segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Anticomunismo não basta pra ser bom católico




Um ensinamento claro sobre o engano de alguns setores neoconservadores católicos, dado pelo padre Luiz Cláudio Camargo da FSSPX, sobre a posição do Pe. Paulo Ricardo, um notório crítico do comunismo mas por um viés olavista e liberal:



[A] condenação (ou não) do comunismo, mesmo com toda a sua urgente atualidade e inegável conveniência, é problema menor no Vaticano II. Essa ausência de condenação [...] é um indício evidente da mentalidade não católica que reinou no Vaticano II. Certamente não é possível ser católico e ai mesmo tempo aprovar o comunismo, nem teórico nem prático. A Igreja já o condenou solene e definitivamente várias vezes. Já ensinou pelo seu Magistério autêntico que esse pensamento é incompatível com a Fé católica. Isso é certíssimo e qualquer católico sabe disso, ou deveria saber. Mas - esta é a primeira observação que queria fazer - não basta ser anticomunista para ser católico. O anticomunismo não é o critério último e definitivo do catolicismo autêntico. É possível, apoiado numa doutrina liberal também condenada pela Igreja, reprovar o comunismo. É possível ser anticomunista e estar completamente fora do pensamento da Igreja." - Padre. Luiz Cláudio Camargo (FSSPX) / Revista Permanência. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O que está por trás do antiTrumpismo delirante?


     

Bremmer, um pateta a serviço de Wall Street. 




     Aqui não temos a ilusão de ver Trump como o "messias" que vai salvar o mundo da degeneração da Nova Ordem Mundial. Evidente que isso passaria por um ressurgimento cristão amplo, só possível se a crise na Igreja Católica for resolvida. Contudo não podemos nos dar ao luxo de não considerar que Trump, em diversas linhas, se opõe às forças globalistas. Suas recentes ações referentes a disposição de cancelar acordos climáticos mundialistas - que sabemos põe em risco o crescimento industrial dos EUA mas também de países emergentes como o Brasil - e de nomear ministros vinculados ao antiabortismo, mostram que, apesar de algumas graves limitações de seu governo, existem sinais decisivamente positivos quanto ao seu papel antiglobalista.  

     Um dos signos que evidenciam o antiglobalismo de Trump é a maquinação mundial de todos os grandes canais de mídia - que obedecem, via de regra, ao financismo mundial - para manchar de todos os modos a sua reputação. Acusações vagas de "homofobia", "sexismo", "racismo" são lançadas contra o novo presidente americano - sem que nada disso seja provado, acusações destinadas a atingir a imaginação moldável das massas através da repetição de injúrias em todos os canais, para dar a impressão de unanimidade - enquanto, por outro lado, "análises" geopolíticas fajutas são vendidas à classe intelectual como expressão do "perigo real e imediato" representado por Trump, que seria o ponto de inflexão da globalização, sempre apresentada como um processo inevitável de progresso da humanidade que não poderia ser parado sem prejuízo dos "direitos humanos". 

     Aqui no Brasil esta pantomima midiática é representada, sobremaneira, pela Globo News que resolveu trazer ao público uma entrevista de Ian Bremmer, guru de geopolítica do The Economist. Bremmer é um sujeito que teve a carreira financiada por grupos financeiros ligados a Wall Street. Ele é um intelectual orgânico, a serviço do mundo bancário . Seu papel é dizer que a globalização promove paz, progresso, prosperidade e que governos que se opõem à mesma criam instabilidade e abrem espaço para guerras, conflitos, atraso, pobreza, etc. 

      Entre seus compromissos profissionais, Bremmer atua como professor na Universidade de Nova Iorque, é o colunista de assuntos externos e editor da Time , um colaborador para o Financial Times e também publicou artigos no Washington Post , no New York Times , no Wall Street Journal , em Harvard Business Review , Foreign Affairs e muitas outras publicações. Ele aparece regularmente na CNBC, CNN, Fox News Channel, Bloomberg Television, Rádio Pública Nacional, a BBC e outras redes. Trabalha no Conselho do Presidente da Fundação para o Oriente Próximo , no Conselho de Liderança da Cúpula de Concordia e no Conselho de Curadores da Intelligence Squared. Em 2007, foi nomeado como "Líder Global Jovem" do Fórum Econômico Mundial e, em 2010, fundou e foi nomeado Presidente do Conselho da Agenda Global para Risco Geopolítico do Fórum.

     Bremmer defende a tese que o mundo entrou num estágio de G-Zero desde 2008, ou seja, em que há uma crise de liderança global. Os EUA com Trump deixariam de ser a liderança global que sempre foram. Bremmer fala que há três aspectos principais dessa liderança americana que serão afetados pela administração Trump, ampliando o impacto do  “mundo G-Zero”, em que cada país cuida de si: o papel dos Estados Unidos como guarda do mundo; a arquitetura do comércio internacional e a defesa de valores globais.

      Sobre isso Bremmer aduz que:

"Não é para ser assim. Somos o número um, os Estados Unidos são o todo poderoso. Americanização e globalização, há várias gerações, são praticamente a mesma coisa. Seja com a Organização Mundial do Comércio, com o FMI, o Banco Mundial, os Acordos de Bretton Woods sobre a moeda; essas eram instituições americanas, nossos valores, nossos amigos, nossos aliados, nosso dinheiro, nossos padrões. Era assim que o mundo funcionava."(https://www.ted.com/talks/ian_bremmer_how_the_us_should_use_its_superpower_status?language=pt-br)

    Em suma: para Bremmer o erro de Trump é descolar os EUA da globalização. Os EUA devem servir à globalização, aos seus mecanismos financeiros em outras palavras. Ele afirma que se os EUA agora não podem liderar da forma tradicional ao menos deveriam liderar por exemplos, fornecendo os valores globais( direitos humanos universais, liberdade geral de comércio, democracia, igualitarismo, etc). 

    A presença dele na Globo News é uma estratégia: formar a opinião da classe letrada brasileira contra o trumpismo deixando claro o seguinte:

1- A Globalização precisa de um EUA interventor na política internacional senão como polícia da Nova Ordem para manter a Paz, ao menos como ator exemplar para espalhar valores morais que legitimem a globalização; 

2- Com Hillary esse papel ia continuar e com isso o mundo seria mais seguro(para os investidores de Wall Street é claro);

3- Com Trump isso acabou e assim a chance de haver "guerras por todo o globo" aumenta e muito;

   Bremmer é um prestidigitador; se pensarmos na quantidade de guerras que a atuação dos EUA como promotor do globalismo geraram, fica evidente sua má fé analítica: guerra do Golfo, do Iraque, do Afeganistão, balcanização do norte da África(primavera árabe), balcanização da Síria (com financiamento direito aos rebeldes sunitas), criação das condições para a fundação do Daesh, invasão da Europa por refugiados africanos e asiáticos provenientes das áreas balcanizadas, etc. Essa é "paz global americana" oferecida por Bremmer: um mundo seguro para os investidores da classe bancária mas altamente problemático para países pobres e fracos, para a Europa(cada vez mais ameaçada pela islamização graças aos valores globais ligados à abertura total de fronteiras), para os países do Oriente Médio que tem a coragem de enfrentar a banca americanista(lembremos do financiamento a grupos jihadistas que ajudam os EUA a enfraquecer os países árabes, como a Síria, que se insurgem contra seu intervencionismo político-econômico no Oriente Médio), para a América Latina(destinada a ser o "lugar de ganho" do globalismo, onde os lucros do mercado financeiros são altos enquanto o desenvolvimento nacional não decola pois fica a mercê do pagamentos de altos juros aos mega bancos mundiais) e para todos que são vítimas, agora, da engenharia política assassina e mamonista da casta globalista dos EUA. 

    O antitrumpismo é isso e mais nada: reação desesperada do mamonismo globalista. Feministas, militantes de direitos humanos e a classe acadêmica que vão às ruas protestar são apenas os peões convocados pelos filhos de Mamom para dar aparência de "humanitarismo" à luta contra Trump.


Rafael G. Queiroz (Bacharel e licenciado em História pela UERJ; especialista em História das Relações Internacionais pela UERJ).