“O liberalismo político e social é o reino do individualismo. A unidade
básica do liberalismo é o indivíduo [1]. Ele é como um sujeito de
direitos absolutos (‘os direitos do homem’), sem nenhuma referência aos
deveres que o ligam a seu Criador, a seus superiores ou a seus
semelhantes e especialmente sem referência aos direitos
de Deus. O liberalismo faz desaparecer todas as hierarquias sociais
naturais, deixando assim o indivíduo sozinho e sem defesa da massa, da
qual ele não é mais do que um elemento que acaba sendo absorvido por
ela.
Ao contrário, a doutrina social da Igreja afirma que a
sociedade não é uma massa de disforme de indivíduos [2], mas um
organismo ordenado de grupos sociais coordenados e hierarquizados: a
família, as empresas e profissões, as organizações profissionais, e por
fim o Estado. As organizações profissionais unem patrões e
trabalhadores, para defesa e promoção dos interesses comuns. As classes
não são antagônicas, mas naturalmente complementares [3]. A ‘Lei
Chapelier’ (de 14 de Junho de 1791), que proíbe associações, aniquila
com as corporações, que constituíam o instrumento de paz social desde a
Idade Média; esta lei foi fruto do individualismo liberal, porém em vez
de ‘libertar’ os trabalhadores, os oprimiu. E quando no século XIX , o
capital da burguesia liberal havia oprimido a massa informe dos
trabalhadores, transformada em proletariado, se idealizou, seguindo a
iniciativa dos socialistas, o reagrupamento dos trabalhadores em
sindicatos; porém os sindicatos só fizeram agravar a guerra social, ao
estender a toda a sociedade a artificial oposição entre capital e
trabalho.
(...) Guardemos então esta inegável verdade histórica e
filosófica: o liberalismo leva, por inclinação natural, ao totalitarismo
e à revolução comunista.” - Monsenhor Marcel Lefebvre, “Do liberalismo à
apostasia”.
[1] D. Raffard de Brienne, Le Deuxieme Étendart”, p. 25.
[2] Pio XII, ‘Radiomensagem de Natal’, 24 de dezembro de 1944.
[3] Cf. Leão XIII – ‘Rerum Novarum’, 15 de maio de 1891.
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