domingo, 28 de setembro de 2014

O que está por trás da perseguição a Dom Livieres?

Dom Rogelio Livieres.



A recente destituição, absurda e arbitrária, de Dom Rogelio Livieres, ex bispo de Ciudad del Este, reabre a discussão sobre a natureza do pontificado de Francisco. Os fatos são tão claros que, negar que são o que são demonstra ou grave deficiência intelectual, ou doença mental ou malícia.

Cremos que ela revela, de modo definitivo, o que é este pontificado, qual seu projeto e que efeitos ele visa causar na vida interna da Igreja. Caso restasse alguma dúvida em face do mesmo este episódio esclareceria de forma cabal as dúvidas ainda de pé. Como para alguns ainda restam dúvidas é preciso expor o que ela significa. E para isso é preciso fazer um histórico desse caso. Em fins de 2008, Dom Livieres entregou uma carta a Bento XVI denunciando graves situações morais relativas ao episcopado paraguaio, entre elas a situação de Lugo, recém eleito presidente da república, em dissonância com a disciplina que a lei canônica pede nesses casos: Lugo haveria mantido relações com mulheres das quais teriam nascido filhos(acusação que depois veio a ser comprovada). Livieres ficou marcado, também, por ter criado um seminário em Ciudad del Estes, em razão da deficiente formação dada pelo Seminário Nacional do Paraguai. Desejando assegurar a boa formação de seu futuro clero, retirou de lá seus seminaristas e foi zeloso na busca por uma séria educação católica que fosse fiel a doutrina e ao magistério da Igreja. 

Na época Bergoglio - intimamente unido ao episcopado progressista do Paraguai- deu início a uma perseguição a Dom Livieres, encaminhando reclamações a Roma sobre trânsito de seminaristas que saíam de Buenos Aires para Ciudad del Este. Por pedido do então Cardeal Bergoglio a Santa Sé processou o bispo paraguaio - leia-se Dom Livieres - por haver recebido um seminarista sem pedir as informações canõnicas e tendo-o ordenado sem os requisitos acadêmicos. O projeto bergogliano então, apoiado por bispos do Celam e pelo episcopado comunista do Paraguai, era o de enfraquecer o seminário de Dom Livieres, pois este aparecia como uma resistência ao progressismo. Trânsito de seminaristas aconteciam, então, aos montes na Argentina. Por que Bergloglio preferiu tratar do caso do seminário de Livieres e não dos da Argentina? A resposta é fácil: os seminários argentinos não representavam, como o de Dom Livieres, ameaças ao seu projeto liberalizante-esquerdizante de Igreja. 

A chegada de Bergoglio ao Papado deu ao mesmo a oportunidade para colocar em prática seu antigo plano. É sabido na Argentina que Bergoglio, quando cardeal, costumava acusar seus desafetos ou de prática gay ou de afinidade gay ou de proteger gays. Quando essa acusação não funcionava usava dossiês para provar que os mesmos tinham problemas psiquiátricos. A mesma estratégia está sendo usada agora: Dom Livieres é acusado de não dar conta do caso de um padre que teria cometido abusos sexuais. Ora é preciso ser muito, mas muito ingênuo para acreditar que isso bastaria para que Roma tomasse a atitude de destituir Dom Livieres. Tais casos pululam no Brasil, em dioceses conhecidas, mas nada acontece. Aqui mesmo em Nova Iguaçu - RJ onde vivemos houve um caso de abuso sexual cometido por um padre, recentemente. O que fez o Bispo? O transferiu de paróquia. Hoje ele se encontra em Minas. Roma fez o quê? Nada. Em 2007 e 2011 eu mesmo enviei cartas a Roma com dados sobre os problemas da diocese. Nenhuma resposta. Uma das cartas foi entregue nas mãos do Cardeal Canizares. Nada. O que prova que os punidos são selecionados. Quando há um interesse político na punição, ela acontece. Faltando este nada acontece. 

Em geral esse interesse se constitui sobre a noção de que o bispo ou padre em xeque não estão em comunhão, o que quer dizer que estão atrapalhando as reformas trazidas pelo Concílio Vaticano II.  É essa acusação que pesa, hoje, contra Dom Livieres. Ele mesmo o relata em sua recente carta, onde fala de uma conversa com o Núncio: 

"As conversas que tivemos, aparentemente (porque eu não vi os documentos oficiais), dão como justificativas para uma tão grave decisão uma tensão na comunhão eclesial entre os bispos do Paraguai, a minha pessoa e a Diocese: “Nós não estamos em comunhão”, o Núncio havia declarado em sua conferência."

O que é estar em comunhão hoje? Tendo sido acusado da mesma coisa aqui em minha diocese, em razão de defender a fé contra abusos do clero e de leigos, entendi que essa alegação significa que a vida eclesial hoje em dia, depois da traumática experiência do Concílio Vaticano II - responsável direto por essa noção pacifista de comunhão - deve estar fundada na concordãncia mecânica com esquemas pastorais construídos coletivamente segundo um sentir novo: esse sentir novo exclui, de cara, qualquer defesa de conteúdos dogmáticos. Esse sentir novo exige que cada católico, se ajuste as novidades do tempo presente e que aceite, no interior da Igreja, "ajustes"(o termo certo é mudanças) litúrgicos, doutrinais, pastorais aos novos tempos. O pedido de João XXIII, quando da convocação do Concílio, em prol da adaptação da doutrina ás circunstâncias dos tempos e lugares, é a base da idéia - nova - de comunhão. Comunhão sempre foi entendida na Igreja como união com a fé dos santos, apóstolos e doutores. Hoje é vista como "unidade" de ação e pensamento com as estratégias pastorais de agora. A noção de Jaques Maritain de irreversibilidade do mundo moderno e da modernidade como realizadora de certos ideais cristãos é assumida, de forma consciente em alguns, inconsciente em outros,como o novo dogma a ser assumido por católicos: a Igreja deve se pautar pelo que acontece agora no mundo, nas tendências morais de cada época; estar em comunhão é "entrar na dança": quem quer que fique "preso" a formas tradicionais é acusado de estar fora da comunhão. 

Esse primado da pastoral, dogma da neoigreja, que se impôs a partir do Concílio Vaticano II é a versão teológica do primado da práxis de Karl Marx, para o qual "é na práxis que o homem deve demonstrar a verdade, ou seja, a realidade e o poder, o que há de mundano em seu pensamento". A práxis, ou resultado político da ação na história, é, para Marx, o critério sumo da verdade das idéias. A partir do Concílio Vaticano II ficou a noção de que a missão dos pastores não é transmitir dogmas mas transformar a História por meio da fé, mas de uma fé sem dogmas é claro.Isso se esclarece a partir do que dizia o Cardeal Bea: " os frutos do Concílio devem ser procurados não nos textos fixados no papel, mas nas experiências feitas pelos participantes...isto aplica-se de modo especial ao campo ecumênico"( Bea, Agostino. Il cammino all' unione dopo il Concilio. Morcelliana, Brescia, 1966, p.10). Na neoigreja a ortopráxis passa a ser o critério de verificação da fé: se a práxis de fé altera a história no sentido de uma utopia social, então ela é verdadeira.Como Dom Livieres não conseguiu caminhar nesse sentido foi punido.

O que está por trás da destituição de Dom Livieres, senão a colocação em prática desse projeto de "Igreja" em comunhão com o mundo, projeto acalentado faz 50 anos, e hoje aplicado com afinco no novo pontificado que depois de ter vitimado os franciscanos da imaculada, afastado os poucos elementos conservadores da cúria - incluído aí o Cardeal Burke - agora persegue um bom e zeloso bispo? 

Rezemos por esse mártir da fé e pela libertação da Igreja dessa malta de hereges que hoje a governam.





quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Filosofia cristã : Tomás de Aquino e o conhecimento!


 Santo Tomás, o doutor angélico, fonte seguríssima para os católicos inclinados a filosofia.


Entre tantos objetivos, nosso blog quer contribuir para a reativação de uma autêntica visão de mundo católica, hoje abandonada até pelo clero, em avançado estado de putrefação modernizante desde o Concílio Vaticano II. 

Uma das causas dessa putrafação dogmática, moral, pastoral, etc, foi o abandono da teologia e da filosofia de Santo Tomás, apresentado por Leão XIII como a base sobre a qual o ensino da teologia nos seminários, deve estar fundado.

Para piorar ainda mais essa situação, hoje nos meios católicos ditos conservadores, a influência deletéria de Olavo de Carvalho, que ao contrário do que ensina Santo Tomás, preconiza um  método intuitivo de conhecimento, é a base de formação filósofica destes mesmos católicos, incapacitados em geral, para reconhecer os riscos e problemas daí advindos. 

Começamos aqui um estudo sistemático da filosofia de Santo Tomás de Aquino a partir de sua noção de abstração, pois entendemos que sua filosofia é o remédio para os os males atuais. 

Segundo Tomás o homem conhece, partindo, sempre dos sentidos: corpo e alma que somos, nossa forma de conhecer é conexa a nossa natureza. Dependemos, portanto, dos sentidos para iniciar nossa trajetória para o saber. O que captamos com os sentidos são os entes particulares (Ex.: Um cão da raça dálmata, fêmea, 2 anos, ou seja um ente com marcas particularíssimas, não encontradas em outro ente). As imagens ou fantasmas(gravadas na memória) dos particulares depois de captados, armazenados e preparados, progressivamente, pelos sentidos externos(olhos, ouvidos, etc.) e internos(memória), respectivamente são o terreno de onde nosso intelecto parte para obter o conhecimento. Cabe ao intelecto, ir até eles e extrair ou abstrair, desses, a sua essência (quididade), que passa a ser o objeto próprio de sua atividade, conforme diz o próprio Tomás: “O intelecto humano, unido ao corpo, tem como objeto próprio a quididade ou a natureza existente na coisa corpórea [...] que ele abstrai dos fantasmas..."(S. Th., q. 84, a. 7/85, a. 8). 

O santo estabelece que o intelecto tem duas operações básicas:

1- A intelecção dos indivisíveis: por ela conhecemos o que a coisa é. 

Ela é de acordo com o grau que ocupa entre os entes quer seja uma coisa completa(logo uma substância: um homem é uma substância pois em si mesmo é uma coisa distinta de outras,com atributos próprios) quer seja uma parte(logo um acidente: o sexo de uma pessoa humana é acidental em relação a sua natureza - para ser homem não é preciso ser macho ou fêmea, sendo acidental o sexo do mesmo- já que é aquilo que não é necessário existir para que o homem seja humano). 

2- Composição e divisão: por elas se formam enunciados verbais afirmativos ou negativos onde podemos dizer que algo é(composição) ou que não é( divisão). 

Por exemplo: enunciamos uma composição quando dizemos que o homem é racional( a racionalidade é atributo do homem compondo sua natureza) e enunciamos uma divisão quando dizemos que a cor é acidente do móvel( a cor marrom, preta ou branca de um móvel não é atributo de sua natureza, mas apenas um acidente). 

Nesta operação não podemos separar o que está unido na coisa. Não podemos, por exemplo, separar no homem, o corpo da alma, pois somos seres anímico-físicos, não somos anjos. Podemos sim distinguir o corpo da alma, como dois princípios diferentes. Não se separa na árvore o tronco do galho: na coisa substancial que é a árvore tronco e galho são partes da mesma substância. 

É na primeira operação que se dá a abstração. O intelecto agente é, eminentemente, ativo e tem duas funções: primeiro, a de extrair a natureza universal dos fantasmas, que se encontra em potência, e, segundo, atualizá-lo, para que seja impresso no intelecto possível ou passivo, agora já em forma de ato, conforme diz o próprio Tomás: “É necessário admitir-se uma virtude, no intelecto, que atualize os inteligíveis, abstraindo as espécies das condições materiais. É essa a necessidade de se admitir um intelecto agente” (S. Th. I, q. 79, a. 30).

Há dois modos de abstração:

1- Do todo em relação a parte.

Por exemplo: o estado(todo)em face de suas instituições(partes).

2- Da forma em relação a matéria.

Por exemplo: o móvel(forma) em relação a matéria(madeira) de que é feito.

Toda coisa é inteligível na medida em que está em ato que é aquilo a partir do qual uma natureza obtém sua determinação ou razão de ser. 

Quando uma natureza comporta uma dependência em relação a "algo de outro", então ela não pode ser compreendida sem este outro: 

Esta relação pode ser de três tipos:

1- Da parte em relação ao todo( o pé - parte - de um animal - todo. O pé do animal só poder inteligido como pé de um animal referido a natureza do animal.)

2- Da forma com a matéria( Arrebitado - forma - para com a matéria nariz. Arrebitado é forma própria de narizes).

3-Necessária em se tratando de coisas distintas( Pai para com o filho - um pai só é pai se tem filho).

Quando algo não depende de outro, de acordo com a determinação de sua natureza, então pode ser abstraído desse outro e ser inteligido sem ele, seja qual for a relação que tenham. 

Por exemplo : no enunciado " A brancura de um homem" temos brnacura e homem, duas coisas que podem ser inteligidas por si mesmas pois não estão referidos, necessariamente um ao outro. 

Terminamos aqui o primeiro artigo sobre a filosofia tomista. Adiante seguiremos. 

Bibliografia:

1-AQUINO, Tomás de. Suma contra gentios. Trad. de Odilão Moura, 
Ludgero Jasper e Luis Alberto de Boni. Porto Alegre: SULINA, EST, 
UCS, 1990.

2- ______. Suma teológica – parte I, questões de 75-89. In: DE BONI, 
Luis Alberto. Textos (sel. e trad.). Porto alegre: Edipucrs, 2000, p. 
223-261.

3-BOEHNER, Philotheus ; GILSON, Etienne. História da fi losofi a cristã: desde as origens até Nicolau de Cusa. 5. ed. Trad. de Raimundo 
Vier. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 471.



domingo, 14 de setembro de 2014

Olavo "Sofista" de Carvalho: modernismo oculto?




O senhor Olavo de carvalho mesmo alegando que não é teólogo vive teologizando. 

Seus alunos - em geral semiboçalizados - costumam usar a afirmação do "mestre" para dizer que seus erros teológicos não testemunham contra seu magistério filosófico. Já que não é teólogo não pretende acertar na matéria. Mas a questão que fica é: já que não pretende por que tenta acertar, afirmando tantas coisas sobre teologia? 

Olavo é mestre em sofismar. Diz não ter objetivo de acertar em teologia mas caso fique demonstrado que ele errou - como já fizemos aqui outrora - ele dirá que não errou coisa nenhuma. Sempre há, no entanto, idiotas dispostos a acreditar no guru.

No último dia 25 de Agosto ele fez a seguinte afirmação:


Analisemos a doutrina exposta pelo "mestre", ponto a ponto:

1- Primeiro ele diz que teólogos podem discutir determinado ponto durante séculos antes que um decreto papal venha definir a questão e que isso é sinal da dificuldade inerente a teologia. 

 A afirmação é verdadeira: as verdades da fé não são autoevidentes como é evidente que isto aqui é um blog. Um esforço de interpretação e análise dos dados revelados pela ciência teológica faz-se absolutamente necessário.
 O problema começa quando olhamos o que o próprio Olavo define como "teologia": para o mesmo a diferença entre teologia e filosofia não é a diferença existente entre duas ciências ( uma superior e outra inferior e subordinada) mas, sim, a mesma diferença que há entre fatos e teoria. Já tivemos aqui mesmo a oportunidade de demonstrar o erro do sr. Olavo( Aqui: http://catolicidadetradit.blogspot.com.br/2014/07/olavo-de-carvalho-e-relacao-fe-e-razao.html). Ora mas o que é teologia para Olavo? Uma ciência ou um compêndio de fatos? Aqui ele diz que é ciência, acolá diz que não. Para quem se autodenomina filósofo seria de esperar um rigor conceitual maior.Antes de dizer que uma discussão teológica é possível ele deve definar que é teologia. O forte do Olavo, porém, não são as definições. Quanto menos definir as coisas menos meios os alunos terão de apontar as suas contradições lógicas( outra coisa que o Olavo repudia...talvez por ser tão pouco lógico em certos casos).  

2-A afirmação de Olavo - verdadeira - não se enquadra porém na recente polêmica aberta aqui e por um vídeo do amigo Leonardo Brum que demonstra - de modo cabal - a radical contradição entre a teologia de Olavo e a da Igreja sobre o conhecimento de Deus(Para quem interessar o vídeo é este: https://www.youtube.com/watch?v=HB3UTy1YT7M). A questão do conhecimento de Deus já foi definida por decreto papal. Ele não está autorizado a discutir isso, sendo católico como diz ser. Caso o faça incorre em heresia. Olavo trata a questão como se ela já não tivesse sido resolvida. O mesmo faz em relação a questão fé e razão já definida. O que ele deveria fazer seria calar a boca e seguir o magistério. Mas Olavo é inteligência pura e consegue encontrar, até nos textos do magistério, sentidos obscuros inexplorados, ou melhor esotéricos, que nem mesmo o magistério conseguiu perceber.Tão esotéricos que permitem exames sempre mais exaustivos, sem nunca chegarmos a uma conclusão exata sobre o problema colocado(E claro que o guia supremo nesses exames é o Olavo.Caso isso seja verdade já passou da hora de tirar Santo Tomás do trono e sagrar Olavo como o maior filósofo católico do universo).Eu não exagero: essa é a essência mesma de sua técnica filosófica, transplantada, sem mais, para a teologia. Olavo entende a filosofia como tendo a missão de deslindar os símbolos verbais que recobrem a experiência originária e direta da realidade. Como a fé cristã nasce de uma experiência, os decretos papais, na visão olávica seriam apenas símbolos verbais mais ou menos transparentes: eles não resolvem nenhum problema mas abrem outros. 

3- Depois Olavo diz que: "ninguém tem o direito de proibir que a mente individual, no empenho de compreender o sentido do dogma proclamado,siga mais ou menos os mesmos passos da discussão, detendo-se em cada dificuldade pelo tempo necessário, mesmo conhecendo de antemão o resultado a que deva chegar. Afinal, uma conclusão só faz sentido como resposta à dificuldade que a suscitou". 
   
  Sim! Mais uma vez Olavo fala uma verdade. A mente individual pode rastrear os passos da discussão para entender por que um dogma foi proclamado embora isso não seja fundamental para compreender o seu significado(Simples fiéis, desconhecedores da história eclesiástica, podem, apesar disso, compreender o dogma). 

Todavia é só isso que Olavo quer dizer mesmo? Ele pretende apenas garantir o direito de ter a informação histórica? Lendo essa passagem a luz de outras fica claro que não. Na matéria que publicamos aqui sobre Olavo e sua visão sobre a relação fé e razão, reproduzimos nela um print de uma de suas afirmações sobre o magistério: como dissemos acima, para Olavo o magistério não resolve nada quando ensina, cabendo a mente individual purificar os símbolos línguisticos com os quais o magistério recobre o mistério revelado por Deus para subir na direção da verdade ou de algum símbolo que esteja mais próximo dela. Quando ele fala de mente individual investigando o caminho histórico da discussão dogmática recorda o método modernista que é de cunho histórico. O decreto Lamentabili Sine Exitu de PIO X, de 1907, sobre os erros do modernismo, condenou a seguinte proposição: 


  1.  Os dogmas que a Igreja apresenta como revelados não são verdades caídas do Céu; são uma certa interpretação de fatos religiosos que a inteligência humana logrou alcançar à custa de laboriosos esforços.
A tendência modernista de ressaltar a necessidade de estudar o dogma a luz de sua evolução( trocado em miúdos é o que Olavo está dizendo quando fala da necessidade de a mente individual rastrear a evolução do problema até chegar a conclusão do mesmo) visa isso: dizer que dogmas não caem do céu mas são interpretações da mente humana em face de um problema religioso. Olavo, de modo habilíssimo pretende fazer seus discípulos adentrarem no interior do modernismo sem sentirem a dor de endossar uma heresia. E eles, na sua maioria, já adentrarem, e o pior achando que endossam a ortodoxia. O que não espanta pois é esse mesmo o objetivo.

Ou seja: Olavo, como bom conhecedor do esoterismo, sabe colocar sentidos ocultos - nem tão ocultos - no que escreve,com o objetivo de que tais sementes ocultas, venham a produzir impactos intelectuais a longo prazo.

Basta um rápido exame nos textos do sr Olavo sobre a origem do dogma - fáceis de achar na internet - para verificar o que estamos a dizer.