RESSURGE A DEMOCRACIA
Vive a Nação dias gloriosos.
Porque souberam
unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações
políticas,
simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o
que é essencial: a
democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo
das Forças Armadas,
que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos
que tentavam
destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do
Governo
irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos
contrários à sua vocação e
tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a
legalidade não poderia
ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o
anteparo da desordem.
Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio
das
instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação
horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio
constitucional à
situação existente, para que o País continue sua marcha em
direção a seu grande
destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem
que as liberdades
públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser
usado em favor da
desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a
levar à anarquia e
ao comunismo. Poderemos, desde hoje, encarar o futuro
confiantemente, certos,
enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois
os negócios
públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e
insensatez.
Salvos da comunização que
celeremente se preparava,
os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os
protegeram de seus
inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas,
fiéis ao dispositivo
constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir
os poderes
constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua
relevante missão com a
servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o
Executivo. As
Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, "são
instituições permanentes,
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a
autoridade do
Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.
No momento em que o Sr. João Goulart
ignorou a
hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças
Armadas, a
Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo,
consequentemente, o
direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim
como as
condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das
corporações
militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no
Automóvel
Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da
democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e
progresso,
impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva
orientada pelo Palácio
do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de
restaurar a Nação na
integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe
estava
reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo
Federal.
Este não foi um movimento
partidário. Dele
participaram todos os setores conscientes da vida política
brasileira, pois a
ninguém escapava o significado das manobras presidenciais.
Aliaram-se os mais
ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores,
com o mesmo
intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da
democracia no
Brasil que estava em jogo. A esses líderes civis devemos,
igualmente, externar
a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais
ampla acepção da
palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da
Pátria, do Povo e
do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular,
contra qualquer idéia
que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais,
objetive o bem do povo e
o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os
brasileiros com
seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário,
estarão
mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas
trabalhadoras, que
não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso
votará, rapidamente,
as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época
de justiça e
harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido
pela Providência
Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores
sofrimentos e luto.
Sejamos dignos de tão grande favor.
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