Afinal,
ficamos independentes em 7 de setembro? A versão oficial dos fatos
diz que sim. Porém a questão é mais complexa. Antes de
respondermos isso precisamos entender o que se passou no Brasil entre
1790 e 1822.
Em
primeiro plano precisamos entender que a separação do Brasil de
Portugal se dá através de um processo, em etapas. A primeira etapa
envolveu a conjuração baiana e a inconfidência mineira que jogaram
colonos contra a coroa. A segunda envolve a chegada da família real
ao Brasil. Com a abertura dos portos em 1808, Dom João VI, príncipe
regente, assegurou nossa liberdade econômica pondo fim ao exclusivo
metropolitano, garantindo que os produtores do Brasil pudessem vender
e comprar para quem considerassem mais conveniente. A vinda da corte
régia para o Brasil atendia ao fim de proteger a coroa de um ataque
napoleônico em face do não cumprimento do bloqueio continental
decretado por Bonaparte. Fato é que em 1815 as guerras napoleônicas
acabam com a derrota de Bonaparte. Mesmo assim Dom João VI decide
permanecer no Brasil e elevar-nos a condição de reino unido a
Portugal e Algarves. Ao que tudo indica havia um projeto de mudar a
sede do Império Marítimo Português para o RJ, fortalecendo a
posição de Portugal no Atlântico Sul e impedindo um processo de
ruptura que já começava a se desenvolver nas colônias espanholas
sob o influxo do interesse inglês.
A
Inglaterra nesta época era a maior potência industrial e naval do
mundo e a ela interessava abrir portos e mares para a livre
circulação de suas mercadorias e ampliação de seus lucros. Ao
mesmo tempo o congresso de Viena se realizava sob os auspícios da
contra-revolução. Neste sentido é que nasce a Santa Aliança,
acordo que envolvia a luta de países como Portugal, Espanha, Rússia,
Áustria, contra a expansão dos ideais da revolução francesa e
contra a independência da América. Foi a França via Talleyrand que
estimulou Dom João VI a ficar no Brasil. O acordo foi feito no
tratado de Viena e envolveu uma troca. A França apoiava a empresa de
Dom João VI em manter sua corte no RJ e, em troca, recebia de volta
a Guiana Francesa, conquistada pelo Brasil em 1809. Evidentemente
isto não interessava aos ingleses. Daí que desde 1816/1817 as Lojas
Maçônicas, no geral a soldo inglês, resolveram criar um clima para
fazer voltar Dom João a Portugal e estimular a secessão do
território brasileiro.
Tudo
começou com o Areópago do Itambé, primeira organização maçônica
do Brasil a se instalar em Pernambuco na área de Itambé em 1796.
Como suspeitava da atividade maçônica em Itambé denúncias levaram
maçons a fugir dali para o Recife. Em 1816 foi criada uma Loja no
RJ: a Beneficência liderada pelo Conde de Paraty. Dom João VI tendo
descoberto as atividades desta Loja em semear postulados iluministas
que envolviam a idéia de uma contestação ao absolutismo, mandou
fechá-la. No Alvará de 1818, Dom João VI, manda fechar todas as
Lojas do Brasil e Portugal. Elementos maçons da Beneficência, Loja
do RJ, junto com os remanescentes do Itambé, ajudaram a fundar a
Grande Loja Provincial que já em 1816 começou a reunir clérigos,
juízes, fazendeiros, comerciantes, para uma revolução que
explodiria em 1817 e tentaria a separação de Pernambuco com a
consequente criação de uma república maçônica no nordeste. No
mesmo ano o maçom Domingos José Martins, comerciante que tinha
negócios em Londres, voltou da Inglaterra pra liderar a revolução
pernambucana. Ele havia jurado a Francisco Miranda, mestre maçom
venezuelano que havia fundado a Loja Grande Reunião Americana em
Londres, que lideraria a independência de Pernambuco. O movimento
falhou e Dom João VI conseguiu manter o controle do Brasil mas em
1820 uma nova investida maçônica viria através da revolução do
Porto.
A
revolução do Porto queria recolonizar o Brasil e reduzir o poder de
Dom João VI criando uma monarquia parlamentar, aos moldes liberais e
maçônicos. Antes dela o general Gomes Freire, em 1817, já havia
conspirado contra Dom João VI. Gomes era grão mestre maçom. Gomes
Freire e outros conjurados maçons foram executados sob ordem do Rei.
Mas isso não desanimou a maçonaria em Portugal, pois se
reorganizou. Foi então que no Porto, o desembargador da Relação,
Manuel Fernandes Tomás, fundou o chamado “Sinédrio”. Integrado
por maçons, visava “afirmar” o Exército Português no país.
Aproveitando a ausência de Beresford no Brasil, o Sinédrio cooptou
militares que pudessem materializar o seu projeto revolucionário. O
Sinédrio foi uma associação secreta para-maçônica, fundada no
Porto em Janeiro de 1818, que interveio na organização da revolução
liberal de 24 de Agosto de 1820. Os fundadores (todos maçons) foram,
além de Fernandes Thomaz (pertenceu á Loja Fortaleza, à Loja
Patriotismo), José Ferreira Borges (advogado, pertenceu à Loja 24
de Agosto), José da Silva Carvalho (advogado, juiz, Ministro da
Justiça, da Fazenda e da Marinha, pertenceu à Loja 1º Outubro,
Loja 15 de Outubro, foi Grão-Mestre do GOL, fundador do primeiro
Supremo Conselho do Grau 33), assim como outros líderes maçônicos.
Ao
mesmo tempo que isso acontecia no Porto e forçava a volta de Dom
João VI a Portugal, aqui no Brasil, José Moncorvo organizava a Loja
Comércio e Artes para preparar a “independência do Brasil”. Uma
divisão na Loja Comércio e Artes se deu no que tange a forma de
estado que o Brasil deveria assumir depois de independente, se seria
republicana – linha defendida por Gonçalves Ledo – ou monárquica
– linha de José Bonifácio. A posição de Ledo na maçonaria era
mais forte pois Bonifácio só havia sido eleito Grão Mestre por uma
necessidade política – organizar a separação do Brasil. A
literatura maçônica é unânime em apontá-lo como “profano”,
alguém sem iniciação mas que foi aceito na maçonaria por seu
papel chave junto a Dom Pedro I, que havia ficado como príncipe do
Brasil depois que o pai teve de voltar a Portugal para conter os
revolucionários. A ascensão de Bonifácio era uma manobra de Ledo
para atrair Dom Pedro I para a causa maçônica. Percebendo que a
separação seria proclamada pela maçonaria de qualquer forma, o
príncipe para poder fazer parte do movimento se iniciou na Loja
Comércio e Artes em 2 de agosto de 1822. Ledo foi entendendo que a
melhor forma de conduzir a separação era mantendo a monarquia dado
que isso facilitaria a aceitação da mesma pelas casas dinásticas
européias. Ademais fazer a independência com república seria não
contar com Dom Pedro I como rei, porém ele tinha o apoio da
Província do RJ e de SP e sem o apoio destas duas províncias
dificilmente se faria a separação. Em 9 de setembro Ledo, na sessão
do Grande Oriente Maçônico declarou Dom Pedro I como rei e defensor
constitucional do Brasil no que foi seguido pelas demais lideranças
maçônicas.
Em
razão de todos estes fatos podemos inferir que o processo de nossa
separação de Portugal não se tratou de uma independência legítima, dado que ela já havia acontecido em 1815 quando recebemos nossa liberdade política das maos de Dom João Vi pela elevação do Brasil a reino unido a Portugal. Antes sofremos uma secessão, fruto de uma conjura espúria para destruir o belo
ideal de Dom João VI de uma união definitiva entre Portugal e
Brasil e facilitar o crescente poder da Inglaterra sobre a América assim como da maçonaria. A maçonaria tencionava criar novos países títeres de seu
poder e do poder de Londres. O que podemos fazer hoje, passados quase dois séculos? Reconstruir
os laços é ideal quase irrealizável mas lutar contra a opressão
maçônica sobre o Brasil é algo possível e necessário. Lutemos
contra o Grande Oriente e veremos uma autêntica liberdade reinar
sobre o Brasil, não a liberdade licenciosa da maçonaria mas a
liberdade cristã.
Professor Rafael G. Queiroz.
Bibliografia
ANDRADE, João. “A Revolução de 1820: a conspiração“. Porto Editora, 1983
DURÃO, João Ferreira. Pequena história da maçonaria no Brasil. Madras, 2008.
Relato sucinto e exato da ação espúria dos maçons (liberais),fautores da expansão anticristã na América,e mestres em distorcer os fatos históricos.Parabéns, Rafael.
ResponderExcluirMário Garnero amigo de Lula e suas conexões com a camarilha...
ResponderExcluirObs:Apesar de ser um site aparentemente neocon da pra servir como fonte de pesquisa (Lula Secreto é um livro do próprio Mário Garnero)
https://homemculto.com/0-0-0-lula-a-farsa-garnero-rothschield-geisel-golbery-quem-esta-por-tras-de-lula/
Nesse outro link também fala sobre esse Garnero e seu trânsito no governo Lula.
revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG65317-6009,00-CICERONE+NA+ALTA+RODA.html
Inclusive a camarilha faz parte do conselho de seu grupo, entre outras figuras do poder mundial