Parte da mídia estabelecida diz que o governo de Milei tem sido bem sucedido no campo econômico. Mas será que é verdade? A análise macro dos dados mostra que não e que a situação Argentina piorou em relação a era Fernandez. A inflação bateu pico no meio de 2024 ultrapassando os duzentos por cento. No segundo trimestre a inflação mensal desacelerou mas graças a cortes brutais no repasse as províncias, educação e saúde além da paralisação das obras públicas e do veto a aumento do salário dos aposentados. Com isso a Argentina teve uma queda do PIB em 3.5% para 2024, maior que a de 2023 que foi de 1,6%. O desemprego subiu de 6% em 2023 para 8% em 2024. Com redução do PIB e mais desemprego houve queda do consumo o que naturalmente provoca queda da inflação no segundo trimestre mas ela não revela melhora da economia. No governo Fernandez eram 41% da população em situação de pobreza. Agora são 52%. O peso desvalorizou em relação ao dólar de forma que para comprar um dólar precisaríamos de 1000 pesos argentinos em novembro de 2024, o câmbio ultrapassando 4 dígitos pela primeira vez na história. Por outro lado Milei anunciou superávit mas o governo não teria superávit se não fosse financiado com títulos do Tesouro, conhecidos como Lecap e LEFI, que permitem o adiamento do pagamento de juros uma vez que estes são pagos, juntamente com o capital, apenas no vencimento do título da dívida: Milei mascarou o déficit, não o eliminou. A Argentina também ficou cara em dólares. Significa que, se no início do ano, quando Milei assumiu, você precisava de US$ 100 para pagar a luz, no final do ano você vai precisar entre US$ 200 e US$ 210 para pagar a luz.
Em resumo: a Argentina está pior agora que antes de Milei. Não se deixem enganar pelos demagogos de direita que, fazendo recortes sobre inflação mensal e redução mascarada de défice tentam passar uma imagem boa da economia argentina sem relacionar todos os dados com o contexto macro.