quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Vargas e o Catolicismo

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Há, agora, entre vários segmentos católicos um rechaço preocupante a figura do ex-presidente Getúlio Vargas que, se não instaurou um Estado Católico, esteve muito longe de ser um anticatólico; bem ao contrário, Vargas promoveu vários postulados católicos o que o coloca, em certos aspetos até mesmo a frente de Dom Pedro II que, para temos uma idéia, mandou prender bispos anti-maçonaria durante o segundo reinado, bispos que apenas cumpriam com os ditames de Pio 9, papa que condenou taxativamente a maçonaria.

Sobre isto o insigne professor Eduardo Cruz, catedrático em História, esclarece o seguinte: 

"Um católico não pode ter essa opinião em hipótese alguma. Numa escala comparativa, Getúlio foi muito superior a Bolsonaro, tomando como critério o Magistério da Igreja:

(1) Consagrou Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil, em 1931:
https://www.facebook.com/TrincheiraMoral/posts/499334023799577

(2) Reintroduziu o ensino religioso nas escolas públicas, por meio do Decreto nº 19.941, de 30 de abril de 1931.

(3) Proibiu a usura, nos termos do Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933.

(4) Baniu os maçons do governo:
http://bensodicavour.org.br/.../95-a-maconaria-de-volta.../

(5) Solicitou ajuda do clero para elaborar a CLT:
https://www.facebook.com/TrincheiraMoral/posts/315070735559241.

(6) Instituiu incentivos ao casamento e à natalidade, por meio do Decreto-Lei nº 3.200, de 19 de abril de 1941. O texto foi redigido com sugestões do Centro Dom Vital.

(7) Reintroduziu o serviço de assistência religiosa nas Forças Armadas, nos termos do Decreto-Lei nº 6.535, de 26 de maio de 1944. O serviço havia sido extinto décadas antes, com a proclamação da República, que separou a Igreja do Estado.

(8) Determinou ao DOPS que reprimisse a propaganda anticatólica disseminada por maçons, protestantes, comunistas e demais transviados:
https://www.livrariacultura.com.br/.../os-quebra-santos...

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Vargas ao lado do Cardeal do RJ, Dom Sebastião Leme. 
Fato pouco conhecido é que durante o Estado Novo houve uma negociação entre o governo e a Santa Sé para a assinatura de uma Concordata, por força da qual o Brasil voltaria a ser um país oficialmente católico (1939). Por algum motivo, não se chegou a um acordo. Isso, sim, é um bom motivo para criticar Getúlio Vargas, não o fato de ter sido ditador. Ele deu vários passos rumo à construção do Estado Católico, mas não deu o passo definitivo, que seria o mais importante de todos."


Professor Eduardo Cruz, catedrático pela  Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Em torno da entrega do Brasil à China comunista: o papel de Olavo/ DEA-USA



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A primeira vista pode parecer contraditório a reorientação da política externa do Brasil para os interesses chineses - em razão das falas de Ernesto Araújo e de Olavo de Carvalho, logo no começo do governo onde tentavam, a todo preço, demolir qualquer via de diálogo com Pequim, sob justificativa de que estaríamos sob o risco de espionagem comunista e/ou de apoio a um regime que nega a liberdade dos cristãos e que seria preciso duma “santa aliança”, nas palavras de Araújo, contra a mesma - sobretudo quando o atual governo optou claramente pela via da aliança com os EUA, num momento em que Trump leva adiante a guerra comercial contra a China.

Nós ficamos a pensar no que poderia explicar essa mudança brutal em meio ao aumento da influência da ala olavete no governo - a mesma que sempre torceu o nariz para o "bloco sino-russo". A princípio tudo parecia ser um resultado da rearticulação da ala militar que teria conseguido um acordo pragmático onde a ala olavete/estadunidense havia falhado em conseguir algo semelhante com os EUA - vide o caso da venda de nossa carne ao mercado americano. Isto significaria um retorno da ala militar com a consequente perda da influência da ala olavete. Todavia a coisa parece ser diferente. Um dos fatos a considerar é que esse acordo amplo com China recém obtido mesmo depois de Araújo e Olavo terem sido avessos a aproximação com a mesma no início do ano, só pode ter sido alcançado se alguma nova orientação viesse do DEA/USA dada a total incapacidade de Bolsonaro de pensar para além do guru. O que está em jogo bem provavelmente é que a China compra nossa carne e deixamos para lá a venda da mesma no mercado americano salvando a produção dos EUA que pode seguir investindo no seu mercado interno para se refortalecer sem precisar levar a guerra comercial com os chineses tão longe neste momento, dando alguma vantagem aos mesmos no Brasil, enquanto ganha tempo. Talvez este acordo de bastidor explique o desinteresse das cias petrolíferas dos EUA no nosso leilão do Pré-Sal. Outrossim importa ressaltar que quem financia o consumo americano é a poupança chinesa - a China possui boa parte dos títulos públicos dos EUA - e faz-se necessário assegurar à mesma alguns mercados sem os quais ficaria impossível incrementar esse financiamento garantindo a continuidade da dinâmica de crescimento econômico da era Trump. O Brasil abre seu mercado para o excedente chinês enquanto o Partido comunista de Pequim aceita a supremacia estadunidense na Sul América. Vemos uma reedição da política externa da era Richard Nixon, onde, na década de 70 Washington buscou quebrar o bloco comunista atraindo a China para seu lado como parceira comercial do capitalismo ocidental enquanto fornecedora de mão de obra barata para as indústrias dos países desenvolvidos em troca de pesados investimentos e transferência de parques produtivos para suas zonas abertas. A vantagem era dupla pois criava as condições finais para a globalização do capital estadunidense/ocidental ao mesmo tempo que assegurava à China a condição de potência do Extremo Oriente com a anuência do Tio Sam. O mesmo se dá agora: os EUA se recolocam na dianteira da globalização enquanto dá a China um naco da América.

Agora isto tudo – a articulação americana em entregar o Brasil a China - fica ainda mais patente com os recentes acordos que vão entregar nosso petróleo, terras e mercado na mão chinesa. A gigante de tecnologia Xiaomi já anuncia a abertura de lojas no Brasil o que vai inviabilizar de vez as marcas de celulares nacionais; o grupo chinês Citic Agri Fund Management comprou a operação de sementes de milho da Dow AgroSciences Sementes e Biotecnologia Brasil por US$ 1,1 bilhão. A nova empresa, rebatizada de LP Sementes, já surge com cerca de 20% do mercado nacional de sementes de milho – terceira no ranking – e com planos ambiciosos para ir além. A Yuan LongPing High-tech Agriculture – subsidiária do Citic Agri Fund – é a líder de mercado de sementes na China e líder global de sementes de arroz híbrido. Com a compra, terá acesso total ao banco de germoplasma de milho brasileiro e à marca Morgan. Um fator preponderante que pode potencializar muito o apetite chinês para a produção agrícola no Brasil é a autorização da compra dessas terras por estrangeiros, tópico que está sendo discutido no Congresso Nacional depois de o projeto de lei referente a isto ter sido desarquivado(in:https://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2019/03/projeto-que-libera-compra-de-terra-por-estrangeiro-e desarquivado.shtml).

Cabe destacar que até 2032 o desmatamento da Amazônia vai ampliar em 950 mil hectares devidos aos projetos rodoviários em andamento para atender o escoamento para a China (o que torna toda a histeria bolsonarística contra os interesses de Macron e da França na Amazônia apenas cortina de fumaça para esconder quem de fato representa risco à soberania do Brasil sobre a mesma: em tempo gostaríamos de saber dos bolsonaristas onde a França tem necessidade do minério amazônico se ela tem amplas reservas no Sarre e Lorena e se a Siderurgia francesa vive um declínio produtivo, tendo a França se especializado noutras áreas de produção que demandam muito menos minério? Quem tem necessidade dele são os EUA e a China). Com o aval à China, dado pelo governo Bolsonaro, agora o terreno estará pronto para que o Partido comunista chinês compre terras no Brasil.

Portanto, o que estamos a assistir, bem provavelmente, é nosso país sendo retalhado entre o capitalismo americano e o comunismo chinês sob a anuência dum governo que se apresentava como anti-socialista e patriótico ( quem não se lembra do dístico “Brasil acima de todos”?); toda esta articulação entre interesses geopolíticos de EUA-China em torno do Brasil explica o silêncio de Olavo de Carvalho – um agente da DEA/USA determinado a garantir que o Brasil seja sacrificado à China comunista em troca da subida político/econômica dos EUA/Trump.