sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Oito Heresias doutrinais e sete sociais da Dilexi Te

Leão XIV ou Francisco II? 

 


Resumo dos erros da Dilexi Te de Leão 14


Cristologia socializada: Cristo é apresentado quase exclusivamente como “irmão dos pobres” e “companheiro dos que sofrem”.  Pode induzir a uma redução sociológica de Cristo, diminuindo sua dimensão redentora universal e divina.


Eclesiologia horizontal: A Igreja é descrita como “comunidade de serviço” mais do que como Corpo Místico. Pode relativizar a dimensão sacramental e hierárquica da Igreja (tendência eclesiológica próxima da teologia da libertação radical).


Soteriologia implícita:  Afirma-se que “quem cuida dos pobres se une a Cristo e já participa da salvação”. Risco de sugerir salvação por obras ou por mera solidariedade social, se não for equilibrado pela doutrina da graça.


Antropologia otimista: Ênfase forte na bondade natural do ser humano e em sua capacidade de refletir o amor divino.  Pode parecer negar a ferida do pecado original e a necessidade da graça para o bem sobrenatural.


Visão do magistério: O texto fala mais de “discernimento comunitário” do que de obediência à doutrina. Possível minimização da autoridade magisterial, ecoando tendências sinodalistas mais democráticas.


Ecumenismo implícito: Refere-se à presença do Espírito em “todas as tradições de amor e serviço”, sem distinguir religião Pode ser interpretado como relativismo religioso se entendido como equivalência entre fé cristã e outras crenças.


Erros doutrinais


1. Cristologia sociológica


Trechos: §§ 6–12 – Cristo “identifica-se plenamente com todo pobre, marginalizado e oprimido; o Reino se manifesta em cada gesto humano de ternura”.

Doutrina tradicional: Concílio de Trento, Sess. VI, cap. 1–3: a Redenção é obra sobrenatural, não mero exemplo ético. Pascendi Dominici Gregis (Pio X): condena a redução da fé ao sentimento e à experiência humana.

Grave se interpretado literalmente: parece reduzir Cristo à humanidade sofredora, esquecendo Sua divindade e missão salvífica. Tendência imanentista e humanista, próxima do modernismo condenado por Pio X.


 2. Eclesiologia horizontal e comunitarista


Trechos: §§ 20–28 – A Igreja é descrita quase exclusivamente como “povo em caminho que se escuta mutuamente e aprende com o mundo”.

Doutrina tradicional: Mystici Corporis Christi (Pio XII): Igreja é Corpo Místico, hierárquico, com Cristo como Cabeça. Lumen Gentium (Vaticano II) admite dimensão de Povo de Deus, mas sem suprimir a estrutura hierárquica.

Sugere que a autoridade é “sinodal”, o que pode relativizar o magistério petrino.


3. Soteriologia das obras sociais


Trechos: §§ 33–41 – “Quem socorre o pobre já participa da salvação e do Reino de Deus.”

Doutrina tradicional: Concílio de Trento, Sess. VI, cânones 1–4: a justificação vem pela graça, não por obras naturais. Syllabus Errorum (1864), prop. 55: rejeita a ideia de que o homem pode obter a vida eterna por suas próprias forças.

Grave se entendida como negação da graça. O texto não nega formalmente a graça, mas quase a omite — típica formulação semi-pelagiana.


4. Relativismo religioso e pneumatologia ampla


Trechos: §§ 70–73 – “O Espírito Santo sopra onde quer, inspirando todo gesto autêntico de amor, em qualquer tradição religiosa.”

Doutrina tradicional: Dominus Iesus (2000): unicidade e universalidade salvífica de Cristo e da Igreja. Mortalium Animos (Pio XI): condena o indiferentismo religioso.

Grave, pois sugere equivalência entre religiões. É eco de um ecumenismo pluralista que dilui a singularidade de Cristo.


5. Antropologia otimista


Trechos: §§ 46–49 – “O homem, portador do amor, é sinal visível de Deus no mundo.”

Doutrina tradicional: Concílio de Trento, Sess. V: o pecado original feriu a natureza humana. Humani Generis (Pio XII): alerta contra visões naturalistas do homem.

Risco de naturalismo moral: exalta a bondade humana sem reconhecer a necessidade da redenção.


6. Magistério e discernimento


Trechos: §§ 100–105 – “A autoridade eclesial é serviço de escuta; o discernimento do povo é expressão da presença do Espírito.”

Doutrina tradicional: Pastor Aeternus (Vaticano I): primado de jurisdição e infalibilidade papal. Pascendi e Humani Generis: condenam a substituição da verdade revelada pelo consenso comunitário.

Grave, se o discernimento comunitário for apresentado como fonte normativa da fé. Poderia minar o caráter dogmático do magistério.


7. Escatologia imanente


Trechos: §§ 110–115 – “O Reino de Deus realiza-se já nas estruturas de fraternidade e justiça entre os povos.”

Doutrina tradicional: Catecismo Romano e Spe Salvi (Bento XVI): o Reino é realidade escatológica, não sociopolítica.

Tendência ao milenarismo mitigado ou à “salvação intramundana” (teologia da libertação).


8. Mariologia simbólica


Trechos: §§ 116–119 – Maria é apresentada mais como símbolo de ternura e humanidade do que como Mãe de Deus e corredentora.

Doutrina tradicional: Ineffabilis Deus (Pio IX), Lumen Gentium §§ 62–66: Maria participa singularmente na obra redentora.

Reducionismo do papel de Maria. 


Erros sociais


1. Redução do Evangelho a uma mensagem social


Trechos: §§ 24–30, 33–36, 54–58


Conteúdo: o texto afirma repetidamente que “o Evangelho é essencialmente uma boa nova para os pobres”, que “a fé é autêntica quando transforma as estruturas sociais” e que “a missão da Igreja é promover a fraternidade universal”.

Problema teológico: A tradição ensina que o Evangelho é ordem sobrenatural — visa a salvação das almas, e não a reforma social como fim primário (Quadragesimo Anno, § 120; Rerum Novarum, § 24).

Pode resvalar no “evangelho social” ou “cristianismo sociológico”, reduzindo a mensagem de Cristo a ética horizontal, o que Pio X chamou de modernismo prático (Pascendi, § 38).


2. Visão igualitária e anti-hierárquica da sociedade


Trechos: §§ 40–47, 92–95


Conteúdo: afirma que “todas as formas de autoridade devem nascer do consenso popular” e que “a desigualdade econômica e política é contrária ao Reino”.

Problema teológico: O magistério de Leão XIII (Diuturnum, Immortale Dei) e de Pio XI (Quadragesimo Anno) reconhece que a autoridade legítima e a desigualdade natural derivam da ordem criada por Deus.

A negação de desigualdades legítimas (por mérito, função ou natureza) aproxima-se de igualitarismo revolucionário.

Confunde caridade com nivelamento social absoluto.


3. Desconfiança estrutural contra a propriedade privada


Trechos: §§ 48–53, 68–70


Conteúdo: “A propriedade é um dom a ser compartilhado” e “toda acumulação é injusta enquanto houver pobres”.

Problema teológico: Rerum Novarum (§ 15) e Quadragesimo Anno (§ 44–45) defendem o direito natural à propriedade privada.

Afirmar que toda acumulação é injusta implica negar esse direito e ecoa princípios socialistas ou comunistas. Contradiz o equilíbrio católico entre propriedade e destino universal dos bens.


4. Salvação por meio da transformação social


Trechos: §§ 33–39, 75–79


Conteúdo: o texto fala da “redenção das estruturas”, “conversão ecológica e social”, e afirma que “o Reino acontece quando a injustiça é vencida”.

Problema teológico: A doutrina católica distingue entre redenção espiritual (pela graça) e melhoria temporal (pela justiça).

Confundir ambas é forma de imanentismo, ou seja, deslocar a salvação para o plano histórico e político.

Parece uma espécie de “soteriologia estrutural” próxima da Teologia da Libertação radical (criticada em Libertatis Nuntius, 1984).


5. Primazia do “povo” sobre o magistério


Trechos: §§ 96–104


Conteúdo: “O discernimento dos pobres e das comunidades é fonte do Espírito” e “a voz do povo precede o ensinamento”.

Problema teológico: A Doutrina Social da Igreja afirma que o Magistério interpreta a lei natural e divina — não o consenso popular (Mater et Magistra, § 47).


Inverter essa ordem é traço de democratismo eclesial condenado por Pio VI (Auctorem Fidei). O Espírito é reduzido à consciência coletiva.


6. Universalismo político (fraternidade globalista)


Trechos: §§ 105–110


Conteúdo: “A humanidade deve caminhar para uma governança comum e solidária” e “as fronteiras são construções a superar em nome da fraternidade”.

Problema teológico: Embora o ideal de fraternidade seja cristão, o globalismo político desconsidera a legitimidade da soberania dos povos e a noção de bem comum subsidiário (Quadragesimo Anno, § 79–80).


Tende a substituir o Reino de Cristo por uma utopia política universal.


 7. Confusão entre justiça e caridade


Trechos: §§ 59–63, 87–89


Conteúdo: “A caridade exige mudanças estruturais” e “a justiça social é a forma mais alta de amor”.

Problema teológico: Pio XI (Divini Redemptoris, § 51) e Bento XVI (Caritas in Veritate, § 6) distinguem que caridade é virtude sobrenatural, enquanto justiça é virtude moral natural.

Subordinar a caridade à ação política é erro de ordem teológica. Moralismo social e imanentização da caridade.


quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Putin anti comunista ou refutando as mentiras da velha TFP

 

O IPCO, herdeiro da TFP, insiste em ligar a Rússia pós soviética a um comunismo reformulado sob a figura de V. Putin com o intento de manter os católicos alinhados ao "anticomunismo" de linha norte americana como frente e vanguarda da luta católica. 

É preciso, portanto, desmentir a fraude narrativa do IPCO. Muita gente ainda pensa na Rússia atual como uma continuação da URSS, quando, na verdade, o sistema de Putin é fortemente capitalista, e sua relação com o Partido Comunista da Federação Russa (KPRF) é de rivalidade política.

 1-Como a Rússia de Putin é capitalista?

Após o colapso da URSS (1991), o país passou por uma “terapia de choque” econômica que privatizou rapidamente empresas estatais. Isso criou os oligarcas, bilionários que enriqueceram adquirindo ativos estratégicos (petróleo, gás, mineração, bancos).

Putin, que chegou ao poder em 1999, não reverteu a privatização nem restaurou a economia planificada socialista. O que ele fez foi:

Reforçar o capitalismo de Estado: empresas estratégicas como a Gazprom e a Rosneft estão sob controle estatal, mas funcionam com lógica de mercado e geram lucro como qualquer multinacional.

Manter propriedade privada e acumulação de capital: bancos, indústrias e comércio continuam sendo privados; há um mercado de ações em Moscou; e a desigualdade social é marcante.

Integração ao mercado mundial: até as sanções recentes, a Rússia fazia parte da OMC, recebia investimentos estrangeiros e dependia da exportação de commodities para a economia global.

Ou seja, a Rússia de Putin não é socialista: é um capitalismo oligárquico e extrativista, onde o Estado centraliza poder político, mas a economia é orientada pelo lucro e pelo mercado.

 2-Por que Putin é inimigo do Partido Comunista?

O KPRF (Partido Comunista da Federação Russa), herdeiro do PCUS soviético, é o maior partido de oposição “tolerada” na Rússia. Ele:

Defende a re-nacionalização de setores privatizados, promove políticas sociais mais redistributivas,

É crítico do enriquecimento dos oligarcas e da "corrupção" do sistema de Putin.

A hostilidade entre Putin e os comunistas se deve a vários fatores:

Competição eleitoral: O KPRF já foi a principal força de oposição e frequentemente fica em 2º lugar nas eleições presidenciais. Putin garante a vitória restringindo a oposição.

Visão histórica diferente: Putin critica abertamente Lênin por “plantar a bomba” do separatismo na URSS. Para ele, a prioridade é um nacionalismo russo conservador, não a luta de classes.

Uso político do comunismo: Putin tolera o KPRF como “oposição permitida” (não pode ameaçar de verdade o poder), mas impede que se torne alternativa real. Muitos líderes comunistas sofrem perseguições, censura e exclusão eleitoral.

A Rússia de Putin é capitalista, baseada em um capitalismo de Estado e oligarquia, mas sem economia planificada.

Putin e o Partido Comunista são rivais políticos: os comunistas acusam Putin de governar para os ricos e oligarcas, enquanto ele os marginaliza para manter um sistema nacionalista e autoritário, sem espaço para o socialismo.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Refutando o Padre José Eduardo: quem é mesmo Galicano?

 

Padre José num momento de "êxtase pentecostal" com o seu "rebanho"






O padre José Eduardo, em sua cruzada contra o tradicionalismo,  recentemente lançou um vídeo apresentação de mais de três horas, no seu canal no youtube, acusando os tradicionalistas de professarem várias heresias entre elas as do Galicanismo e do Joaquimismo. Descarto as demais acusações como a de Donatismo e Messianismo por carecerem de  fundamento absoluto me concentrando nas duas anteriores afinal, a primeira vista pode parecer que os tradicionalistas fazem mesmo parte de uma realidade paralela a Igreja pois a mesma é identificada frequentemente, pelo senso comum,  ao contexto conciliar e da missa nova com as suas dioceses e todo a estrutura burocrática de tribunais e congregações vaticanas.

Mas o que é Galicanismo? Trata-se de uma concepção eclesiológica onde o poder do Papa é limitado pela Igreja Nacional, que tem autonomia administrativa, e também pelos concílios gerais e decisões dos Bispos e que concede soberania do estado perante a Igreja em matérias temporais.

Ora é justamente na Igreja Conciliar onde o Galicanismo está redivivo: se os tradicionalistas tomam decisões autônomas em relação a Roma – como no caso dos tribunais da FSSPX que julgam nulidades matrimoniais – fazem-no por estado de necessidade e não por que possuem uma Doutrina Galicana como acontece com o conceito de Colegialidade adotado durante o Concílio Vaticano II e que ofereceu certa resistência e profunda desconfiança entre os Padres. Muitos bispos tinham em mente, ou mesmo evocavam, erros como o conciliarismo, o Galicanismo, com o temor de que, ao afirmar a colegialidade se colocava em risco o primado do Romano Pontífice: pois bem, é por esse conceito ambíguo que agora mesmo o Galicanismo se faz redivivo na Seita Conciliar.

Para mostrar que este conceito foi assumido numa chave heretizante basta recordar a intervenção que o padre Ratzinger escreveu em parceria com Gustave Martelet e Karl Rahner, para uma das seções do Concílio intitulado “O primado e o colégio episcopal no governo de toda a Igreja”:

“para demonstrar a existência do Colégio dos Bispos basta ter sempre presente desde o começo o texto de Mt 28,18ss. Ali se declara a potestade plena e única de Cristo, se proclama a missão única ao mundo inteiro, missão que contém o triplo ofício de ensinar, santificar e governar. Esta missão e potestade única é confiada a todos os apóstolos em comunhão”.

Do texto se conclui a igualdade entre papa e demais bispos: foi ao Colégio a quem foi confiada a potestade em geral na Igreja e não ao Papa em especial.

O Concílio Vaticano I havia combatido a ideia dos juristas protestantes que haviam falado a respeito de uma estrutura colegial da Igreja Universal e haviam, assim, expresso a ideia da igualdade perfeita de todos os membros da Igreja, manifestando uma característica da "Reforma". Por esta razão, para muitos bispos, ligados à tradição da cúria, a palavra “colégio” soava mal e de maneira equívoca. Foi este termo que foi assumido no Vaticano II quando a Lumen Gentium disser que “ A ordem dos Bispos...é sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja” Para melhor ilustrar a coisa toda citamos a Amoris Laetitia de Francisco que no número 3 afirma:

Recordando que o tempo é superior ao espaço, quero reiterar que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais. Naturalmente, na Igreja, é necessária uma unidade de doutrina e práxis, mas isto não impede que existam maneiras diferentes de interpretar alguns aspectos da doutrina ou algumas consequências que decorrem dela. Assim há-de acontecer até que o Espírito nos conduza à verdade completa (cf. Jo 16, 13), isto é, quando nos introduzir perfeitamente no mistério de Cristo e pudermos ver tudo com o seu olhar. Além disso, em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. De facto, «as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado”.

A passagem sublinhada tem o mesmo espírito do terceiro artigo de Declaração do Clero Galicano de 1682 que afirma que a jurisdição do papa deve ser regulada pelos costumes das igrejas locais e nacionais. Dito isto quem é mesmo Galicano, Padre José Eduardo? 



sexta-feira, 30 de maio de 2025

Resenha da obra "Legado da Violência: Uma História do Império Britânico"

A Pérfida Albion, símbolo da maldade inglesa



Recentemente a BBC de Londres, arma de propaganda anglosaxã, pubicou uma matéria em pleno dia 13 de Maio de 2025, data que nós brasileiros comemoramos a libertação dos escravos pela Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, afirmando que o "clero católico vivia do trabalho escravo", uma verdade que sonega outra a de que todo o circuito econômico da era colonial dependia dos excedentes obtidos pela escravidão, inclusive as bolsas de Londres, alimentadas pelos ganhos com o tráfico negreiro dirigido por mercadores judeus associados a economia inglesa que se financeiriza na altura do século 17. Como base nisso é comum vermos a demonização da colonização ibérica e pouco ou nada sobre a violência da neocolonização britânica durante a era dos impérios - século 19/20. Para revelar seu legado de infâmia e morte sem precedentes o livro de Caroline Elkins é fundamental. Esta é uma história incrível, que deveria estar na lista de todas as aulas de história que tratem de história moderna, história do Império Britânico e, mais adiante, para aqueles que estudam economia, política e estratégias geopolíticas. Para qualquer outra pessoa, deveria ser uma leitura obrigatória para compreender os eventos atuais, conforme se desenrolam em todo o mundo, pois nossos cenários geopolíticos atuais são fortemente baseados no  Legado de Violência da Grã-Bretanha .


O livro abrange cerca de duzentos anos de história imperial britânica, deixando de lado as depredações do império na América do Norte – que precederam e motivaram grande parte do que se seguiu – e termina com a dissolução do império após a Segunda Guerra Mundial. Entre eles, há uma sórdida história de violência, revestida de propaganda, arrogância, racismo, uma imprensa submissa e um público doméstico ignorante. Vários temas são consistentes nos esforços imperiais da Grã-Bretanha.




A violência é obviamente o primeiro tema, e ela surgiu e continua surgindo de muitas formas: violência militar aberta, violência militar secreta e espionagem, uma ampla gama de torturas, execuções extrajudiciais (assassinatos), campos de concentração, remoções, fome, abuso sexual, armas químicas e assim por diante...

Em todas as colônias examinadas em Legacy of Violence,  todas essas ações são semelhantes e, à medida que a experiência colonial de repressão avança ao longo dos anos, as técnicas foram refinadas para serem mais dolorosas, ao mesmo tempo em que fingiam estar mais de acordo com o direito internacional em desenvolvimento.

Direito internacional

O direito internacional tornou-se cada vez mais codificado, especialmente após as Grandes Guerras Mundiais do século XX, mas o Império Britânico sempre encontrou maneiras de contornar a crescente vigilância sobre suas ações. Embora a responsabilidade final sempre recaísse sobre Londres, os governadores coloniais locais tinham carta branca legalizada para fazer o que achassem necessário para infundir civilização aos selvagens sob seu controle.

A violência absoluta da dominação foi quase legalizada pela declaração de colônias ou áreas de colônias como zonas de terror e rebelião, permitindo a promulgação da lei marcial. Sob esses regimes, milhares de leis foram criadas pelo governo colonial para reprimir quaisquer motins, protestos, distúrbios ou rebeliões declaradas. Essas leis forneciam o "verniz de permissibilidade legal".

Ocasionalmente, notícias desses eventos chegavam à terra natal e eram descartadas como a desculpa padrão de "maçã podre no barril" ou eram viradas de outra forma e culpavam os povos indígenas por serem selvagens sem moral, e que a força era necessária para lidar com sua intransigência e incapacidade de trabalhar em um estado civilizado.

À medida que o direito internacional se tornou mais codificado, os poderes constituídos permitiram "derrogações" ou isenções ao Estado de Direito em caso de "terror" ou "rebelião" nas colônias. Como resultado, "a Grã-Bretanha tornou-se sinônimo de um 'regime de derrogação' que... normalizou a exceção no direito e na prática internacionais". Talvez seja vista de forma mais óbvia na linguagem moderna e sem sentido de hoje como o "Estado de Direito... um termo consagrado pelo tempo no império da ilegalidade legalizada".

Ao longo do livro de Elkins, a ideia de moralidade e selvageria permeia todas as eras e regiões coloniais, da África do Sul, Malásia, Índia, Palestina, Quênia, passando pelo Chipre do pós-guerra e, muito mais perto de casa, a Irlanda. Os britânicos sempre reivindicaram uma civilização e moralidade superiores, e as "populações incivilizadas e selvagens do mundo... precisavam de um conjunto diferente de regras".

Moralidade

Ao discutir a rebelião árabe na Palestina pré-guerra, Chaim Weizmann refletiu sobre o uso da violência contra os árabes, ficando "encorajado ao saber que 'produziu um efeito moral salutar'". Essa visão perdura até a propaganda atual sobre os eventos em Gaza.

Produziu o efeito de considerar o significado de "moralidade" em relação ao massacre em Gaza, já que Israel sempre proclamou ter o exército mais "moral" do mundo. Os eventos em Gaza, e de fato em toda a Palestina, indicam que a Força de Ocupação Israelense aprendeu bem a aplicação imperial britânica da moralidade.

As técnicas que eles usaram durante a colonização da Palestina foram adotadas da ocupação britânica anterior: remoções, tortura, campos de concentração (a própria Gaza) e assim por diante, conforme listado acima.

Este exército, o mais "moral", adotou a moralidade da violência como meio de superar a resistência à sua ocupação e ao assentamento de uma cultura indígena. Expressou-se plenamente como um meio de limpeza étnica em Gaza, por meio da remoção ou do genocídio – com a ressalva de que a definição oficial de genocídio envolve a intenção de matar, e também a intenção de destruir a cultura e a sobrevivência do povo, mesmo que não seja diretamente assassinado por meios militares.

O Novo Império Anglo-Americano

Após a Segunda Guerra Mundial, a criação da ONU e a redação da Declaração dos Direitos Humanos, mas, mais importante, o enfraquecimento da "área da libra esterlina" financeira e o fortalecimento do império financeiro e militar dos EUA, a Grã-Bretanha foi forçada a fechar seu império... ao mesmo tempo em que fazia o melhor para manter algum tipo de poder por meio de sua Comunidade das Nações, incluindo, de forma mais poderosa, os estados coloniais de assentamento do Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Com o advento da Guerra Fria e os medos fabricados do comunismo, a manutenção da área da libra esterlina exigiu o apoio dos EUA, pois "os americanos precisavam pisar levemente nos desígnios imperiais para que não antagonizassem seus tão necessários parceiros da OTAN... permanecendo firmes contra os soviéticos".

Um manual de contrainsurgência britânico de 1966, voltado para insurgências comunistas, "incluía a necessidade de aderir ao Estado de Direito e conquistar os corações e mentes da população civil". Segundo Elkins, voltando à Malásia, o manual "surgiu como o  [itálico no original] ponto de referência para o sucesso da contrainsurgência, influenciando a Doutrina Petraeus dos Estados Unidos no Iraque e moldando as operações de contrainsurgência ocidentais até hoje".

Corações e mentes, juntamente com o Estado de Direito, são essencialmente termos de propaganda que encobrem a remoção e o reassentamento forçados de populações indígenas, acompanhados de torturas e execuções mais ocultas.

Isso não apenas influenciou a Doutrina Petraeus, mas o legado imperial de violência da Grã-Bretanha deixou brechas para que regimes pós-independentes praticassem violência coercitiva de todos os tipos dentro de suas próprias nações, nações frequentemente divididas por etnias previamente manipuladas para melhor ou pior pelos governadores britânicos e seus comparsas.

Hoje em Gaza

Tudo isso culmina na violência e no massacre de hoje – genocídio – em Gaza, apoiados pelo poderio financeiro e militar dos Estados Unidos e suas ambições imperiais. O Legado da Violência, de Elkin  , foi escrito antes desses eventos e, sabiamente, ela não tentou trazer sua obra para o âmbito dos eventos atuais. No entanto, é óbvio que as ações israelenses decorrem de sua herança como colônia britânica, iniciada há muito tempo, nos dias de suprema potência colonial, imediatamente após a Primeira Guerra Mundial.

O Legado de Violência do Império Britânico  transformou-se num regime de violência anglo-americano, com a violência e as regras advindas principalmente dos Estados Unidos. No entanto, como nação beligerante e racista com armas nucleares, Israel direciona suas próprias ações em Gaza, uma atitude descarada em relação às tentativas frágeis dos EUA de parecerem humanitários, ao mesmo tempo em que fornecem os meios financeiros e militares para que Israel mantenha o massacre.

Epílogo

O império britânico continua vivo, subsumido pelo poder militar-industrial-financeiro dos Estados Unidos, além de ser evidente em muitas regiões ainda latentes do mundo, onde povos indígenas estão tentando superar o legado de violência perpetrado pela antiga potência britânica e pela atual potência imperial dos EUA.

A obra de Caroline Elkins é leitura obrigatória para quem se interessa em compreender melhor o contexto da violência geopolítica atual. As informações são muito bem referenciadas e pesquisadas, e fornecem detalhes significativos – apesar da queima de registros coloniais pelo império – juntamente com referências anedóticas em primeira mão.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Heresias Públicas de Bergoglio, servo de Satã.




Face a morte do heresiarca Jorge Mario Bergoglio que ocupava o trono de Pedro, ilicitamente, é fundamental lembrar das suas Heresias Públicas. Não deixemos nossa alma ser contaminada por elas, sobretudo agora que a mídia estabelecida vai promover um culto a sua memória em razão de ter servido as causas de uma sociedade que jaz no maligno. 


1- O Inferno não é eterno 


Afirmação de que Judas pode não estar no Inferno: Francisco sugeriu que Judas Iscariotes pode ter sido salvo, contrariando a tradição que o considera condenado. 


Fonte: L’ Osservatore Romano, 2 de Março de 2018, pág. 4.


2. Todas as religiões vem de Deus


 Declaração de que a diversidade de religiões é desígnio de Deus: Ele afirmou que a existência de múltiplas religiões é parte do plano divino, o que é interpretado como promoção do indiferentismo religioso 


Fonte: "O pluralismo e as diversidades de religião, de cor, de sexo, de raça e de língua fazem parte daquele sábio desígnio divino com que Deus criou os seres humanos. "- https://www.vatican.va/content/francesco/pt/travels/2019/outside/documents/papa-francesco_20190204_documento-fratellanza-umana.html


3- Proselitismo é pecado 


Afirmação de que esforços para converter pessoas "sempre" levam a lugar nenhum: Francisco desencorajou o proselitismo, sugerindo que tentar converter outros à fé católica é ineficaz.

Fonte: "Por outras palavras, os caminhos da missão não passam através do proselitismo. Por favor, isto não; aqueles não passam através do proselitismo!"- https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/march/documents/papa-francesco_20190331_sacerdoti-marocco.html


4. Ecumenismo é dogma de fé. 


 Crítica à denúncia de heresia e promoção do ecumenismo como "irreversível": Ele desestimulou a identificação de heresias e promoveu o ecumenismo como um caminho sem retorno. 


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-05/francisco-ecumenismo-papa-igreja.html#:~:text=Um%20caminho%20essencial%20para%20os%20disc%C3%ADpulos%20de%20Cristo&text=Assim%20como%20seguimos%20o%20mesmo,Conc%C3%ADlio%20Vaticano%20II%2C%20%C3%A9%20irrevers%C3%ADvel.



5- Muçulmanos são fiéis


 Ensino de que os muçulmanos são "crentes autênticos": Francisco reconheceu os muçulmanos como verdadeiros crentes, o que é visto como equiparação entre o Islã e o Cristianismo. 


Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2018/documents/papa-francesco_20180110_lettera-imam-al-azhar.html


6- Os livros budistas são textos sagrados


 Recebimento e valorização do "Livro Sagrado" dos budistas: Ele aceitou o texto budista como "precioso", demonstrando apreço por uma religião não cristã. 


Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/may/documents/papa-francesco_20180516_delegazione-buddista.html



7.Pecados sexuais não anulam a Graça


 Publicação de documentos sobre "Amoris Laetitia" como "Magistério Autêntico": Francisco promoveu ensinamentos controversos sobre moral sexual e comunhão para divorciados. 

Fonte: A directiva dos bispos intitulada “Critérios básicos para a aplicação do capítulo VIII de Amoris Laetitia” diz que em cicunstâncias “complexas” quando o casal em segundo matrimónio não pôde “obter a declaração de nulidade,” os padres podem, no entanto, prosseguir concedendo-lhes o acesso à Eucaristia. Se o padre reconhece que “num caso concreto há limitações que atenuam a responsabilidade e a culpabilidade (cf. 301-302), particularmente quando uma pessoa considere que cairia numa falta ulterior ao prejudicar os filhos da nova união,” diz a directiva, “Amoris Laetitia abre a possibilidade de acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia (cf. notas 336 e 351).”


8.Lutero, Testemunha do Evangelho


 Celebração da "Reforma" de Lutero e concordância com luteranos sobre Justificação: Ele elogiou a Reforma Protestante e expressou acordo com luteranos sobre a doutrina da justificação. 


Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/january/documents/papa-francesco_20180125_evengelici-luterani-finlandia.html


9. Paganismo indígena valorizado


 Elogio à "riqueza espiritual" dos nativos do Rio Amazonas: Francisco valorizou práticas espirituais indígenas, o que é interpretado como sincretismo. 


Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/january/documents/papa-francesco_20180119_peru-puertomaldonado-popoliamazzonia.html


10- Não há inferno


Afirmação de que o Inferno não existe: Ele teria declarado que o Inferno não é real, negando um dogma tradicional. 

Fonte: https://veja.abril.com.br/mundo/papa-francisco-disse-que-inferno-nao-existe-afirma-jornal-italiano/#:~:text=%E2%80%9CO%20inferno%20n%C3%A3o%20existe%2C%20o,artigo%20dispon%C3%ADvel%20somente%20para%20assinantes.


11 - As religiões precisam sintetizar suas crenças


Promoção do "Diálogo Inter-religioso" em vídeos: Francisco apareceu em vídeos incentivando a colaboração entre diferentes religiões. 


12 - Deus precisa do Homem  


 Afirmação de que "Deus não pode ser Deus sem o homem": Ele sugeriu que a existência de Deus está ligada à humanidade, o que é visto como heresia já que tornaria Deus dependente de uma criatura. 


Fonte: https://www.imissio.net/artigos/48/295/papa-deus-nao-pode-ser-deus-sem-o-homem-um-grande-misterio/


13 - Preceito da missa pode ser cumprido na Seita Anglicana 


Permissão para católicos frequentarem igrejas anglicanas aos domingos: Francisco autorizou a participação em cultos não católicos, contrariando a exclusividade da Missa. 

Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2017/documents/papa-francesco_20170226_omelia-visita-allsaints.html


14 - Fora da Igreja há salvação 


Todas as religiões levam a Deus. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=LQcpRTqsJ90


15 - Endosso a prática LGBT 


Aceitação do "transexualismo" e do "casamento" gay: Francisco demonstrou abertura em relação a questões de identidade de gênero e uniões homossexuais. 


Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/22/papa-defende-uniao-civil-gay-o-que-francisco-ja-disse-sobre-homossexualidade.ghtml



16. Aprovação da contracepção


 Aprovação explícita da contracepção artificial e incentivo à fornicação: Ele teria apoiado métodos contraceptivos e minimizado a gravidade da fornicação. 

Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/18/internacional/1455808373_120037.html


17. Dogmas levam ao mal 


Rejeição da verdade absoluta e afirmação de que crer nela é "fazer o mal": Francisco criticou a crença em verdades absolutas, associando-a ao mal. 


Fonte: Em 30 de Novembro de 2015, durante a sua recente viagem de retorno da África, o Antipapa Francisco concedeu mais uma entrevista repleta de heresias. Alguns dos pontos de maior relevância na entrevista foram noticiados por Joshua McElwee, correspondente para o Vaticano do National Catholic Reporter, e por outros. Durante a entrevista:

«Francisco pronunciou-se com vigor contra o fundamentalismo religioso novamente, dizendo que fundamentalismo existe em todas as religiões e que deve ser combatido com esforços de amizade. Ele disse que prefere não falar de tolerância para com outros religiosos, mas de “convivência, amizade.”
«“O fundamentalismo é uma doença que existe em todas as religiões. Nós, católicos, temos alguns – não alguns, muitos – que crêem ter a verdade absoluta e avançam enxovalhando os outros com a calúnia, com desinformação, e fazendo o mal.”
«“Eles fazem o mal,” disse o papa. “E digo isto porque acontece na minha Igreja.”
«“E deve-se combater,” disse. “O fundamentalismo religioso não é religioso. Porquê? Porque falta Deus. É idolátrico, como é idolátrico o dinheiro.”»



18. Igreja cometeu discriminação injusta


 Afirmação de que a Igreja deve pedir desculpas aos homossexuais: Ele sugeriu que a Igreja deve se desculpar por "ofensas" aos gays. 


Fonte: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/june/documents/papa-francesco_20160626_armenia-conferenza-stampa.html


19 - Reabilitação do Judaísmo


Visita à Sinagoga Romana: Francisco participou de cerimônias judaicas, o que é visto como reconhecimento de outra fé e disse que judeus e católicos fazem parte da "família de Deus" esquecendo que os judeus negam Cristo, o Filho de Deus.  

Link: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/january/documents/papa-francesco_20160117_sinagoga.html


20 - Veneração da Pachamama 


Permissão do culto à "Mãe Terra": Ele incentivou práticas que envolvem a veneração da natureza, interpretadas como paganismo.


Fonte: https://ipco.org.br/por-que-o-culto-a-pachamama-no-vaticano-nao-era-uma-bagatela/

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Os erros processuais do Julgamento de Cristo




Historiadores do direito como Haim Cohn ou Simon Greenleaf, que analisaram o processo de Cristo de forma mais técnica apontaram vários elementos que violariam normas do direito judaico da época, conforme descrito na Mishná e em outras tradições do judaísmo do Segundo Templo.


Aqui estão os principais erros processuais apontados por esses estudiosos:


1. Julgar à noite


Segundo a Mishná (Sanhedrin 4:1), julgamentos de casos capitais não podiam ocorrer à noite. O processo de Jesus, no entanto, teria começado na noite da prisão, o que já seria uma irregularidade.


2. Realização do julgamento em dia de festa


Jesus foi julgado na véspera da Páscoa (Pessach), um período sagrado em que julgamentos capitais não deveriam ocorrer.


3. Falta de acusação formal


Nos relatos evangélicos, Jesus é levado ao Sinédrio sem uma acusação legal clara. O interrogatório parece buscar uma confissão em vez de apresentar testemunhas legítimas, o que também contraria o processo legal tradicional.


4. Uso de testemunhas falsas


Os Evangelhos mencionam que foram apresentadas testemunhas falsas contra Jesus (Marcos 14:56), algo proibido pela lei mosaica e punível com a mesma pena que o acusado receberia (Deuteronômio 19:16-21).


5. Autoincriminação e busca por confissão


O Sinédrio tenta fazer Jesus se incriminar com perguntas diretas ("És tu o Cristo, o Filho de Deus?"), enquanto o direito judaico exigia provas externas, não confissões forçadas.


6. Condenação no mesmo dia


O Talmude afirma que, em casos de pena de morte, o veredito de condenação não podia ser dado no mesmo dia do julgamento — devia haver um intervalo de pelo menos um dia (Sanhedrin 5:5), para permitir reconsideração e revisão.


7. Transferência de jurisdição


A entrega de Jesus a Pilatos mostra um desvio do julgamento judaico para o romano. Isso levanta questões sobre a legitimidade da condenação inicial e a motivação política por trás do processo.


8. Motivação política e ausência de imparcialidade


Tanto o Sinédrio quanto Pilatos demonstram motivações políticas (medo de revolta, pressão popular, manutenção da ordem), o que comprometeria a imparcialidade e legalidade do julgamento.


Vale lembrar que alguns estudiosos também argumentam que não houve um julgamento formal completo pelo Sinédrio, mas apenas uma audiência preliminar ou interrogatório informal. Outros questionam se o Sinédrio teria realmente autoridade para impor a pena de morte na época da dominação romana.

sábado, 8 de março de 2025

Milei quer o Terceiro Templo





O novo presidente libertário da Argentina,  Javier Milei,  foi acusado de pedir a reconstrução do " Segundo Templo " em Jerusalém, uma demanda importante dos extremistas israelenses de extrema direita.


Milei visitou Israel na semana passada, onde prometeu transferir a embaixada argentina de Tel Aviv para Jerusalém, apesar dos palestinos reivindicarem o setor oriental como capital de seu futuro estado, e prometeu apoio à guerra de Israel em Gaza.


Mais tarde, Milei foi acusado por ativistas pró-Palestina de pedir a destruição da Mesquita de Al-Aqsa e a reconstrução do "Terceiro Templo" em seu lugar.


Embora não haja provas de que ele tenha feito isso diretamente, ele recontou uma fábula messiânica sobre a destruição do local sagrado pelos romanos e a resposta de um rabino contemporâneo.


Em um vídeo compartilhado online, Milei é visto contando a uma multidão em Jerusalém uma história bíblica apocalíptica sobre o sábio judeu Rabi Aqiba ou Akiva.


Ele relata a resposta do rabino à destruição do "Segundo Templo" em Jerusalém pelos romanos.


"Essa história aconteceu após a destruição do Segundo Templo pelos romanos. O rabino Aqiba e seus colegas estavam observando o Monte do Templo em ruínas e viram uma raposa deixando o Santo dos Santos no templo", disse Milei em espanhol.


"Não poderia haver cena mais desanimadora do que essa. Diante dessa cena terrível, os rabinos choraram de luto, mas o rabino Aqiba começou a rir.


"Seus colegas perguntaram como ele poderia rir diante de tal tragédia, ao que o rabino Aqiba respondeu: 'Há uma profecia sobre a destruição que diz que uma raposa invadirá o Santo dos Santos. Há outra profecia que diz que o mesmo lugar será reconstruído.'


"Agora que vejo com meus próprios olhos a primeira profecia se realizando, rio de alegria e cheio de esperança, pois a segunda profecia certamente se realizará."





quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Bannon refuta Olavo sobre Globalismo ser comunismo

Bannon é um dos ideólogos do segundo governo Trump

Isso aqui que Steve Bannon diz é interessante, independente da sua validade. 



Bannon identifica que há um projeto autoritário de poder global em curso. Segundo a sua interpretação não se trata de um projeto de poder comunista, capitaneado por "metacapitalistas", tal como crê a direita brasileira, mas sim o “tecno-feudalismo" de Elon Musk. Para OdC, os metacapitalistas seriam uma classe empresarial que, depois de prosperar e fazer fortuna, transcendeu o capitalismo e passou  aumentar o seu poder controlando o Estado e financiando movimentos e iniciativas socialistas e comunistas pelo mundo. Daí o suposto "marxismo cultural", as políticas econômicas estatistas etc. No entanto, apesar da sua aproximação com a Casa Branca, Elon Musk não se encaixa bem no personagem de comunista. O magnata da tecnologia financia mundo afora movimentos conservadores e ganhou fama entre a direita brasileira como inimigo del Alexandre de Moraes e herói da liberdade de expressão.

E agora? Sem poder contar com o seu principal ideólogo, que rumo vai tomar a narrativa da direita brasileira para manter o mínimo de verossimilhança, coerência e coesão interna?


Escrito por Bruno Pitella. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Milei piorou a Argentina


Parte da mídia estabelecida diz que o governo de Milei tem sido bem sucedido no campo econômico. Mas será que é verdade? A análise macro dos dados mostra que não e que a situação Argentina piorou em relação a era Fernandez. A inflação bateu pico no meio de 2024 ultrapassando os duzentos por cento. No segundo trimestre a inflação mensal desacelerou mas graças a cortes brutais no repasse as províncias, educação e saúde além da paralisação das obras públicas e do veto a aumento do salário dos aposentados. Com isso a Argentina teve uma queda do PIB em 3.5% para 2024, maior que a de 2023 que foi de 1,6%. O desemprego subiu de 6% em 2023 para 8% em 2024. Com redução do PIB e mais desemprego houve queda do consumo o que naturalmente provoca queda da inflação no segundo trimestre mas ela não revela melhora da economia. No governo Fernandez eram 41% da população em situação de pobreza. Agora são 52%. O peso desvalorizou em relação ao dólar de forma que para comprar um dólar precisaríamos de 1000 pesos argentinos em novembro de 2024, o câmbio ultrapassando 4 dígitos pela primeira vez na história. Por outro lado Milei anunciou superávit mas o governo não teria superávit se não fosse financiado com títulos do Tesouro, conhecidos como Lecap e LEFI, que permitem o adiamento do pagamento de juros uma vez que estes são pagos, juntamente com o capital, apenas no vencimento do título da dívida: Milei mascarou o déficit, não o eliminou. A Argentina também ficou cara em dólares. Significa que, se no início do ano, quando Milei assumiu, você precisava de US$ 100 para pagar a luz, no final do ano você vai precisar entre US$ 200 e US$ 210 para pagar a luz. 

Em resumo: a Argentina está pior agora que antes de Milei. Não se deixem enganar pelos demagogos de direita que, fazendo recortes sobre inflação mensal e redução mascarada de défice tentam passar uma imagem boa da economia argentina sem relacionar todos os dados com o contexto macro.

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

O holocausto cristão provocado pelo Sionismo

O Cardeal Pizzaballa, líder do Arcebispado Latino de Jerusalém, mostra preocupação com a crescente política anti cristã de Israel. 




Até meados do século XIX, cerca de 500 mil pessoas habitavam a Palestina. O número de palestinos muçulmanos era cerca de 17 vezes maior do que o de palestinos judeus, e o de palestinos cristãos era três vezes maior que o de seus concidadãos judeus.


A população cristã palestina está em declínio há décadas. Em Belém, cidade natal de Jesus, os cristãos representavam 86% da população em 1947; hoje, são menos de 20%. Em toda a Palestina histórica, 12% da população era cristã até meados do século XIX, quando os primeiros ocupantes eurojudeus foram enviados pelo Império Britânico para colonizar a Palestina. Chegaram a ser 73.000 os cristãos da Palestina Histórica, segundo o censo britânico de 1922 (os muçulmanos eram 600.000, os judeus menos de 84.000). Hoje, os cristãos não chegam a 2%. 


Um estudo conduzido pela Universidade Dar al-Kalima na cidade de Beit Jala, na Cisjordânia, e publicado em 2017, entrevistou quase 1.000 palestinos, metade deles cristãos e a outra metade muçulmanos. Um dos principais objetivos da pesquisa era entender a razão por trás do esgotamento da população cristã na Palestina.


A pesquisa concluiu que “a pressão da ocupação israelense, restrições contínuas, políticas discriminatórias, prisões arbitrárias e confisco de terras aumentaram o sentimento geral de desesperança entre os cristãos palestinos”, que estão se encontrando em “uma situação desesperadora em que não conseguem mais perceber um futuro para seus descendentes ou para si mesmos”.


A população cristã de Gaza, por sua vez, caiu pela metade desde 1967. Assim como os muçulmanos de Gaza, esses cristãos estão isolados do resto do mundo, incluindo os locais sagrados na Cisjordânia. Todos os anos, os cristãos de Gaza solicitam autorizações do exército “israelense” para participar dos serviços de Páscoa em Jerusalém e Belém, mas uma parcela ínfima recebe autorização, e apenas com a condição de que tenham 55 anos ou mais e que não possam visitar Jerusalém.


O genocídio aprofundado desde outubro de 2023 teria dizimado 5% dos cristãos de Gaza (quase o dobro do extermínio da população geral, que é de 2,6%), segundo Khalil Sayegh (29 anos), nascido e crescido em Gaza, onde participava das atividades do Centro Ortodoxo Árabe e da Associação Cristã de Jovens. “A maioria das casas no norte, onde os cristãos viviam, foram bombardeadas. Tudo está destruído”.


Em Jerusalém, a tensão é particularmente palpável. Ocupantes “israelenses” ilegais (os “colonos”) frequentemente invadem propriedades cristãs, enquanto líderes religiosos lutam para proteger os poucos espaços restantes que ainda estão sob controle palestino. Isso reforça a sensação asfixiante de cerco, alimentando o êxodo de cristãos.


O chefe da Igreja Católica Romana na Terra Santa alertou em uma entrevista que a ascensão do governo de extrema direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu piorou a vida dos cristãos no berço do cristianismo. O influente patriarca latino nomeado pelo Vaticano, Pierbattista Pizzaballa, contou à Associated Press que a comunidade cristã da região, que existe há 2.000 anos, vem sofrendo crescentes ataques, e o governo mais à direita da história de Israel encoraja os extremistas, que atacam o clero e vandalizam lugares religiosos num ritmo cada vez mais acelerado.


Atualmente, há cerca de 15.000 cristãos em Jerusalém, a maioria palestinos, mas já foram 27.000 - antes que as dificuldades posteriores à guerra no Oriente Médio em 1967 estimulassem muitos do grupo tradicionalmente próspero a emigrar.


2023  marcou como pior ano para os cristãos em uma década, segundo Yusef Daher, do Centro Interigrejas, grupo que faz uma coordenação entre as denominações.


Agressões físicas e assédio aos membros do clero muitas vezes não são objeto de denúncia, de acordo com o centro. A organização documentou pelo menos sete casos graves de vandalismo contra propriedades da igreja entre janeiro e meados de março - um aumento acentuado em comparação com os seis casos contra os cristãos registrados durante todo o ano de 2022. Lideranças da igreja culpam os extremistas israelenses pela maioria dos incidentes, e dizem temer um aumento ainda maior.


Em março de 2023, dois israelenses invadiram a basílica ao lado do Jardim de Getsêmani, onde se diz que a Virgem Maria teria sido enterrada. Eles atacaram um padre com uma barra de metal antes de serem presos.


Em fevereiro, um religioso judeu americano arrancou do pedestal uma representação de Cristo de 3 metros de altura e a espatifou no chão, golpeando seu rosto com um martelo dezenas de vezes, na Igreja da Flagelação da Via Dolorosa, pela qual Jesus teria arrastado sua cruz a caminho da crucificação. "Sem ídolos na cidade sagrada de Jerusalém!", ele gritou.


Em meio a esse holocausto de cristãos cada vez pior em Gaza, a mídia e os políticos querem que acreditemos que há em curso um crescente antisemitismo e que os judeus são as verdadeiras vítimas. Ouvimos mais sobre os sentimentos dos judeus sionistas do que a dor das crianças de Gaza como aponta um estudo que descobriu que  96%  delas sentem que a morte é iminente. Parece que a mídia, junto com os apoiadores de Israel, acredita que a possibilidade de algo ruim acontecer aos judeus é uma ameaça maior à humanidade do que a morte, os ferimentos e o trauma causados a centenas de milhares de palestinos incluindo cristãos.