segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Quando Dugin se converte ao Olavismo ou a confusão sobre Trump, Trumpismo e USA

 







Quem conhece o debate havido outrora entre Dugin e Olavo a respeito do papel dos EUA na Nova Ordem Mundial sabe que as perspectivas de cada um deles eram inconciliáveis. Primeiro por que Dugin indicava acertadamente que as três possibilidades de ação para os USA, no pós queda da URSS em termos de política internacional, se articulam em torno dum mesmo eixo: consolidar a hegemonia dos EUA no Globo. Estas três possibilidades são:


A- O neoconservadorismo do Partido Republicano representado pelos governos de Bush pai e Bush filho onde através de intervenções unilaterais se objetiva espalhar as instituições americanas pelo mundo garantindo assim os interesses nacionais estadunidenses contra arroubos de líderes ditatoriais antiamericanos que poderiam desestabilizar o cenário externo, pondo em xeque o domínio dos USA.


B- O multilateralismo do Partido Democrata que busca construir uma governança global ao lado de aliados como os países da Europa Ocidental mais o Japão.


C- O Globalismo do CFR que pretende dissolver as soberanias nacionais criando um Governo Global sob auspícios da super classe mundialista que coincide com os plutocratas dos EUA e Europa.


Nos três casos o que teríamos é, de qualquer modo, a Hegemonia dos valores americanos, dos direitos humanos universais, do modelo democrático liberal, secular e laico, a prevalência dos direitos individuais, etc; o que diferencia cada projeto é o modo e a forma de implementar essa hegemonia como o modo e a forma da inserção das elites nela (No caso dum Governo Global a la CFR as nações teriam direito de voz num parlamento mundial, algo similar ao que já acontece na Assembleia Geral da ONU; não há que se falar aí duma ditadura como alguns conspirólogos vulgares fazem mas dum sistema federativo o que não quer dizer que isso não signifique uma ameaça aos povos já que suas vozes seriam deveras diluídas num sistema piramidal). Em resumo: em qualquer dos casos a Plataforma de Desenvolvimento dessa dominação seria a tradição política americana como veículo privilegiado do Iluminismo. Para Dugin a única atitude possível ante este quadro seria uma posição anti-imperialista e anti- americana o que significa recusar a hegemonia dos USA sob que forma aparecesse.


A. Dugin ressaltava, na época, um erro crasso na análise feita por Olavo de Carvalho quanto ao ocidente ser “dividido” entre os globalistas corrompidos e o ocidente profundo, livre do progressismo avançado que caracteriza os globalistas, e que seria a base duma resistência ao mesmo: para Dugin não haveria um ocidente profundo x o ocidente globalista, ambos seriam faces da mesma moeda do materialismo individualista nascido do Iluminismo: assim os EUA, o individualismo, a moral laica que marginaliza religiões, a redução ou supressão das soberanias nacionais, o universalismo demo-liberal, o governo global, são todas facetas duma mesma realidade, segundo o que expôs com competência o pensador russo no debate em tela.


Todavia desde a ascensão de Trump, em 2016, Dugin começou a flertar com a posição de Carvalho quando Donald montou sua campanha inteira com base numa proposta de isolacionismo em política externa e combate as elites políticas tradicionais em termos de política interna. Ignorando o lema da campanha “Fazer a América Grande de Novo” que exprimia o desejo de recuperar uma hegemonia combalida pela ascensão da China e contrapesada pelo multilateralismo do governo Obama, Dugin se deixou seduzir pelo discurso que apelava para um EUA profundo contra o EUA fabricado pelas elites, exatamente o mesmo esquema de pensamento de Olavo. Logo que Trump começou seu governo Dugin ficou decepcionado pelo fato dele ter sido capturado pelos falcões neocons nestes termos:


A decisão formal de atacar [A Síria] foi tomada por Donald Trump. Ao fazê-lo, ele deixou de ser Trump, e se tornou Hillary disfarçada de homem, um tipo de travesti. Tudo contra o que Trump lutou ao longo de sua campanha eleitoral e que ele prometeu mudar foi assinado por ele hoje. Portanto, não foi ele que tomou a decisão. Ele simplesmente mostrou que, a partir desse momento, ele não é capaz de decidir nada”- https://legio-victrix.blogspot.com/2017/04/aleksandr-dugin-terceira-guerra-mundial.html


Trump era apenas um homem e não um movimento e não possuía uma base, tampouco nomes nem um programa estruturado para fazer um governo alternativo àquelas três possibilidades descritas acima. Restou buscar velhos conhecidos no seu partido e apelar ao neoconservadorismo de Jhon Bolton e ao libertarianismo de Mike Pompeo, ou seja, ao intervencionismo beligerante e imperialista e ao individualismo.


Cabe dizer que havia a expectativa de Dugin e dos dissidentes em torno de Trump envolvia ilusões como a que ele iria mandar Hillary para a cadeia, que restauraria relações amistosas com Rússia, Irã, China e Síria, que acabaria com a Otan, etc. Evidente que nós jamais acreditamos nisso. Quem em sã consciência poderia apostar tão alto quando Trump dizia “Great America Make Again”? Lógico que víamos sua eleição sob uma ótica prática: se Trump for se concentrar mais nos problemas internos que externos, então teremos uma janela de oportunidade para destravar nosso desenvolvimento nacional. Era só isso, ir além dessa avaliação parcimoniosa era loucura ou ignorância profunda sobre a natureza dos USA ou, quiçá, desejo de acreditar que algo estava mudando, um sonho ou fantasia de quem pensa que prostitutas vão todas virar algum dia uma Maria Madalena. Nada disso aconteceu: Trump fez guerra comercial com a China, bombardeou a Síria, sancionou empresas russas, matou Soleimani, general iraniano, interveio no Iêmen, etc. Dugin e os dissidentes falharam em suas previsões otimistas para não dizer surreais.


Eis o herói anti-globalista!


Agora tudo volta ao que fora antes da decepção causada pelo bombardeio da Síria: Donald Trump virou, mais uma vez no discurso dissidente, o campeão do povo, como podemos ver em recente artigo de A. Dugin publicado pelo site olavista Brasil sem Medo (https://brasilsemmedo.com/alexander-dugin-o-grande-despertar/?fbclid=IwAR0lhj7TMEkVVo2lrUYtmxcdysJLXohiqfzkdiQQZFdFX4nUHTqZ4q-nz7o).


Obviamente tudo isto não passa dum absurdo. Trump fez fortuna dentro do nicho imobiliário estadunidense, um setor altamente ligado a especulação a e as altas finanças – lembro que a crise econômica de 2008, causada por rentismo, começou no setor imobiliário – nos quais o bilionário travou contatos com figuras sinistras como Roger Stones (um marketeiro libertário que apoia pauta lgbt e drogas que ajudou Trump a chegar ao poder) e Epstein, um ricaço pedófilo que promovia festas movidas a orgias com meninas de 13 anos. Trump que é também um dos pais da cultura "coach empresarial" (leia-se, "babaovismo"/"capachismo" empresarial) influenciador de figuras como Max Gehringer, Justus, e cia, que acham que funcionário tem comer até bosta de chefe e cliente para servir bem a empresa, agora é tido como o timoneiro das massas, o herói popular americano que vai salvar o país da corrosão moral inata a América.


O buraco, contudo, é menos embaixo do que pensa a imaginação fértil dessa gente. Trump é um fenômeno tornado possível graças ao espaço que as BigRedes deram a ele esses anos todos. Claro que é preciso discutir a ingerência dessas redes sociais na liberdade de expressão mas isto não autoriza caracterizar o fenômeno Trump ou o Trumpismo como a “outra América” que na verdade não passa da mesma América que no fundo é dupla: racista, protestante, conservadora e supremacista dum lado, cosmopolita, maçônica, secularista e materialista do outro. Como mostramos neste artigo (https://catolicidadetradit.blogspot.com/2020/11/trump-nao-e-o-anti-sistema-luta-pelo.html) Trump não passa duma realocação do Império, tendo tido, durante todo seu governo, apoio da maioria dos setores de Wall Street só vindo a perdê-lo no segundo semestre de 2020 quando figurões do mundo financeiro ficaram céticos quanto a sua renúncia fiscal ser capaz de recuperar a economia americana ante a pandemia.


É bem verdade que Trump polariza a insatisfação de parcelas do povo com o sistema americano cuja fachada é democrática mas a realidade oligárquica mas não nos enganemos: essa insatisfação não tem a mínima chance de se tornar eficaz pois falta conscientização. Primeiro por que Trump é também um oligarca preso a oligarcas e a dinastias como a histórica dinastia Rothschild, basta ver como o barão David René de Rotshchild apoia Trump no poderoso Congresso Mundial Judaico que ele preside. Segundo por que o movimento que invadiu o Capitólio se embasa nos ideais americanos – que construíram o sistema – ou será que ninguém viu as bandeiras do Tea Party tremulando no meio da multidão? Terceiro por que a direita trumpista está dentro da semântica democrática, que no fim é a semântica americanista que dá base ao progressismo democrata! A “deusa” democracia jamais é posta em questão mesmo pelos que se enxergam como anti-sistema, o que aponta para uma cegueira fatal afinal foi a institucionalidade legal democrática que permitiu a ascensão das oligarquias ao poder. O economista pró Trump Paul Craig Roberts, por exemplo, de modo esquizofrênico, apela a Primeira Emenda para defender a causa trumpista esquecendo que foi com ela na mão que o mass media boicotou o governo Trump por 4 anos sem que ele pudesse fazer nada. Só uma refundação dos USA em bases fascistas e iliberais poderia resolver o quadro mas isso exigira uma conversão do povo americano o que é improvável.


Diante do exposto resta ao sr. A. Dugin e aos seus alunos dissidentes se matricularem no COF de Olavo e redigirem uma nota pública decretando a vitória de Carvalho no debate sobre o EUA e a Nova Ordem Mundial. Eles, ao que tudo indica, abandonaram o fronte de luta anti-americano – até que uma nova decepção os faça abandonar suas fantasias - mas nós, aqui, daremos seguimento ao embate intelectual contra o Grande Satã em sua dupla face, democrata e republicana, ensimesmada e cosmopolita, qual o deus pagão romano janus!

3 comentários:

  1. Trump é maçom, portanto, pró-sistema, pró-talmude. Trump não é anti-sistema. A função dele como do Bestanaro é queimar a imagem do conservadorismo que tem bandeiras cristãs, anti gay, anti-guerra racial-sexual, dos anti-aborto etc. Os 2 shabbat goy estão aí para criar situações fictícias (e reais) como a invasão do Capitólio (cheio de antifas infiltrados) para que se criem leis de "proteção a democracia", contra "discurso de ódio", censura na internet, blá blá blá.

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  2. Parabéns! Excelente post!
    Pessoalmente, não sou católico (e sim "pagão", do tipo "ultranacionalista", como, por exemplo, o "odinismo" da Resistência Nórdica), porém esse blog é excelente e maravilhoso.
    Pessoalmente, tinha uma forte rixa com os católicos, porque a maior parte dos babacas só sabe passar pano e lamber as bolas dos sionistas. Isso envolve os Estados Unidos, essa escória, esse Governo de Ocupação Sionista.
    P*ta que pariu: os EUA NADA TEM A VER COM ESPIRITUALISMO. Para os EUA, eles são adeptos do Judaísmo, da "teologia da prosperidade" imbecil judaica. Eles são adeptos do "meu corpo; minhas regras", ou seja, "cada um faz o que quiser consigo mesmo; ninguém nem nada a ver", eles são adeptos da "concorrência", da "competição entre si", e todas essas sujeiras.
    Ou seja, para um ianque, todo jovem ou criança precisa "disputar" com o outro. "Disputar" vaga na unidade, "disputar" vaga no emprego. Então, é uma "espécie de corrida", para saber quem é o melhor, seguindo a pseudo-ética da judia Ayn Rand.
    Não apenas isso, mas pelo "meu corpo; minhas regras" (neoliberalismo sujo), Israel tem a maior parada gay do mundo, e os EUA ficam bem próximos. ISSO TEM UM OBJETIVO ÓBVIO: "cada um faz o que quiser consigo"; "cada um faz o que quiser com sua propriedade e dinheiro", logo "os juros bancários são aceitáveis". Repetindo: "logo, os juros bancários são aceitáveis".
    Entendeu quem está por detrás? São os dedos do povo de Israel. AS PRINCIPAIS ONGs bilionárias dos EUA são de propriedade desse povo, seja "Open Society", "Anistia Internacional", "Humans Right Watch", ou "Genocide Watch". Os próprios Rothschild financiam boa parte dessas sujeiras. Eles querem substituir os "princípios espirituais" por uma mentalidade liberal, de "competição de um contra um", e "cada um é responsável por si mesmo", de modo que viver da usura, embolsar centenas de milhares (ou até milhões) por mês, de pé para cima, sem mexer um único dedão do pé (usura: rentismo, especulação), TORNA-SE ACEITÁVEL.
    Não atoa os "Pais Fundadores" deles, esses sionistas pró-finanças, QUE TINHAM PROFUNDOS LAÇOS COM A MAÇONARIA JUDAICA. Por isso, desde sua fundação do século XVIII, os ianques sujos só se prestam a lançar os interesses de Israel pelo mundo; os interesses das finanças e dos banqueiros!
    QUE DIFERENÇA FAZ, se iremos nos tornar escravos de Marx, Trotsky ou Rosa Luxemburgo, ou se iremos nos tornar escravos de Mises, Hayek, Ayn Rand, Rothbard ou Milton Friedman? Que diferença faz se será um governo totalitário comunista, que coloca "O Capital" na bandeira, ou se será um governo cujas finanças, ONGs, mídias e controle financeiro está todo na mão da usura desse povo?
    QUE DIFERENÇA FAZ? Todos são judeus; o único objetivo deles é parasitar os povos e as culturas, para abrir terreno ao Reino de Mamom (o Deus do talmude e do sionistas), o materialismo e a opressão dos povos livres (os "goyim"). O materialismo judeu está no cerne do marxismo soviético; mas, exatamente idêntico, está no cerne das finanças e pensamento capitalista desses ianques podres.
    Enfim, todo apoio aos amigos católicos nessa cruzada anti-sionista, contra a podridão dos tentáculos que o polvo de Sião arremessa sobre o mundo. Viva Bashar Al-Assad! Morte ao imperialismo estadunidense!

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