terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O semipelagianismo de Pe. Paulo Ricardo






Afinal, quem é Pe. Paulo Ricardo? Um sacerdote católico que zela pela doutrina ou só mais um herético com roupagem tradicional para melhor enganar os incautos? Cirilo de Jerusalém ensina que devemos aborrecer até os suspeitos de heresia. Pois bem: a observação que faremos sobre a doutrina de Pe. Paulo é justificada na medida em que ela se afasta da fé católica. 

Contextualizemos: num vídeo de 2012, o referido sacerdote, levanta a tese de que a imensa maioria dos protestantes não se converte à Igreja Católica apenas por ignorância. E suma: eles não teriam culpabilidade alguma nisso. A tese é interessante e bem construída. Ela parte das seguintes premissas (ou melhor dizendo, falácias): 

1- O que o protestante conhece da Igreja é uma caricatura vendida a ele por falsos pregadores que a caracterizam como mariólatra, papólatra, vendida ao mundo, corrupta, herética, contra a bíblia, etc. 

2- Eles acreditam nessa imagem e, evidentemente, se afastam daquilo que lhes parece diabólico, contrário ao evangelho de Nosso Senhor. 

3- Portanto não o fazem por malícia mas por ignorância: não tendo recebido um bom ensino, caem no erro por deficiência e incapacidade de conhecerem e discernirem o verdadeiro do falso. 

Logo, segundo o padre, a maioria dos "reformados" serão salvos pelo "oitavo sacramento", qual seja o da ignorância. 

Aqui cada um pode conferir onde e o que Pe. Paulo fala sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?v=yPjgEqXanuA


Pe. Paulo de forma leviana estende demais a "ignorância invencível". A Igreja admite a ignorância invencível? Sim em certos casos, mas alguns erros devem ser evitados: 

- O primeiro é o que nega uma salvação pelo batismo de desejo ( Heresia defendida pelo Pe. Fenney);

- O segundo é o que considera que essa salvação, por batismo de desejo, se dá facilmente e em casos onde o sujeito, mesmo não tendo esclarecimento das coisas divinas tem, ao menos, os meios disponíveis para se esclarecer. 

O erro de Pe. Paulo é o segundo. Semipelagianismo, ou seja, otimismo demasiado na boa vontade e boa fé de pessoas que tendo acesso a informações sobre a doutrina católica não as buscam, na verdade, por malícia. 

Sobre os dois erros disse o Santo Ofício em 1949:

"Entre as coisas que a Igreja sempre pregou e nunca deixa de pregar, está contida aquela sentença infalível que nos ensina que "fora da Igreja não há salvação". Este dogma, entretanto, deve ser entendido no sentido em que a própria Igreja o entende. Nosso Senhor, de fato, não confiou à explicação das coisas contidas no depósito da fé aos julgamentos privados, mas sim ao magistério eclesiástico...Pois, para se obter a salvação, não se exige a incorporação real (reapse), como membro, à Igreja, mas é exigido, pelo menos, a adesão a esta pelo voto e o desejo (voto et desiderio). Não é necessário que este voto seja sempre explícito, como se exige dos catecúmenos. Se o homem sofre de ignorância invencível, Deus aceita um voto implícito, assim chamado porque contido naquela boa disposição da alma com a qual o homem quer a sua vontade conforme à vontade de Deus...Estas coisas são claramente ensinadas na [encíclica de Pio XII Mystici Corporis Christi] em relação ao Corpo Místico de Jesus Cristo [...] Quase no final desta encíclica [...] convidando à unidade, com o espírito cheio de amor, aqueles que não pertencem à estrutura da Igreja Católica [o Sumo Pontífice] recorda aqueles que, "por anseio ou desejo inconsciente, estão ordenados para o Corpo Místico do Redentor"; não os exclui absolutamente da salvação eterna, mas, por outro lado, afirma que eles se encontram em um estado no qual "nada pode assegurar-lhes a salvação [...] pois que são privados de muitos e grandes socorros e favores celestes que só podem ser desfrutados na Igreja católica...Com estas prudentes palavras, desaprova tanto aqueles que excluem da salvação eterna todos os que aderem à Igreja apenas com um voto implícito, como aqueles que defendem falsamente que os homens podem ser igualmente salvos em qualquer religião...E não se deve nem mesmo pensar que seja suficiente um desejo qualquer de aderir à Igreja para que o homem seja salvo. Exige-se, realmente, que o desejo mediante o qual alguém é ordenado à Igreja seja moldado pela perfeita caridade; e o voto implícito não poderá ter efeito se o homem não tiver a fé sobrenatural" (Carta do Santo Ofício ao Arcebispo de Boston, 1949. Denzinger, 3866 -3872). 

O ensinamento é claro: "se o homem sofre de ignorância invencível"...Deus poderá salvá-lo. Mas quando ele sofre? O novo catecismo, no número 1859, tem sobre isso uma passagem interessante: 

"A ignorância involuntária pode diminuir e até escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral inscritos na consciência de todo homem".

Em alguns casos a ignorância involuntária sequer elimina o pecado mas apenas reduz sua gravidade! E via de regra supõe-se que todos sabem distinguir o bem do mal, o falso do verdadeiro, e se não sabem devem buscar instrução para que saibam. Caso não busquem são culpados. 

Será que protestantes estão em ignorância involuntária? Pe. Paulo fala, até, do caso de católicos que teriam se tornado protestantes por pura ignorância sobre doutrina. Ou seja, estes teriam permanecido na Igreja por anos sem buscar esclarecimento e saíram dela quando ouviram o primeiro falso profeta lhes dizer que devoção mariana é culto a demônio, logo idolatria e satanismo. Alguém que tenha sido católico e que não tenha tido, durante a época em que o foi, o zelo de buscar conhecer a fé através de uma catequese, da leitura de obras devotas, das homilias, do catecismo romano,  pode ser mesmo tido como ignorante involuntário? Se esta pessoa nunca se interessou em saber, ao certo, o que a Igreja ensina sobre a devoção mariana, preferindo dar ouvidos a um falso pregador , ela tem mesmo boa vontade? O caso é só de ignorância inculpável? 

Se Pe. Paulo realmente crê assim então ele recaiu, evidentemente, em semipelagianismo, ou seja, ele reduziu, consideravelmente, a abrangência da ferida da natureza humana decorrente do pecado para lançar quase todo mundo num estado de bem aventurança. Parece-nos que a marmota de Pe. Paulo visa, inclusive, a legitimar o ecumenismo - que ele defende - com os protestantes. Nada melhor que "pintá-los' como gente inocente e ignorante, dotada de boa fé, para legitimar o diálogo ecumênico como se bastasse lhes mostrar o verdadeiro caráter do catolicismo para que se convertesseem 

Um índio, impossibilitado de conhecer a Igreja, estaria em estado de ignorância invencível. Um hotentote da selva africana idem. Um aborígene australiano também. Nunca, porém, um protestante ( a não ser que ele sofra de problemas mentais que impossibilitem o reto uso da razão) . Por várias razões: 

1- Um protestante não pode alegar ignorância invencível para conhecer a Igreja verdadeira, pois tem muitos meios de estudar as origens históricas do protestantismo, e a vida de Lutero, assim como os seus escritos, tomando ciência de que Lutero ensinou que se deve “Crer firmemente, e pecar muitas vezes”. Lutero ensinou a tese da santidade do pecado. E isso vai diretamente contra o que o protestante lê em sua Bíblia.

2- Todo protestante lê a Bíblia. Ora em São Paulo ele lê que “a Fé vem pelo ouvido”(Romanos 10, 17). E a fé do protestante vem pelos olhos, pela leitura da Bíblia. 

3- Na Bíblia, o protestante lê que Jesus disse: “Ide e ensinai”(São Mateus, XXVIII, 19). Cristo não disse: “Ide e imprimi”, "ide e vendei bíblias". Isso não existe na Bíblia.

4- Na Bíblia, o protestante lê que não adianta ler a bíblia, pois o escravo da raínha de Candace,quando o diácono Felipe lhe pergunta: “Compreendes o que lês?,respondeu:” Como poderei compreender, se não houver alguém que mo explique”(Atos dos Apostolos, VIII, 30-31). Logo, o protestante lê, na Bíblia, que não adianta só ler a Bíblia, se não houver alguém - ou seja a Igreja - que a explique, ensinando.

Etc. 

De modo que nenhum protestante pode ser salvo. Se Pe. Paulo Ricardo crê assim, então ele não é católico. 


Rafael G. Queiroz. 








6 comentários:

  1. O Pe Paulo Ricardo está cumprindo o que Monsenhor Lefebvre disse: A Igreja se perderá pela obediência" Obediência ao erro, obediência a um prelado comunista, obediência a um papa herege...
    Não combater um erro é o mesmo que aceitá-lo.
    Monsenhor Lefebvre também disse que satanás deu um golpe de mestre: Faz com que obedeçam a ele pensando que estão obedecendo a Igreja.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. triste mas real (aparentemente).. de qualquer forma também gosto muito do Paulo Ricardo e nós humanos não somos perfeitos - rezemos por ele e por nós. Até entre os apóstolos escolhidos por Jesus, teve um traidor. Todos somos tentados ou enganados, não importa se leigo ou sacerdote.

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  2. Tá com insanidade agora cara? cagou no seu texto ao escrever que "De modo que nenhum protestante pode ser salvo." Agora voce é Deus?

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  3. Grande abraço ao querido padre Paulo Ricardo. - Pelo menos ele não se acha Deus, diferente do autor deste texto.

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