“
O único fim, o único objetivo de toda música é o louvor a Deus e a
recreação da alma. Quando isso se perde de vista, não pode haver mais
verdadeira música, restam somente ruídos e gritos infernais.”
Johann Sebastian Bach
As falas do Artigo do Tradição em Foco com Roma estão entre aspas : as minhas sem aspas.
A resposta é de caráter intelectual.Não tem portanto intenções de atingir pessoas.Ao David Conceição , autor do blog , fica a resposta como um contributo ao debate sobre o assunto que ao meu ver é imprescindível.
“Gostar do
rock ou do pop não significa absorver a cultura que existe em torno de algumas
figuras que propagam esse gênero musical.”
Sim
significa : o rock não é apenas um ritmo mas um movimento cultural.Ora ouvi-lo
é cultivar o hábito musical do rock.O que é cultura senão hábitos ? Que exista
quem o ouça mas não se inspire na conduta dos seus próceres não nego.No entanto
esse fenômeno é esquizofrênico pois consiste em cultivar um hábito que está
ligado a uma filosofia de vida.Consiste em submeter seus ouvidos a uma estética
musical sem a devida consciência de suas implicações culturais ; isso torna tal
conduta perigosa pois se funda em um gosto semi-inconsciente das implicações
morais do movimento rock.E essa semi- inconsciencia abre portas para
influencias danosas em vista da ausência de uma reflexão sobe o assunto.
Ademais é
claro que o cultivo do hábito musical do Rock garante o financiamento do
movimento cultural que lhe dá base : shows , eventos , musicais , CDs , DVDs ,
que em suma espalham a ideologia por trás do ritmo.
“Como
distração, eu acredito que seja uma coisa em si neutra”.
O problema
está em considerar o rock , ou qualquer música como distração. A arte enquanto
atividade ligada ao Belo , um dos transcendentais , existe pra a educação do
homem e não apenas para o deleite ou mero esteticismo.O mundo moderno pretendeu fazer da arte um
objeto de consumo e lazer.Isso está errado: música não pode ser mero lazer ,
tem que ter dimensão educativa.Tem que existir para forjar na alma a idéia do
Belo em si.
“A princípio, gostaria de lembrar que
este tema é uma questão em aberto, não fechada pelo Magistério, portanto,
DISCUTÍVEL.”
A questão é discutível mas depende ,
para ser discutida com objetividade de um recurso a tradição da filosofia do
Belo.Fora dos princípios da sã estética não se pode discutir nada que envolva
arte musical.E para isso a absorção da tradição filosófica platônica e
aristotélica sobre o problema musical é essencial.
“Os dois
primeiros são basicamente desconhecidos e suas opiniões são irrelevantes.”
Não David
, você sabe que ambos não são desconhecidos.E quanto a suas opiniões serem
irrelevantes , não elas não são : sobretudo as do Pe Labouche
que tem um estudo extremamente preciso sobre o tema e tão profundo que só quem
conhece bem teoria musical entende direito.Há em seu artigo uma ótima análise que
envolve a matemática das notas musicais e a relação destas com a harmonia em
diversos ritmos que é de tirar o chapéu.Antes de depreciar o trabalho dele você
deveria lê-lo aprofundadamente e caso não concordasse produzir uma refutação
científica.Não é com um artigo de meia página que se faz isso.Aliás eu não vi
aqui nenhuma refutação.A não ser que você considere que dizer que duas pessoas
são desconhecidas constitua uma refutação.Ainda que o fossem o mérito de uma
tese tem que ser enfrentada em outro contexto e não com recursos retóricos.
Lembrando o que o Pe Labouche diz : "Deixaremos de lado a vida particular e os costumes dos roqueiros. Mas sabemos como a sensibilidade pode ser fortemente desestabilizada pelo emprego de ritmos devastadores ou de dissonâncias sistemáticas, e isso não contribui, evidentemente, para a santificação pessoal,inconcebível sem o domínio das paixões."
Não se trata de discutir a vida pessoal dos rockeiros mas do caráter da música rock.
“Quanto ao Cardeal, ninguém é obrigado a
concordar com o Cardeal Ratzinger escreveu num livro só com sua autoridade de
teólogo.”
A questão
é a seguinte : o que o Pe Labouche escreveu e o que Ratzinger disse tem mais
autoridade que este artigo.A questão é de peso autoritativo maior no âmbito
intelectual não de obrigação de fé.
“Ser algo
negativo não significa ser algo que leve alguém a pecar.”
O que é
ser negativo ? Parece me que você não define claramente aqui o conceito de
negativo.
“O cigarro é negativo para a saúde mas não leva por si ao pecado.”
“O cigarro é negativo para a saúde mas não leva por si ao pecado.”
Fumar em
si não é pecado; ouvir rock em si também não.Se eu passo pela rua e está
tocando um rock em uma loja não peco por isso.Mas a questão é outra : o rock
tem ou não potencial de revolucionar a reta ordem da alma através da sujeição
dos sentidos ao gosto por um ritmo que –aqui não há dúvida: todos os historiadores
, antropólogos e sociólogos do movimento rock
são unânimes em reconhecer seu caráter contra cultural- foi criado para
a catarse ? (Eu digo que tem por experiência própria : fui rockeiro quando mais
jovem , freqüentei o ambiente underground do mundo rock.Tinha dezenas de CDs , DVDs
, etc...como tem o cigarro de desequilibrar a ordem química do cérebro por
conta da nicotina).Entre a perversão química e a anímica qual delas é mais
danosa?
“Alguns
acusam os puritanos de não separar adequadamente as coisas. Eu penso justamente
no contrário. O puritano é o que separa demais, analisa demais, desmembra
demais as coisas da amálgama que existe e compõe a própria realidade.”
Você não define
nem o que seja puritano nem de que puritanismo fala.Daí vira uma acusação vaga
: basta não aprovar o rock para ser puritano.Esse termo tem uma história
específica , ligado a um movimento protestante.Portanto mais rigor no uso deste
conceito.
“Para um
tratado de metafísica, seria ótimo, mas para uma avaliação da vida espiritual,
não adianta de nada.”
Fazes uma
confusão tremenda aqui : decompor e analisar é o método por excelência da razão
– consiste em distinguir o que é que ! Então a metafísica tem isso.A vida espiritual
exige em certa medida também essa distinção das coisas: distinguir o que é
nossa vontade e o que é vontade de Deus , quais são os nossos apetites ( ira ,
concupiscência ) , nossos afetos , amores , ações para julgar tudo a luza da
verdade revelada.A vida espiritual é conhecer a si mesmo a luz de Deus.Enquanto
conhecimento que é, exige também a distinção e a análise de nossa vida interior
; é isso que se chama exame de consciência”
“Nem tudo é separável, e praticamente tudo o
que é separável existe apenas como abstração (ou seja, não existe "por si
só" na realidade).”
Outra
confusão : em termos de realidade as coisas existem juntas o que não quer dizer
que não sejam distintas: alma e corpo existem juntas no homem mas uma não se
reduz a outra.São absolutamente distintas em termos ontológicos.A abstração o
que é ? A intelecção da essência.As essências são reais mas não materiais.São
imateriais e imutáveis.Tudo quanto existe nesse mundo físico em que estamos é
separável em termos de forma e matéria.Não existe a matéria pura sem forma.Dizer
que algo que é separável existe apenas como abstração é dizer que só existe na
mente do sujeito conhecedor( Exemplo : a forma de pássaro só existe na mente e
não no pássaro em si.Isso é nominalismo).Creio
que você não tenha dito isso mas a construção da frase dá a entender.
“Princípios
e tratados não levam ninguém para o céu, nem mesmo decorar a Suma Teológica.
Mas enxergar a vida como meta, como projeto, como caminho para a santidade, e
precaver-se de tudo o que possa obstrui-la (sem perder tempo com debates
pseudo-intelectuais), isso sim é necessário e essencial ao cristão para se
salvar”
Sim mas o
que isso tem a ver com o assunto ? O que seriam debates pseudo intelectuais ?
Muitos consideram o Rock um obstáculo para a vida e santidade.É isso que deve
ser discutido e não a Suma ou os princípios !
“Há algum
tempo, porém, descobri que o rock deve o seu nascimento a igrejas evangélicas
dos EUA: surgiu como um ritmo explosivo que acompanhava fortes experiências religiosas.”
Apresente
as provas disso !
“não
adianta explicar muito em termos técnicos, musicais, rítmicos e históricos, o
que é rock e o que não é. Até os músicos estão em desacordo quanto a isso.”
O DESACORDO
não prova que não se possa chegar a um conhecimento sobre o assunto.Simplesmente
parar o exame por que não há acordo é ridículo.Justamente por que não há é que
tem que ser discutido.Não há acordo sobre quase nada nesse mundo.
“Ora, há bandas
e bandas, e não se pode generalizar”
Sim se
pode ; tanto que o uso do termo Rock para qualificar bandas diferentes indicam
isso : que o conceito de rock convém a todas apesar das diferenças acidentais.
“Se
quisermos ser santos fazendo a vontade de Deus, teremos que necessariamente nos
mortificarmos e termos uma visão espiritual de nossa caminhada, e isso é
católico.”
Mortificar
implica em deixar gostos também.
“Vamos
raciocinar - há uma guerrilha desnecessária contra o Rock - cujo reação de fãs
em shows no que se diz respeito a uso de drogas entre outras coisas, pode
acontecer com qualquer outro ritmo e qualquer outra aglomeração de pessoas, que
estão entrando na onda anti-cristã e que não são poucas.”
O fato é
que não acontece : um show de pagode e sertanejo não tem consumo de drogas como
em um show de rock.O que não significa que eles sejam bons ( basta lembrar o
estímulo que estes ritmos – excluo daí o sertanejo de raiz - fazem a liberação sexual).O anticristianismo em
diversas bandas de rock é mais explícito.E mesmo bandas mais comportadas podem
ser porta de entrada para as mais pesadas.
Rafael, gostei dos seus argumentos e acredito que podemos debater de forma sadia sobre o tema, assim um pode aprender com o outro.
ResponderExcluirEm um momento oportuno, colocarei mais algumas observações não no sentido de réplica, mas para aprofundar mais sobre esse tema.
Seu irmão em Cristo
David!
Me desculpem a intromissão no seu debate é que entrou em minha pagina do face curtida por um amigo em comum, e vou dar meu depoimento aqui, sem me adentrar muito no assunto, meu filho aos +ou- 14 anos começou a "curtir" o rock internacional e eu como não sei o idioma, comecei a procurar a tradução de algumas musicas e nomes de bandas que ele ouvia, e mostrar a ele e conversar sobre tantos absurdos que estavam ali ao nosso alcance, bem ele tem essa folha de papel guardada com ele em sua gaveta até hoje, ele deixou de ouvir aquelas bandas? "não", mas sempre soube dissernir o que era bom e o que não era, o que devia ser seguido e o que não, e quando ele estava com 16 anos faltando praticamente um mes e meio para ele receber o sacramento do crisma, foi para o encontro com uma camiseta que tinha uma estampa do Raul Seixas e a catequista que trabalhava com o grupo não o deixou ficar na reunião dizendo que aquela camiseta era coisa do diabo, pois bem ele veio embora e não voltou mais, agora eu lhe pergunto, quem pecou? ele ou a mulher que o impediu de ficar na igreja na reunião dos jovens crismandos? Bom ele está hoje com 26 anos,é um rapaz do bem, honesto trabalhador, formado e frequenta a igreja quando quer, não por imposição minha ou de ninguem, nunca se crismou e continua a curtir Rock.
ResponderExcluirTeu filho mostrou bem o que o ROCK fez com ele : ao invés de por Raul Seixas em segundo plano e o sacramento em primeiro ele pos o ROCK como prioridade.Mesmo não concordando com o gesto do catequista se teu filho tivesse mesmo fé , saberia engolir calado e se sujeitar a regra para receber o dom do Espírito Santo.Quem é católico tem que saber receber a cruz com obediência.O teu filho Ana Castro foi orgulhoso , altivo , arrogante.Preferiu não se crismar.Pior para ele.
Excluirum show de pagode e sertanejo não tem muito consumo de drogas,em que mundo você vive meu caro???E outra álcool e fumo não são drogas,estou sentindo um sentimento de católico ferido aqui!!!
ResponderExcluirJ.S.Bach- protestante cabalista. Não muito diferente do esotérico Beethoven e do maçom Mozart. A que deus eles agradavam com suas composições?
ResponderExcluir