segunda-feira, 26 de agosto de 2024

O Globalismo é o Norte Americanismo

 

Os USA, primeiro estado a ser criado pela Maçonaria, é o principal poder operante de Satanás na Terra agora

Para você entender isso precisamos indicar que as três possibilidades de ação para os USA, no pós queda da URSS em termos de política internacional, se articulam em torno dum mesmo eixo: consolidar a hegemonia dos EUA no Globo. Estas três possibilidades são:


A- O neoconservadorismo do Partido Republicano que através de intervenções unilaterai objetiva espalhar as instituições americanas pelo mundo garantindo assim os interesses estadunidenses contra arroubos de líderes ditatoriais ou não antiamericanos que poderiam desestabilizar o cenário externo, pondo em xeque o domínio dos USA.


B- O multilateralismo do Partido Democrata que busca construir uma governança global ao lado de aliados como os países da Europa Ocidental mais o Japão.


C- O Globalismo do CFR que pretende dissolver as soberanias nacionais criando um Governo Global sob auspícios da super classe mundialista que coincide com os plutocratas dos EUA e Europa.


Nos três casos o que teríamos é, de qualquer modo, a hegemonia dos valores americanos, dos direitos humanos universais baseados unicamente na natureza e sem lastro em Deus, do modelo democrático liberal, secular e laico, a prevalência dos direitos individuais, etc; o que diferencia cada projeto é o modo e a forma de implementar essa hegemonia como o modo e a forma da inserção das elites nela (No caso dum Governo Global sob o CFR as nações teriam direito de voz num parlamento mundial, algo similar ao que já acontece na Assembleia Geral da ONU; não há que se falar aí duma ditadura como alguns conspirólogos vulgares fazem mas dum sistema federativo o que não quer dizer que isso não signifique uma ameaça aos povos já que suas vozes seriam deveras diluídas num sistema piramidal). Em resumo: em qualquer dos casos a Plataforma de Desenvolvimento dessa dominação seria a tradição política americana como veículo privilegiado do Iluminismo. A única atitude possível ante este quadro seria uma posição anti-imperialista e anti- americana o que significa recusar a hegemonia dos USA sob que forma aparecesse. 


Mas os críticos do tal governo mundial falam de um "globalismo" sem dizer  do que se trata: Americanismo puro e simples. Então o que figuras como Olavo e seus pupilos fizeram foi desinformar: ao mesmo tempo que chamam a atenção para o globalismo tiram-na do seu verdadeiro agente, os USA, e estimulam as pessoas a se unirem aos EUA contra uma suposta elite satanista global anti EUA associado a esquerda. Então o problema central passa a ser a Esquerda e não mais os USA embora as esquerdas atuais estejam se americanizando e se redendo a Globalização e ao Fórum Econômico Mundial, instrumento da elite global de origem norte americana. Um exemplo disso é Lula que se afastou da òrbita tradicional da esquerda latino americana, que girava em torno de Cuba e do Chavismo mais recentemente, para a de Washington e sua defesa da "democracia" em moldes estadunidenses. O maior exemplo da fraude do antiglobalismo de direita é o apoio a Trump que desde 2017,  quando atacou a Síria de Assad, que seu isolacionismo é um blefe. 

terça-feira, 13 de agosto de 2024

O mito da Terra plana: lenda negra anticristã

 



Diz-se que os medievais sustentavam que a Terra era plana, mas isto é falso: os estudiosos da época já consideravam que a Terra é esférica. O mito nasceu no século XIX e, que coincidência, em tom anticristão. Saul Finucci conta isso em Il Timone: d A Idade Média não acreditava numa "Terra plana"

Aqueles que defendem hoje que a Terra é plana são considerados “medievais” e, de qualquer forma, os medievais sempre foram desprezados por terem apoiado a teoria de que a Terra era plana. Na realidade, os medievais eram mais modernos do que alguns contemporâneos.

Por exemplo, numa série de ficção de 1984, Colombo, convencido de que a Terra é esférica, é visto discutindo com professores da Universidade de Salamanca, convencido de que a Terra é plana e, portanto, não pode ser alcançada pelas Índias pelo oeste. Mas esse debate nunca existiu.

Na verdade, o povo medieval recebeu esta teoria do astrônomo Ptolomeu (século II dC), segundo a qual a Terra era uma esfera no centro do universo.

Vários testemunhos 

É verdade que o escritor Lactâncio (250-317) rejeita a ideia de que o mundo seja esférico, mas ninguém o segue. De facto, pouco depois, Agostinho de Hipona, uma das máximas autoridades dos medievais, num comentário ao Génesis (Genesi ad litramam), considera a Terra como um planeta esférico: “Como a água cobriu toda a Terra, nada impediu que em de um lado dessa massa esférica de água a presença da luz produzia o dia e do outro lado a sua ausência produzia a noite, que, a partir da tarde, ocorria no lado de onde a luz recuava, que se dirigia para o outro lado" (Livro I, 12, 25). Muitas cópias medievais dos escritos de Macróbio (século V) contêm mapas da Terra que incluem os Pólos Norte e Sul e as zonas climáticas descritas por Ptolomeu, mostrando a esfera da Terra (globus terrae) no centro de todas as outras esferas celestes. 

Dois textos de Macróbius do século XI (século V), trazem imagens da Terra esférica: uma Terra com zonas habitadas de acordo com a distância ao equador e uma Terra como esfera e não como centro de um universo esférico. Ambas as imagens pertencem ao Comentário ao Sonho de Cipião, escrito de Macróbio sobre De Republica de Cícero. “Macróbio é um dos dois responsáveis ​​pela persistência da crença na esfera da Terra entre os geógrafos medievais”, afirma à Biblioteca Nacional de Espanha ao apresentar as suas cartografias.


Isidoro de Sevilha (559-636), autor da mais famosa “enciclopédia” medieval, diz em outra obra (De natura rerum) que a Terra é esférica. O monge Beda, o Venerável (673-735), explica: “Dizemos que a Terra é um globo (...), porque é realmente um orbe colocado no centro do universo; na sua parte larga é como um círculo , não circular como um escudo, mas como uma bola" (De temporum ratione, 32). O livro de Beda foi amplamente divulgado entre os padres do período carolíngio. Teodorico de Chartres (falecido por volta de 1155) diz que, durante a criação do mundo, o ar envolve e comprime a Terra por todos os lados, reunindo-a "em uma forma esférica" ​​e dando-lhe a dureza que vemos hoje (De sex dierum ópera, 8). Roger Bacon (século XIII) e Tomás de Aquino (século XIII) também dizem que a Terra é esférica. Tomás de Aquino escreve: “As ciências distinguem-se pelos diferentes métodos que utilizam. O astrónomo e o físico podem provar a mesma tese, por exemplo, que a Terra é esférica; natureza da matéria" (Summa Theologica, 1, q.1, a.1). Em 1230, Johannes de Sacrobosco escreveu o Tractatus de Sphaera, livro muito utilizado na universidade, no qual é considerada a Terra esférica.

Uma mentira anti-medieval 

O primeiro a narrar um debate imaginário entre Colombo e os terraplanistas foi o escritor Washington Irving, que publicou The Life and Voyages of Christopher Columbus em 1828. Mais tarde, em 1874, o historiador amador J. W. Drapier publicou a História do Conflito entre Religião e Ciência: para ele, os medievais eram terraplanistas e, portanto, adversários da ciência. Em 1888, o divulgador Nicolas Camille Flammarion publicou a história de um missionário medieval que chega aos confins da Terra e toca o ponto onde se encontra com a abóbada celeste. A história é acompanhada por uma imagem (uma gravura), muitas vezes reproduzida em textos sucessivos. Esta história não se encontra em nenhum texto medieval, portanto é fruto da fantasia, assim como a imagem. Segundo alguns autores do século XIX, a religião teve que ser superada. Para conseguir isso, foi necessário convencer as pessoas de que a religião e a ciência eram inimigas. Mesmo ao custo de inventar falácias, como explica o historiador Jeffrey Burton Russell, em seu livro Inventing the Flat Earth: Columbus and the Modern Historians (1991), publicado em espanhol como "O mito da terra plana". 


domingo, 7 de julho de 2024

Assange revelou o plano sionista de um genocídio em Gaza e da destruição nuclear do Irã


    

    A atual escalada militar e genocida de Israel em Gaza já havia sido prevista por Julian Assange, conhecido internacionalmente como um revelador de verdades inconvenientes e um prisioneiro político do Ocidente, suas revelações tiveram impactos profundos em quase todos os cantos do globo, incluindo o mundo árabe. Uma das várias contribuições do Wikileaks para a Palestina foram telegramas que funcionaram para confirmar um elemento da agenda de Israel na Faixa de Gaza, ajudando a moldar a nossa compreensão geral da realidade no terreno hoje durante o ataque genocida lançado pelo governo israelita. Telegramas confidenciais secretos, de Março de 2008, revelaram que os diplomatas dos EUA tinham aprendido que as intenções de Tel Aviv, com o seu cerco abrangente imposto à Faixa de Gaza, eram “manter a economia de Gaza a funcionar ao nível mais baixo possível, consistente com uma crise humanitária”. 

    O que aprendemos com os documentos vazados foi uma confirmação de que Israel estava seguindo a estratégia delineada em 2006 por Dov Weisglass, conselheiro sênior do primeiro-ministro israelense na época, Ehud Olmert, que falou em colocar os “palestinos em dieta, mas não para fazê-los morrer de fome", numa espécie de genocídio sutil.  Além disso, os telegramas do Wikileaks revelaram que o antigo secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, tinha falado sobre o seu conhecimento das armas nucleares israelitas e disse que Israel tinha 200 armas nucleares apontadas contra a República Islâmica do Irão. Esta foi uma grande revelação, pois foi o primeiro reconhecimento por parte de um importante funcionário americano das capacidades de armas nucleares israelitas, que Washington e Tel Aviv se recusam a comentar publicamente; em grande parte devido à recusa de Israel em assinar o tratado de não-proliferação nuclear. 

    A primeira revelação de Assange já está a se realizar agora em Gaza, tudo indica que o próximo passo será atingir o Irã e levando em conta que o país acaba de eleger um presidente moderado, o plano sionista ganhará fôlego dado que a tendência é que o regime iraniano baixe a guarda. 

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Bets, Tigrinho, crime organizado, Bolsonaro e Lula: onde "menos estado" nos levou e a esquerda igual a direita

 


    O voto e o apoio a Bolsonaro foi defendido por muita gente em nome de tirar o "estado do cangote do cidadão" para usar uma expressão usada pelo então presidente. Nós aqui sempre dissemos que se tratava de uma proposta inócua pois além de não entregar um novo ciclo de prosperidade econômica, afinal nenhum país rico e desenvolvido chegou a sê-lo sem o estado subsidiar o crescimento o que exigiu mais e não menos estado, deixaria o país a mercê do crime que só é possível combater sob um estado forte. 



    No domingo último, dia 23/06/2024, o jornal O Globo, trouxe, na capa, uma reportagem mostrando como o crime organizado do Comando Vermelho está usando os sites de Bet, conhecidos pelas apostas esportivas, para lavar dinheiro do Tráfico de Dorgas. Bolsonaro tem culpa direta pois em 2022 deixou findar o prazo para regulamentar esses sites.que, pelo decreto de 2018, que autorizou seu funcionamento teriam que, uma vez regulamentados, operar com endereços .com.br. Sem regulamentação eles operam como off shores, portanto fora do país, evadindo divisas.  




    Agora os fatos que tem vindo a tona em torno do jogo do Tigrinho, que se notabilizou pelos golpes e estelionatos, apontam para uma provável destinação dos lucros destas Bets. O pior é que já anda no Congresso o projeto que regulariza cassinos e jogos de azar no país. Segundo Lula, se o congresso aprovar ele vai sancionar pois "pobre não vai jogar em Cassino, torrando seu dinheiro, mas vai trabalhar lá". O projeto dos cassinos era de Paulo Guedes sob patrocínio do rei da jogatina de Las Vegas, norte americano, Sheldon Adelson. Quando esse debate estava em curso durante o governo Bozó gravamos uma denúncia no canal Legião da Santa Cruz no link que segue https://www.youtube.com/watch?v=SHu_4VLr0Gg. O governo Lula, com essa atitude complacente com a jogatina que, ao contrário do que diz o atual presidente, arruinou e continua arruinando a vida de trabalhadores, inclusive de crianças e jovens (https://sampi.net.br/ovale/noticias/2840990/brasil-e-mundo/2024/06/bets-vicio-em-apostas-ameaca-criancas-e-adolescentes) mostra não ter nenhuma diferença para o último governo. 

terça-feira, 16 de abril de 2024

Israel derrotado pelo Irã


Se Israel obteve uma vitória tão grande ao repelir o ataque do Irão há algumas noites, porque é que os israelitas estão tão desesperados para retaliar? Quando você vence uma guerra, na maioria das vezes você reserva férias, deseja fazer uma pausa em vez de retaliar. Você adivinhou corretamente.

Israel foi amargamente derrotado naquela noite. Recebeu todos os avisos necessários do Irão. Como sabemos, o Irão deu indicações completas sobre a escala do ataque, as tácticas e o tipo de armas utilizadas. Na noite, o Irã deu a Israel 5 horas para se preparar e, ainda assim, apesar de tudo isso, o Irã conseguiu penetrar na IAF mais protegida em Nevatim e, segundo algumas fontes, também na Base Ramon da IAF. Ambas as bases aéreas estão localizadas no deserto de Negev, pouco povoado.

Israel relata uma taxa de sucesso de interceptação de 99%, mas este número é obviamente tão verdadeiro quanto a história sobre os 40 bebês decapitados.

O Irão estava praticamente a testar o sistema de defesa aérea de Israel e a eficácia das forças proxy de Israel na região: os EUA, a Grã-Bretanha, a França e também a Jordânia. Irã, se bem entendi. nem sequer usou ogivas explosivas. Não era necessário. O seu objectivo era apenas transmitir uma mensagem e testar o sistema de defesa israelita.

O Pentágono e o Ministério da Defesa do Reino Unido compreenderam a mensagem iraniana. Eles também entendem o resultado do teste de armas antiaéreas israelenses. O fracasso de Israel há duas noites é ainda maior do que a catástrofe de 7 de Outubro. Israel apostou numa estratégia e tecnologia erradas e insustentáveis. A América e a Grã-Bretanha elogiam o sucesso de Israel numa tentativa desesperada de conter o entusiasmo maníaco e autodestrutivo israelita. Mas Israel sabe que foi derrotado pelo Irão naquela noite. Percebe que investiu no sistema de defesa errado. O custo da repulsão mal sucedida de um ataque balsítico iraniano de média escala foi mais de 10 vezes superior aos meios envolvidos no ataque em si. E isso sem levar em conta os danos que podem ser causados ​​por ogivas explosivas adequadas.

Nem Israel nem o seu representante podem sobreviver 3 noites desse tipo de guerra. O Irã lançou cerca de 200 mísseis balísticos naquela noite. Mas o Hezbollah é capaz de lançar mais de 2.500 mísseis balísticos de médio alcance por dia durante meses.

Tudo o que foi dito acima faz da guerra israelense uma aventura fatal e sem esperança.

Gilad Atzmon

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Padre Antônio Vieira revela por que Portugal perdeu o lugar para os povos loiros do norte

 




No sermão da Epifania do Padre Antônio Vieira, pregado em 1662 , ele defende a liberdade dos índios contra a cobiça dos colonos que desejavam usá-los como escravos, e explica a razão de Portugal ter perdido a hegemonia para os Países Protestantes do Norte relacionado ao fato de a defesa da escravidão do índio ter sido feita com base no argumento de que eram os “negros da terra”:


“Nos acusam de defender os índios por que não queremos que sirva ao povo mas somente a nós o que não é verdade pois devemos defender o gentio que Cristo trouxe a nós como Ele defendeu os Magos da Tirania de Herodes pois fê-los voltarem para sua terra livres e soberanos, não lhes tirando a pátria nem a liberdade natural e é assim que zelamos que os índios permaneçam […] Mas nada disto basta para moderar a cobiça dos nossos caluniadores por que dizem que são negros [os índios] e hão de ser escravos...Ora dos Magos que vieram visitar Cristo um era preto, Belchior, seria justo que Cristo o mandasse ficar em Belém para ser escravo de São José? Bem o pudera fazer pois é Senhor mas nos quis ensinar que os homens de qualquer cor são iguais por natureza e mais iguais ainda por fé se creem e adoram o Cristo como os Magos. Um etíope se se lava na água do Zaire fica limpo mas não fica branco mas se for batizado fica ambos: limpo e branco. Por isso é tão pouco a fé dos inimigos dos índios que depois de nós os termos feitos brancos pelo batismo eles o querem fazer escravos por negros.


Não é minha intenção que haja escravos...o mesmo sucedeu a São Paulo que tendo libertado do demônio uma escrava em Filipos, na Macedônia foi vítima do motim do povo contra eles – Paulo e Silas – que foram maltratados, presos e expulsos. Pois o povo queria apenas a escrava mas ela com o demônio: pois os cativeiros lícitos sem demônio são poucos e os ilícitos com demônio são muitos […] confundidos pela evidência o que dizem? Que sem escravos não se pode sustentar o Estado! Vede que coisas para se ouvir com ouvidos católicos e apesentar a um rei cristão: que só podemos nos sustentar com a carne dos miseráveis índios. E por que os pregadores do evangelho não querem entregá-los ao açougue dizem-lhe, fora de nossas terras! Ora o Castigo de Sodoma e Gomorra foi mais moderado que será das terras que expulsaram os pregadores de Cristo!


Já considerei por que aquelas terras [ do nordeste do Brasil ] fossem dominadas, pela permissão da Divina Providência, pelos hereges do norte [ holandeses adeptos do protestantismo que dominaram Bahia e Pernambuco no século 17 ]: e a razão é que nós somos tão pretos em relação a eles como os índios em relação a nós! E era justo que se fizemos tais leis por elas se executasse em nós o castigo. É como se dissesse Deus: já que vós fazeis cativos a estes por que sois mais brancos que eles eu vos farei cativos de outros que são mais brancos que vós!


As nações umas são mais pretas e umas são mais brancas pois estão mais vizinhas ou mais remotas do sol! E pode haver maior inconsideração de alguém deve ser senhor de outro por ser ter nascido mais perto ou mais longe do sol?”


Foi o incipiente racismo dos colonos, adverso a união mística das três raças consubstanciada no Brasil e que realiza o grande ethos português como monarquia cristã obrigada a converter e salvar os gentios pois para isto Cristo fundou e instituiu o reino de Portugal, a causa da ruína lusitana. Tiremos disso uma lição sobretudo nesta hora de trevas em que brasileiros se insurgem uns contra outros estimulados pelo bolsonarismo e lulismo que promovem o ódio regionalista entre nordeste x sul/sudeste


segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

O COMUNISMO NA REVOLUÇÃO ANTICRISTÃ (1961) - Padre Julio Meinvielle

Padre Julio Meinvielle

 

    A única modalidade de 'anticomunismo' que a meu ver realmente importa (e que é ao fim e ao cabo respeitável) é aquela que se formula a partir de uma perspectiva católica tradicionalista. É, com efeito, a única abordagem que faz as conexões certas e necessárias (marxismo - liberalismo - iluminismo - reforma protestante - renascimento), fundamentando a crítica do ideário comunista a partir do único paradigma realmente coerente, consequente e portanto válido para qualquer católico sério: a Doutrina Social da Igreja. 

É o anticomunismo de um Donoso Cortés, de um Maurras, de um Chesterton e de um belo livro como este, de autoria do padre argentino Julio Meinvielle, um notável caudatário desta nobre tradição.

 Manejando com maestria e fina verve retórica o aparato conceitual da Escolástica, Meinvielle vai ao amago da questão e liga todos os pontos com precisão cirúrgica. Trata-se sobretudo de interpretar o marxismo à luz d'uma "antropologia filosófico-teológica", bem como d'uma "teologia católica da história e da cultura", como esclarece o filósofo tomista Carlos Alberto Sacheri, conterrâneo do autor, em texto de apresentação à obra. 


A obra, "Comunismo na Revolução Anticristã", do Padre Júlio 


Meinvielle parte do princípio da existência de quatro dimensões essenciais na natureza humana (ser-sensível-racional-divino), que devem funcionar em harmonia com as funções básicas de toda sociedade (economia de execução - economia de direção - política sapiencial). Tal é o ordenamento tradicional, que deriva da própria natureza do Homem. Não obstante, a partir do nominalismo no século XIV, tem início um processo de crescente desagregação, que progride através de três marcos fundamentais: o Renascimento e a Reforma - a Revolução Francesa - a Revolução Russa, que em conluio com o demoliberalismo instaura o primado absoluto da Matéria sobre o Espírito no horizonte da consciência universal. 

É uma lástima que uma obra como esta não tenha maior divulgação / difusão por estas plagas, pois poderia ser um excelente antídoto contra o anticomunismo de fancaria que se tem difundido no Brasil nas últimas décadas, uma nefasta peçonha ideológica inoculada no debate público por legiões de pseudoconservadores e liberais; no Brasil e na própria terra natal do autor, diga-se de passagem, que acaba de alçar à presidência da república um execrável charlatão useiro e vezeiro nestes ilusionismos. 


Por Alfredo RR de Sousa

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A Igreja “Casa da Mãe Joana” das Dubia de Bergoglio

Bergoglio e Fernandez: "esta é a hora do poder das trevas" - Jesus; Evangelho de Lucas 22,53

 

Aqui no Brasil a expressão “casa da Mãe Joana” remete a um lugar onde cada um faz o que quer estando ausente qualquer lei, ordem, regra, etc. Segundo Câmara Cascudo a expressão teve origem com Joana, rainha de Nápoles que na Idade Média, normatizou os prostíbulos na cidade em que se refugiou. As respostas de Victor Fernandez, titular da Congregação para a Doutrina da Fé, nomeado Cardeal por Francisco, as Dúbia enviadas por Dom Negri, Bispo de Santo Amaro nos fizeram lembrar dessa expressão e a razão é simples: os sacramentos, na nova “disciplina” da Seita Bergogliana, são porta de entrada, direitos em vez de dons de Deus. Direito por natureza é de todos os titulares sem condições outras. Pois é dessa maneira que os sacramentos passam a ser encarados.

                Um transexual pode ser batizado? Segundo Fernandez pode desde que "não gere escândalo", mas o que gera escândalo agora, nestes tempos pós modernos, num tempo em que tudo é permitido? Nada! Na mesma resposta a essas Dúbia Fernandez argumenta que o batismo pode e deve ser administrado mesmo sem as disposições subjetivas e as condições objetivas do candidato. Para legitimar esse absurdo Fernandez se vale de, pasmem, Santo Tomás ao dizer que uma vez afastadas essas más disposições, a graça santificante produzirá frutos. Mas ele não se satisfaz em usar, fora de contexto, o Doutor Angélico, se valendo inclusive de Santo Agostinho que diz que a marca indelével do sacramento do batismo não se perde apesar do pecado cometido depois dele ter sido administrado, deixando de lado as recomendações e determinações da boa doutrina e do direito canônico sobre as devidas condições e disposições do candidato ao batismo. Cabe lembrar que o direito canônico aduz que, para adultos, faz-se necessário, para ter acesso aos sacramentos, ter sido provado na vida cristã por meio do catecumenato.

Segundo Fernandez:

“frequentemente a previsibilidade de uma nova queda «não prejudica a autenticidade do propósito».

Em suma, bastaria um propósito vago, genérico e sem forma para tornar legítima a  administração dos sacramentos. A concepção de Bergoglio de uma Igreja Aberta a todos sob o símbolo de uma “Igreja Casa do Pai” ao invés da “Igreja Alfândega” contrasta com a Parábola do Filho de Pródigo que fala do retorno a Deus através dum processo de arrependimento profundo, tema banido da Igreja da Misericórdia, de Francisco.

domingo, 29 de outubro de 2023

Por que Cristo é Rei das sociedades e não apenas das almas fiéis?

 


Sem a reta doutrina sobre a Realeza de Cristo nunca entenderemos a doutrina da guerra santa cristã 


    A festa de Cristo Rei foi instituída por PIO XI, Papa de feliz memória, para relembrar ao mundo ocidental cujos estados apostataram depois das revoluções liberais do século 18 e 19 que baniram Nosso Senhor da vida pública, que Cristo é Rei também das sociedades e não só das almas não podendo a religião ficar restrita a esfera privada. A mentalidade liberal contagiou a sociedade com o vírus da laicidade que consiste em separar os negócios do Estado dos negócios da Igreja separando a vida civil da lei divina como se a consciência errônea tivesse os mesmos direitos da consciência reta, igualando falsas religiões com a verdadeira que deixa de ter a devida proteção do governo. Essa mentalidade concebe que ao Estado cabe somente cuidar da vida material e do bem estar econômico ficando indiferente às coisas da alma. Leão XIII, Papa, lembra, na sua encíclica Libertas que as leis civis devem favorecer a salvação eterna. Ao Estado cabe prestar o devido culto e honra ao Deus Verdadeiro, pois o poder só é legítimo se vem dele, fonte de toda autoridade. 


Embora Cristo seja rei sobretudo espiritual pois reina nas almas dos fiéis diz PIO XI, na Quas Primas, que:  


    ERRARIA GRAVEMENTE aquele que negasse a Cristo-homem o poder sobre todas as coisas humanas e temporais, posto que o Pai lhe conferiu um direito absoluto sobre as coisas criadas, de forma tal que todas estão submetidas a sua vontade[...]Portanto, o domínio do nosso Redentor abrange todos os homens, como afirmam estas palavras do nosso predecessor, de imortal memória, Leão XIII, que aqui nós fazemos nossas: “O reino de Cristo não se estende somente aos povos católicos, ou aqueles que, regenerados na fonte batismal, pertencem, por direito, a igreja, ainda que opiniões erradas os afastem ou a divergência os divida da caridade; mas abrange também todos aqueles que não possuem a fé cristã, de forma que todo o gênero humano está sob o poder de Jesus Cristo”. Não há diferença entre indivíduos e sociedade doméstica e civil, pois os homens, unidos em sociedade, não estão menos sob o poder de Cristo do que o estejam os homens particulares”.


Este erro de considerar Jesus somente rei das almas e não das sociedades é o professado pelos protestantes e pelos católicos liberais da linha do Vaticano II e até por tradicionalistas que recusam a luta política em prol do estado católico em nome duma espera que Cristo reine em todas as almas para só então instituir seu Reino Social. Não foi assim na Idade Média quando, em muitos casos, através da conversão de reis, leis cristãs eram estipuladas proporcionando que povos (a exemplo dos francos) adotassem a fé católica, de forma que o reino social preparava as condições para estabelecer o reino espiritual. 


    A reforma da liturgia que gestou a Nova Missa, coloca a Festa de Cristo Rei no último domingo do ano litúrgico a indicar, como diz o Padre Matias Gaudron da FSSPX no seu livro “Catecismo da Crise”, onde expôs os erros do Vaticano II, que o reinado social de Jesus não deve se estabelecer na sociedade e na história mas apenas nas almas e que devemos esperar pelo fim dos tempos, deixando a vida civil sem o fermento do evangelho; mas isto constitui uma heresia já que limita o governo de Cristo à vida dos indivíduos opondo-se de forma explícita ao ensinamento de Pio XI na Quas Primas. Foi nesta linha que Paulo VI, Papa, depondo a luta pela constituição duma sociedade cristã, deu aos católicos a permissão de se filiar em partidos laicos acabando com os partidos católicos que, fomentados por Papas como Pio X e Pio XI, foram veículos para a retomada da cristianização da política no começo do século 20. A liturgia da Missa Tridentina, neste sentido, coloca a Festa de Cristo Rei no meio do ano litúrgico a fim de ressaltar que já agora é factível um Reino Social de Jesus, conforme o ensinamento de Pio XI na Quas Primas, ou seja, uma sociedade inspirada pelo ensinamento evangélico a que chamamos "Cristandade" e que existiu, apesar de suas imperfeições, durante a Idade Média, época em que a vida social, econômica e política obedecia ao poder espiritual da Igreja e, através dela, rendia culto a Deus. 


    Não devemos confundir a cristandade com a heresia milenarista que fala dum reinado pessoal de Jesus na Terra com os justos ressuscitados por mil anos. A cristandade é antes a convergência e a sincronia entre o poder terrestre ou político e o poder espiritual ou eclesiástico, ou seja, teocracia, um governo em nome de Deus. A cristandade não é uma sociedade onde o pecado está banido mas onde está mitigado para favorecer a saúde espiritual dos homens ajudando-os a chegar no seu fim último que é Deus e a vida paradisíaca no céu. 


    Viva Cristo, Rei das almas e das sociedades!

domingo, 9 de julho de 2023

Canção Nova endossa adultério

 

Um livro que merece um auto de fé digno da inquisição espanhola

    

    A editora Canção Nova da Comunidade Carismática Canção Nova lançou um livro que tem tido bastante saída nas livrarias, sendo bem fácil de encontrar na seção religiosa de lojas como a da Saraiva, etc. O nome da obra é “Casais de segunda união, a Igreja é o seu lugar” de João Bosco e Aparecida de Fátima. O problema já começa no título pois não se trata de segunda união, eufemismo para relação adulterina. A doutrina de Cristo concebe o casamento como indissolúvel; ainda que haja casos de nulidade matrimonial somente um tribunal eclesiástico pode julgar o mérito sendo vedado ao fiel assumir um outro relacionamento caso tenha se casado na Igreja; enquanto ela não julgar que o matrimônio anterior foi nulo a atitude do católico deve ser o de espera paciente e continência sexual. Todavia as chamadas pastorais familiares tem estimulado pessoas que vivem em condição irregular a continuar mantendo vínculos objetivamente pecaminosos na esperança de conseguir uma sentença de nulidade.


    A obra em tela destaca que o novo código de direito canônico de 1983, fruto do Concílio Vaticano II, infelizmente modificou o enfoque doutrinal anterior. Antes de 1962 a Igreja enfatiza o caráter contratual do matrimônio derivando daí uma lista de direitos e deveres dos cônjuges. A partir do CVII e sua abertura ao mundo ocorre uma progressiva relativização do enfoque anterior que se não é expressamente abandonado ou negado passa a ser secundarizado. O novo enfoque é do casamento como “pacto” cujo significado seria o de “realizar o bem da comunidade conjugal na sua plenitude familiar”. O efeito disso é patente: o código anterior classificava os “casais em segundo união”, de bígamos, infames, pecadores públicos, adúlteros enfim. Quem morresse nessa condição ficava proibido de ter exéquias, enterro em cemitério católico, missas em sufrágio. Agora é diferente: não pesa mais sobre esses casais as penas canônicas atinentes ao adultério público.


    É bastante irônico que um movimento como a RCC, que preconiza uma vida de santidade, albergue propostas como esta e promova uma obra francamente herética usando toda sua estrutura editorial e comercial para divulgar um conceito laxo de casamento. O livro em tela, na página 82, preconiza abertamente o abandono dessas classificações em prol da não discriminação desses “casais” em nome da caridade. Ora a caridade implica antes de tudo no amor a Deus e ao próximo por causa dele. Mas acolher um pecador só faz sentido em vista de sua salvação e nunca em vista de amenizar o seu pecado. Pelo visto o apelo de santidade da Canção Nova não passa de palavras jogadas ao vento e está escorada, infelizmente, em uma carta aos bispos sobre questões matrimoniais lançada em 1994 que autoriza uma solução pastoral a casos de “segunda união” em que:


“os divorciados novamente casados não devem ter acesso à comunhão eucarística, mas poderiam aproximar-se desta em determinados casos, quando segundo ao juízo da sua consciência a tal se considerassem autorizados” (Carta n. 3).


    Para a Congregação para a Doutrina da Fé, permanece um único caso que se deve levar em consideração, ou seja, daqueles que estão “subjetivamente certos em consciência que o matrimônio anterior, irremediavelmente destruído, jamais fora válido”. Com esse princípio subjetivista se abriu caminho ao abismo moral que reina hoje nos ambientes conciliares: padres dando comunhão a adúlteros públicos somado a católicos se separando por qualquer motivo fiando-se na “certeza subjetiva” de que seus matrimônios foram nulos o que implementou uma situação generalizada de imoralidade sexual sob a benção do clero.


    Mais uma vez o apelo de Dom Marcel Lefebvre de que devemos resistir na fé as novidades conciliares se faz urgente e atual.


sexta-feira, 21 de abril de 2023

O "Cristo Marxismo" de Daniel Ortega

 


Embora a concordata entre o estado venezuelano e a Santa Sé – firmada em 1964 – continue vigente desde Chavez surgiram elementos de profunda tensão entre as autoridades eclesiásticas e a políticas da Venezuela logo no começo do regime. O caso da Igreja Nicaraguense tem similaridades com o status do clero católico na Venezuela que desde a ascensão do chavismo é de conflito ainda que o regime tenha se apropriado das pautas morais cristãs como criminalização do aborto e dos estudos de gênero e deixado de lado o invasionismo do estado na tocante a pautas lgbtqi+.


Quanto a Nicarágua cabe dizer que o monsenhor Carlos Enrique Herrera, presidente da CEN (Conferência Episcopal da Nicarágua), confirmou que a Polícia determinou que as procissões de Semana Santa fossem realizadas apenas nos templos o que indica que a religião católica está a virar religio ilicita no país. A Via Sacra aquática feita a mais de 40 anos no grande lago Cocibolca que é, além duma tradição religiosa um evento turístico que ajuda a economia local e os barqueiros, acabou sendo feita pelo regime de Ortega decidiu conduzir a Via Sacra no lago mas sem um padre para rezar e conduzir as 14 meditações nas respectivas estações o que além de tudo indica que o regime poderia estar indo na direção da formação duma igreja nacional a reboque do estado.


Igualmente na Venezuela a Igreja, especialmente o episcopado, foi tratada com cautela pelo Movimento da Quinta República (MVR) durante sua subida ao poder. A relevância social da Igreja no sistema politico e as críticas pessoais de alguns bispos a candidatura de Chavéz em 2002 criaram desde cedo situações de atrito. Embora não houvesse consenso entre leigos, padres e bispos em torno duma visão de país e seu regime político era percebido que o chavismo na medida que buscava hegemonizar os interesses e recursos da sociedade civil, não poderia ser positivo dada a relativa dependência da obras pias e institutos religiosos dos subsídios estatais assim como o desastre que economia chavista impunha ao setor privado acabava refletindo na diminuição da colaboração deste a Igreja. O chavismo mesmo tendo absorvido o moralismo católico popular sempre foi carregado de anticlericalismo e ambivalente face à religiosidade popular. Isto deve-se ao marxismo crioulo em relação ao estabelecimento formal do clero onde o mesmo estaria separado dos paroquianos por uma opção preferencial pelos ricos. A verdadeira doutrina salvífica estaria na revolução bolivariana: o chamado Cristo – Marxismo do MVR.


Ortega fez uma relação similar contra a hierarquia católica acusando-a de ser uma ditadura perfeita por seus membros não serem elegíveis. Fundamentada na clássica dicotomia “povo vs oligarquia” a reação chavista implicava numa releitura da teologia da libertação explicitada num discurso de Chavez sobre as missões coloniais ao dizer que “católicos imorais espalharam histórias pela América para legitimar a escravidão ao falarem que Deus quis que fossem escravos para atingir a redenção no céu mas o Reino de Deus está aqui na Terra” (In: Venezuela, Chavismo e Iglesia Católica, p.14). Dada a missão da qual o Chavismo se investiu a hierarquia católica foi associada como aliada da opressão e inimiga dos setores historicamente explorados caracterizando o catolicismo venezuelano como irremediavelmente dividido entre bispos agentes da alienação e clérigos regulares ligados as lutas pela liberação popular. Ao que tudo indica Ortega está calcado nos mesmos ideais e decidido a revolucionar o catolicismo nicaraguense na direção do Cristo – Marxismo.


Adapatado do texto de Lucas Dias Aguiar. 



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Israel se alinha a Kiev no conflito russo-ucraniano.

Tensões entre Israel e Rússia aumentam vertiginosamente

O alinhamento da Rússia e Putin um  com o Sionismo pode estar mudando. 

Por um ano inteiro, Israel tergiversou sobre uma posição clara no conflito Rússia-Ucrânia. A razão por trás da posição aparentemente confusa de Israel é que ela pode perder, independentemente do resultado. Mas o Estado de Israel é um partido neutro?

Israel é o lar de uma população de quase um milhão de cidadãos de língua russa, um terço deles chegando da Ucrânia pouco antes e imediatamente após o colapso da União Soviética. Esses israelenses, com profundas raízes culturais e linguísticas em sua pátria, são um eleitorado crítico no cenário político polarizado de Israel. Após anos de marginalização após sua chegada inicial a Israel, principalmente na década de 1990, eles conseguiram formular seus próprios partidos e, eventualmente, exercer influência direta na política israelense. O líder ultranacionalista de língua russa do Yisrael Beiteinu, Avigdor Lieberman, é um resultado direto da crescente influência desse eleitorado.

Enquanto alguns líderes israelenses entenderam que Moscou detém muitas cartas importantes, seja na própria Rússia ou no Oriente Médio, outros estavam mais preocupados com a influência dos judeus russos, ucranianos e moldavos no próprio Israel. Logo após o início da guerra, o então ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, declarou uma posição que pegou muitos israelenses e, é claro, a Rússia de surpresa. “O ataque russo à Ucrânia é uma grave violação da ordem internacional. Israel condena este ataque”, disse Lapid. A ironia nas palavras de Lapid é evidente já que Israel violou mais resoluções das Nações Unidas do que qualquer outro país do mundo. Sua ocupação militar da Palestina também é considerada a mais longa da história moderna. Mas Lapid não estava preocupado com a 'ordem internacional'. Seu público-alvo era formado por israelenses – cerca de 76% deles eram contra a Rússia e a favor da Ucrânia – e Washington, que ditou a todos os seus aliados que meias posições sobre o assunto são inaceitáveis. A subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Victoria Nuland, alertou Israel claramente em março que deve ter uma posição clara sobre o assunto e “aderir às sanções financeiras” contra a Rússia se “você (ou seja, Tel Aviv) não quiser para se tornar o último refúgio para o dinheiro sujo”.

Enquanto milhões de ucranianos escapavam de seu país, milhares desembarcaram em Israel. Inicialmente, a notícia foi bem recebida em Tel Aviv, o Aliyah israelense e o Ministério da Integração decidiram suspender as bolsas especiais para refugiados ucranianos. Enquanto isso, a posição política de Israel parecia conflitante. Enquanto Lapid permaneceu comprometido com sua postura anti-russa, o então primeiro-ministro Naftali Bennett manteve um tom mais conciliador, voando para Moscou em 5 de março para consultar o presidente russo Vladimir Putin, supostamente a pedido do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Mais tarde, Bennet alegou que Zelensky havia pedido a ele para obter uma promessa de Putin de não assassiná-lo. Embora a alegação, feita vários meses após a reunião, tenha sido veementemente rejeitada por Kiev, ela ilustra a incoerência inicial da política externa de Israel durante o conflito. Durante a fase inicial da guerra, Israel quis participar como mediador, oferecendo-se repetidamente para sediar negociações entre a Rússia e a Ucrânia em Jerusalém. Por isso, queria comunicar várias mensagens: ilustrar a capacidade de Israel de ser um participante significativo nos assuntos mundiais; assegurar a Moscou que Tel Aviv continua sendo um partido neutro; para justificar a Washington por que, como um importante aliado dos EUA, permanece passivo em sua falta de apoio direto a Kiev e, também, para marcar um ponto político, contra os palestinos e a comunidade internacional, que a Jerusalém ocupada é o centro da vida política de Israel.

A jogada israelense falhou e foi Turquia e não Israel, que foi escolhido por ambas as partes para esse papel. Em abril, começaram a surgir vídeos nas redes sociais de israelenses lutando ao lado das forças ucranianas. Embora nenhuma confirmação oficial de Tel Aviv tenha seguido, o evento recorrente sinalizou que uma mudança estava em andamento na posição israelense. Essa posição evoluiu ao longo dos meses para finalmente levar a uma grande mudança quando, em novembro, Israel supostamente concedeu aos membros da OTAN permissão para fornecer à Ucrânia armas que continham tecnologia israelense. Além disso, o jornal israelense Haaretz informou que Israel concordou em comprar milhões de dólares em “materiais estratégicos” para operações militares ucranianas. Portanto, Israel havia praticamente encerrado sua neutralidade na guerra. Moscou, sempre vigilante em relação à posição precária de Israel, enviou suas próprias mensagens a Tel Aviv. Em julho, autoridades russas disseram que Moscou planejava fechar a filial russa da Agência Judaica para Israel, o principal órgão responsável por facilitar a imigração judaica para Israel e a Palestina ocupada.

O retorno de Benjamin Netanyahu ao cargo de primeiro-ministro em dezembro pretendia representar uma mudança de volta à neutralidade. No entanto, o líder israelense de direita prometeu durante entrevistas à CNN e ao canal francês LCI em 1º e 5 de fevereiro, respectivamente, que estaria “estudando esta questão (de fornecer à Ucrânia o Sistema de Defesa Iron Dome) de acordo com nosso interesse nacional”. Mais uma vez, os russos alertaram que a Rússia “considerará (as armas israelenses) como alvos legítimos para as forças armadas russas”. À medida que a Rússia e o Irã intensificaram sua cooperação militar, Israel sentiu-se justificado em se envolver mais. Em dezembro, a Voice of America informou sobre o crescimento exponencial nas vendas de armas de Israel, em parte devido a um acordo com a US Lockheed Martin Cooperation, um dos principais fornecedores de armas dos EUA para a Ucrânia. No mês seguinte, o francês Le Monde informou que “Israel está abrindo cautelosamente seu arsenal em resposta às demandas prementes de Kiev”. O futuro revelará ainda mais o papel de Tel Aviv na guerra Rússia-Ucrânia. No entanto, o que está bastante claro por enquanto é que Israel não é mais um partido neutro, mesmo que Tel Aviv continue a repetir tais afirmações.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Expondo a ignorância sedevacantista e conservadora sobre o Magistério da Igreja

 

Sedecavantistas e conservadores abandonaram a noção de analogia caindo no barbarismo teológico 

Há dois erros sobre Magistério da Igreja:


1- Dos sedevacantistas e conservadores, uns e outros exagerando quanto ao grau de assentimento que devemos ter ao magistério ordinário dos Papas: para estes não há diferença entre o ensino solene e o ordinário.

2- Dos modernistas e neomodernistas que reduzem de tal maneira a autoridade do magistério ordinário que ele se torna um magistério humano.

Apesar das aparências em contrário o erro dos modernistas e dos sedevacantes e conservadores é o mesmo: só existe um único grau de magistério.

Porém o Magistério é uma participação no Magistério de Nosso Senhor Jesus Cristo, e essa participação tem graus diversos em virtude da maior ou menor intervenção humana em cada ato magisterial.

O Magistério Solene só se verifica quando estão presentes as quatro condições dadas pelo Concílio Vaticano I: (i) que o papa (ou o Concílio) ensine enquanto autoridade universal da igreja, (ii) utilizando a plenitude de sua autoridade apostólica, (iii) que a vontade de definir seja manifesta e (iv) que a matéria seja relativa à fé ou à moral. Se uma dessas quatro condições está ausente não haverá um ato solene de Magistério Pontifício.


Já o Magistério Ordinário tem as seguintes características:

- Do Papa: requer numerosas condições que são : a importância que dá o Papa ao documento (sempre o papel fundamental da voluntas definiendi), a importância que dão os papas posteriores, a solenidade do ensinamento, a universalidade do ensinamento, a atenção dada pelos teólogos ao ensinamento, a repercussão do documento no mundo católico em geral, a duração com que o ensinamento é pacificamente transmitido em todo o universo católico, o caráter ininterrupto do ensinamento, a importância de que goza no documento e, finalmente, a maneira com que a doutrina é apresentada no ensinamento.

- Do Papa e dos Bispos: O magistério do Papa e dos Bispos dispersos pelo mundo se exerce sob as seguintes condições:

(1º) que os bispos estejam em comunhão com o sucessor de Pedro (2º) de acordo em matéria de fé e moral, (3º) sobre uma doutrina a ser tida como definitiva. A precisão é necessária: o critério externo de definitividade permite não guardar um ensinamento provisório concordante do Papa e dos bispos (o fato que os bispos estejam de acordo em ensinar a doutrina de uma encíclica não torna tal doutrina infalível; O próprio Código de Direito Canônico expressa a necessidade de tal manifestação no Cânon 749, §3º: Nenhuma doutrina se considera infalivelmente definida, se isso não constar manifestamente). Os diversos graus de autoridade determinam os diversos graus de magistério.

Assim, quando a autoridade suprema e universal da Igreja utiliza a sua voluntas difiniendi/obligandi em matéria de fé ou moral, o Magistério atinge a participação mais perfeita no sacerdócio de Cristo, com garantia absoluta de infalibilidade, de ausência de erro. Nesse Magistério, há muito mais de divino do que de humano. Quando a autoridade suprema ensina sem querer canonizar uma fórmula definitiva, temos um grau inferior de em que a parcela humana é maior o que torna os termos desse magistério menos precisos e até passíveis - no caso de uma mera concordância momentânea entre o papa e bispos quanto a matéria provisória - de algum erro, como aduz certos teólogos. 


Com isto resta clara a ignorância seja de sedevacantistas quanto de conservadores ou modernistas no que tange ao que significa Magistério: dotados de uma estrutura mental pobre e simplória e muitas vezes ocupados numa apresentação ideológica do ensinamento da Igreja de modo a favorecer certas posições práticas tornam-se incapazes de conceber o assunto de forma reta o que exige a compreensão da analogia e dos graus inerentes aos modos do magistério.


Bibliografia:


- Dom Paul Nau. The Ordinary Magisterium of the Catholic Church. Angelus Press, 1998, Kansas City


- I. Salaverri. De Ecclesia Christi. Bac, 1955, Madrid


- Lucien, CHOUPIN. Valeur des Décisions Doctrinales et Disciplinaires du Saint Siège. Beauchesne Éditeur, Paris, 1913