iniciaram um projeto de corroer o
ensino da Igreja Católica sobre natalidade, compreendendo que
demografia é poder político.
Rockefeller
não conseguiu convencer Paulo VI. Mas, todavia, depois do Vaticano
II, a campanha da direita americana obteve sucesso em convencer
padres e bispos a apoiar medidas de contracepção e a deixarem de
condenar, desde o alto dos púlpitos, as práticas anti-natalidade.
John Rockefeller III |
A
propósito segue um excerto do historiador Donald Critchlow sobre o
tema:
"Foi
o Rev. Hesburgh quem, a pedido do próprio Rockefeller que desejava
discutir com o Papa longa e seriamente a questão populacional,
obteve para Rockefeller, através do Monsenhor Paul Marcinkus, uma
audiência com Paulo VI ocorrida no Vaticano em julho de 1965. Já
antes disso Rockefeller havia criado uma comissão especial em Roma
para estudar a posição da Igreja em questões populacionais, pois à
época parecia-lhe que Paulo VI poderia aprofundar as tendências
liberais de João XXIII. No encontro, do qual Rockefeller afirmou que
Paulo VI havia sido "caloroso e cordial, ouvindo-o com muita
atenção e intercalando seus próprios comentários", ele expôs
ao Papa a sua posição moral sobre a questão populacional, a
urgência do problema, a possibilidade da Igreja aceitar novos
métodos de controle de nascimentos e a preocupação dos líderes
mundiais sobre o problema. Nos três anos seguintes houve cinco
trocas de longas correspondências entre Rockefeller e o Papa sobre a
questão populacional, a qual foi definitivamente encerrada por
iniciativa de Rockefeller quando da publicação de Paulo VI de sua
encíclica Humanae Vitae em 1967"
Pouco
depois disso houve a liberação do aborto nos EUA em 1973, quando a
Suprema Corte resolveu o caso conhecido como Roe versus Wade. A
decisão da Suprema Corte foi de que a mulher tem o direito
constitucional de praticar aborto. A maioria da população
norte-americana, segundo frequentes pesquisas de opinião pública,
apóia o direito ao aborto. Apenas cerca de 15% defendem a tese de
que todo aborto deve ser posto fora da lei. Em torno de 33% acham que
todo aborto deve ser legal e 50% acreditam que apenas em certas
circunstâncias.
Na
década de 80 João Paulo II se aliou a direita americana através de
Reagan, para combater o aborto. Foi com base na proposta de combate
ao aborto que a Igreja apoiou a candidatura de Reagan. Como sabemos
Reagan não proibiu o aborto e usou o apoio da Igreja apenas para
derrubar o Muro de Berlim. A Igreja foi passada para trás pela
direita americana.
A
onda conservadora de Reagan só trouxe, efetivamente, espaço para
políticas neoliberais na área econômica. As políticas
conservadoras – combate a pornografia, ao aborto e a liberação
sexual – não foram adiante. Ficaram só na promessa. Um exemplo
disso é que esta direita se valeu da ajuda de João Paulo II para a
queda do comunismo no Leste Europeu. Na Polônia, após o fim do
comunismo o que se estabeleceu foi o liberalismo ocidental
estadunidense e não a doutrina social da Igreja – o que seria o
mais coerente dado que o Movimento Solidariedade, de Lech Walesa era
de fundo católico - o que provocou a liberação da pornografia e
de todo o lixo comportamental da revolução sexual norte americana.
Os católicos vem sendo usados pela direita, faz tempo, para
implementar liberalismo em nome de uma defesa do conservadorismo
moral – que aliás nunca acontece. Estaremos vivendo o mesmo no
Brasil de agora? O tempo dirá.
Créditos
ao Carlos Felipe Lombizani pelas informações.
Bibliografia
Michael
Jones, E. “John Cardinal Krol and the cultural revolution”.
Fidelity Press; 1st edition (April 1, 1995).
Caro Rafael , realmente é apenas uma questão de tempo. Ser liberal é comer da árvore da ciência do bem e do mal; quando lhes for conveniente(e para eles sempre o é), medidas moralmente anticatólicas serão propostas...para estupefação de católicos ingênuos. O demônio veste vermelho, com certeza, mas da ¨caixa de pandora liberal¨ pode sair qualquer coisa.Parabéns por seus artigos e seus vídeos em defesa da nossa fé católica.
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