Vargas
mandou fechar lojas maçônicas e se aproximou de setores católicos
da vida política nacional; a CLT foi, em grande parte, fruto da
influência destes setores que prezavam pela aplicação da Doutrina
Social da Igreja nas relações sociais a fim de impedir a luta de
classes. A partir daí entendemos o ódio do Brasil Paralelo a
Vargas, na medida em que o BP se atrela ao liberalismo maçonizante.
Senhores,
trazemos aqui o parecer do ilustre professor de História Eduardo
Cruz* sobre o mais novo absurdo do Brasil Paralelo, que abriu um
processo acusatório difamante contra a figura do Presidente Getúlio
Vargas. No
fundo, a acusação se pauta por uma defesa escrachada do
liberalismo. Nos vídeos anteriores do Brasil Paralelo tal defesa era
implícita, misturada com apelos à tradição católica do Brasil. O
objetivo do embuste era capturar a simpatia do público católico
para a iniciativa e fazê-lo aceitar, de modo quase imperceptível,
uma narrativa liberal da nossa História. Uma tática parecida com a
do estuprador que, pretendendo atrair a vítima para seu terreno, a
adula com carícias a fim de seduzi-la e violentá-la. O Brasil
Paralelo é o "estupro liberal" da nossa memória: é uma
ressignificação esdrúxula do nosso passado a fim de justificar um
futuro desejado, qual seja, um futuro onde o Brasil seja pautado por
Estado mínimo, liberalismo econômico nas relações de trabalho,
individualismo, americanismo. A releitura da nossa História, feita
pelo BP, é claramente ideológica: é um recorte canhestro que serve
a fins políticos subordinados a uma causa estranha ao nosso
interesse nacional. Para o Brasil Paralelo, Vargas foi, ao mesmo
tempo, pró-comunista, fascista, positivista, psicopata, gênio da
política, simpatizante do nazismo, etc. Como foi possível ele ter
sido tudo isto é o grande mistério. O Brasil Paralelo transformou
Getúlio no "Tio Chico" (aquele pentecostal maluco que
disse ter sido maçom, islâmico, pai de santo, rosa cruz, travesti,
etc.) da nossa História. Sobre a péssima qualidade do documentário
é preciso dizer que:
1
- Logo de cara há uma propaganda em prol das monarquias liberais -
Noruega, Inglaterra, etc. - e dos EUA e Alemanha, vistos como
exemplos de democracia para países que respeitam as "liberdades".
Os
coitados não entendem que a noção de democracia no século 19 se
dirige para o igualitarismo jacobino que abrirá caminho para o
comunismo em razão duma coisa simples: as liberdades para as classes
baixas eram só nominais; elas passarão a desejar uma liberdade real
e concreta; para isso os Estados serão instados a criar leis
igualizantes/democratizantes.
Liberdades liberais geram democracia,
que gera insatisfação com a nominalidade dos direitos jurídicos,
que gera o anseio pelo socialismo. A panacéia proposta pelos membros
do Brasil Paralelo só será capaz de fazer com que o pesadelo
comunista – o qual eles deploram – venha a vingar no Brasil.
2
- A República Velha é apresentada como "época estagnada onde
nada aconteceu". Só analfabetos em História podem levar isso a
sério.
3
- Sem citar prova alguma, Olavo acusa Vargas de chacinar todos os
seus inimigos no Nordeste após desarmá-los. Não especifica onde e
quando teria ocorrido tal episódio.
4
- O vídeo é feito, quase todo, por propagandistas do liberalismo
como Constantino et caterva. Historiador, quase nenhum.
5
- Vargas é chamado de positivista e gênio político por Olavo; logo
depois o mesmo Olavo diz que Vargas era um psicopata; outro
"especialista" diz que ele era fascista. Entre fascismo e
positivismo há uma distância imensa. Eles não sabem disso?
Positivistas se fundam na idéia de um exército formal; fascistas
fundam seu ativismo em grupos paramilitares, pois perderam a
confiança nas Forças Armadas; SS nazi e Squadristi de Mussolini
provam-no. Positivistas são pró1789, fascistas são anti1789.
6
- Pondé – até Pondé! O que o dinheiro de institutos liberais não
é capaz de fazer, hein? – diz que fascismo, comunismo e varguismo
são a mesma coisa! Pondé vendeu sua inteligência ao poder do
dinheiro.
7
- Narloch aparece chiando porque Vargas controlou bancos. Agora já
está tudo claro: o BP serve à velha elite bancária talmudista. Nós
dissemos!
8
- Nada é dito sobre o fato dos fazendeiros paulistas terem movido
uma guerra contra Vargas por razões econômicas, dado que ele havia
quebrado a política de valorização do café e acabado com o
esquemão de eleições fraudadas. Tudo é apresentado como se os
paulistas lutassem apenas por Constituição e direitos! Os paulistas
queriam continuar escravizando o Brasil aos seus interesses; não
havia nada de moralizante na "revolução constitucionalista".
O
Brasil Paralelo ainda assevera que o "Plano Cohen" foi
inventado por Vargas para justificar a implantação do Estado Novo
em 1937. Ora, em 1935 houve uma insurreição comunista liderada por
Prestes e havia fundadas razões para se temer um novo assalto, como
veremos adiante. Depois Narloch, aos 43 minutos, diz que Vargas foi
um "cara mau" porque proibiu a usura. Um sujeito reclama
que Vargas "acabou" com nossa "tradição liberal".
Enfim eles deixaram claras as coisas: são apenas liberais e nada
mais. Servos dos bancos, inimigos do povo - há uma crítica geral à
CLT no vídeo do BP - etc. Que anticomunismo é este que deplora o
ditador que impediu uma revolução comunista? É a pergunta ser
feita!
Sobre
os erros do documentário, demos a palavra ao Prof. Eduardo Cruz, que
comenta o seguinte sobre a Revolução Constitucionalista:
"Aos
29:16 do vídeo, o entrevistado Rafael Brodbeck afirma que os
paulistas se rebelaram em 1932 porque Getúlio não cumpriu sua
promessa de entregar uma nova Constituição. Não sei quem é este
senhor, mas a afirmação está FACTUALMENTE ERRADA. Getúlio agendou
a eleição da Assembléia Constituinte em 14 de maio de 1932, quando
assinou o Decreto nº 21.402, tendo designado, no mesmo ato, a
comissão encarregada de redigir o anteprojeto da Carta. A Revolução
eclodiu em 9 de julho, ou seja, dois meses depois. Logo, é incorreto
estabelecer uma relação de causa e efeito entre a protelação da
promessa e a insurreição. A suposta causa da revolta deixou de
existir dois meses antes da sua deflagração".
O
Prof. Eduardo desmente uma suposta colaboração de Vargas com os
comunistas, veiculada no documentário, cujo narrador sugere que a
Intentona de 1935 teria resultado do rompimento desta [inexistente]
aliança:
"Além
disso, aos 40:30 o narrador afirma o seguinte, referindo-se ao
período 1930-1935: 'Por muito tempo, Vargas se aproveitou de ambos
os movimentos. Com habilidade e oportunismo, engajou comunistas e
integralistas. Utilizava ambas as vertentes a seu favor, comparecia a
eventos políticos de ambos e trocava favores com seus líderes. A
relação seria estremecida até o rompimento, quando lideranças
comunistas acusaram Vargas de caminhar para uma ditadura fascista.
Passam a postular o poder para si e tornam-se inimigos do Presidente.
O primeiro grande ataque foi lançado pelos comunistas, em mais uma
tentativa de golpe que a jovem república brasileira assistiu. O
capitão do Exército convertido ao comunismo Luiz Carlos Prestes
comandou o levante: a Intentona Comunista [de 1935]' ------- Não sei
quem redigiu o texto lido pelo narrador, mas esta alegação é
rigorosamente FALSA!!! Jamais houve qualquer colaboração entre
Vargas e o PCB entre 1930 e 1935. Não houve sequer negociações!
Vargas não 'compareceu a eventos' do PCB nem 'trocou favores' com
líderes do Partido, que naquele período atuava sob a capa da UOC
(União Operária e Camponesa) e da ANL (Aliança Nacional
Libertadora). O Partido Comunista Brasileiro seguia as diretrizes da
União Soviética, que determinava oposição irrestrita ao governo
Vargas, conforme resoluções aprovadas na II Conferência dos
Partidos Comunistas da América Latina, realizada em Moscou, de 2 a
10 de outubro de 1930, e na III Conferência dos Partidos Comunistas
da América Latina, realizada em Moscou, de 16 a 28 de outubro de
1934 (Fonte: OLIVEIRA, Marcos Aurélio Guedes de. 'O Cominter e a
Aliança Nacional Libertadora'. Recife: Edições Bagaço, 1996, pp.
92-128). A informação pode ser confirmada nas memórias de Luiz
Carlos Prestes ('Prestes: lutas e autocríticas', p. 67) e outros
líderes do PCB, como Gregório Bezerra ('Memórias', Vol. I, pp.
233-236), Leôncio Basbaum ('Uma vida em seis tempos', pp. 96-140),
Paulo Cavalcanti ('O caso eu conto como o caso foi, Vol. I', pp.
121-130), Apolônio de Carvalho ('Vale a pena sonhar', p. 53),
Apparício Torelly ('Entre sem bater', pp. 170 e 211-213) e Ivan
Pedro Martins ('A flecha e o alvo', pp. 86-87 e 92-95). Portanto, em
1935 não houve nenhum 'rompimento' entre Vargas e os comunistas,
como os autores afirmam, dando a entender que existia uma aliança
com o PCB. Tal aliança não existiu! Em toda a História do Brasil,
houve apenas um momento em que o PCB apoiou Vargas, não porque
tivesse afinidades ideológicas com ele, mas por razões meramente
táticas: o período 1943-1945, quando o Brasil se engajou na 2ª
Guerra Mundial ao lado dos EUA e da URSS. Durante essa fase, por
ordem de Moscou, os comunistas brasileiros promoveram intensa
propaganda pró-EUA, sob cobertura de uma entidade recreativa
denominada 'Sociedade de Amigos da América', conforme consta nas
memórias de vários militantes do PCB, como João Falcão ('O
Partido Comunista que eu conheci', pp. 214-218) e Moisés Vinhas ('O
Partidão: a luta por um partido de massas', pp. 73-76). A respeito
desse breve namoro de conveniência, Gregório Bezerra relata que
'estávamos contentes por Vargas ter rompido com as potências do
Eixo, cedido bases militares aos EUA, assinado a Carta do Atlântico
e declarado guerra ao fascismo alemão' ('Memórias', Vol. I, p.
306). Obviamente, os idealizadores do documentário não explicarão
este contexto nem entrarão em tais detalhes, porque isso quebraria a
narrativa que busca equiparar comunistas e getulistas, retratando-os
como parceiros na luta contra o liberalismo anglo-americano,
supostamente o mocinho da História. Aliás, este é o subtexto que
permeia todo o enredo costurado pelo vídeo".
Expondo
a ignorância crassa do Sr. Rodrigo Constantino, o Prof. Eduardo Cruz
observa que:
"Rodrigo
Constantino, com sua habitual ignorância, acrescenta aos 42:05 que
Olga Benario era 'ligada à KGB'. Na verdade, ela pertencia ao GRU,
serviço secreto das Forças Armadas da União Soviética. O GRU é
bem menos conhecido do que a KGB. Olga foi recrutada para os seus
quadros em 1932, conforme comprovam os relatórios arquivados no
Departamento de Quadros do Comintern (Fonte: WAACK, William.
'Camaradas'. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, pp. 94-95)."
A
respeito do golpe que instituiu a ditadura em 1937, o Prof. Eduardo
Cruz destaca outra falácia do documentário, que, por descuido ou
má-fé, repete a lenda esquerdista segundo a qual Getúlio usou o
Plano Cohen como pretexto para implantar o Estado Novo:
"Aos
42:45, o narrador alude ao Plano Cohen: 'As eleições [de 1938] se
aproximavam e Vargas poderia perder a Presidência pela via
democrática. Foi nesse momento que Getúlio se aproveitou de um
falso plano que representaria uma nova revolução comunista para
justificar a necessidade de dar um golpe de Estado' ------- Esta
fábula já ganhou ares de fato, graças à persistência com que é
repetida por ideólogos interessados em retratar a esquerda como
eterna vítima de armações reacionárias. Ironicamente, alguns
liberais lhe dão crédito, pondo de lado sua alergia ao socialismo,
tamanha a sua obsessão de atacar o nacionalismo – talvez julguem o
primeiro um mal menor frente ao segundo. É possível que tenham
engolido essa lorota por descuido, como muitos incautos que
passam ao largo das fontes primárias. Quem se der ao trabalho de ler
o discurso proferido por Vargas em 10 de novembro de 1937 descobrirá
que em NENHUM momento ele citou o Plano Cohen para justificar a
implantação do novo regime. A fúria do Presidente recaía sobre
dois governos estaduais, ambos acusados de tramar uma insurreição
armada contra o Governo Federal, situação que no limite poderia
desembocar em guerra de secessão, nas palavras de Getúlio: 'Os
preparativos eleitorais foram substituídos, em alguns Estados, pelos
preparativos militares, agravando os prejuízos que já vinha
sofrendo a Nação, em conseqüência da incerteza e instabilidade
criadas pela agitação facciosa. O caudilhismo regional, dissimulado
sob aparências de organização partidária, armava-se para impor à
Nação as suas decisões, constituindo-se, assim, em ameaça
ostensiva à unidade nacional' (Fonte: VARGAS, Getúlio Dornelles. 'A
nova política do Brasil – Vol. V'. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio Editora, 1938, p. 25). O Presidente referia-se a São Paulo e
ao Rio Grande do Sul, cujos governos vinham adquirindo vultosos
arsenais no Exterior sob pretexto de equipar suas PMs, comprando
inclusive baterias antiaéreas, armamento incompatível com qualquer
missão policial. Os fatos foram registrados pelo Marechal Eurico
Gaspar Dutra, na época Ministro da Guerra, que ao escrever suas
memórias teve o cuidado de documentá-las com cópias de relatórios,
ofícios e alertas produzidos pelo Exército entre 05/10/1936 e
30/05/1937 ('O dever da verdade', pp. 158-163, 194-197 e 247-256).
Chamo atenção para as datas, todas bem anteriores ao aparecimento
do Plano Cohen. Isso significa que a decisão de implantar o Estado
Novo não foi influenciada pela percepção de ameaça comunista?
Foi, mas esta percepção não foi gerada pelo referido plano. Ela
decorreu de um episódio anterior, conhecido como 'Macedada', quando
o Ministro da Justiça, José Carlos de Macedo Soares, concedeu
habeas-corpus a 300 suspeitos implicados na Intentona Comunista, em 8
de junho de 1937. A decisão enfureceu os comandantes militares, que
dirigiram uma advertência a Macedo Soares, conforme atesta ofício
datado de 26 de junho de 1937, reproduzido nas memórias de Dutra ('O
dever da verdade', pp. 245-246). Beneficiados por aquela soltura
coletiva, centenas de comunistas voltaram a promover agitação nas
ruas, inclusive atentados com vítimas fatais. E aqui vamos ao
documento decisivo: a ata da reunião realizada pelo Alto Comando do
Exército em 27 de setembro de 1937, quando tomou-se a decisão de
implantar o Estado Novo. Quem examiná-la descobrirá que o Plano
Cohen (uma pista falsa) foi mencionado pelos militares uma única
vez, em meio a várias pistas verdadeiras, entre elas as evidências
da atividade subversiva que se avolumava nas ruas e na Câmara dos
Deputados, graças à liberalidade do Ministro da Justiça ('O dever
da verdade', pp. 232-238). Até hoje, no intuito de limpar sua barra,
a esquerda se agarra ao Plano Cohen para forjar uma narrativa que
oculta sua parcela de responsabilidade pelas turbulências que
convulsionaram o Brasil entre maio e outubro de 1937".
O
referido professor ainda revela a incapacidade analítica de Luiz
Philippe de Orléans e Bragança:
"Surpreende-me
o que foi dito aos 59:52 pelo Príncipe Luiz Philippe de Orléans e
Bragança: 'Ao final da guerra, o Brasil estava arruinado
financeiramente, com uma dívida externa imensa' -------- Esta
afirmação não é apenas incorreta. É fraudulenta. Foi durante a
2ª Guerra Mundial que o Brasil renegociou e reduziu sua dívida
externa pela metade, nos termos do Plano Souza Costa, aprovado pelo
Decreto-Lei nº 6.019 de 23 de novembro de 1943. Isso tudo graças à
firmeza do governo, que soube aproveitar a conjuntura favorável para
redefinir os termos do nosso relacionamento financeiro com os EUA e a
Inglaterra (Fonte: COSTA, Artur de Souza. 'Dívida externa do
Brasil'. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943, pp. 7-20)."
Eduardo
Cruz ainda aponta outros equívocos gravíssimos para um documentário
que se pretende histórico:
"Aos
41:45, o narrador afirma que 'apesar do apoio dos tenentistas, os
ideais comunistas não haviam sido bem recebidos pela grande maioria
das Forças Armadas' ------- O movimento tenentista estava agrupado
no Clube 3 de Outubro, que jamais apoiou o PCB, formalmente ou
informalmente. Seu programa foi aprovado na I Convenção Nacional do
Clube, realizada de 5 a 9 de julho de 1932. Era um típico programa
nacionalista-autoritário, do qual tenho cópia nos meus arquivos.
Basicamente, antecipava tudo que seria feito durante o Estado Novo:
nacionalização no petróleo, dos minérios e setores de base,
assimilação dos imigrantes, centralização do poder político,
implantação da siderurgia, etc. Prestes estava afastado do
movimento tenentista desde 1928. Ingressou no PCB em 1934, época em
que o Clube 3 de Outubro já havia inclusive se dissolvido. Quase
todos os seus quadros foram aliciados por Vargas e pela Ação
Integralista. Pouquíssimos se bandearam para a ANL (Fonte: WIRTH,
John. 'Os tenentes na Revolução de 30'. In: FIGUEIREDO, Eurico de
Lima (Org.). 'Os militares e a Revolução de 30'. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1979, p. 41)...Aos 55:25, Flávio Morgenstern afirma que
Vargas 'queria entrar na 2ª Guerra Mundial apoiando o Eixo' ------
Isso também é mentira. Vargas nunca cogitou engajar o Brasil no
conflito ao lado da Alemanha. Quem se der ao trabalho de ler os
relatórios produzidos pelo Estado-Maior do Exército em 1939-1945
descobrirá que o governo discutia apenas duas alternativas: manter o
País neutro ou lutar ao lado dos Aliados, conforme recomendasse o
interesse nacional. O que houve, sim, foram negociações muito
difíceis e desagradáveis com os americanos, a cujas exigências
descabidas era preciso resistir (Fonte: ESTEVES, Diniz. 'Documentos
históricos do Estado-Maior do Exército'. Brasília: EME, 1996, pp.
226-285). O segundo volume dos diários de Getúlio confirma que ele
temia a vitória da Alemanha tanto quanto repelia pressões dos EUA
(Fonte: VARGAS, Getúlio Dornelles. 'Diário - Vol. II'. São Paulo:
Siciliano, 1995, pp. 313 e 396)" ...Aos 01:03:00, o narrador
afirma que Carlos Lacerda deixou a militância comunista aos 25 anos,
ou seja, em 1939, 'quando entrou em conflito com o líder do Partido,
Luiz Carlos Prestes' ----- De onde os editores tiraram isso? Prestes
só foi nomeado Secretário-Geral do PCB em 1943, por determinação
de Moscou. Em 1939 o líder do PCB ainda era Antônio Maciel Bonfim,
vulgo 'Miranda', a quem Prestes estava subordinado. Além disso, o
rompimento de Lacerda com o Partido não decorreu de nenhum atrito
com Prestes, mas de um artigo que ele publicou na revista Observador
Econômico e Financeiro ...Ainda
aos
01:04:30, o narrador afirma que 'Getúlio, em troca do seu apoio à
candidatura de Dutra, não teve seus direitos cassados, não sofreu
qualquer processo judicial' ----------- Esta afirmação é
rigorosamente FALSA. Quem impediu represálias contra Vargas foi o
General Pedro Aurélio de Góes Monteiro, então Ministro da Guerra.
Logo após a queda do Estado Novo, alguns inimigos do Presidente
deposto propuseram que seus direitos políticos fossem cassados por
10 anos. O General não permitiu, até porque isso abriria um
precedente para a punição de outros expoentes da ditadura,
inclusive ele próprio. O episódio está registrado nas memórias de
Góes Monteiro ('O general Góes depõe', pp. 462-463). Eurico Dutra,
por sua vez, lançou sua candidatura à Presidência da República em
27 de março de 1945. Vargas foi deposto em 29 de outubro e só
manifestou seu apoio à candidatura do Marechal em 27 de novembro,
por insistência de João Neves da Fontoura e José de Segadas
Vianna, conforme relatado pelo General Osvaldo Cordeiro de Farias em
depoimento autobiográfico ('Meio século de combate', pp. 400-402).
Por conseguinte, é falacioso afirmar que a impunidade de Vargas foi
garantida em troca do seu apoio à candidatura de Dutra. Tal
negociata nunca ocorreu!"
Em
face de todos os esclarecimentos prestados pelo Prof. Eduardo, fica
evidenciado a chanchada que o Brasil Paralelo representa. A idéia de
manchar a imagem de Vargas atende a vários fins, entre eles retratar
a odiada figura de Lula como fruto do Varguismo, o que é falso, dado
que o modelo sindical apregoado por Vargas era autoritário e ligado
ao Estado, controlado por ele e conduzido com fins a uma colaboração
capital-trabalho; já o modelo do sindicalismo lulista é comunista,
pois aposta na luta de classes e no confronto do trabalhador com a
orientação do Estado "burguês". Entre outros fins, os
idealizadores do BP têm o propósito de convencer o público letrado
de que seríamos um país melhor se fôssemos mais liberais, o que
evidentemente não é verdade: em toda a República Velha, quando
fomos liberais em economia e federalistas em política, nosso País
era a 24ª economia mundial e, depois de termos passado pelo
industrialismo e centralismo da Era Vargas e dos governos militares,
galgamos a 8ª posição na economia global. Os números não mentem.
Os liberais sim.
Agradecemos
ao Professor Eduardo Cruz pelas análises e contribuições!
*
Eduardo Cruz é professor de Geopolítica, História das Relações
Internacionais e Política Externa Brasileira. Cursou graduação em
Relações Internacionais e mestrado em História na Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. As opiniões transcritas
refletem a posição do autor, não das instituições às quais ele
está ou esteve vinculado.
Também achei horroroso o trabalho que fizeram com a memória Vargas. Aliás, já tinha FHC anunciando que poria fim à Era Vargas, mas não pôs. Ainda hoje vejo casas com retrato de Getúlio à porta.
ResponderExcluirAgente da desinformação da maçonaria judaica ao lado do Olavo de Carvalho, Julio Severo, tenta reescrever a história a favor do ocultismo judaico
ResponderExcluirhttps://twitter.com/freire_roberto/status/993170359548604418
https://twitter.com/freire_roberto/status/993160291558019073
Por favor coloque toda essa riquíssima informação em vídeo. É preciso tirar a máscara desses neo liberais sionistas. Esse blog é excelente! Aprendo muito mesmo aqui.
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