segunda-feira, 15 de julho de 2019

Os erros da direita "católica", por Arthur Rizzi.



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A direita pseudo católica aposta em pessoas como Bolsonaro - um apoiador do liberalismo, sionismo e do protestantismo, doutrinas condenadas pelos papas. 




Os dois erros que ainda subsistem na dita direita católica são:

1- A crença falsa, baseada numa fake news de Murray Rothbard, de que a Escola Austríaca é o fruto moderno da Escola de Salamanca.

2- De que subsidiariedade é meramente absenteísmo estatal, de modo em que nada se pode fazer pelos pobres em matéria de governo, pois seria violação do princípio de subsidiariedade, e que portanto, os mais pobres deveriam confiar apenas na providência divina e na caridade individual. ( Para entender melhor isto cabe ler o importante artigo "O mito do distributismo sem Estado" aqui: http://www.integralismo.org.br/?cont=920&ox=21

Os dois erros estão interligados, e ambos se mantém por causa de uma correlação de forças na qual essa mesma direita católica se vê presa.

Como a direita católica não tem meios de mobilização de fiéis própria, não tem apoio da hierarquia, e pela própria natureza costumeira do catolicismo local (apolítico e não doutrinal) ser deveras difícil de mobilizar, eles se veem presos ao governo americanista do Brasil. Governo que como todo americanismo, é liberal e se alicerça sobre as pautas morais dos evangélicos, eles se veem forçados a tolerar e até apoiar o que vem no conjunto do pacote: liberalismo econômico, anti-estatismo burro, sionismo bucéfalo, etc.

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O professor Arthur Rizzi

Isso faz com que liberais que são maus católicos (católico liberal não existe), ajudem a criar uma defesa intelectual e teórica desse tipo de promiscuidade ideológica. O que faz perpetuar essas duas falsas noções acima.

Agregue-se ainda, o fato de que o meio tradicional e conservador da Igreja, embora esteja crescendo para setores das classes C e D devido a internet, concentra-se em indivíduos das classes B e A. Nesse caso entra ainda o interesse de classe em jogo. Foi basicamente o que ocorreu no caso da TFP e seu liberalismo prático.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

4 de Julho ou os EUA como início da Babilônia anticristã

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O governo Bolsonaro - talvez o mais identificado com os EUA, na história do Brasil - representa a entrada definitiva do país no esfera da ideologia da grande Babilônia moderna



Há uma verdadeira tara por parte dos “conservadores” brasileiros em torno dos EUA e de símbolos como a data de sua independência – o infausto 4 de Julho - que torna deveras contraditória a posição conservantista dos mesmos, afinal, a idéia por trás dela é a de que o “conservadorismo” seria a ideologia perfeita para garantir, dentro da vida social, a prevalência de certos costumes morais e religiosos contra a degeneração da new left, ou nova esquerda, a mesma que defende direitos lgbt, feminismo, laicismo, cotismo, relativismo moral, etc. O americanismo dos “conservadores” brasileiros é uma posição esquizóide pois postula “conservar” uma tradição – a dos EUA - estranha à sua própria nação. O que esperar, normalmente, de conservadores senão que conservem a própria forma de viver, ser, pensar? Todavia aqui no Brasil a atual onda de “conservadorismo” é um fato sui generis, único na história e no mundo: é a primeira que visa , não a sua identidade mas a dos outros, o que prova que o Brasil caminha – infelizmente – para deixar de ser um país normal. Não custa lembrar que o culpado mor deste processo de deformação moral, que acontece agora aqui, é o senhor Olavo de Carvalho. O velho guru acostumou o seu público cativo a acreditar em três coisas:

1- Os EUA são a nação mais cristã da história;

2- A independência dos EUA não foi uma revolução mas uma contra-revolução (um oposto, portanto, da revolução francesa, que seria aí o símbolo mor das revoluções) e portanto o antídoto para todas as revoluções.

3- O Brasil deve adotar o modelo social americano para evitar o comunismo e virar uma civilização.

Primeiro é preciso que se diga que os EUA não são a maior nação cristã da História mas a maior nação protestante da História. Alguns vão objetar que “protestantes são cristãos”, o que não deixa de ser verdade mas uma verdade fraturada pois eles só são cristãos pela metade. O ato fundador dos EUA, como modelo de sociedade, foi a chegada do Navio Mayflower em 1620, época das 13 colônias. Em que consistiu este fato senão na idéia de que aquela nova terra era uma terra de liberdade onde todas as profissões de fé, modos de ser, variedades de costumes, poderiam florescer sem a interferência do poder do rei da Inglaterra que impunha uma religião oficial aos súditos, opondo à liberdade, uma autoridade absoluta? Os calvinistas do Mayflower só queriam um lugar onde pudessem adorar a Deus do seu modo, com liberdade. A lógica por trás da colonização começada em 1620, de forma espontânea sem a interferência inglesa, era a de que se você era um calvinista que fosse para uma colônia puritana, se fosse quaker que fosse para uma colônia quaker, se fosse batista que fosse para uma colônia batista. Havia tantas colônias e vilas quanto o número de cabeças e de filosofias/religiões. O que estava em jogo ali não era assegurar a reconstrução da sociedade católica destroçada pelos reis anglicanos da Inglaterra. Se 1620 significasse um êxodo dos perseguidos pelo rei para refazer a cidade católica que fora a glória e salvação da Inglaterra anterior ao ato de supremacia de Henrique VIII, em 1532 , aí a história americana seria uma epopéia digna de ser louvada e cantada pelos séculos. Entretanto as 13 colônias foram a vitória da renascença pagã no mundo cristão protestante – e nada mais anticristão que o renascimento e seu culto da liberdade de pensamento, ou seja, da liberdade de renunciar aos dogmas da fé. As 13 colônias eram um “paraíso” anárquico onde a liberdade de pensamento renascentista, na forma de liberdade religiosa, finalmente podia florescer, longe do poder autocrático dos monarcas absolutos – preocupados em manter alguma unidade de pensamento em seus domínios, alguma unidade moral/religiosa. 

Segundo que, por tudo isto, a Independência dos EUA, iniciada em 1776, foi apenas um capítulo dum longo processo de maturação duma nova sociedade que nascia, não baseada na obrigatoriedade do dogma ou da lei divina, ou na obrigatoriedade da obediência mas no direito de desobedecer e de pensar livremente. E, por isso, ela foi uma revolução pois ela coloca início ao fim da era moderna dos reis absolutos em que se apostava na união entre rei-igreja e no controle do pensamento, sujeitando-o à verdade religiosa. Ela poderia ter sido uma revolta justa se seus colonos, rechaçando seus pais fundadores protestantes dissessem: nós queremos voltar a ser católicos e então vamos desobedecer às leis intoleráveis de Jorge III e restaurar aqui a Inglaterra Católica. Só aí ela não seria uma revolução mas uma contra-revolução que sempre tem caráter restaurador. Entretanto a Independência teve móveis mais mundanos: luta contra os impostos, considerados abusivos já que os colonos não tinham representação no Parlamento Inglês, o que inaugurava uma nova era, a da liberdade negativa, aquela que não afirma nenhuma verdade mas nega todas elas a fim de dar ao homem infinitas possibilidades; luta contra a autoridade, o que implodia a noção tradicional de nobreza, trazendo, com isso, a era da autonomia do indivíduo frente ao poder constituído, o que constitui uma inversão, uma reviravolta política, e, logo, uma revolução pois o que são elas senão mudanças de 360 graus na história? Neste caso os governantes, que antes tutelavam, passam a ser governados e tutelados pelos indivíduos e pelo pacto social; em suma a autoridade e o poder, que antes seguia de cima para baixo, agora passava a vir de baixo para cima.

Terceiro que, por mais que os ridículos “conservadores” brasileiros tentem afirmar uma diferença cabal entre a Independência dos EUA – ou melhor dizendo, revolução americana, a mãe de todas as revoluções – e a revolução francesa, o fato é que a história desautoriza esta leitura. O amor das liberdades chegou a França através da Inglaterra e dos EUA. A juventude nobre da França, contagiada pelo exemplo de 1776, mostrava enorme entusiasmo pelas maneiras igualitárias e desprezo pelo “espírito aristocrático” já na década de 1770/1780, anos que antecederam a revolução em Paris. A jovem nobreza, a primeira a ser invadida pelo contágio do espírito filosófico, trazia, do exemplo americano ,um gosto entusiasmado pelas formas do governo representativo e pelas liberdades da tribuna. 1776 passara a servir de farol aos que pensavam em revolucionar também a França:

“Embora não houvesse dez republicanos de verdade, em Paris em 1789, como disse Camilo Desmoulins, que era certamente um desses dez, era “chic”, em Versalhes, dizer-se republicano, à moda americana. Foi por isso que muitos jovens nobres seguiram Laffayete à América, para ajudar a causa dos rebeldes democráticos yankees (L. Madelin - Les Hommes de la Révolution, pg. 8).

“O entusiasmo pela jovem América se manifestou inicialmente em panfletos, canções, libelos contra a monarquia caduca; mas não parou lá; toda a jovem nobreza, de repente enamorada pela democracia, embarcou e atravessou o Oceano, indo até aos EUA, para contemplar de perto a aurora dos novos tempos” (G.Lenotre, En France, jadis-pg.190).

A mania democrática chegou a tal ponto que se deixou de jogar o whist, jogo inglês, e se passou a jogar o “Boston”, cujo nome – que lembrava o Tea Party, episódio da independência americana - dava ao jogador um “que” de insurreto. (Hugues de Montbas, La Police Parisienne seus Louis XVI, pg.169).

Não sem razão Hanna Arendt, em sua obra “ A vida Do Espírito”, examinando a mentalidade dos pais fundadores dos EUA, nota que 1776 buscava ser um novo começo para a história, um novo início da humanidade, identificada na frase lapidar que se encontra num dos símbolos numismáticos do país, o dito “Novus Ordo Seclorum”, ou seja, Nova Ordem dos Tempos. 1776 quis ser o sepulcro do passado e o nascedouro do futuro – da era de liberdade/igualdade, da era maçônica. Para ritualizar esta nova fundação do mundo – não mais em Deus mas no Homem feito um “deus” - George Washington, primeiro presidente dos EUA, ergueu a pedra inicial do futuro Capitólio, vestido com os paramentos maçônicos, onde, dirigindo orações ao “deus” natureza, à divindade da maçonaria, se valeu do rito do lançamento da pedra angular existente nas Lojas do Grande Oriente, em que  consagrava a mesma com trigo, vinho e azeite e a media, simbolicamente, com um triângulo de madeira e um régua em T, significando que aquela era a Nova Pedra Fundamental do Mundo, a pedra perfeita. Ora sabemos que, na tradição cristã, Cristo é a Pedra Angular. Porém não foi nesta pedra que os EUA foram fundados e sim na Pedra Maçônica que significa o esforço do homem em tornar-se, pelo uso da razão em liberdade e igualdade, alguém que seja capaz de despertar, em si, a “centelha divina”. A idéia aí é: o homem deve desenvolver ao máximo o seu poder até igualar-se a divindade. Os EUA são a concretização desta ideia na forma política, um Estado que serve ao homem como a um “deus”. Esta é a mesma base ideológica na qual a new left se escora, new left pela qual os conservadores brasileiros sentem repulsa. E isto só prova que o movimento criado pelo senhor Carvalho é, não a alta cultura, mas Satanás revestido de anjo de luz; no fim das contas trata-se de um regimento de imbecis crentes de que estão a servir a Deus quando, na verdade, estão a acender uma vela para o cabrunco e a preparar, sem saber, o seu reinado definitivo sobre o mundo.

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Washington lançado a pedra maçônica de fundação do capitólio em 1793

Em quarto lugar nos 243 ANOS da Independência Americana o que tivemos foram guerras contra monarquias católicas, saque ao México, apoio a revolucionários de toda sorte, criação da cultura de massas, revolução sexual, expansão da democracia iluminista laica, nascimento do tráfico internacional de drogas na década de 1920, bombas atômicas, apoio irrestrito ao infame ESTADO DE ISRAEL, 5 MILHÕES DE MAÇONS, guerras ininterruptas – de modo que os historiadores falam de intervalos pequeníssimos sem algum envolvimento em conflitos bélicos por parte dos EUA, ao longo de sua existência como Estado – etc. Não há nada a comemorar nem a aprender de positivo com os norte americanos. O Brasil não precisa emulá-lo para se tornar uma civilização pois os EUA não são uma civilização mas uma barbárie com verniz de prosperidade econômica. O homem de hoje, levado pelo brilho da matéria e do poder do dinheiro se deixa fascinar por esta sociedade neopagã mas aqueles que realmente amam a Deus e querem conservar a vera tradição cristã não podem ter outra atitude senão odiar, do mais fundo da alma, a Babilônia do Norte.