Jesus ensinando como mestre. Seu papel de mestre não combina nem um pouco com democracia |
Jesus quis uma Igreja democrática? Se ele quis e a Igreja adotou o primado pontifício então tem razão os protestantes e ortodoxos: o catolicismo é uma heresia das piores. Quando se defende uma reestruturação do papado ao ponto de tornar menor o poder do papa o que se está fazendo - mesmo que sem a intenção de fazê-lo - é abrir brechas que dão razão as acusações históricas de ortodoxos e protestantes contra a Igreja Católica. O que ocorreu a um ano atrás quando estourou uma suposta corrupção da cúria romana está sendo usado como justificativa para reduzir o papel da mesma e do papa. Nós tinhamos noticiado aqui mesmo nesse blog que a difamação do Cardeal Bertone braço direito de Bento XVI vinha sendo feita com o objetivo de manchar a cúria e justificar uma reforma da Igreja em termos democratizantes( http://catolicidadetradit.blogspot.com.br/2013/02/cardeal-bertone-vira-alvo-dos-neo.html) Em suma: a crise da Igreja não é associada a crise de fé mas a uma crise relativa a sua estrutura. Essa tese - e é interessante isso - é defendida faz tempo por nomes como Kung e Boff. Ambos sempre disseram que a crise da Igreja era relativa a forma pela qual esta exerce seu poder. Boff mesmo pergunta "Qual dos tipos de Igreja que está em crise e em franca degeneração nos dias atuais? É a Igreja-instituição-monárquico-absolutista, cujas razões não conseguem convencer os fiéis nem se sustenta diante do senso comum e do sentido do direito e da justiça que se impuseram na reflexão dos últimos séculos"(In: http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2012/09/16/que-tipo-de-igreja-esta-em-crise-e-em-degeneracao/). A afirmação de Boff é verdadeira : sim esse tipo de Igreja está em crise mas quem levou-a a crise senão eles mesmos, os progressistas que desde 1962 buscam relativizar o catolicismo? Quem senão eles estão desde então tentando corroer os fundamentos em que ele está assentada? E sim: a visão de Igreja monárquica é rejeitada mas por quem senão pelo mundo? A exigência de reformar o papado para torná-lo mais transparente as necessidades de nosso tempo é um tiro no pé do mesmo: o que nosso tempo exige é a "não autoridade", vivemos em uma cultura do provisório e da radical negação da transcendência de modo que a própria consciência, a consciência imanente do sujeito, vira a regra e norma de vida. Uma Igreja que exerça sua autoridade como deva, exigindo a sujeição da consciência aos seus cânones não será aceita pelo mundo. Se o objetivo é ser aceito pelo mundo então que se faça tal reforma. Mas a pergunta que fica é: para que a Igreja está na terra senão para afiançar a presença do reino de Deus que é ela mesma? Jesus disse: meu reino não é deste mundo! Mas de repente há quem creia que possa haver um encontro pacífico entre reino e mundo. E crendo nessa impossibilidade tencionam fazer da Igreja algo mais parecido com o mundo para que o mundo se torne algo mais parecido com a Igreja. Porém nesse quadro a Igreja é reduzida a peça política para a construção da utopia de um "mundo melhor" onde reine a paz mas não a paz cristã, senão uma paz amorfa identificada com o bem estar do homem. A Igreja vira peça para a vitória do humanismo secular. E nesse quadro não é mundo que se tornará algo mais parecido com a Igreja mas sim que é a Igreja - em sua face histórica - que virará algo muito parecido com o mundo.
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